18 Anexo(s)
Jalapão - Rio Azuis - Terra Ronca
E lá vai, mais um pedaço...
Dia 09/11
O roteiro do dia foi sair rumo São Félix até a Cachoeira do Prata e então regressar, parando no Encontro dos Rios e qualquer outro atrativo que desse vontade. Dois Troller que estavam na pousada iriam fazer um roteiro parecido, seguindo um pouco adiante até o Fervedouro Bela Vista e retornando. Eles saíram mais cedo, imaginei que iria encontra-los pelo caminho e fui tranquilo sabendo que teria alguém por perto em caso de problemas.
Segui até a Cachoeira do Prata, após o desvio da estrada principal é uma estrada de areia. Me diverti pela areia e cheguei a ficar apreensivo com a inclinação que o carro atinge em alguns trechos. Creio que é muito longe da capacidade máxima do carro, mas já é desconfortável para quem não está tão acostumado. Também reparei que haviam várias araras que voavam quando eu me aproximava com o carro, aproveitei o momento, mas não registrei em fotos pois ficariam somente como pequenos pontos pretos na imagem já que também estavam no contraluz. Cheguei até a cachoeira e gastei um tempo por lá, tirando algumas fotos. Não achei uma boa entrar na água, já que há algumas pedras no rio e não tem muita profundidade para aproveitar. Ainda assim achei que seria um belo local para acampar ou fazer um lanche, como ainda era muito cedo para o almoço iniciei o retorno. Na volta aproveitei para registrar a inclinação do carro num dos piores pontos. Diria que este foi o “desafio off road” do dia, apesar de bem tranquilo.
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Regressei até o encontro das águas, que é acessível após alguns KM em estrada de areia. Chegando lá não havia ninguém, nem para cobrar a entrada do atrativo. Aproveitei para conferir o encontro das águas (com cores e temperaturas diferentes), registrar algumas fotos, e fui para o fervedouro. Aproveitei por um tempo e quando percebi já estava com os bolsos cheios de areia. Voltei até o rio e entrei na água para limpar. Esse fervedouro é mais raso que o dos Buritis e acaba sujando mais com a areia fina. Retornei para o carro e aproveitei o estacionamento do atrativo para almoçar (uns pães que peguei no café da manhã do hotel). Enquanto comia, chegou o pessoal de um dos carros que chegou junto comigo às dunas, eles seguiam para São Felix e ainda iram parar na cachoeira na próxima parada. Conversamos um pouco e segui viagem.
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Como ainda estava cedo, resolvi verificar o fervedouro do Ceiça (ou das Bananeiras, como diz um dos cartazes na entrada). Chegando lá, já após estacionar o carro, apareceu uma pessoa de moto e seguiu até o fervedouro, era “o Ceiça” para fazer a cobrança do atrativo, que estava vazio. Ele ficou lá por um tempo, pediu licença e saiu, dizendo para ficar o tempo que desejasse por lá. Fiquei me questionando o quanto é justo pagar pela visita a um atrativo que está dentro de um parque estadual.
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Regressei para a cidade, já estava cansado de visitar fervedouros e cachoeiras e queria tentar sacar um dinheiro, para pagar a pousada e não ficar com pouca grana na mão. Cheguei cedo, tive tempo de abastecer, conferir água, óleo e ainda comprar umas cervejas no mercado. Com tudo pronto para o dia seguinte, fiquei na piscina do hotel até o horário do jantar.
E os Troller que desapareceram e eu ainda devia uma cerveja para eles? Já estava noite e eu estava ficando preocupado quando chegaram. Contaram que um deles teve problema no freio, a trepidação havia soltado as pinças do freio de uma roda e o fluído começou a vazar, ficando sem freio. Por sorte tinham ferramentas, um pouco de conhecimento e remediaram o problema. Fiquei feliz de não ter nenhum problema com meu carro e, claro, constatei que valeu a pena o cuidado de andar “extra-lento” nas costelas de vaca. Estando sozinho e sem ferramentas apropriadas teria uma baita dor de cabeça se tivesse um problema similar. Encontrei-os no restaurante que indiquei (que servia espetinhos) e acabamos tomando algumas cervejas juntos.
Já durante o dia, tinha resolvido encurtar em uma noite minha estada no Jalapão, mas ainda queria conhecer o mirante da Serra do Espírito Santo, então combinei com a pousada que eu sairia bem cedo, faria a caminhada e regressaria para o café da manhã e, só então, o check-out. Seguiria sentido Dianópolis por uma estrada alternativa que já haviam indicado aqui no fórum. O pessoal da pousada também sugeria este caminho pelas melhores condições da estrada e o pessoal dos Troller ainda indicou um atalho, de 20 Km pela areia, que economiza mais uns 20 do trajeto total.
