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    Continuando o relato.

    Dia 04/11


    Segui até a Catarata dos Couros. É preciso cuidado para chegar neste local, pois o acesso não está sinalizado, apesar de não ser necessário guia para visitar o local e nem pagar entrada. Aparentemente as placas foram retiradas pelos “guias”, segundo informações que obtive pela internet. Hoje restam apenas os postes de metal que seguravam as placas. Por isso utilizei o Open Street Map para chegar na cachoeira, inclusive as trilhas estão indicadas no mapa e a única dificuldade foi o esforço físico para completar a própria trilha.

    Chegando ao estacionamento, há vendedores de água de coco, sanduíche e é possível reservar refeições. Os próprios vendedores se organizaram para vigiar os veículos (há relatos de que estavam quebrando os vidros antes disso) e você escolhe quanto vai deixar de gorjeta, se quiser. Os próprios vendedores indicam o melhor caminho para seguir. Chegando na beira do rio, há diversos pontos para banho e preferi, depois de percorrer o trecho todo, ficar um tempo na parte próxima da primeira cachoeira.



    Dia 05/11

    Arrumar tudo para check out da pousada e iniciar o deslocamento para o Jalapão, não sem antes passar em Cavalcante para visitar a cachoeira da Santa Barbara e outras no caminho. Cheguei cedo ao Poço Encantado, mas ao entrar na propriedade resolvi seguir direto para a comunidade Kalunga. Precisaria pagar entrada e eu nem pretendia entrar na água. Além disso, já era possível ver a cachoeira da estrada. Segui viagem, parando num mirante no meio da estrada e na comunidade Kalunga para contratar guia e pagar entrada.

    Por ser final de semana, havia bastante movimento e juntamos rapidamente um grupo de pessoas que rachou o guia para a vista a Cachoeira Santa Barbara. A cachoeira estava cheia, mas foi possível aproveitar a água e tirar algumas fotos. Achei o lugar é muito bonito e achei que valeu a visita.



    Após sair da cachoeira, segui até Cavalcante para uma refeição e então rumei para Campos Belos, onde passaria a noite.

    Dia 06/11

    Após o café da manhã, segui rumo Natividade, onde aproveitei para abastecer e tirar algumas fotos da cidade. Rumei para Almas, onde parei para almoçar e aproveitei para confirmar as condições da estrada até a Chachoeira da Fumaça. Após confirmar que a estrada estava boa, segui por terra até a cachoeira.

    Assim que nos aproximamos da cachoeira, logo ao avistar o rio, já percebi que a ponte estava muito precária e resolvi pegar a esquerda para ver a cachoeira. Após alguns minutos observando a cachoeira, voltei para vistoriar a ponte com mais cuidado e constatei que uma parte já cedeu e que seria impossível seguir por ali. Verifiquei que algumas pessoas tem cruzado o rio pela direita da ponte e devido ao volume de água, achei prudente atravessar à pé antes de entrar com o carro. Constatei que o trecho final da travessia seria mais fundo, com a água chegando em minha cintura e achei muito arriscado seguir por ali, especialmente porque estava sozinho e meu carro não tem snorkel. Voltei a uma residência próxima pedir informações e confirmaram que aquele seria o único caminho e que não era aconselhável devido à profundidade do rio. Já retornando para almas, cruzei com uma caminhonete que faz manutenção na rede de energia, também confirmaram que não havia outro caminho para cruzar o rio que não fosse voltar até Almas. Regressei rumo Natividade, abasteci e segui para Chapada da Natividade e então por terra rumo a Pindorama e finalmente Ponte Alta, com um pequeno desvio para visitar a Pedra Furada. Devido ao horário, optei por retirar a cachoeira do Soninho do roteiro, provavelmente não conseguiria retornar até a pedra furada antes do por do sol.



    Dia 07/11

    De Ponte Alta para Mateiros. Segui por alguns KM até o Canyon Sussuapara, a estrada não estava tão ruim quanto eu imaginava, apenas costela de vaca. Resolvi apertando o acelerador e seguindo com velocidade de aproximadamente 70 Km/h. Cai no primeiro buraco, pancada que por sorte não estragou nada, diminui. Segui um pouco e comecei a pegar algumas erosões, buracos, costela de vaca. Tentei embalar de novo, não dava para manter a velocidade e quando freia, quase desmonta o carro com a ressonância das costelas de vaca.

    Cheguei ao Canyon, lugar muito interessante. O ar agradável, refrescante até, água caindo pelas paredes e pelas raízes das árvores. Difícil imaginar que alguns metros para cima tudo é árido e o calor castigando, ali dentro um ambiente agradável. Achei uma pilha no chão, recolhi. Incrível como algumas pessoas simplesmente deixam o lixo por ai.



    Voltei para a estrada, mesma combinação, algumas erosões e buracos que impedem de seguir rápido, mas já vi muitos piores, e as costelas de vaca. Embalei para 70 Km/h e a coisa amansa bem, mas não consigo manter velocidade porque de tempos em tempos tem que diminuir para contornar algum obstáculo. Ai, quando diminuo, vem as costelas de vaca e quase desmontam o carro, tem que seguir a <20 ou a >70. São mais de 100 Km pela frente, embalo de novo. Não demora muito e eu não consigo evitar outro buraco, outra pancada. Acho que soltou algum acabamento de porta. Paro, verifico tudo, mas o carro aguentou firme. Nenhuma roda torta, nenhuma bolha em pneu, nenhuma peça caída dentro do carro, nada solto pelo caminho na estrada. Sigo viagem, duas já está bom, lição aprendida, sigo a 20 km/h...

