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Convex Datacenter
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    Question Eixos rígidos vs suspensão independente. Uma filosofia e uma questão de mercado.




    Uma pequena divagação sobre suspensão com eixos rígidos e independente.

    A pouco em um post, surgiu a questão, http://www.4x4brasil.com.br/forum/la...-wrangler.html (Discovery II x Wrangler!!!!) .

    Achei que seria interessante criar um novo post, como forma de tornar este assunto do conhecimento de todos, não só dos interessados por D3.

    A grande diferença da Disco 3 vs um Dedenfer é o fato de a maioria das D3 já virem com bloqueio de diferencial no eixo traseiro. Os Defender não possuem esta cara maravilha, mas as eletrônicas, TD5 e Puma contam com a ajuda da eletrônica, como na D2, onde os freios travam momentaneamente a roda que esta em tração e de golpe em golpe o carro avança.

    Numa subida íngrima isso garante uma ENORME vantagem para as D3 em relação aos Defender originais, e ainda mais brutal em relação aos Tdi. Os vídeos dizem tudo.

    Mas nem tudo está perdido, basta instalar um bloqueio ARB no Defender, em ambos os eixos se preferir e pronto, terás um trator! Não existe D3 que acompanhe o Defender e seu curso de suspensão com eixos rígidos e bloqueados.

    Muitos jamais atentam para uma das mais importantes e belas caraterísticas dos eixos rígidos. Quanto uma roda sobe, automaticamente a roda na outra extremidade do eixo é forçada a descer, tudo em razão da posição central das molas. Este efeito "gangorra" do eixo, faz as rodas copiarem o solo com incrível dinâmica, garantido muita tração sem sequer precisar de bloqueios nos eixos.

    O mesmo acontece em posição inversa, quando uma roda desce em uma trincheira. A roda do lado oposto é forçada a subir, praticamente "desligando" sua mola, permitindo assim que a roda suba mais que normalmente. Deste modo a roda do buraco termina por descer um pouco mais, garantido imeditamente maior equilíbrio da carroceria e homogênea distribuição do peso sobre as rodas e terreno, resultando em maior tração.

    O sistema de suspensão independente, presente na Disco 3 e outros bólidos, são enormente penalizados em situação de obstáculos em "X", sendo então fundamental o uso de bloqueios. Nestes sistemas, cada roda tem uma mola forçando a roda para baixo e veículo para cima, sem qualquer comunicação com o lado oposto, ou até pior, muitos ainda contam com fortes barras estabilizadoras que fazem o lado oposto obedecer a mesma direção de movimento, uma sobe a outra sobe também, deixando o sistema "travado", razão pela qual os novos Wrangler Rubicon desligam eletronicamente a barra estabilizadora frontal. Este é o motivo do Stark ser um tremendo fiasco em erosões.

    O caso estremo são os tratores, que sequer possuem molas no eixo dianteiro, apenas uma gangorra. Nos 4x4, a gangorra ainda é tracionada, vide os fantásticos Valmet/Valtra 4x4.

    Estaria então a indústria enlouquecendo ao adotar este tipo de suspensão, suspensão independente onde quer que se olhe?

    Não, absolutamente não!

    Na medida que os eixos rígidos são bons na terra, eles são inversamente ruins no asfalto. Nas curvas em alta velocidade, eles agem como eixos de um skate, complicando a vida do motorista atrás do volante sem que este perceba. Correções de trajetória acabam sendo necessárias durante variando de acordo com a posição da carroceria, eventualmente culminando em acidentes em desvios de alta velocidade.

    A opção de uma suspensão mais moderna mostra a clara tendência do mercado, onde o consumidor procura uma veículo de uso predominantemente on-road. É neste terreno que as empresas investem. O mercado brasileiro idolatra os cromados, logo todos os Toyota e Hondas chegam carregados de falsos pedaços de plásticos cromados, simulando assim partes metálicas de outrora. Mercado, mercado, mercado. Não interessa mais a filosofia, mas sim a oportunidade de garantir maior retorno aos investidores, custe o que custar, seja um Bugatti Veyron ou um LR D4 com faróis de material perecível ao preço de um carro popular cada.

