Pneus, uma história à parte.
Quando eu comprei esse Niva, o que mais me chamou a atenção foi o estado geral do carro. Apesar dos 24 anos, conservava a aparência original, o que é bastante raro de se ver atualmente. A maioria dos Niva passou por profundas mudanças, transformações mesmo. Isso pelos mais variados motivos, desde de a dificuldade de se encontrar peças originais de qualidade até a intenção de melhorar o desempenho geral do veículo, principalmente para situações off road. E ai sobram pneus maiores, suspensões elevadas, trocas de partes do motor, quando não do motor todo e mais uma série de trocas de peças russas por equivalentes nacionais. Entre adaptações e "adaptraições" (valeu pelo termo, Gil:concordo:), lá se vai a originalidade do russinho.
Acabei por optar em preservar o Niva. Deixá-lo o mais original possível, mesmo com os necessários (e inevitáveis) reparos por vir. Nessa linha de pensamento, tinha de encontrar pneus na medida 175/80 R16. Procurei nos sites dos fabricantes/importadores e descobri que a Yokohama tinha um pneu exatamente nessas medidas, do modelo Geolandar. É um pneu para uso misto, com um bonito desenho na banda de rodagem. Mais ainda: havia um revendedor autorizado da marca aqui na cidade onde moro. "Vai ser fácil" - pensou o "pobre inocente" aqui.
Com o carro no conserto em São Paulo, resolvi ir até a revendedora autorizada da Yokohama (uma loja grande, especializada em pneus rodas e suspensões) encomendar os pneus. O atendente me olhou de forma estranha, alegando que não conhecia pneus na medida solicitada, seja da marca que for. Mostrei no site do fabricante que tal pneu existia, na marca, modelo e dimensões solicitadas. Consultando o estoque, me informou que não havia nenhum. Não me surpreendi, pois já imaginava que seria necessário pedir os pneus para o fornecedor. Relutantemente e já sugerindo modelos e medidas alternativas, o vendedor contata o fornecedor. Alguns minutos de espera e chega a bomba: a Yokohama não importava tal medida de pneus para o Brasil. Estranhei. Ele ainda sugeriu um outro modelo, "quase igual", mas para caminhonetes de carga. Agradeci a atenção e fui embora. "P da vida".
Contatei o serviço de atendimento ao consumidor da Yokohama, pedindo confirmação da informação recebida na revendedora e mostrando minha indignação com a possível inexistência de um produto anunciado no site brasileiro. Rapidamente recebi uma resposta educada e esclarecedora: a Yokohama trás sim o pneu Geolandar 175/80 R16 para o Brasil. Mas em quantidades mínimas, devido a baixa procura. E, no momento, não havia nenhum desses pneus em estoque. Mas...
Existia um jogo disponível numa revendedora da marca. Na cidade de Belém do Pará. O contato foi passado na mesma mensagem.
Bem, nem tudo estava perdido: bastava comprar os pneus e transportá-los por cerca de 3.000 km. Tudo isso num dentro de um valor "razoável". Tentei um "plano B": comparar no exterior e importar.
Achei uma loja nos EUA onde havia os pneus da media 175/80 R16 (não eram da marca Yokohama, mas até ai...). Com o preço de US$ 63,00 por unidade. Com as taxas de importação e frete, o custo total dos 4 pneus ficaria em módicos R$ 3.200,00. Sem chance para a importação direta.
Voltando para a primeira opção, contatei a loja em Belém para verificar se eles realmente tinham os pneus. O atendente estranhou as medidas solicitadas ("Tem certeza que não é 275/80 R16? Tenho!"). Mas confirmou a existência do jogo disponível. E eles estavam em promoção (de verdade). Mostrei interesse mas expliquei a minha situação: além de comprar, precisava transportá-los até São Paulo. E para tal, precisaria contratar uma transportadora. O atendente me desejou boa sorte.
Agora eu só precisava encontrar uma transportadora que cobrasse um preço razoável. Não deveria ser tão difícil...
Uma coisa necessita ser esclarecida: não sou empresário (nem micro empresário). O transporte deveria ser feito para uma pessoa física e não jurídica. A maioria das transportadoras, infelizmente, somente faz o serviço para empresas. Para pessoas físicas, restava o transporte expresso, nos moldes do Sedex dos Correios. Como custo médio de R$ 1.400,00. Sem chance, de novo.