    Já falei das costelas de vaca? Tem muita. Muita mesmo. Categorizei em 3 tamanhos. As pequenas, menores e mais juntinhas, ai alguém teve a idéia de andar mais rápido. Formou uma nova série, a das médias. A cada 3 ou 4 pequenas vem uma média. E ai vem as grandes. A cada 2 ou 3 médias, uma grande, quase uma “mini lombada”. Alguns relataram que tiveram pesadelo com as costelas de vaca, agora acredito.

    Segui viagem, recalculando todas as distâncias, 50 Km até a entrada da cachoeira da Velha, mais 20 e poucos depois. Depois mais 40 e poucos e as dunas... E a cachoeira do lajeado... Nesta altura já tinha me arrependido da viagem, odiava a estrada de Ponte Alta para Mateiros e pensava em voltar pra casa. Drrrrr, Drrrrr, Drrrrr, malditas costelas de vaca... Resolvi que não queria mais um dia nessa estrada. Quando inventaram o inferno e disseram que é arder no fogo eterno, não sabiam o que eram as costelas de vaca. Minha nova visão do inferno é dirigir nas costelas de vaca infinitas... Tirei do roteiro as paradas “extra” e foquei no principal, Cachoeira da Velha, Praia do Rio Novo e Dunas. Tudo no mesmo dia, dormindo em mateiros. Fiz as contas e achei que seria viável chegar até as dunas antes do entardecer, com sorte algum areião pelo caminho me livraria daquela trepidação dos infernos. Não passei por nenhum carro até chegar à cachoeira da velha, já estava quase dormindo ao volante com o ronronar da Pajero nas costelas de vaca quando chegou a placa indicando a entrada para a cachoeira. A esperança retornou, aqui o problema são as pedras grandes e que poderiam cortar um pneu, mas as costelas de vaca reduzem um pouco. Segui até a cachoeira, nenhum carro, entrei para o mirante, fotos, etc. Retornei e segui para o rio novo, passou por mim a caminhonete do pessoal do rafting e ao chegar mais 2 carros estacionados. Aproveitei a parada para fazer um lanche, entrar no rio e tirar mais algumas fotos.



    Regressando ao caminho principal, e sabendo que havia mais alguns carros por perto, achei que seria legal regressar pelo atalho, que é de areia. Incrivelmente, tem costelas de vaca ali também, porém bem menores. Achei que foi um acerto e me diverti encarando vários Km nessa areia. Nenhuma dificuldade extra, a Pajero passou brincando e cheguei na estrada principal renovado.

    Nesse segundo trecho da estrada os areiões no meio da estrada ficam mais frequentes e eu já mirava neles para escapar das costelas de vaca. Ultrapassei um dos carros que ví no estacionamento e segui viagem muito mais tranquilo, sabendo que teria alguém próximo caso enfrentasse problemas. Esses areiões também são interessantes pois é possível ver os rastros deixados pelos animais que andam na estrada.

    Num restaurante à beira da estrada passei pelo outro carro que vi estacionado antes, ali já havia mais outro carro e logo chegou a placa informando da entrada no parque do Jalapão. Segui sem parar, rumo as dunas. Ao avistar uma casa na entrada das dunas parei e conversei com o responsável que buscou a prancheta e me orientou rapidamente a virar a esquerda para realizar os procedimentos de entrada no parque. Nisso já chegaram os outros dois carros e fomos os primeiros a chegar para o por do sol nas dunas. Fui orientado a seguir no 4x4 e já escolhi logo uma 3ª reduzida, nos trechos mais pesados cheguei a colocar 2ª para não forçar. A entrada nas dunas, dirigindo na areia foi só diversão e novamente a Pajero não fez feio. O visual lá das dunas é muito legal, apesar do dia estar nublado. Deixo as fotos como registro.

    A noite caiu rápido ao sair e segui a 20Km/h até Mateiros, onde procurei uma pousada. Levei aproximadamente 1,5 horas neste trajeto final de 30 Km, com muito cuidado e já sem pressa alguma.

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    Dia 08/11

    Dia curto, depois de descansar um pouco mais que o normal pela manhã, ainda achei melhor voltar mais cedo para o hotel. Os motivos foram vários: A estrada entre Mateiros e São Felix está melhor que a outra, mas não muito, e achei que estava castigando muito o carro; O hotel tinha piscina e eu queria aproveitar um pouco; Já estava cansado dos dias anteriores, já era o 11o dia de viagem e achei que valia uma quebrada no ritmo.

    Inicialmente segui rumo ao Fervedouro dos Buritis, uma das principais atrações e considerado por muitos o melhor dos fervedouros. Aproveitei o local por algum tempo e segui para a comunidade Mumbuca, seguindo por uma estrada secundaria (leia-se de areia) indicada pelos locais, que reduziria o trajeto significativamente (e que na verdade achei muito mais legal do que seguir pelas costelas de vaca da estrada principal).



    A ponte para o povoado Mumbuca foi queimada, conforme já relatado por outros aqui no fórum, e está totalmente intransitável, mas é possível passar pelo rio num ponto próximo e foi o que eu fiz. Chegando ao povoado, muitas pessoas na rua, mas a loja deles estava fechada. Enquanto eu manobrava pela vila e verificava no GPS se existiam no mapa algumas rotas que ligam a comunidade diretamente com outras partes do parque, uma senhora simpática se aproximou e indicou que a loja já estava abrindo, enquanto um senhor abria as portas e janelas. Visitei o local e fiz algumas poucas compras. Retornei preparado para registrar a travessia pelo rio e segui viagem.