    Voltando...

    Então a D3 e D4 são ruins na terra?! Não! Elas não articulam como um Defender, mas o Diferencial traseiro e a avançada tecnologia fazem a mágica acontecer. Agora se chover, não existe pneus MUD para as medidas de suas rodas.

    Por sorte a D3/4 tem em sua manga um sofisticado sistema de compensação de pressão entre suas bolsas de ar. Em uma situação de X, o sistema pneumático reduz a pressão das bolsas localizadas nas rodas de apoio (no topo to terreno) fazendo assim com que o veículo desça mais profundamente, garantindo às rodas inferiores contato com o terreno, que finalmente terminam por reconquistar a tração.

    Infelizmente a sofisticação tem seu preço. Ver um Land Rover Serie 1 de 1950 em marcha, mesmo que seja um destruído na África, é algo bastante comum. O mesmo não acontecerá com as D3 e 4, Evoque e Freelas.

    Tudo que é feito de plástico um dia ressecará e todos os modernos o-rings, computadores e motores elétricos um dia vão falhar. Esta é a natureza dos materiais empregados nestes carros. Se observamos, já é praticamente impossível encontrar rodando uma Range Rover P38. Mercado, mercado, mercado.

    Vale atentar para o fato que a substituição da correia dentada traseira das D3 e D4 Diesel pede separação da carroceria do chassi "!", por sorte já elaboraram uma maneira de fazer o job com o uso de de um espelho e e algum contorcionismo. Verdade seja dita, são poucos as pessoas que compram uma Disco, com a idéia de casar com o carro. Quem tem uma D3, vai querer a D4, e assim em diante. Quantos realmente chegarão a trocar uma correia destas antes de entregar o carro ao desmanche?

    Os proprietários dos Defender, geralmente escolhem o Defender como um estilo de vida, um estilo simplista e um tanto bruto. Convenhamos, de 84 até hoje NADA mudou na aparência, além de alguns desvios, como rodas de liga, pintura metálica, capô das Puma e adereços plásticos de igual e questionável gosto das Fire, SVX, etc...

    Quem compra um Defender, não espera ter algo moderno, mas sim algo antigo e parrudo. Heritage.

    Por sorte nos Defenders TDI tudo poderá ser reparado por longos anos a fio, nada de substituir caixas completas, mas sim peça por peça, parafuso por parafuso. Se quebrar, basta um par de olhos e ouvidos para encontrar o problema, nada de computadores, vias de comunicação digital (CAN-BUS) e protocolos encriptados proprietários LR.

    Em resumo, as D3 e 4 são uma tentação, mas no fundo são veículos feitos apenas para agradar o motorista, sem qualquer compromisso com sua longevidade técnica ao longo de décadas de uso severo e muitas vezes como frota comercial ou bélica.

    Estes carros são a resposta ao desejo do consumidor, resposta ao desejo pelo conforto, pelo design fashionista (vide o Evoque desenhado pela Victoria Beckham) e finalmente a resposta à necessidade de sobrevivência de uma marca em um mercado permeado pela pressão dos acionistas por maiores dividendos e sobrevivência no mata-mata da concorrência, num mercado onde os veículos ficam cada vez mais sofisticados, maiores, mais velozes e passam a cada vez mais a comunicar ao mundo a posição social de seus condutores ou passageiros.

    Como dizem no UK, uma das maiores e melhores características do Defender, é o fato de não dizer coisa alguma sobre seu proprietário. É um carro "classless"! O condutor pode ser o motorista de frota da GDK ou a rainha da Inglaterra, cada um deles com sua importância para a sociedade (o motorista, na minha opinião, é muito mais "nobre" . O que poderia dizer sobre o motorista de um Evoque?

    Este texto não busca alfinetar os proprietários de D3/4, apenas tenta explicar a diferença de um par de eixos rígidos para uma suspensão independente e o processo pelo qual chegamos nestes sofisticados sistemas.

