Um dia desses um amigo perguntou:
- É verdade que os jipes passam mais tempo nas oficinas que em casa?
Eu respondi prontamente:
- Lugar de jipe é no mato ou na oficina, sim. São essas as casas dos jipes e não podemos lutar contra isso. Jipes que ficam na casa de seus donos são como suco de laranja sem laranja. Não têm serventia nenhuma. O que vale é usar o 4x4, engatar a reduzida, atravessar rios, chafurdar em algum lamaçal, expedições para lugares inóspitos, piadas no PX, sol rachando, chuva caindo, mosquito ferrando, atola, usa o guincho, amarra o amigo, escorrega, cai, levanta, arrasta, desatola, até que, enfim, chega-se a um lugar convidativo e um dos jipeiros já engatilha uma churrasqueira, tira umas latinhas geladas, uma boa picanha e a confraternização é fantástica.
Os jipeiros são como crianças, e o cuidado com os brinquedos é que faz os jipes viverem nas oficinas.
Jipes só não quebram se não forem usados. Tito e Carlos, os brasileiros que passaram dias no "inferno de Bornéu", quando foram para o Camel Trophy, a bordo de um valente Land Rover foram testemunhas: usaram o jipe nos limites humanos e mecânicos, quebraram, consertaram, inventaram soluções e mostraram o que é um desafio 4x4.
Nivas estão sempre por aí, fazendo felizes seus proprietários, ou alguém já viu um niveiro insatisfeito?
Engesas são quase uma unanimidade. Feiosos, porém valentes e confiáveis.
CJs são valentes e cheios de personalidade. Jipes por excelência, são presença garantida nas trilhas.
Japoneses Samurais mostram seu pequeno porte em tamanho e grande porte em valentia.
E assim segue a caravana: JPX, Troller, Camper, Bronco, Toyotas, Rural, etc. Na verdade, o jipeiro faz por merecer os prazeres que seus brinquedos proporcionam, e, parafraseando Shakespeare, "Não é digno de saborear o mel aquele que se afasta das colméias com medo das picadelas das abelhas". Por isso, vivam as oficinas e vivam os jipes!