Sou assinante do Jornal Oficina Brasil e nas ultimas edições saiu um material interessante sobre ATF que vou copiar abaixo.
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Matéria da edição Nº211 - Setembro de 2008
Texto: Carlos Napoletano Neto
Técnica
Parte 1 - Conhecendo o fluido para transmissão automática (ATF)
Nesta série de matérias iremos conhecer um pouco mais sobre o fluido de transmissão automática, mais conhecido como ATF, que desempenha um papel vital no funcionamento deste dispositivo, e entender como executar uma manutenção adequada à transmissão dando mais atenção a este item.
A tendência mais recente da tecnologia das transmissões automáticas é a redução de tamanho delas, e as companhias automobilísticas estão agora tentando desenvolver unidades automáticas que não necessitam de troca do fluido ATF. Assim sendo, as condições de utilização e requisitos de qualidade estão se tornando mais severos. As funções do ATF e seus requisitos estão descritos a seguir.
Funções do ATF:
&bull transmissão de força no conversor de torque
&bull lubrificação da unidade da transmissão
&bull geração de força para aplicação das embreagens e freios
&bull geração de movimento para as válvulas no corpo de válvulas
Entre os requisitos para o ATF, podemos destacar o coeficiente correto de atrito, a fluidez excelente a baixas temperaturas, a baixa alteração no índice de viscosidade, não possuir tendência de produzir bolhas e borra, e não atacar os materiais de vedação.
Coeficiente correto de atrito
A embreagem multidiscos atuada hidraulicamente é um item interno da transmissão, e o ATF executa um papel importante na operação da transmissão automática. Desde que o ATF contém substâncias que geram atrito, ele também contribui para prolongar a vida útil dos discos revestidos da embreagem da transmissão automática. Assim sendo, uma atenção especial é dada às características de atrito nos testes de certificação de qualidade do ATF.
É necessário que as características de atrito do ATF sejam contrabalançadas com a devida oleosidade. Também, os coeficientes de atrito estático e dinâmico deverão estar corretamente balanceados entre si. Por exemplo, se o coeficiente de atrito dinâmico for muito pequeno, haverá tendência de ocorrer patinação quando a embreagem for aplicada e isto causará um tempo de mudança mais longo. Se o coeficiente de atrito estático for muito grande, uma mudança drástica de torque poderá ocorrer no final da seqüência de aplicação da embreagem produzindo um choque na mudança (tranco), fazendo com que o motorista sinta uma sensação extremamente desagradável durante as mudanças.
Conforme mencionado acima, o ATF executa um papel importante na operação da transmissão automática. E também afeta diretamente o material de atrito dos discos de embreagem. Perceba, portanto, que um cuidado especial deve ser tomado quando você selecionar um ATF para uso em um câmbio automático. Não é somente o custo do litro de ATF que tem que ser levado em conta na hora da reposição, mas também os efeitos adversos que um fluido mais barato e não recomendado poderá causar se for utilizado sem critério. Por isso deve-se utilizar o fluido ATF indicado pelo fabricante do veiculo ou da transmissão, que fez os devidos testes e sabe destes efeitos muito bem.
Não produzir bolhas
Se houver produção de bolhas ou espuma no ATF, a sucção da bomba de óleo será reduzida e também haverá uma diminuição na pressão do sistema devido à intrusão de ar no fluido. Quando ocorre deterioração das condições de trabalho do circuito hidráulico, a aplicação e desaplicação das cintas e embreagens da transmissão não ocorrem suavemente e haverá patinação das embreagens. Quando a viscosidade do ATF é alta, poderá haver a ocorrência de bolhas. Para evitar este efeito adverso, um ATF com menor índice de viscosidade é utilizado nas transmissões automáticas.
Fluidez excelente
Se a viscosidade do ATF for alta a baixas temperaturas, o desempenho do circuito hidráulico será muito baixo. Em particular, se o desempenho da bomba de óleo diminui, a pressão hidráulica gerada por ela irá diminuir também nas válvulas de controle, causando patinação e queima das embreagens. Por isso se exige que a viscosidade do ATF não aumente mesmo em baixas temperaturas.
Índice de viscosidade
A viscosidade do ATF deverá se alterar muito pouco entre a mais baixa e a mais alta temperatura. Quer dizer, é necessário usar o ATF com alto índice de viscosidade (e não uma alta viscosidade). Quanto maior o índice de viscosidade, menor as mudanças de viscosidade em função da temperatura. A viscosidade do ATF deverá ser baixa a baixas temperaturas conforme mencionado antes, e também não poderá variar significativamente quando a temperatura aumenta. De outro modo, um efeito adverso será sentido na lubrificação das diversas peças internas da transmissão.
Borra
Desde que o ATF é aquecido a altas temperaturas durante sua operação, é necessário que seja minimizada a produção de borra. Se houver depósitos de borra nas embreagens multidiscos de uma transmissão automática, haverá tendência à patinação das embreagens e cintas. Também, a borra no corpo das válvulas de controle causará mau funcionamento de todo o sistema. Para prevenir este tipo de problema, é necessário utilizar ATFs que possuam em sua formulação um aditivo que elimine a formação de borra.
Materiais de vedação
Uma grande variedade de materiais de vedação é utilizada numa transmissão automática. Se estes materiais de borracha endurecerem, deformarem ou encolherem, haverá problemas de funcionamento na transmissão. Por exemplo, se um anel de borracha no conjunto do pistão de uma embreagem estiver danificado, será impossível andar com o veículo. Se qualquer outra peça de vedação estiver estragada, o ATF poderá vazar. Para prevenir tais problemas, é necessário que o ATF não ataque os materiais de vedação feitos de borracha.
Padrões industriais
Na indústria automobilística existem dois padrões representativos para o ATF. Aquele especificado pela General Motors (GM) e o especificado pela Ford. O ATF utilizado nos veículos GM é chamado DEXRON, e os utilizados em veículos Ford são chamados TIPO F ou MERCON. Muitos tipos de ATF oferecidos pelos fabricantes de lubrificantes são produtos que foram aprovados pela GM ou pela Ford. Nos anos mais recentes, contudo, cada fabricante de automóveis está se voltando para a utilização de seu próprio ATF, ao invés de utilizarem ATFs aprovados por estas duas montadoras. A Tabela 1 mostra o progresso no desenvolvimento do ATF pela GM e pela Ford apenas como referência.
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Também, como referência, as características de atrito dos ATFs da GM e Ford são comparadas abaixo, na figura 1.

Tendências Recentes
Veículos equipados com transmissão automática estão ganhando cada vez mais popularidade no mercado. Em particular, avanços recentes na eletrônica possibilitaram incorporar mais circuitos eletrônicos de controle de mudanças nos veículos automáticos. Desde que o tamanho dos câmbios automáticos está se tornando cada vez menor, a quantidade de ATF utilizado para sua operação é menor, resultando em pronto aumento de sua temperatura. Também, para a implementação do controle eletrônico, a variação na viscosidade e características de atrito do ATF deve ser minimizada. Assim sendo, os requisitos de qualidade para o ATF estão se tornando mais severos
FONTE: http://www.oficinabrasil.com.br/noticias/?COD=3630