    Paramos para comer no Restaurante do Fervedouro Buritizinho, recomendado pela pousada. Chegando lá a comida era saborosa, mas assim como os demais, o restaurante é muito simples e achei os valores (R$35,00 por pessoa) altos comparativamente ao que é oferecido. A comida também não caiu muito bem, talvez porque eu peguei a salada. Outras pessoas da mesma pousada almoçaram lá também e não tiveram o mesmo problema, mas não comeram a salada.



    Após a refeição, segui sem nem mesmo entrar no fervedouro, diretamente para a cachoeira do rio Formiga. Ponto alto do dia, onde fiquei bastante tempo na água. Retornei diretamente à pousada ao sair dali.

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  • #15
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    Valeu por compartilhar. Muito massa! Quando puder, mande mais.

  • #16
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    Jalapão - Rio Azuis - Terra Ronca

    E lá vai, mais um pedaço...

    Dia 09/11

    O roteiro do dia foi sair rumo São Félix até a Cachoeira do Prata e então regressar, parando no Encontro dos Rios e qualquer outro atrativo que desse vontade. Dois Troller que estavam na pousada iriam fazer um roteiro parecido, seguindo um pouco adiante até o Fervedouro Bela Vista e retornando. Eles saíram mais cedo, imaginei que iria encontra-los pelo caminho e fui tranquilo sabendo que teria alguém por perto em caso de problemas.

    Segui até a Cachoeira do Prata, após o desvio da estrada principal é uma estrada de areia. Me diverti pela areia e cheguei a ficar apreensivo com a inclinação que o carro atinge em alguns trechos. Creio que é muito longe da capacidade máxima do carro, mas já é desconfortável para quem não está tão acostumado. Também reparei que haviam várias araras que voavam quando eu me aproximava com o carro, aproveitei o momento, mas não registrei em fotos pois ficariam somente como pequenos pontos pretos na imagem já que também estavam no contraluz. Cheguei até a cachoeira e gastei um tempo por lá, tirando algumas fotos. Não achei uma boa entrar na água, já que há algumas pedras no rio e não tem muita profundidade para aproveitar. Ainda assim achei que seria um belo local para acampar ou fazer um lanche, como ainda era muito cedo para o almoço iniciei o retorno. Na volta aproveitei para registrar a inclinação do carro num dos piores pontos. Diria que este foi o “desafio off road” do dia, apesar de bem tranquilo.

    -img_3214.jpg-img_3211.jpg-img_20161109_122004218.jpg

    Regressei até o encontro das águas, que é acessível após alguns KM em estrada de areia. Chegando lá não havia ninguém, nem para cobrar a entrada do atrativo. Aproveitei para conferir o encontro das águas (com cores e temperaturas diferentes), registrar algumas fotos, e fui para o fervedouro. Aproveitei por um tempo e quando percebi já estava com os bolsos cheios de areia. Voltei até o rio e entrei na água para limpar. Esse fervedouro é mais raso que o dos Buritis e acaba sujando mais com a areia fina. Retornei para o carro e aproveitei o estacionamento do atrativo para almoçar (uns pães que peguei no café da manhã do hotel). Enquanto comia, chegou o pessoal de um dos carros que chegou junto comigo às dunas, eles seguiam para São Felix e ainda iram parar na cachoeira na próxima parada. Conversamos um pouco e segui viagem.

    -dscn5766.jpg-dscn5769.jpg

    Como ainda estava cedo, resolvi verificar o fervedouro do Ceiça (ou das Bananeiras, como diz um dos cartazes na entrada). Chegando lá, já após estacionar o carro, apareceu uma pessoa de moto e seguiu até o fervedouro, era “o Ceiça” para fazer a cobrança do atrativo, que estava vazio. Ele ficou lá por um tempo, pediu licença e saiu, dizendo para ficar o tempo que desejasse por lá. Fiquei me questionando o quanto é justo pagar pela visita a um atrativo que está dentro de um parque estadual.

    -img_3206.jpg

    Regressei para a cidade, já estava cansado de visitar fervedouros e cachoeiras e queria tentar sacar um dinheiro, para pagar a pousada e não ficar com pouca grana na mão. Cheguei cedo, tive tempo de abastecer, conferir água, óleo e ainda comprar umas cervejas no mercado. Com tudo pronto para o dia seguinte, fiquei na piscina do hotel até o horário do jantar.

    E os Troller que desapareceram e eu ainda devia uma cerveja para eles? Já estava noite e eu estava ficando preocupado quando chegaram. Contaram que um deles teve problema no freio, a trepidação havia soltado as pinças do freio de uma roda e o fluído começou a vazar, ficando sem freio. Por sorte tinham ferramentas, um pouco de conhecimento e remediaram o problema. Fiquei feliz de não ter nenhum problema com meu carro e, claro, constatei que valeu a pena o cuidado de andar “extra-lento” nas costelas de vaca. Estando sozinho e sem ferramentas apropriadas teria uma baita dor de cabeça se tivesse um problema similar. Encontrei-os no restaurante que indiquei (que servia espetinhos) e acabamos tomando algumas cervejas juntos.

