São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008 http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cot...ges/saopau.gifhttp://www1.folha.uol.com.br/fsp/cot...ages/spbar.gif
Servidor resiste a ponto eletrônico no Rio
Na UFRJ, funcionários rejeitam monitoramento digital e exigem permanência da folha de ponto preenchida a caneta
Convocados para fazer o cadastro, os funcionários se recusaram sob o argumento de que o ponto presume que o trabalhador é desonesto
Pesa meio quilo e mede 18,7 cm (largura) x 12,8 cm (altura) x 5,2 cm (profundidade) o aparelhinho que ronda como espectro um prédio do século 19 no centro do Rio. O ponto eletrônico de presença nem começou a operar, mas conflagra o IFCS (Instituto de Filosofia e Ciências Sociais) da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Os servidores rejeitam o monitoramento digital da freqüência. Exigem a permanência da folha de ponto preenchida de próprio punho, a caneta, em locais descentralizados e recolhida no fim do mês.
Na edificação onde funcionou a Academia Real Militar, no largo de São Francisco, combate-se hoje a favor e contra a checagem rigorosa do comparecimento ao trabalho.
"Esse ponto parte do princípio de que o trabalhador é desonesto", diz Flávio Santos, integrante da comissão de negociação dos servidores.
Mas os funcionários do IFCS também não aceitam controle eletrônico com cartão.
O decreto 1.867, de 1996, determina que o "registro de assiduidade e pontualidade dos servidores públicos federais da administração pública federal direta, autárquica e fundacional será realizado mediante controle eletrônico de ponto".
A UFRJ é uma autarquia. O IFCS reúne 64 servidores, 106 docentes e 3.410 alunos de graduação e de pós.
Contra o ponto, o Diretório Central dos Estudantes da UFRJ "repudia a atitude de implantar o sistema, [...] forma de aumentar o controle sobre os técnicos administrativos".
Uma assembléia dos servidores do IFCS deliberou que "a categoria não aceita a implantação do ponto eletrônico por entender que tal procedimento não assegura a confiabilidade do desempenho funcional da unidade."
Os professores Ricardo Jardim, chefe do Departamento de Filosofia, e Fernando Santoro, coordenador de Graduação em Filosofia, condenam o ponto para os funcionários.
Argumentam: "[...] Empresas interessadas no aumento da mais-valia obtida de seus empregados e no atendimento à clientela viam como eficaz e lucrativo um tal sistema e dispositivo de controle [o ponto]".
Na origem do embate está a insatisfação de alguns docentes com a ausência e a insubmissão a horários. Um professor de história foi impedido de dar aula porque não havia servidor, guardião da chave, para abrir a sala. A ouvidoria da UFRJ recebeu reclamações.
Os servidores do IFCS não se opõem apenas ao ponto eletrônico. Alguns sustentam que a jornada de trabalho deve ser de seis horas e não de oito horas :dance: :palmas:, que é o tempo fixado pelo decreto 1.590, de 1995.
Na contramão, o Ministério da Educação reafirma que a legislação prevê ponto eletrônico.
Enquanto isso, o aparelhinho, cujo funcionamento estava previsto para julho, segue sem uso na entrada do IFCS, como um fantasma a ameaçar a velha folha de ponto e a cultura que sobrevive em torno dela.
eita brasilzão!!! :mrgreen: :lol: :pensativo: