Eu duvido.
O mercado brasileiro é muito estranho.
Veja que a Ranger é a picape mais vendida na Europa, e aqui perde até para a S10, sua única concorrente direta e que, na minha opinião, é inferior.
Eu não acredito que a Frontier apareça entre as primeiras colocadas de vendas no Brasil. Ela é mais direcionada ao mercado que busca uma picape mais de trabalho, sem frescuras. Um exemplo simples: ela é produzida somente a diesel. Não existe modelo Flex. E agora só 4x4 também.
O público comprador de picape hoje é formado por uns 10% para uso em trabalho e 90% passeio. O pessoal quer picape com visual mais apelativo. Já a Frontier é o contrário. O pessoal da Nissan Jundiaí me disse que 80% dos compradores usam a picape para trabalho, pela confiabilidade, para encarar terra, sítios e fazendas, e é raro não ser 4x4.
A Hilux ainda ataca bem nas duas posições, muito por conta da sua justa fama. Ela é muito boa de negócio.
Porque eu saí da S10? Porque não é confiável. Carro de oficina, e não posso ficar encostando a minha toda hora.
Me apaixonei pela Nissan por conta disso, por rodar quase 100.000 km sem um único defeito sequer. E mantendo uma revisão correta, ela passa disso em muitas vezes. Em Jundiaí tinha uma em revisão com motor com mais de 800.000 km ainda original. Tirando a Hilux, que outra aguenta isso?
Eu faço viagens às vezes de 12 ou 14 horas, em horários complicados, estradas difíceis e sem muita preocupação com alguns cuidados, chegando a velocidades que as outras não alcançam, e tudo isso com segurança. Ela é firme, confiável nas curvas e me dá muita segurança. Ela gruda no asfalto.
Quando eu tinha a S10 levei vários sustos com perda de controle em buracos ou calombos na estrada. Isso porque ela ainda tinha controle de estabilidade e a Frontier que eu tinha não possuía esse recurso.
Vi muita gente rodando e capotando com Hilux e S10 nas estradas, mas nunca ouvi falar de acidentes assim com a Frontier em todo o tempo que já rodei. Já quase bati numa Hilux que capotou na pista contrária da estrada. Fiz uma manobra que pareceu que eu estava num carro de passeio estável.
Ela é perfeita? Longe disso.
Mas, para o meu uso, ela é a melhor.
Porém, o mercado consumidor brasileiro não é muito adepto a picape robusta, confiável, durável, diesel, 4x4 e tão pouco precisa destas características. Sendo "grandona" e tendo um estilo moderninho, o resto não faz falta para esse público que usa suas picapes para ir para o escritório ou levar a família no shopping no final de semana.
Reclamam do estilo do volante, do botãozinho feio, do tamanho do porta-luvas, da falta de porta-copos...
Muitos possuem picapes para exibicionismo. Ter um selo 4X4 então é "chique", mas não sabem nem usar o recurso. Digo isso com propriedade, pois é fato. Já vi um colega comprar um selo 4x4 para colar na sua F250... ridículo !!
Santo Antonio é um enfeite, e duvido que a maioria use para alguma coisa.
Estes compradores exibem seus novos brinquedos como se uma "cabine dupla" fosse sinal de poder.
Sei que muitos vão se identificar com esse perfil e poderão até ficar chateados com o meu comentário, mas não precisam ficar assim, afinal, gosto é gosto, e cada um deve fazer aquilo que lhes agrada. Viver é isso.
O pessoal que me conhece dá risadas quando para num posto para abastecer e alguém me comenta: "Picape nova? Quanto custou?", e eu respondo "sei lá, pergunte ao patrão, sou só o motorista".
Até parentes e amigos quando comentam alguma coisa eu desconverso. Não fico falando, abrindo para mostrar detalhes, etc.
A Frontier tem um público muito específico, que nunca terá o perfil do consumidor comum.
Eu vou esperar pelo modelo Argentino, pois será o de fabricação definitiva e um pouco mais completa. Gosto de algumas frescuras, mas a alma tem que ser de picape pura.
Por enquanto, vou ficando com as minhas "antigas". A "pretinha" agora está com 8.900 km. Foi a melhor que tive, SL completa. Estou gostando muito dela, e não é pela frescura de banco de couro ou multimídia, mas pelo controle de tração e estabilidade que funciona de verdade, não é só propaganda, ela é ainda mais estável que as outras que são Attack e S. Pelo ar condicionado digital que ajusta a temperatura com precisão, e pelo câmbio automático que é um conforto muito grande.
O restante eu dispensava.