    Já durante o dia, tinha resolvido encurtar em uma noite minha estada no Jalapão, mas ainda queria conhecer o mirante da Serra do Espírito Santo, então combinei com a pousada que eu sairia bem cedo, faria a caminhada e regressaria para o café da manhã e, só então, o check-out. Seguiria sentido Dianópolis por uma estrada alternativa que já haviam indicado aqui no fórum. O pessoal da pousada também sugeria este caminho pelas melhores condições da estrada e o pessoal dos Troller ainda indicou um atalho, de 20 Km pela areia, que economiza mais uns 20 do trajeto total.

    Dia 10/11

    Acordei cedo, ainda era noite, e segui rumo o mirante. A explicação era que após entrar na estrada para o mirante, eu seguiria por algum tempo e então após estacionar o carro, caminharia uns 800 mts para chegar ao mirante. Bem, é exatamente isso, só não contaram que os 800 metros são somente de subida... Cansei de subir e acho que não estava nem na metade, parei num banco e resolvi descansar. Aproveitei para dar uma cochilada ali, já que hoje iria dirigir até onde desse ou até Terra Ronca (que resolvi incluir no Roteiro, usando essa noite "extra"). Regressei sem completar o trajeto, mas já registrando algumas fotos de lá. Como tudo é muito plano, qualquer ponto mais alto já tem uma vista muito bela.

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    Cheguei ainda no horário normal do Café da Manhã, enchi a barriga, paguei as contas e “pé na estrada”. Claro que eu optei pelo atalho pela areia, 20 Km de diversão que ainda reduz em mais 20 Km o trajeto total, é tudo que eu queria. Para mim foi como uma economia de 40Km. Segui até a Pousada Galhão (única construção depois de um tempo na estrada), parei para confirmar o local de entrada no atalho e segui, virando à direita na primeira e, então, na segunda à direita novamente. Segui pelo atalho sem problema algum, saindo desta estrada já na Bahia. Seguiria então pelas longas retas desta estrada de terra pela divisa TO/BA por muitos Km. Essa estrada é de terra, mas é perfeita, longos trechos retos, planos, sem buracos e SEM COSTELA DE VACA. Segui, impressionado com as plantações e fazendas da região. Desviei Panambi e toquei até o asfalto da TO-040, próximo a Dianópolis. Parei somente para abastecer e fui almoçar somente no meio da tarde, próximo do Rio Azuis, outro ponto que eu tinha interesse em ver.

    -untitled.jpg-untitled_2.jpg-img_3271.jpg

    Como sempre, aproveitei a parada e questionei o dono do restaurante qual o melhor trajeto para São Domingos. Esse cara “leu a minha mente”, e disse que além do trajeto normal, havia um “atalho” que seguia paralelo a serra que divide TO/BA. Ele nunca havia estado lá, mas foi informado por um conhecido. O caminho por terra cortaria uns 60 km do trecho total. Não sabia as condições da estrada devido às chuvas recentes, mas que se eu estivesse de 4x4 poderia ir sem medo. Segundo ele, seu amigo havia passado lá de Gol alguns meses antes. Claro que esse é o caminho que eu queria, mais diversão e menos distância. Basicamente a dica era a seguinte – Chegando em Aurora do Tocantins, saia a esquerda assim que passar a praça principal, e siga rumo Pouso Alegre. Confirme o ponto exato de entrada na estrada questionando alguém quando chegar à cidade.
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    Foi exatamente e foi o que fiz. A estrada, capítulo a parte na viagem, é belíssima. De um lado os paredões da serra, do outro o verde e o relevo único da região. Segue passando por belas fazendas e chácaras, num trecho muito gostoso de conduzir. Para ajudar, cheguei lá umas 16:30 e aproveitei o melhor horário para fotos na estrada. Após algumas paradas para foto e outras para abrir porteiras, cheguei logo após o por do sol em Pouso Alegre-GO. O restante do trajeto até Divinópolis de Goiás fiz durante a noite, e então voltei para o asfalto. Segui até São Domingos, chegando lá umas 20:00 e peguei um novo trecho de terra (esse mais mal cuidado) até a vila de São João. Cheguei lá aproximadamente às 21:00 e ainda consegui negociar, além da pousada, um guia para fazer os passeios no dia seguinte!

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    Fim do dia, aproximadamente 500 Km percorridos, a maioria belas paisagens em estradas de terra. Estava contente, mas muito cansado e ainda e ainda iria enfrentar a caminhada em duas cavernas no dia seguinte...
    4X4 Brasil

  • #17
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    Terra Ronca (Parada Extra!)

    Seguindo com o relato de mais um dia... Está ficando maior que planejei, mas também vou refrescando a memória e quando vejo já escrevi demais.

    Dia 11/11


    Minha intenção, quando cheguei, era passar o dia aqui e seguir viagem ao final do dia, reduzindo em alguns KM o deslocamento até a Serra da Canastra no dia seguinte. Já sabia que seria difícil achar hotel por lá devido ao feriado e sempre é mais fácil achar alternativas durante o dia e descansado. Contudo, o Beto, dono da pousada, aconselhou não viajar a noite e eu não sabia se encontraria algum hotel bom pelo caminho (nesse momento eu não tinha nem idéia de qual caminho iria fazer até a serra da canastra). Eu também tinha incluso na diária do hotel uma refeição, além do café da manhã. Com isso, poderia ficar para jantar (2 noites, 2 cafés, 1 almoço e 1 janta) sem esse gasto extra, além de poder descansar e planejar um pouco melhor o deslocamento ao final do dia. Segui o conselho e acordei a segunda noite de estadia.

    Logo ao final do Café da manhã o guia chegou e seguimos para a caverna Angélica, que foi a que mais gostei. Regressaríamos para o almoço e iríamos para a caverna Terra Ronca 1.