    Enquanto é possível, continuo com meus eixos rígidos, sejam no Jimny ou no Defender.

    Abs

    Clemente
    4X4 Brasil
    Land Rover Defender 110 SW 300tdi 2005

    www.cgauer.com.br / vimeo.com/gauer / flickr.com/cgauer / 4explorers

  • #2
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    Citação Postado originalmente por CGAUER Ver Post
    Este texto não busca alfinetar os proprietários de D3/4, apenas tenta explicar a diferença de um par de eixos rígidos para uma suspensão independente e o processo pelo qual chegamos nestes sofisticados sistemas.

    Enquanto é possível, continuo com meus eixos rígidos, sejam no Jimny ou no Defender.

    Abs

    Clemente
    Excelente texto, Clemente!

    Troller T4 2012 3.0 NGD "Vermeião"
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  • #3
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    Nossa parabens pelo texto, excelente, vou indicar para todos q perguntam pq comprei uma defender

    abraço, Pedro
    4X4 Brasil
    Pedro Ribeiro
    LAND ROVER DEFENDER 90-2000

  • #4
    Clemente,

    Primeiramente, eu não poderia deixar de dizer que o Defender é o off-road "de facto standard" no mundo. Pra quem não está acostumado com o termo, significa que é o patamar de comparação, um objetivo a ser alcançado. É comum se ouvir que "esse anda junto com um Defender", "é tão resistente quanto um Defender", "tem manutenção tão simples quanto um Defender", enfim, é um modelo que não tem mais o que provar, dadas as condições mais adversas possíveis de sua utilização e seu absoluto sucesso de projeto que possibilitou sua produção por longos 60 anos. Um marco na história desta indústria. Não tenho dúvida de que seria um prazer pra qualquer um deste fórum (principalmente eu) ter um Defender na garagem.

    Isso dito, não acho que as mudanças nos off-roads de hoje sejam somente por conta do mercado. Há uma pressão enorme na indústria automobilística por menores emissões de carbono e principalmente pelo incremento de dispositivos e mudanças nos formatos dos carros para que se obtenha mais segurança não só para os ocupantes do veículo como para quem está do lado de fora e o eixo rígido é um grande empecilho, seja pelo seu grande peso ou pela menor eficiência on-road. A eletrônica veio para tentar compensar a falta dele e pelos vídeos que se vê por aí (não só de LR), está fazendo um belo trabalho. Raras situações exigiriam um sistema mais eficiente como um bloqueio 100% no eixo dianteiro, porém, entendo que não existe um carro ideal para todas as situações: off e on-road. Haverá sempre uma balança pendendo para um lado ou para outro.
    Participei de um Land Rover Experience e acho que raríssimas pessoas vão conseguir usar toda capacidade de um D4, mesmo numa trilha de extrema dificuldade. O circuito realizado refletia o pior uso possível pra um off-road e o carro se comportou magistralmente. Pra quem é um amante de tecnologia como eu, causa arrepios ver uma máquina fazer aquilo. Ele rodou o circuito várias e várias vezes, durante dias, com motoristas diferentes, alguns com experiência em condução off-road (dava pra ver) e outros como eu, apenas entusiastas com pouca prática.

    Como o Renato Franco gosta de dizer: - O que não existe, não quebra. Fato incontestável.
    O Defender é um carro bruto sem dúvida, cujo projeto objetiva pouco além de muita robustez, mas não vejo motivos para um D3/D4 não ter uma longevidade de 20 ou 30 anos, sem dúvida muito menor que um Defender, mas muito razoável considerando o ritmo atual de evolução. São modelos de alta vendagem no mundo inteiro e haverá demanda por suas peças por décadas, sem dúvida.
    Você tem intimidade com tecnologia e deve entender bem os métodos para cálculo de MTBF que fazem um satélite durar 40 anos em órbita. São processos relativamente baratos e desmistificados, sobretudo para uma empresa que produz carros caríssimos como a Land Rover.
    Um computador vai falhar, um sensor vai deixar de funcionar, uma bolsa de ar vai estourar, o compressor da suspensão vai dar defeito, enfim, todo mecanismo vai falhar um dia porque essa é a natureza da máquina. Mesmo o Defender e sua rusticidade não escapam disso. E você ligará do seu celular via satélite para que alguém venha te socorrer, aonde quer que você esteja no globo. Em 1980 não, e esse é o grande mérito do Defender, desbravou o mundo quando não havia recursos de socorro, quando a ajuda mais próxima levaria dias pra te achar com ajuda de carta náutica, no meio do nada sem sequer coordenadas de GPS.