Dia 10/11
Acordei cedo, ainda era noite, e segui rumo o mirante. A explicação era que após entrar na estrada para o mirante, eu seguiria por algum tempo e então após estacionar o carro, caminharia uns 800 mts para chegar ao mirante. Bem, é exatamente isso, só não contaram que os 800 metros são somente de subida... Cansei de subir e acho que não estava nem na metade, parei num banco e resolvi descansar. Aproveitei para dar uma cochilada ali, já que hoje iria dirigir até onde desse ou até Terra Ronca (que resolvi incluir no Roteiro, usando essa noite "extra"). Regressei sem completar o trajeto, mas já registrando algumas fotos de lá. Como tudo é muito plano, qualquer ponto mais alto já tem uma vista muito bela.
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Cheguei ainda no horário normal do Café da Manhã, enchi a barriga, paguei as contas e “pé na estrada”. Claro que eu optei pelo atalho pela areia, 20 Km de diversão que ainda reduz em mais 20 Km o trajeto total, é tudo que eu queria. Para mim foi como uma economia de 40Km. Segui até a Pousada Galhão (única construção depois de um tempo na estrada), parei para confirmar o local de entrada no atalho e segui, virando à direita na primeira e, então, na segunda à direita novamente. Segui pelo atalho sem problema algum, saindo desta estrada já na Bahia. Seguiria então pelas longas retas desta estrada de terra pela divisa TO/BA por muitos Km. Essa estrada é de terra, mas é perfeita, longos trechos retos, planos, sem buracos e SEM COSTELA DE VACA. Segui, impressionado com as plantações e fazendas da região. Desviei Panambi e toquei até o asfalto da TO-040, próximo a Dianópolis. Parei somente para abastecer e fui almoçar somente no meio da tarde, próximo do Rio Azuis, outro ponto que eu tinha interesse em ver.
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Como sempre, aproveitei a parada e questionei o dono do restaurante qual o melhor trajeto para São Domingos. Esse cara “leu a minha mente”, e disse que além do trajeto normal, havia um “atalho” que seguia paralelo a serra que divide TO/BA. Ele nunca havia estado lá, mas foi informado por um conhecido. O caminho por terra cortaria uns 60 km do trecho total. Não sabia as condições da estrada devido às chuvas recentes, mas que se eu estivesse de 4x4 poderia ir sem medo. Segundo ele, seu amigo havia passado lá de Gol alguns meses antes. Claro que esse é o caminho que eu queria, mais diversão e menos distância. Basicamente a dica era a seguinte – Chegando em Aurora do Tocantins, saia a esquerda assim que passar a praça principal, e siga rumo Pouso Alegre. Confirme o ponto exato de entrada na estrada questionando alguém quando chegar à cidade.
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Foi exatamente e foi o que fiz. A estrada, capítulo a parte na viagem, é belíssima. De um lado os paredões da serra, do outro o verde e o relevo único da região. Segue passando por belas fazendas e chácaras, num trecho muito gostoso de conduzir. Para ajudar, cheguei lá umas 16:30 e aproveitei o melhor horário para fotos na estrada. Após algumas paradas para foto e outras para abrir porteiras, cheguei logo após o por do sol em Pouso Alegre-GO. O restante do trajeto até Divinópolis de Goiás fiz durante a noite, e então voltei para o asfalto. Segui até São Domingos, chegando lá umas 20:00 e peguei um novo trecho de terra (esse mais mal cuidado) até a vila de São João. Cheguei lá aproximadamente às 21:00 e ainda consegui negociar, além da pousada, um guia para fazer os passeios no dia seguinte!
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Fim do dia, aproximadamente 500 Km percorridos, a maioria belas paisagens em estradas de terra. Estava contente, mas muito cansado e ainda e ainda iria enfrentar a caminhada em duas cavernas no dia seguinte...
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Terra Ronca (Parada Extra!)
Seguindo com o relato de mais um dia... Está ficando maior que planejei, mas também vou refrescando a memória e quando vejo já escrevi demais.
