Oi Siqueira,
Pensei que você seguiria sozinho pelos caminhos desse baita mundão...
Para falar com outros carros do comboio, todos tem que seguir na mesma frequência, no mesmo padrão. Um rádio só vai comunicar-se com rádios "compatíveis". De maneira bem geral, um walkie talkie vai falar só com outros walkie talkies, um rádio PX só vai falar com outro rádio PX, um rádio VHF com outro VHF, e assim por diante. E todos os modelos de rádios transmissores têm que ser homologados pela Anatel.
Imagine uma escada. Cada degrau subido vai trazer mais mais potência, mais alcance, mais custos, mais exigências burocráticas, mais exigências técnicas.
Um comboio de verdade vai seguir sempre junto, e cada carro é responsável por manter o carro que vem atrás sempre no visual. Nesse caso, um walkie talkie em cada carro já é luxo. É a situação mais simples e barata. Não sei dos outros países, mas no Brasil, não há restrição para o uso de walkie talkies.
O próximo degrau seria o uso de rádios para a Faixa do Cidadão (os vulgos PX). Mais potência, mais alcance, mas exige uma licença da Anatel. A licença é para o usuário, do tipo "pagou, passou": simples e relativamente rápida. E você consegue falar com outros rádios PX no comboio. Esse era (ainda é?) o rádio mais popular nas estradas, principalmente entre os camioneiros.
Mais um degrau e você precisa de licença de radioamador (vulgo PY) para operar rádios de HF, VHF e UHF - essa licença é coisa mais difícil e dolorosa que um parto, por conta da fabulosa "eficiência burocrática" da Anatel. Exige um pouco de estudos e uma prova teórica. Não sei como é a Anatel aí em Fortaleza. Tomara que seja bem mais ágil que o escritório aqui do Rio. Procure o quanto antes a Anatel ou o escritório da LABRE-CE e informe-se sobre o processo - é "burrocracia" lenta de doer. Não sei se você consegue a tua licença de radioamador antes de completar 50 anos, para seguir certinho, dentro da lei brasileira. O equipamento pode ser um Baofeng, portátil, limitado, mas bem barato - uma excelente relação custo/benefício. O céu é o limite em termos de equipamentos e preços.
Fora do Brasil, você teria que procurar os Radio Clubes de cada país, para informar-se sobre as particularidades locais. Existe um acordo internacional de reciprocidade para uma licença internacional de radioamador (IARP -
CONVENIO INTERAMERICANO SOBRE PERMISO* INTERNACIONAL DE RADIOAFICIONADO), mas Chile e Bolívia não assinaram o acordo, enquanto Argentina, Uruguai, Paraguai, Perú e outros seguem esse acordo.
Bem, essa é a introdução da teoria... Na prática, muita gente se arrisca impunemente como clandestino e alguns se encrencam com a polícia.
Aproveite bastante a viagem.
Saudações