    Sim, eu gostaria de ter um D4. Por que não confio no meu D3 ? Não. Por que daqui a pouco ele pode me deixar na mão ? Não. Por que ele não vai durar mais 10, 15 anos ? Não. Porque eu quero o que há de mais seguro e mais moderno. Quero sistemas atualizados de air-bags, freios mais eficientes, motor menos poluente e mais econômico e melhorias de conforto, tudo isso quanto mais o carro tiver, melhor. O D4 é tudo isso e um excelente off-roader. É uma escolha natural e um desejo simples de se entender.

    Por fim, discordo totalmente de você sobre o desejo de status. Pode ser que isso valha para um Evoque, que considero lindo, porém inútil pro meu uso, da mesma forma que caso fosse obrigado a usar um único carro, TR4 ou Ferrari, jamais decidiria pelo italiano que embora seja inegavelmente mais stylish, jamais me levaria aonde vou com meu TR4. Mas vou me ater ao argumento.
    Um Discovery 3 2009 TDV6 HSE vale, pela tabela FIPE, R$ 154.122. Há alguns a venda no Webmotors por cerca de R$ 140.000.
    Um Defender 110 2009 2.4 122 cv vale, pela tabela FIPE, R$ 98.669. Há alguns a venda no Webmotors entre R$ 114.000 e R$ 150.000 (muito equipado) e uma média de R$ 130.000.

    Estou comparando um Discovery TOP de linha com o Defender porque se comparar um modelo S ou SE, o Defender certamente custará mais caro. Você é um cara muito inteligente. É certo que sua perspicácia me economizará mais palavras.

    Como disse Agent Smith: "Evolution Morpheus, evolution."

    Um abraço agradecido pelas explicações técnicas !
    Neilson
    4X4 Brasil


  • #5
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    Neilson,

    concordo 100% com suas palavras; excelente adendo ao que escrevi.

    Quanto ao status, realmente não podemos generalizar (acho que não o fiz), pois existem excessões, como é claramente o seu caso; loucos com incondicional paixão por tecnologia.

    Ainda assim, guardadas as devidas proporções, sabemos que a realidade brasileira é diferente, infelizmente. Muitos compram carro pelo status e só. Compram um enorme Chevrolet com suntuosa carroceria, porém ainda empurrado pelo mesmo motor de 1980 que equipava o Monza. Seria o equivalente a possuir uma D4 com motor de Defender TDI.

    Sim, MTBF é a minha sina. Trabalho com storage e os HDs são motivo de constante aborrecimento. Talvez seja por isso que tenho um Defender, onde o único componente aferido por MTBF é o velocímetro, todo o resto é mecânico ou elétrica simplória e livre de semi-condutores.

    Resumindo, se um satélite equipado com os melhores componentes que o homem consegue produzir, dura 40 anos, tenho grandes dúvidas que a eletrônica das Disco 3 e 4 chegue aos 20. São tantos sistemas, motores elétricos, sensores, válvulas, ECUs, cabos e componentes blindados, que acredito não ser viável manter tamanha complexidade de sistemas e sua confiabilidade, quando a vida calculada começa chegar ao fim, ainda mais em um país tropical.

    No outro lado da história, enquanto tiver um chassi em bom estado nos 300Tdi, é só uma questão de fazer o mesmo que sempre se fez com o Series; substituir rolamentos, buchas, molas, engrenagens e se necessário, componentes do motor.

    A pergunta que fica é: até quando a LR fornecerá os diferenciais blindados da Disco e as caixinhas eletrônicas que comandam funções vitais do veículo?

