Todo mundo sabe, repito: Todo Mundo... que a qualidade de tudo vem caindo no Brasil e em alguns países do mundo.
As razões disso são várias, a concorrência que não oferece qualidade e os demais fabricantes acabam se adaptando a isso para conseguirem sobreviver, a falta de conhecimento do cliente que nem sabe o que está levando para casa, a perda do poder aquisitivo que deixa o pessoal com medo de comprar algo que eventualmente possa desvalorizar mais, a vida útil limitada ou a obsolescência programada propositalmente pelo fabricante para vender mais ou oferecer pós-vendas e tentar salvar autorizadas que estão falindo, etc.
Tirando a obsolescência programada, o restante depende do consumidor, que é péssimo para fazer escolhas, diga-se. Quem não sabe o que é isso, leia aqui: Bolsas de Estudo de ate 85% para Faculdades e Escolas | Educa Mais Brasil
A verdade é que nos últimos anos temos visto a qualidade dos produtos caírem, e de forma muito rápida. Muitos se lembram o quanto era comum uma geladeira de nossos avós durar 20 ou 30 anos, e hoje quando duram dois, é muita sorte. Televisores também, acabou a garantia, em poucos meses param de funcionar.
Com carros, está acontecendo o mesmo.
Estamos assistindo uma redução brutal de custos, com problemas que já até citamos aqui, utilizando motores antigos, pendurando fios em vidros, usando estribos de plástico, colocando recursos como freio a disco nas quatro rodas somente em versão mais cara e ainda como pacote opcional, utilizando suspensão de séculos passados, controles de estabilidade de primeira geração, multimídias chineses, sistemas de som de baixa qualidade, partes eletrônicas que falham continuamente também pela baixa qualidade (normalmente chineses também), etc...
Por mais que queiram dizer que um determinado modelo é uma evolução, é evidente que ele só "aparenta" ser, mas na verdade é um retrocesso com qualidade inferior. A qualidade custa mais caro, e a indústria acaba colocando a qualidade em segundo plano para privilegiar o custo. É o que temos visto aqui.
Quando a Nissan lançou a nova Frontier, ficou claro que ela reposicionava a picape em um outro nível. Era verdadeiramente um modelo tecnologicamente mais evoluído, e não como falam hoje de qualquer modelo mas sem qualquer verdade.
Suspensão multilink, bancos Zero Gravidade com tecnologia aeroespacial, motor biturbo moderno, parabrisa com proteção UV e plásticos antichama (só os carros Mercedes tinham), controles inteligentes de estabilidade de última geração, sistema de limpeza automático do filtro de partículas, e uma infinidade de mudanças que de fato colocaram o modelo num outro patamar.
Mas, isso tudo custa mais caro. Lançar um produto tecnológico e com mais qualidade custa mais caro, e isso se reflete no seu preço.
A Nissan conseguiu a proeza de lançar tudo isso por um preço bastante competitivo no mercado. Podem ver que modelos similares, que ainda ficam devendo, custam perto de meio milhão.
Além disso, a Frontier usa componentes de alta qualidade, produzidos na Alemanha, em Portugal, na França e, obviamente, no Japão. As concorrentes inundam os seus modelos com peças baratas chinesas, sem qualidade. Por isso estamos vendo lançamento se afundando em problemas de todo o tipo, onde nada funciona direito.
Mas, como eu disse, existe um peso grande nesse conceito de qualidade, que é a percepção do consumidor. O comprador não evolui, acha que modelos que outrora eram vistos como "indestrutíveis", continuam assim. Fixaram em suas cabeças a ideia de "raça forte", de popularidade de marcas, e ainda sem uma boa base de conhecimento e informação, demorou a ter uma resposta para essa mudança. Hoje vemos a Frontier batendo emplacamentos na casa de 1.000 unidades, mas há 8 ou 9 anos o modelo, que já era superior na época, vendia 300 ou 350 unidades.
Com a chegada de novos modelos revisados no mercado, se esperava uma evolução tecnológica para talvez igualar um pouco mais o mercado, mas o que vimos não foi isso, mas uma profusão de partes de má qualidade, de uso de plásticos, de reaproveitamento tecnológico de partes com 25 anos de projeto, e de recursos com desempenhos bastante frustrantes. O que mais incomoda é que estes produtos são vendidos caros e em quantidade maior do que aqueles que oferecem legítimas virtudes.
Eu sempre me perguntei por quanto tempo a Nissan conseguiria manter a Frontier nesse patamar superior de qualidade. Eu ainda torcia por uma evolução da concorrência para que houvesse uma briga de custos e preço de igual para igual. Mas, não foi o que aconteceu. O mercado reduziu custos e qualidade. Preferiu apostar no nome, na propaganda e oferecer produtos inferiores.
