Eu sei que você não está querendo comparar ignição convencional com ignição cdi, e nem eu, tanto que deixei claro, "só para ilustrar", qual é o comportamento de uma faísca realmente energética.
Quanto ao distribuidor com sensor Hall, ou mesmo sensor indutivo (impulsor, aranha ou o apelido que for), vocês continuam fazendo confusão, e escrevo "vocês" no plural porque a confusão rola solto pra tudo quanto é lado.
Pra quem quiser, no meu site já existe informação técnica sobre sistemas de ignição, de forma bem detalhada, e por aqui faço um resumo bem simples.
Sensor Hall ou sensor indutivo tem que ser encarado como chave elétrica, exatamente da mesma forma que o platinado.
Podemos colocar a coisa de forma bem simples:
-Sensor Hall, chave eletrônica de baixíssima corrente
-Sensor indutivo, chave indutiva de baixíssima corrente
-Platinado, chave mecânica com razoável capacidade de corrente
Três componentes com a mesma função: CHAVE, INTERRUPTOR, LIGA/DESLIGA, só e tão somente isso, e como qualquer chave, não tem absolutamente nada a ver com faísca de ignição, apenas com COMUTAÇÃO.
Agora as particularidades de cada um.
O platinado tem uma razoável capacidade de corrente, o que permite chavear a bobina diretamente, DESDE QUE a corrente drenada pela bobina não exceda a capacidade dos contatos, e esta capacidade está limitada à bobina que faz par com o platinado. Nada impede de se utilizar bobina mais parruda com platinado PORÉM, os contatos vão pro espaço em pouquíssimo tempo.
Sensor Hall e sensor indutivo não tem a capacidade de chavear a bobina diretamente porque na saída destes sensores a corrente circulante é baixíssima, da ordem de poucos miliampéres, daí que junto a estes sensores existe a necessidade de amplificar a corrente, e isso é feito pelas famosas "caixinhas de ignição".
Só pra facilitar mais ainda as coisas, as famosas caixinhas de ignição ou, mais apropriadamente "amplificadores de corrente", podem ser entendidos como se fossem um relé, onde um sinal elétrico de baixa corrente faz a comutação de contatos que aguentam uma porrada de corrente, e da mesma forma que um relé, os amplificadores de corrente também tem uma capacidade máxima de corrente, que tem que ser compatível com a bobina utilizada.
E já que estou fazendo um paralelo vou continuar com exemplo que se encaixa perfeitamente: se o farol do carro tem 100W, de nada adianta colocar um relé que aguenta 500W porque a luminosidade continuará a mesma. Se colocar um relé que só aguenta 10W, de imediato o farol até poderá acender com a mesma luminosidade, mas em pouco tempo os contatos do relé poderão ir pro saco por excesso de calor.
Com ignição é a mesma coisa, e pra entender o exemplo basta substituir o farol pela bobina, e o relé pelo platinado ou pelo amplificador de corrente.
Resumindo:
Intensidade da luz depende do "potencial" da lâmpada e de mais ninguém.
Intensidade da faísca depende do "potencial" da bobina e de mais ninguém.
Para aproveitar o máximo potencial da lâmpada o relé tem que ser compatível com a corrente drenada pela lâmpada. Relé com maior capacidade de corrente não atrapalha, mas também não ajuda em nada. Com menor capacidade de corrente, baubau iluminação.
Para aproveitar o máximo potencial da bobina o amplificador de corrente tem que ser compatível com a corrente drenada pela bobina. Amplificador com maior capacidade de corrente não atrapalha, mas também não ajuda em nada. Com menor capacidade de corrente, baubau faísca.
Agora a diferença: lâmpada fica acesa direto, bobina não.
Bobina tem um tempo de carga, igual a uma caixa d'água, que tem um tempo para encher. Passou deste tempo a água vaza pelo ladrão, e como bobina não tem ladrão, o excesso de tempo que a dita fica ligada se transforma em calor. E esquenta um pouco agora, outro tanto daqui à pouco e lá vai a bobina pro saco, daí a importância do controle do tempo de carga, ou dwell time, que no caso do platinado é feito pela abertura dos contatos, no caso do sensor hall é feito pelo disco de janelas, e no caso do sensor indutivo é feito pelo próprio sensor ou pelo amplificador de corrente.
Resumo do resumo: instalar um amplificador de corrente pra dar um descanso pro platinado é algo realmente interessante, interessante e de baixo custo, PORÉM o amplificador de corrente tem que ser bem projetado.
Se bem projetado A ÚNICA VANTAGEM é o aumento da vida util dos contatos do platinado. Só isso, absolutamente isso, nada mais do que isso.
Ah, mas instalei um amplificador de corrente e a ignição está mais forte que cuspida de dragão! Quando isso acontece a explicação é simples: antes de instalar o dito a ignição estava funcionando com a ajuda de todos os santos, pai de santos e avós de santos. Até o diabo estava com pena da situação e dava uma mão, daí qualquer melhora é melhora, o que não significa dizer que ficou melhor que o original, quanto muito empata.
Na internet existem zilhões de esquemas de amplificador de corrente pra platinado, alguns funcionam bem, outros nem tanto, e outro tanto só serve pra perder tempo montando.
E quero deixar bem claro o seguinte: pra quem não quer montar existe a opção de comprar, e 60~80 mangos é um valor até que apropriado para um sistema decente, e sendo decente vale a pena sim, mas não sendo é melhor gastar este dinheiro em platinado, combustível ou pizza.
Sds,
Sukys