Será possível que não haveria na face deste "Brasilzão" uma única transportadora que fizesse o serviço para pessoa física, por um preço decente?
Muita procura, muitos telefonemas, muitos contatos com amigos e consegui uma empresa que poderia fazer o transporte. E num precinho "bem camarada". É com essa que eu vou!
Comprei os pneus (via depósito bancário) e paguei a transportadora. Somente teria de contatar a "filial de Belém" para agendar e confirmar o frete. As coisas estavam andando.
Reconheço que nunca fiz uso de uma transportadora. E que não conheço nada sobre o que é necessário para se transportar mercadoria pelo país. Contatando a "filial de Belém" da transportadora, descobri que a referida "filial" era na verdade um empresa terceirizada, prestadora de serviços para a empresa. E os mesmos não estavam acostumados a tratar diretamente com os clientes, principalmente se não fossem de outras empresas de transporte. Se estabeleceu um diálogo entre "cegos e surdos mudos"...
Pedi auxílio para a pessoa que eu contatara em São Paulo, inclusive no que se referia a documentação necessária. Foi solicitado uma cópia da Nota Fiscal do produto. Como tinha comprado os pneus como pessoa física, na nota fiscal o endereço constante era da minha residência em SJBV. E o local de entrega dos pneus seria em São Paulo, na oficina do Wilson onde o carro está sendo consertado. "Deu zebra"...
O endereço de entrega teria de constar na NF. E a transportadora não atende a cidade de SJBV. Pedi a loja que mudasse o endereço constante na NF. Mas eles alegaram que isso implicaria no cancelamento da NF e mais uma série de outros problemas. Para bom entendedor, eles não iriam mudar o endereço.
Pedi, implorei para que o pessoal da transportadora "quebrasse um galho" e entregasse os pneus num outro endereço. O máximo que eu consegui foi um "talvez".
Agora estou esperando, sem saber direito onde vão parar os pneus que eu comprei. "Talvez" sejam entregues na oficina do Wilson. "Talvez", fiquem parados no depósito da transportadora em Osasco.
Da minha parte, tenho de buscar o carro em São Paulo, pois o serviço do mecânico já está pronto. Provavelmente, volto para SJBV com os pneus velhos... E sabe-se lá quando (e onde), voltarei para pegar os pneus "vindos de Saturno"...
[]s.
Está na lei, mas eu não sabia...
Posso dizer que tenho aprendido muito com a compra desse Niva. E uma das "lições" é: quando for comprar um carro usado exija que seja feita uma vistoria prévia no veículo.
Eu já notara que o número de oficinas credenciadas para fazer vistorias prévias nos veículos havia aumentado. Pensei ser um "fenômeno de mercado", um daqueles muitos modismos sazonais que vez por outra aparecem. Uma forma de "agregar valor" aos carros usados na hora da venda. Ledo engano...
A vistoria prévia é uma exigência legal para transferência de carros usados, em São Paulo pelo menos. Também é usada para fazer o emplacamento quando da mudança de municipalidade.
Então, caros camaradas, fiquem atentos: se forem comprar um carro usado, em São Paulo ao menos, exijam do vendedor a vistoria prévia dentro da validade (é, a vistoria tem uma validade). Caso contrário, a responsabilidade cairá para o comprador. Além do custo, há a "perda de tempo".
Não preciso dizer que comprei o Niva sem a vistoria prévia, né?:parede:
[]s.
Cuidado com o prazo de transferência do veículo!
Quem compra um carro usado tem 30 dias para transferir a documentação para o nome do novo proprietário, isso eu já sabia. Também sabia que quem perdesse o prazo teria de pagar uma multa.
A surpresa foi saber que além da multa, há a perda de 5 pontos na carteira da habilitação. Considero isso injusto, pois quem atrasa a transferência cometeu uma falta administrativa e não uma infração de trânsito. Um abuso!
Abuso ou não, é dessa forma que as coisas acontecem...:putz:
Mais um aprendizado. Terei de pegar o carro em São Paulo, fazer a vistoria do mesmo, contratar um despachante (já tentei resolver os problemas com licenciamento e transferência de carros diretamente, sem o uso de um despachante; infelizmente, não é um serviço para "amadores", como eu sou...) e agendar um emplacamento do carro. Tudo isso antes dos famigerados trinta dias. Se não, multa na cabeça e cinco pontos a menos na carteira de habilitação.
Definitivamente, este não é um país para "amadores"...
[]s.