    Antes de seguir para as fotos, um fato interessante: No caminho para a primeira caverna, um homem a cavalo e mais um casal de turistas caminhando pediram carona. Parei para ver o que estava acontecendo e o homem, residente da região, estava ajudando os dois turistas a achar carona numa fazenda próxima (que tem carro). Viajaram de Brasília para lá a noite toda de ônibus, ao chegar em Possi pegaram o ônibus errado... Com isso estavam caminhando até a pousada (tinham mais uns 30 km pela frente e nem sabiam disso), no sol, despreparados, sem comida e com pouca água. Sem a menor noção de quanto chão tinham pela frente, queriam “pagar uns 50 pila” para eu voltar e deixa-los na pousada. Acho que não daria nem para a gasolina, fora o incalculável valor do tempo que eu perderia... Enfim, expliquei que eu iria no outro sentido e que eles teriam algumas alternativas: 1 – Continuar caminhando, sem comida, no sol e tentar outra carona (eu não tinha cruzado com nenhum outro carro e nem eles), caso em que eu pegaria eles quando estivesse voltando para almoçar e eles perderiam o dia; 2 – ir comigo e aguardar (na sombra, com água fresca e algumas comidinhas que eu tinha) eu voltar da caverna; 3 – pagar um extra para o meu guia, pagar um almoço na minha pousada e fazer o passeio comigo. O cara do cavalo, dizendo que não havia mais fazenda com carro e que era longe, deu a dica deles pularem para dentro e não perder a carona. O rapaz esboçou dúvida (estava tentando economizar, achei). A menina, não vacilou, falou que iria junto. Ofereci água gelada e comida, a moça já ficou feliz de não caminhar em vão e comemorou poder visitar umas cavernas num dia que já tinha “dado por perdido”. O namorado ,mais quieto, acabou indo junto. Sem nem questionar o preço, resolveu que iria fazer o passeio conosco e também o almoço. Já na volta, vendo os muitos KM de caminhada que teria, agradeceu várias vezes a salvação do dia. Fizemos o passeio e deixei-os na pousada ao final do dia, era no meu caminho. Rachamos o guia, deixando um extra de 10 por pessoa para ele. Foi uma economia para mim e para eles, que dividimos a conta do guia, e uma bela gorjeta para o guia, que ficou muito feliz.

    No caminho, soube que eles tiveram a ideia de ir até lá de ônibus, para economizar R$400,00 da locação de um carro por alguns dias, além de ganhar a noite na estrada. Não elaborei as contas detalhadas, mas tenho certeza que pagariam mais pelos próximos passeios e fica a dica: Não vá para terra ronca sem carro, ou pelo menos planejar muito bem. Tudo é longe, o ônibus que passa nas pousadas passa apenas algumas vezes por semana. Muitos dos guias não têm carro (usam moto) e os que têm vão cobrar bem pela diária do carro, que não está incluso na taxa padrão. Além dos gastos com passagem. Claro que você pode encontrar alguém para juntar-se no caminho, mas calcule bem e veja se vale a pena.

    Resumo do dia: Como podem ver nas fotos, gostei muito dos passeios e achei que valeu muito a pena parar aqui, mesmo que por pouco tempo. O trajeto no dia anterior foi uma belíssima surpresa e um dos pontos altos da viagem para mim. Também me senti bem sabendo que ajudei “os perdidos”, como foram chamados pelo dono da pousada que eles reservaram quando chegamos. Fiquei muito feliz de conhecer o local e as pessoas. Especialmente o Beto, lá da pousada, muito simpático e com quem conversei um pouco tomando uma cerveja. Ví o ultrassom 3D do filho dele que está para chegar, após muitos anos de tentativas. Também aprendi um pouco da história da região, do parque, além de entender a situação dos residentes que tiveram suas terras demarcadas dentro da área do parque, mas que aguardam pagamento da desapropriação por quase 30 anos e que não podem plantar/produzir formalmente em suas terras!

    Abraços,
    Maron
    Miniaturas de Anexos Miniaturas de Anexos -img_3229.jpg   -img_3230.jpg   -img_3233.jpg   -img_3234.jpg   -img_3235.jpg   -img_3237.jpg   -img_3240.jpg   -img_3241.jpg   -img_3246.jpg   -img_3248.jpg  

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  • #18
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    Marlonwh! Show essa sua ida pra Terra Ronca hein?!


    Estive lá a uns 15 anos atrás com a turma da universidade... Não havia "turismo"ainda. Como sou de Brasília fica mais fácil eu dar um pulo e conferir após 15 anos. Na verdade como preciso voltar ao Jalapão acho que vou fazer esse seu roteiro ao contrário... Hehehe


    Continuo acompanhando o seu relato.. Muito bom =)

  • #19
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    Muito bom... ótimo ter detalhes recentes dos locais. Quero fazer Jalapão, Mesas e Lençóis, passando novamente pelos Veadeiros..

    E eu sou um dos que tem trauma de costelas de vaca.. seja indo pra St. Bárbara ou entrando na Bolívia. Elas sempre acabam com a viagem kkkkk

    Abraço

  • #20
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    Citação Postado originalmente por GuilhermeAdolf Ver Post
    Muito bom... ótimo ter detalhes recentes dos locais. Quero fazer Jalapão, Mesas e Lençóis, passando novamente pelos Veadeiros..