    Vide a situação de alguns no RJ:
    Carroças de luxo - COTIDIANO

    Me anima o fato de nos veículos mecânicos, poder sempre desmontar tudo em casa sem sequer precisar de um scanner.

    Quanto a pressão por menores emissões, sim é uma realidade e a contra-partida é pesada para a manutenção. O sistema EGR é uma enorme fonte de problemas, nem falar no filtro de partículas dos modelos Euro 5 / Proconve P7. Não bastasse a necessidade de tais itens, ainda somos obrigados dirigir um veículo que gasta até 10% do seu combustível em processo de pós combustão para eliminar resíduos.

    A verdade seja dita, a complexidade dos motores a combustão chegou ao seu limite, dirigimos veículos em extinção, constantemente driblando o resultado de sua natureza, a combustão! Tudo à espera da revolução elétrica.

    Um dia daremos muita risada sobre a complexidade dos motores a combustão do século 21. Trocas de óleo, desgaste, cano de descarga, filtros, fluídos, câmbio, etc... Que pesadelo!

    Se tivéssemos que eleger uma época emblemática dos veículos movidos a pistão, provavelmente escolheríamos os anos 60-70, época onde os veículos podiam ser construídos sem qualquer restrição, onde tudo era possível e as estradas eram vazias. Naqueles tempos podia-se construir carros de 500kg que faziam 28km/l, como o Citroën 2CV, sem que as autoridades criticassem a sua segurança ou no caso, a falta dela. Importante era agradar o consumidor pelo que realmente importava, sensação de dirigir ou o seu bolso.

    Em resumo, os carros de hoje perderam a graça, perderam o fator "divertimento".

    O Defender, Kombi, Jimny e outras estranhas que já dirigi, colocam um sorriso no rosto do motorista, pelo simples fato de serem diferentes, rústicos e honestos em sua simplicidade. Para conquistarem o motorista não precisam de nenhuma eletrônica. O Defender conquista pelo seu gingado sobre os obstáculos e posição de dirigir, além do barulho do motor e facilidade para agregar acessórios. A velha Kombi pela sua história, significado e também pela maneira de como se conduz, nem falar da alavanca de câmbio e seus pedais. Coloque alguns amigos e passeie por SP num belo domingo; nada supera seu charme. O Jimny é uma pulga 4x4, extremamente divertido, corta o trânsito, valetas e atoleiros como nenhum outro carro.

    Pensando no vácuo deixado pelos veículos do antigo proletariado, veículos pequenos e simples, a indústria reagiu. Perceberam que as pessoas sentem falta dos conceitos de outrora e não tardou para a resposta chegar.

    Hoje o sucesso do Mini (BMW), Smart (Mercedes), Fiat 500 e Toyota iQ é evidente. Apenas espero que alguém faça o mesmo pelos jipes, que em nada se equivalem aos SUVs. Vide o caso do bem sucedido ICON e seu slogan "the most advanced form of simple".

    Se evolução fosse a resposta, não haveriam tantos amantes de Harley, de Defender e do Corinthians. rsrss

    Abraços

    Clemente

    Citação Postado originalmente por neilsonhenriques Ver Post
    Clemente,

    Primeiramente, eu não poderia deixar de dizer que o Defender é o off-road "de facto standard" no mundo. Pra quem não está acostumado com o termo, significa que é o patamar de comparação, um objetivo a ser alcançado. É comum se ouvir que "esse anda junto com um Defender", "é tão resistente quanto um Defender", "tem manutenção tão simples quanto um Defender", enfim, é um modelo que não tem mais o que provar, dadas as condições mais adversas possíveis de sua utilização e seu absoluto sucesso de projeto que possibilitou sua produção por longos 60 anos. Um marco na história desta indústria. Não tenho dúvida de que seria um prazer pra qualquer um deste fórum (principalmente eu) ter um Defender na garagem.