Dia 11/11
Minha intenção, quando cheguei, era passar o dia aqui e seguir viagem ao final do dia, reduzindo em alguns KM o deslocamento até a Serra da Canastra no dia seguinte. Já sabia que seria difícil achar hotel por lá devido ao feriado e sempre é mais fácil achar alternativas durante o dia e descansado. Contudo, o Beto, dono da pousada, aconselhou não viajar a noite e eu não sabia se encontraria algum hotel bom pelo caminho (nesse momento eu não tinha nem idéia de qual caminho iria fazer até a serra da canastra). Eu também tinha incluso na diária do hotel uma refeição, além do café da manhã. Com isso, poderia ficar para jantar (2 noites, 2 cafés, 1 almoço e 1 janta) sem esse gasto extra, além de poder descansar e planejar um pouco melhor o deslocamento ao final do dia. Segui o conselho e acordei a segunda noite de estadia.
Logo ao final do Café da manhã o guia chegou e seguimos para a caverna Angélica, que foi a que mais gostei. Regressaríamos para o almoço e iríamos para a caverna Terra Ronca 1.
Antes de seguir para as fotos, um fato interessante: No caminho para a primeira caverna, um homem a cavalo e mais um casal de turistas caminhando pediram carona. Parei para ver o que estava acontecendo e o homem, residente da região, estava ajudando os dois turistas a achar carona numa fazenda próxima (que tem carro). Viajaram de Brasília para lá a noite toda de ônibus, ao chegar em Possi pegaram o ônibus errado... Com isso estavam caminhando até a pousada (tinham mais uns 30 km pela frente e nem sabiam disso), no sol, despreparados, sem comida e com pouca água. Sem a menor noção de quanto chão tinham pela frente, queriam “pagar uns 50 pila” para eu voltar e deixa-los na pousada. Acho que não daria nem para a gasolina, fora o incalculável valor do tempo que eu perderia... Enfim, expliquei que eu iria no outro sentido e que eles teriam algumas alternativas: 1 – Continuar caminhando, sem comida, no sol e tentar outra carona (eu não tinha cruzado com nenhum outro carro e nem eles), caso em que eu pegaria eles quando estivesse voltando para almoçar e eles perderiam o dia; 2 – ir comigo e aguardar (na sombra, com água fresca e algumas comidinhas que eu tinha) eu voltar da caverna; 3 – pagar um extra para o meu guia, pagar um almoço na minha pousada e fazer o passeio comigo. O cara do cavalo, dizendo que não havia mais fazenda com carro e que era longe, deu a dica deles pularem para dentro e não perder a carona. O rapaz esboçou dúvida (estava tentando economizar, achei). A menina, não vacilou, falou que iria junto. Ofereci água gelada e comida, a moça já ficou feliz de não caminhar em vão e comemorou poder visitar umas cavernas num dia que já tinha “dado por perdido”. O namorado ,mais quieto, acabou indo junto. Sem nem questionar o preço, resolveu que iria fazer o passeio conosco e também o almoço. Já na volta, vendo os muitos KM de caminhada que teria, agradeceu várias vezes a salvação do dia. Fizemos o passeio e deixei-os na pousada ao final do dia, era no meu caminho. Rachamos o guia, deixando um extra de 10 por pessoa para ele. Foi uma economia para mim e para eles, que dividimos a conta do guia, e uma bela gorjeta para o guia, que ficou muito feliz.
No caminho, soube que eles tiveram a ideia de ir até lá de ônibus, para economizar R$400,00 da locação de um carro por alguns dias, além de ganhar a noite na estrada. Não elaborei as contas detalhadas, mas tenho certeza que pagariam mais pelos próximos passeios e fica a dica: Não vá para terra ronca sem carro, ou pelo menos planejar muito bem. Tudo é longe, o ônibus que passa nas pousadas passa apenas algumas vezes por semana. Muitos dos guias não têm carro (usam moto) e os que têm vão cobrar bem pela diária do carro, que não está incluso na taxa padrão. Além dos gastos com passagem. Claro que você pode encontrar alguém para juntar-se no caminho, mas calcule bem e veja se vale a pena.
Resumo do dia: Como podem ver nas fotos, gostei muito dos passeios e achei que valeu muito a pena parar aqui, mesmo que por pouco tempo. O trajeto no dia anterior foi uma belíssima surpresa e um dos pontos altos da viagem para mim. Também me senti bem sabendo que ajudei “os perdidos”, como foram chamados pelo dono da pousada que eles reservaram quando chegamos. Fiquei muito feliz de conhecer o local e as pessoas. Especialmente o Beto, lá da pousada, muito simpático e com quem conversei um pouco tomando uma cerveja. Ví o ultrassom 3D do filho dele que está para chegar, após muitos anos de tentativas. Também aprendi um pouco da história da região, do parque, além de entender a situação dos residentes que tiveram suas terras demarcadas dentro da área do parque, mas que aguardam pagamento da desapropriação por quase 30 anos e que não podem plantar/produzir formalmente em suas terras!
Abraços,
Maron