Para se ter uma ideia, eu pesquisei e fui atrás, pois queria ter certeza antes de falar alguma bobagem, e descobri que um estribo da nova "tecnológica" recém lançada, feito de plástico de baixa qualidade (conheço bem isso) custa na concessionária de Campinas R$ 3.800,00 o par. É um plástico injetado, como muitos produtos que eu fabrico, que não custa mais de 200 reais para ser fabricado.
Já o estribo da Frontier, feito em alumínio extrudado de alta resistência a temperatura, desgaste, deformação, corrosão, etc... depois anodizado, custa 4.900,00 cada na concessionária da Nissan em Jundiaí.
Ou seja, por aqui já é possível ver como se ganha um lucro mais alto fabricando um produto inferior e bem mais barato. Porém, o modelo concorrente além de custar bem mais caro... usa componentes mais baratos e adivinhe qual vai durar mais e ter melhor resistência.
Tudo isso coloca a Frontier numa posição única, onde ela oferece tecnologia e qualidade superiores a preços muito competitivos, o que é bom para o consumidor, mas ruim para a fábrica. Porque ruim para a fábrica? Porque o consumidor não enxerga essa diferença e compra o pior mais caro.
Então, eu não estranharia se a Nissan começasse a reduzir custos de sua caminhonete para se igualar às concorrentes inferiores e aumentar os seus lucros.
A declaração do seu vice-presidente regional, que agora virou presidente do grupo , fazia referência ao fator que eu comentei de poder aquisitivo. O mercado em que ele atua não pode pagar por qualidade, e ele até tenta justificar tentando dar uma ideia que estariam evoluindo o produto "corrigindo um erro". Só alguém muito estúpido para acreditar nisso. É evidente que ele tenta transformar uma ação de redução óbvia de qualidade e retrocesso tecnológico em uma vantagem. Isso é marketing.
Retrocesso sim, e a maior prova é que mesmo aqueles que tentam desmerecer a suspensão multilink babam numa versão de seu modelo de preferência que usa o multilink, mas é muito mais caro e não podem pagar por isso.
Aí muitos perguntam: Nós também vamos sofrer esse retrocesso?
Isso saberemos em breve. Uma dica, não se incomodem com isso, apenas observem as manifestações mais patéticas sobre isso porque são muito cômicas.
Muita gente torce para que a Frontier perca o multilink, porque se não pode ter, quer que outros não tenham. Jogam contra o que sabem ser melhor por sentimentos baratos e inferioridade evolutiva.
Mas, a Frontier tem um público diferenciado. Quem compra uma Frontier, compra uma Frontier. Quem não compra uma Frontier, compra qualquer outra. Se for para carregar alfafa, qualquer uma serve. Se for para ter conforto, tecnologia, segurança, confiabilidade, qualidade, recursos modernos e que funcionam de fato, as mais atuais versões dos recursos oferecidos, componentes de boa origem europeus e japoneses, só resta a Frontier hoje no mercado. E vem a pergunta: o comprador de uma Frontier vai continuar fiel ao modelo se ela começar a perder qualidade?
Lembrem-se que no Brasil não temos variações de versões de Frontier em razão de qualidade e recursos básicos. No que é importante, todas as versões da Frontier oferecem, freios a disco nas quatro rodas, suspensão multilink, controle de estabilidade de terceira geração, som de qualidade, etc...
A Nissan não abre mão de oferecer conforto e segurança para todos os perfis de consumidores, ao contrário do que muitas vezes faz o mercado remendando suspensão, afastando rodas para reduzir capotamento, colocando freios a disco nas quatro rodas só em versões topo de linha, pois quem não pode pagar mais, que fique sem conforto ou que morra.
Se lá fora o consumidor de Frontier já se conformava em comprar uma versão com feixe de molas, eu não tenho certeza que aqui no Brasil o consumidor aceitaria isso, pois aqui só conhecemos a melhor tecnologia do modelo, e recuar nisso, não me parece que seria uma opção.
Só digo uma coisa: Aguardem. Não se preocupem com isso. Vai ter muita gente com inveja tentando já igualar a Frontier ao que de ruim outras oferecem, é o circo e o pão. Mas, vejam que na linha 2025 a Frontier manteve a suspensão multilink, contrariando o que disseram sobre um vídeo ter mostrado uma Frontier de país vizinho ter feixe de molas. Lá sim, aqui não.
Deixem que chorem e riam, nós temos o multilink, e isso é fato. O que vai acontecer, é mera especulação, e quem quiser ter essa tecnologia hoje sem pagar meio milhão por uma caminhonete mais decente (nem poder) e sem comprar uma Frontier, simplesmente não vai ter.
Eu, honestamente, nem estou preocupado com isso. O que mais me incomoda mesmo é ver a economia de qualidade e tecnologia que estão aplicando em alguns novos modelos, diminuindo a segurança, a confiabilidade e enchendo esses modelos de problemas, e fabricantes já com histórico de fazer coisa errada e depois abandonar o que fez.
É isso.
Espero que tenham entendido a mensagem discreta.