    E eu sou um dos que tem trauma de costelas de vaca.. seja indo pra St. Bárbara ou entrando na Bolívia. Elas sempre acabam com a viagem kkkkk

    Abraço
    As costelas de vaca, nem me fale. kkkk

    Um prazer ter você lendo meu post, já estava de olho no seu relato faz um tempo também. Aguardo os capítulos finais, a patagonia é muito legal e quem sabe ainda volto para lá, mas dessa vez de carro.

    Abraços

  • #21
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    Pessoal,

    Segue o restante do relato! Espero que gostem e seja útil.

    Dia 12/11

    Era um dia somente de deslocamento, mas me preocupava, pois a chegada em São Roque de Minas era no meio do feriado (15/11) e eu já sabia que os hotéis/pousadas/camping queriam vender somente pacotes para o feriado. Minha tentativa era tentar chegar lá e negociar, pois quando tentei resolver antecipadamente e por telefone, todos queriam vender pacotes em preços absurdos. A distância prevista para o deslocamento era de 1050 KM, segundo o GPS do carro mesmo após mudar as preferencias para aceitar caminhos de terra, etc. Não estava contente porque certamente iria chegar lá já durante a noite e seria bem difícil negociar. Enquanto comia o café da manha, tentava uma outra rota, usando o Maps.Me (mapa off-line que tenho no celular), mas faltava um dos mapas detalhados. Não havia sinal de internet para tentar outras fontes. O Beto, dono da pousada, indicou um amigo em Posse (dono de uma frota de guinchos) que poderia ajudar a escolher a melhor rota, pois seus veículos andam frequentemente por muitas estradas.

    Saí da pousada umas 08:00, mas a estrada não era um tapete e segui por terra até Guarani de Goiás. Parei para abastecer no primeiro posto, pois não sabia o que vinha pela frente, coloquei R$100 e tentei baixar o mapa, nada de internet estável. Segui até Posse e lá o sinal 3G estava pegando. Parei em outro posto, pedi para completar, calibrar, água, limpeza de para-brisas, etc. O 3G não estava ajudando muito, mas com todo o tempo que passou, o mapa que faltava também veio e surpresa, tinha uma rota que teria uns 870Km, a partir dali, gerando uma economia de uns 100Km. Optei por seguir essa rota, que seguia pela BR-020 sentido Formosa, e depois sentido Unaí com alguns trechos de terra.

    Chegando próximo de Unaí, vários carros e caminhões parados. Perguntei o que estava acontecendo e informaram que um caminhão tinha encalhado (“agarrado bem”, segundo eles) e que não estava deixando ninguém passar até que alguém o ajudasse. Não tinha nenhuma chance de eu tentar ajudar, estava com o eixo traseiro uns 50 cm enterrado e mesmo outros caminhões não estavam conseguindo. Achei que não seria mais possível cumprir minha meta do dia, mas, incrivelmente, ao conversar como rapaz, entender o que aconteceu, informar que era de fora e que não teria como ajudar devido a imensa diferença de peso, fui o segundo a passar, atrás somente de uma mulher local que comprometeu-se a pedir ajuda para o trator da prefeitura! Passamos os dois, parei para almoçar em Paracatu e segui até Bambui, onde rumei para São Roque, num caminho também com trechos de terra.

    Cheguei com Chuva, umas 21:30 no primeiro hotel e eles tinham quartos livres, aceitaram fazer apenas 2 diárias, mas queriam R$800,00. Achei caro e tentei outros, que estavam cheios, mas com a ajuda dos próprios donos de pousada, identificamos mais 3 alternativas. Pousada Chapadão da Canastra, tinha 2 quartos, mas para 4 e 6 pessoas, difícil negociar um bom preço. Pousada Canastra Adventure, tinha “livrado um quarto” no ultimo momento e eu poderia ir até lá. Pousada Recando do Surubim, atendeu por telefone, tinha quarto disponível e um restaurante. O Ricardo, dono da pousada já chamou para ir até lá jantar antes de fechar. Fui até lá e quando cheguei, ele não estava. Chegou apenas alguns minutos depois, com mais duas pessoas que procuravam quarto. Eram dois hospedes que tinham tido algum desentendimento na Chapada Adventure, se entendi bem (achei os donos do quarto que estava disponível), e que queriam ficar lá. Gentilmente o Ricardo disse que a preferência seria minha, pois tinha falado comigo ao telefone, mas fiquei sem poder de barganha. Como o quarto era limpo e o preço, apesar de alto ainda custava a metade do hotel, acabei ficando lá mesmo. Fechei somente duas noites (queria 4 no plano inicial), mas depois teria tempo para resolver os dias restantes.

    Dia 13/11

    Não parou de chover a noite toda, decidi que iria visitar a cachoeira Casca D’Anta, maior atrativo da região e seguir de carro pela serra, num caminho que não sabiam dizer se estaria bom devido à chuva. No primeiro trecho, ate Vargem Bonita e depois até a entrada da cachoeira, muito movimento. Trollers com pneu Mud saindo do nada, como formigas, e vários carros de passeio transitando na estrada que até então estava boa. Já na ida, saquei que o transito intenso e a chuva que não parava iriam deixar a estrada um sabão. Algum colega aqui do fórum descreveu muito bem situação parecida dizendo “que até tatu de chuteira escorrega”. Resolvi seguir direto para cima da serra e não parei na entrada da cachoeira. A partir dali só encontrei 4x4, mas o trecho estava relativamente bem cascalhado e segui sem problemas.

