Postado originalmente por
Oneill
Amigos,
conforme prometido, relato os acontecimentos após 8.400 km percorridos pelo Brasil, Argentina e Uruguai.
O motor Maxion TDI 2.5 sobre aqueceu....zero. Ou melhor - zero.
Realmente, a causa principal era a embreagem do ventilador do radiador (acoplamento viscoso).
Uma vez soldada a ventoinha a temperatura da água ficou, em toda a viagem, entre 78 e 95°C.
Dirigindo a 80 km/h> entre 78 e 82°C e consumo de 10 km/l.
Dirigindo entre 90 e 100 km/h> 84 a 86°C. Consumo 9 km/l.
Entre 100 e 110 km/h> 86 a 88°C. Consumo 8 km/l.
Acima de 120 km/h > 88 a 92°C. Consumo 7,5 km/l.
Condições extremas:
Pé no fundo, dia quente, ar condicionado ligado. Velocidade 120-130 km/l, mantida por mais de 30 minutos. Ou subindo serras com o pé lá embaixo> 95°C. Consumo entre 7,2 e 7,5 km/l.
Alerta : meu Defender usa BF´s 265, guincho, tenho uma mala Thule no bagageiro, e os estepes também ficam lá em cima. Por isso, provávelmente gasto mais que os outros, não sendo só a velocidade o causador do prejuízo.
Minha opinião: o motor Maxion 2.5 TDI é um bom motor e adequado ao Land Rover Defender 110. Quando forçado a 2800-3000 giros em subidas ou, contrariando a aerodinâmica do Defender, em velocidades acima de 120 km/h, realmente ele aquece acima do recomendado pela Caterpillar para motores diesel da sua classe, que seria trabalhar entre 86 e 90°C idealmente.
Manter acima de 2.800 rotações e temperatura da água acima de 92°C por muito tempo (muito não é número, então eu traduzi muito por uma hora) provocaria dilatação excessiva dos metais do pistão e camisa, aumentando o atrito e desgastando prematuramente o conjunto.
Desta forma, dar um "refresco" de hora em hora (2.200-2.500 rotações) seria a melhor recomendação para os "pés de chumbo" como eu, frustrados por não terem "bala" para sustentar um bom V6 ou V8 a gasolina, como o 4.0 do Cherokee (só a inclinação do pára-brisas deste faz uma diferença enorme na aerodinâmica, quando comparado com os 90° do Defender).
Outro alerta para os que dirigem perigosamente é trocarem o filtro de ar aos 4/5 mil km, independentemente se rodados em terra ou asfalto, pois como o motor aquece e dilata mais com esses infelizes, um grãozinho de poeira pode fazer um bom estrago.
Fiz esses 9.000 km, se contados desde o momento que soldei a ventoinha, prestando mais atenção aos instrumentos que à paisagem e acredito que fui bem minucioso com os dados e o entorno físico que foram colhidos.
Então, retornando às discussões do começo desta tripa, tenho de concordar com a maioria das afirmações do Carlão. Quando dirigi off-road ou como um caminhão leve no asfalto, o motor comportou-se impecávelmente, levando em conta que este senhor atingiu a melhor idade, ou seja 230.000 km rodados.
Nota 0 : oficina e lojas de peças em Córdoba, Santa Fé e San Miguel de Tucumán tem outro nível de conhecimento, competência e profissionalismo em motores diesel. Além dos preços, geralmente um terço ou menos que aqui. Aprendi muito por lá.
Nota1 : vale a pena visitar os Esteros de Miriñay e Iberá em Corrientes, Argentina. Pescar um dourado vendo êle tragar o seu anzol nas profundidades devido à limpidez da água é algo indescritível.
Também os desertos da pré-cordilheira andina nas alturas de Salta são memoráveis.
Nota 2: comprei um novo acoplamento viscoso em Córdoba, sede da fábrica da International que faz o Maxion, por um preço de doer na consciência dos vendedore brasileiros: 180 reais.
Vou instalá-lo porque essa história de soldar a ventoinha é proibitiva em temperaturas abaixo de 5°C pois, com o ar gelado sendo jogado pela ventoinha já na partida com o motor frio, a válvula termostática demora horas a abrir e trabalha-se praticamente sem lubrificação pois o óleo fica muito espesso e não penetra nas partes a lubrificar.
E eu pretendo dirigir-me à Patagônia e Sul do Chile no forte do inverno para ver como é a coisa no seu melhor momento.
Espero ter cumprido a promessa e que a minha experiência possa ser útil
aos Defenderos ( como nos chamam em Tucumán).
Abraço