    Isso dito, não acho que as mudanças nos off-roads de hoje sejam somente por conta do mercado. Há uma pressão enorme na indústria automobilística por menores emissões de carbono e principalmente pelo incremento de dispositivos e mudanças nos formatos dos carros para que se obtenha mais segurança não só para os ocupantes do veículo como para quem está do lado de fora e o eixo rígido é um grande empecilho, seja pelo seu grande peso ou pela menor eficiência on-road. A eletrônica veio para tentar compensar a falta dele e pelos vídeos que se vê por aí (não só de LR), está fazendo um belo trabalho. Raras situações exigiriam um sistema mais eficiente como um bloqueio 100% no eixo dianteiro, porém, entendo que não existe um carro ideal para todas as situações: off e on-road. Haverá sempre uma balança pendendo para um lado ou para outro.
    Participei de um Land Rover Experience e acho que raríssimas pessoas vão conseguir usar toda capacidade de um D4, mesmo numa trilha de extrema dificuldade. O circuito realizado refletia o pior uso possível pra um off-road e o carro se comportou magistralmente. Pra quem é um amante de tecnologia como eu, causa arrepios ver uma máquina fazer aquilo. Ele rodou o circuito várias e várias vezes, durante dias, com motoristas diferentes, alguns com experiência em condução off-road (dava pra ver) e outros como eu, apenas entusiastas com pouca prática.

    Como o Renato Franco gosta de dizer: - O que não existe, não quebra. Fato incontestável.
    O Defender é um carro bruto sem dúvida, cujo projeto objetiva pouco além de muita robustez, mas não vejo motivos para um D3/D4 não ter uma longevidade de 20 ou 30 anos, sem dúvida muito menor que um Defender, mas muito razoável considerando o ritmo atual de evolução. São modelos de alta vendagem no mundo inteiro e haverá demanda por suas peças por décadas, sem dúvida.
    Você tem intimidade com tecnologia e deve entender bem os métodos para cálculo de MTBF que fazem um satélite durar 40 anos em órbita. São processos relativamente baratos e desmistificados, sobretudo para uma empresa que produz carros caríssimos como a Land Rover.
    Um computador vai falhar, um sensor vai deixar de funcionar, uma bolsa de ar vai estourar, o compressor da suspensão vai dar defeito, enfim, todo mecanismo vai falhar um dia porque essa é a natureza da máquina. Mesmo o Defender e sua rusticidade não escapam disso. E você ligará do seu celular via satélite para que alguém venha te socorrer, aonde quer que você esteja no globo. Em 1980 não, e esse é o grande mérito do Defender, desbravou o mundo quando não havia recursos de socorro, quando a ajuda mais próxima levaria dias pra te achar com ajuda de carta náutica, no meio do nada sem sequer coordenadas de GPS.

    Sim, eu gostaria de ter um D4. Por que não confio no meu D3 ? Não. Por que daqui a pouco ele pode me deixar na mão ? Não. Por que ele não vai durar mais 10, 15 anos ? Não. Porque eu quero o que há de mais seguro e mais moderno. Quero sistemas atualizados de air-bags, freios mais eficientes, motor menos poluente e mais econômico e melhorias de conforto, tudo isso quanto mais o carro tiver, melhor. O D4 é tudo isso e um excelente off-roader. É uma escolha natural e um desejo simples de se entender.

    Por fim, discordo totalmente de você sobre o desejo de status. Pode ser que isso valha para um Evoque, que considero lindo, porém inútil pro meu uso, da mesma forma que caso fosse obrigado a usar um único carro, TR4 ou Ferrari, jamais decidiria pelo italiano que embora seja inegavelmente mais stylish, jamais me levaria aonde vou com meu TR4. Mas vou me ater ao argumento.
    Um Discovery 3 2009 TDV6 HSE vale, pela tabela FIPE, R$ 154.122. Há alguns a venda no Webmotors por cerca de R$ 140.000.
    Um Defender 110 2009 2.4 122 cv vale, pela tabela FIPE, R$ 98.669. Há alguns a venda no Webmotors entre R$ 114.000 e R$ 150.000 (muito equipado) e uma média de R$ 130.000.