    Cheguei ao topo da serra, e o problema é que não tinha nada para ver, tudo branco. Segui mais alguns KM e encontrei uma TR-4 em sentido contrário. Informaram que a visibilidade seria a mesma dali em diante, então resolvi voltar para a cachoeira. Gostei de dirigir neste trecho, pena que sem a vista não fazia muito sentido ficar lá.

    Cheguei na entrada da cachoeira e vi vários carros e ate algumas caminhonetes parados no caminho. Imaginei que não estava passando, mas não tinha dificuldades, apenas uma última subida mais lisa antes do estacionamento. Mesmo nela, passei sem nem piscar o TC, mas lá encima quase todos os carros (- 1 honda civic) eram 4x4, tinha vaga sobrando no estacionamento. Fiz a caminhada na chuva e voltei. Realmente a cachoeira é impressionante e vale a visita.

    Regressando, parei para almoçar e mantive a impressão que a estrada estava piorando muito. Não tinha nenhum carro encalhado, mas vários tinham que fazer mais de uma tentativa em qualquer subida mais íngreme. Carros indo e vindo o tempo todo e achei melhor cair fora dali. Já tinha decidido que não pegaria mais nenhuma noite extra, pois, apesar desse dia já ter sido o melhor “off-road” da viagem toda, a previsão era não parar de chover. Resolvi então visitar o “Zé Mário” e a “agro serra” para comprar queijos e preparar para voltar.

    Cheguei ao Zé Mario pelo caminho normal sem problemas, é caminho para uma outra cachoeira e achei curiosas algumas placas dizendo que aquela estrada era para dias secos, havia outro caminho para a mesma cachoeira para dias de chuva. Como a fazenda dele é no meio do caminho, não tem alternativa. A estrada estava boa e fui sem problemas, inclusive, tinha um casal e sua filha de sandeiro 4x2 por lá. A chuva apertou e o casal, com medo de não sair mais, voltou. Fiz minhas compras de queijo e bati um papo com o Zé Mário e sua esposa lá na fazenda. Após uns 45 minutos, eles ouviram um barulho de carro e já falaram – “Vamos lá ver, porque que o pessoal não passou, escuta só, tem carro ali e eles ainda não passaram lá encima.” - apontando para um outro ponto onde dá pra ver a estrada. Resolvi sair também, aproveitando a deixa e dizendo que eu os ajudaria.

    Chegando perto da saída da fazenda,talvez uns 800 de onde vendem os queijos e perto de onde tem uma pequena ponte, encontrei o casal. A esposa toda molhada e suja de barro. Estavam lá durante todo o tempo, sem conseguir sair e nem voltar. Disse que rebocaria sem problemas e peguei a cinta de reboque. Na hora de prender a manilha no carro deles, perceberam que tinham perdido o gancho (uma barra com um anel na ponta, que precisa ser parafusado a frente do carro) e tive que ajuda-los a manobrar o carro para puxa-los “de ré”. Já começou a aventura, porque até pra manobrarem já precisei ajudar descendo do carro e empurrando. Amarrei a manilha no carro deles já meio incomodado e nem percebi que deixei a fita toda torcida. Nessa altura já tinha emporcalhado o tapete do meu carro, estava molhado e minha animação para rebocar (e inaugurar as cintas que comprei) já estava acabando. Era para ser fácil, mas a minha pouca experiência com lama, aliada a total inexperiência deles não estava colaborando.

    Pedi para deixar só o motorista no carro, mas a filha estava lá dentro se divertindo e decidiram ficar todos dentro do carro enquanto eu rebocava. Comecei a puxar e, pelo retrovisor, já vi que a coisa ia ficar complicada, sequer manter o volante e o carro alinhado no plano estavam conseguindo e ainda tinha que cruzar a ponte para chegar na primeira subida mais difícil, um mata burro, entrar na estrada e só então pegar a subida mais longa (mas mais fácil). Minha traseira estava sendo puxada para os lados e, amarrado neles, já estava vendo que quem iria parar na valeta era eu. Por outro lado, também não dava para deixa-los lá. Decidi que iria puxa-los somente até o mata burro. Ao passar a primeira subida é que percebi que acabei nem soltando o freio de mão, que estava “meio puxado”. Por isso estava tão difícil subir. Cheguei no mata burro e parei. Desamarrei o carro, juntei minhas tralhas, repeti a indicação de subirem em segunda marcha e disse que iria na frente e que era para esperarem eu subir e só então seguir meu caminho.

    Comecei a subida e meu pneu (AT quase de asfalto somente) já estava todo empapado e liso, tentei ir mais para a direita e a frente começou a sair, seguindo a inclinação da estrada no mesmo sentido. Corrigi para a esquerda, mas o carro estava dançando e, sem querer correr riscos, resolvi que seria melhor voltar e tentar jogar mais para esquerda na próxima, pegando um trecho mais plano. De onde estava agora, percebi que era menos inclinado (lateralmete) e que tinha um pouco de cascalho (além de umas pequenas erosões que não deixariam o carro escorregar tanto para os lados). Desci uns 15 ou 20 metros de ré e, quem aparece no meu retrovisor? Eles mesmos, já vinham muito devagar e seria impossível chegarem até onde eu estava. Esperei pararem e desci mais um pouco. Saí do carro e, me enlameando mais ainda (meu tênis pesava uns 2 kg cada, de tanto barro) fui lentamente deslizando (tentando caminhar) até eles, que tentavam subir, com a mulher empurrando o carro. Expliquei que, daquele ponto onde estavam não iriam passar, que seria preciso voltar do início, tomar embalo e começar tudo novamente. Tinha pelo menos mais uns 80/100 metros de subida pela frente e nem estavam na parte mais íngreme. Ao tentar voltar, o rapaz estava mais é caindo no sentido do barranco, do que voltando. Sem engatar a ré, ele aliviava o freio, as rodas de trás giravam e as dianteiras ficavam travadas, descendo sem rumo. Ele virava o volante para lá e para cá, mas não percebia que a roda estava parada. A mulher tentava ajudar empurrando, mas é claro que iria dar merda e a filha deles lá dentro... Redobrei minha paciência e expliquei ao motorista que ele precisava engatar a ré, e descer sem travar as rodas dianteiras. Cheguei a recomendar que segurasse o carro também com o freio de mão se preciso, mas que ele não poderia deixar as rodas dianteiras travadas, do contrario iria sem rumo morro abaixo. Ele voltou alguns metros e, creio que com medo parou a descida.