    Estou comparando um Discovery TOP de linha com o Defender porque se comparar um modelo S ou SE, o Defender certamente custará mais caro. Você é um cara muito inteligente. É certo que sua perspicácia me economizará mais palavras.

    Como disse Agent Smith: "Evolution Morpheus, evolution."

    Um abraço agradecido pelas explicações técnicas !
    Neilson
    Land Rover Defender 110 SW 300tdi 2005

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  • #6

  • #7
    Faz anos que a Land Rover está nesse ranking como menos reliable, mas o que não dizem aí é o tipo de uso que o carro tem e o cuidado dos donos com manutenção. Olhando nos fóruns lá de fora é que se vê o que esses carros fazem e a quantidade mínima de problemas que apresentam considerando o uso que ninguém faz dos concorrentes.

    De qualquer forma, eu não confio nesses relatórios. Vou fazer minha estatística pessoal. Conheço outros 5 donos de Discovery, contando comigo, somos 6. Meu carro tem 3 anos e pouco e quase 100.000 km rodados. Nunca viu um guincho na vida. Os outros 5 só me falaram de problemas com o diesel, algo já esperado por eles no Brasil. A menos que meus conhecidos estejam escondendo problemas graves, o que realmente não acredito, a taxa de falha do Discovery, segundo minha pesquisa, é baixíssima.

    Gostaria que outros proprietários com bastante quilômetros rodados como o Marcelo Muller, Renato Franco e Portela engrossassem as estatísticas positiva ou negativamente.


  • #8
    Citação Postado originalmente por CGAUER Ver Post
    Se evolução fosse a resposta, não haveriam tantos amantes de Harley, de Defender e do Corinthians. rsrss
    Clemente,

    Tenho pouco conhecimento de Harley, mas o Defender e o Corinthians estão em franco processo evolutivo. Veja que o Corinthians já ganhou uma Libertadores e vai disputar o Mundial por méritos próprios e o Defender vai ser totalmente remodelado.

    Já concordo de ante-mão que a evolução é muito mal recebida, em ambos os casos.

    Porém, como já dizia Agent Smith: "It is inevitable, Mr. Anderson"

    Abraço !
    Neilson


    Ps.: Ok corinthianos já estou vendo as pedras voarem ! Calma que é só brincadeira !!
    4X4 Brasil


  • #9
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    Meu Corinthians incomoda até quando o assunto é Suspensão de Land Rover! Adoro!

  • #10
    Usuário Avatar de Alexandre Tietsche
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    Só um adendo a discussão já que estão falando também da marca. Freelander é o pior carro feito pela Land Rover ? o que vejo de reclamação não ta escrito no gibi..

  • #11
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    Olá amigos,

    Não resisti a um pitaco, até pelas (imerecidas) citações que recebi.

    Primeiramente, parabéns pelo nível do tópico. Há tempos não via nada tão bem escrito e inteligente no forum, cada um defendendo seu ponto de vista com elegância retórica e argumentos bem escandidos (ah, se os advogados fossem assim...).

    Pode parecer média, mas concordo com ambos. De fato, Defender e Discos são propostas distintas. Não vou aqui repetir os prós e contras (reais) mencionados pelo Clemente e pelo Neilson. É simples questão de OPÇÃO.

    Quanto me apaixonei por 4x4, nos idos de 2001. fui com uma Ranger cabine simples 4x2 para a Serra da Canastra, que é o "parque de diversões" mais proximo de minha cidade, e quase triturei os pneus e suspensão do carro nas trilhas (só passei porque era tempo seco), e vi um grupo de Defenders fazendo aquilo com uma tranquilidade impressionante. Ali decidi: vou ter um Defender. Só que, na época, não tinha $$, e acabei comprando uma Ranger 4x4 cabina dupla, que equipei com pneus AT e Snorkel, "impermealibizei" os diferenciais com a qual fiz grandes viagens e me diverti muito, após 170.000 km bem rodados. Só que cansei. Viajo muito a trabalho, e o balanço da suspensão traseira das pick-ups, o ruído do diesel, o câmbio mecânico, a embreagem pesada, acabaram sendo muito cansativos no dia-a-dia. Desanimei também do DEfender por causa disso.