    Já estava meio cansado e não tenho muita experiência nessas condições, muito menos para ficar lá dando uma de professor. Desisti de voltar ao início da subida, fui pro meu carro e, depois de voltar mais uns metros (mas ainda tentando manter-me longe do carro deles), consegui colocar roda na parte mais cascalhada que tinha visto. Não foi tão fácil quando eu queria, mas consegui arrancar na subida lisa, chegou a ligar o bip que alerta que o TC já gastou todas as bombadas no freio que conseguia, mas consegui ganhar tração suficiente para embalar até a erosão, aonde o carro parou de patinar e de onde peguei a embalada final que me levou até o final da subida. Voltei a pé para explicar ao casal a minha tática e disse que aguardaria por uns minutos e, se não chegassem, iria buscar ajuda.

    Passaram uns 10 minutos e nada deles aparecerem, tentei pegar ajuda numa fazenda próxima, mas não achei ninguém. Celular sem sinal e, afinal, iria ligar para quem? Voltei ao início da descida e para minha alegria, lá vinham eles, seguindo meu trilho pela erosão. (Digo aqui erosão, mas na verdade não tinha mais 5 cm de profundidade e uns 15 de largura, corria paralela a pista, mas como a agua escorria pelo centro, as bordas estavam um pouco mais secas e tinha umas pedrinhas alí, permitindo tracionar melhor.)

    Segui na frente deles até o asfalto, mas o resto era fácil. Depois de uns 500 mts no asfalto, 2 troller todo equipados num terreno na lateral da estrada, fazendo zerinhos e tentando subir rampas... Pena que não ví antes, certamente com os pneus mud fariam o resgate com muito mais tranquilidade.

    Encerrado o capítulo mais 4x4 da viagem, limpei o carro da melhor maneira que pude e segui comprar mais queijo. Chegando na agro-serra, só 4x4 saindo. A estrada é plana, estava muito lisa, mas passei sem maiores problemas. Limpei as mãos e, descalço e todo molhado, comprei mais R$ 40 de queijo canastra real (não queria pegar mais dinheiro na minha mala, iria sujar todas as roupas) e fui para o posto, deixar o carro pronto para a volta.

    Enquanto calibrava o pneu, a chuva aumentou. Foi tanta chuva que valeu por um banho, precisei usar toalha para me enxugar... Aproveitei para limpar até os tapetes com o jato de ar. Já limpo e “seco” fui pagar a conta quando vi um cara chegando para pagar a conta do abastecimento de sua D20, estava umas 1000x mais sujo que eu. Perguntei de onde ele vinha, disse que veio da cachoeira casca D’Anta. Relatou que havia pelo menos uns 100 carros presos lá, que muitos não sabiam dirigir, que não venciam a subida e que ficavam no meio, impedindo os demais de tentar passar sem desviar para os trechos piores. Relatou que ele mesmo precisou ser rebocado e que somente os Troller pneu Mud estavam passando e conseguindo ajudar. Ainda bem que sai de lá mais cedo...

    Regressei a pousada, tomei banho, jantei, paguei as contas e fiquei pronto para a volta no dia seguinte. Acabei adiantando o retorno previsto do dia 16 para o dia 14. Acabou aqui o passeio, restava somente o deslocamento do da seguinte, que foi feito sem maiores problemas abaixo de muita chuva que persistiu praticamente o tempo todo.


    Acaba aqui o relato, mas ainda tenho algumas fotos para enviar... Qualquer duvida que tenham neste trecho que percorri é só falar!

    Abraços,
    Marlon
    4X4 Brasil

  • #22
    Usuário Avatar de cezarsantiago
    Entrada
    14/10/2008
    Local
    Lauro de Freitas/Ba/BA
    Posts
    114
    Agradecimentos: 0
    Muito bom!
    Cezar - Trinton Gls - Ex TR4

  • #23
    Usuário Avatar de GuilhermeAdolf
    Entrada
    27/04/2013
    Local
    Cariacica/ES
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    Agradecimentos: 15
    Citação Postado originalmente por marlonwh Ver Post
    As costelas de vaca, nem me fale. kkkk

    Um prazer ter você lendo meu post, já estava de olho no seu relato faz um tempo também. Aguardo os capítulos finais, a patagonia é muito legal e quem sabe ainda volto para lá, mas dessa vez de carro.

    Abraços
    É... o meu tá meio enrolado.. o primeiro saiu em menos de um mês, esse segundo tá se arrastando há mais de 6 meses kkkkk

    Difícil mas vou terminá-lo!

    Abraços!!

  • #24
    Usuário Avatar de Zeduardo
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