    Comecei a procurar algo mais confortável, mas que permitisse uso off-road (não faço trilhas "pesadas" só por fazer, gosto mesmo é de expedições). Comprei um Suzuki Grand Vitara. Na primeira Canastra desisti. Onde passava fácil com a Ranger, enrosquei com a Vitara. Pneus inadequados, curso da suspensão limitado. Ausência do efeito "gangorra" do eixo rígido. Achei também o motor chocho. Foi uma compra equivocada. Passei o carro para a mulher, e depois vendi.

    Qual carro então permitia conciliar as coisas? Andei em pick-ups mais modernas. Melhoraram, mas os "pulos" da traseira continuam lá, mesmo em Amarok e Hilux. Pajeros: um "guarda-louça" oscilante, que não anda e gasta um absurdo de Diesel. Aí pedi para um amigo que tinha trocado a SW-4 dele por uma Disco 3 que me deixasse experimentar o carro. BAstou 1 km e entendi tudo: ali estava o carro que precurava. Pesquisei muito sobre o carro. Me assustei um pouco com os relatos aqui no forum, mas resolvei arriscar. Fiz um esforço no $$. Comprei. Já rodei quase 70.000 km (está com 110). Comprei um jogo de pneu MUD (tem sim, Clemente, medida 245/70 R 17, com as rodas da versão S anterior a 2007), que coloco quando vou para a terra, e uso os aro 19" no dia-a-dia. Não quero outro carro. SE for trocar, só por outra, pois, como o Neilson, adoro a evolução, especialmente a nova D4 2012, de oito marchas e 256 cv.

    Não me interessa se vai durar 30 ou 40 anos. Eu não durarei isso, provavelmente. Não gosto de por a mão-na-massa e desmontar carros. Se durar 10, já está depreciado, já se pagou, e com louvor, mesmo que não valha nada para vender. Até agora, depreciou menos que Corolla. Paguei 140 k no carro, rodei 2 anos e 70 kkm (sem defeitos, nem com o diesel, e já está com 110 kkm), e acho que vendo fácil por 130 k. Seguro de 3,5 k. Só o IPVA pesa um pouco.

    Respeito o Defender e quem gosta dele, são amantes da mecânica, em sua maioria. Um amigo comprou uma Disco I 1997 e desmontou ela inteirinha. Tem orgasmos quando conta as histórias de oficina. Eu não vejo graça, mas entendo quem vê.

    Acho ótimo que muitas pessoas comprem as Discos para status. Eles logo trocam, pois quando muda o modelo, trocando a cor da lanterninha, não dá mais tanto status. Eles vendem pela metade do preço da nova, com 30 kkm de asfalto, ainda na garantia, e eu compro. Fico com a sobra dos exibidos, e saio feliz da vida. Isso não acontece com os Defenders. Quem compra sabe o que está comprando, não visa se exibir para o vizinho do condomínio, e não vende barato daí dois anos...

    Por enquanto, após mais de 20 carros de todos os tipos que tive, a D3 é o que o mais gostei. Até hoje, quando saio de manhã para a estrada, me emociono com o barulho, força e suavidade do motor. É, por hora e acredito por muito tempo, a minha OPÇÃO. E viva a diferença!!!!

    Abraços a todos.

  • #12
    Usuário Avatar de Sem Loção
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    Agradecimentos: 2
    Realmente, há tempos que não via um tópico desse nível..

    coincidentemente, estou começando a namorar um veículo para expedições e passeios leves...

    E é difícil demais conciliar as várias opções do mercado, e ineficiências do comprador aqui..

    acompanho com interesse esta discussão, mesmo porque não havia nem passado pela minha cabeça uma Disco....

    Saudações a todos!
    Troller T4 2012 3.0 NGD "Vermeião"
    Ex -Pajero Sport 07 V6 "Petroleira", Pajero Sport 05 TDI "Fubreca" e Pajero TR4 06 "Engraçadinha"

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