Olha só que interessante a linguagem utilizada pela galera do Rally, alguns termos ainda utilizado por nos dos 4x4..
Evitando os DEPS para não forfetar
O mundo dos rallies possui uma linguagem própria, criada ao longo de décadas para facilitar a comunicação em um esporte extremamente especializado
Para quem não vive ou acompanha o mundo do fora-de-estrada há algum tempo, é difícil conversar diretamente com pilotos, navegadores e integrantes das equipes de apoio e entender tudo. Termos específicos, como coelhos e "curecas" - que significam perigo para carros, caminhões, quadris e motos quando trafegam em alta velocidade - são frequentemente utilizados, mas nem sempre entendido pelos novatos do rali.
"Coelho" é um termo retirado das corridas de cães, nas quais um mecanismo faz um boneco com a aparência de um coelho dispare na frente para que seja perseguido pelos competidores de quatro patas. Esta é apenas um dos vários termos criados para facilitar a comunicação no mundo dos rallies, um esporte extremamente especializado e técnico.
A terminologia coleciona ainda outras analogias, como "costela" e "facão". Há também vocábulos cuja origem se perdeu no tempo, como "cureca". Outras terminologias derivam das abreviações encontradas nos livros de bordo (com indicações que ajudam os navegadores a indicar o caminho e a prevenir os pilotos de perigos, ou curecas, à frente). É o caso de DEPS, que você viu no título desta matéria, vocábulo que corresponde a uma "depressão de poças secas" (formadas pela água das chuvas que secou e modificou o formato do piso). Veja abaixo alguns termos do jargão cotidiano e do livro de bordo que são utilizados no mundo dos rallies:
Palavras de uso corriqueiro: • Coelho - designa o membro da equipe que sai com três dias de antecedência (no Sertões) para checar possíveis imprevistos e mudanças no roteiro, como uma ponte caída, uma nova cerca ou buraco de grandes dimensões • Concentração - Local nas cidades onde o rally "estaciona", depois da especial daquele dia • Costela - pequenas irregularidades no piso ou mini lombadas que, quando o carro passa em alta velocidade, dão a sensação de se estar trafegando por "costelas" gigantes • Cureca - É a palavra para perigo. Possui graduação, indicada nos livros de bordo, que vai de 1 a 3 curecas. Antes, a graduação era indicada por caveiras (de 1 a 3), mas atualmente usam-se pontos de exclamação • Deslocamento - trechos do rally entre uma especial e outra • DEPS - Indica "depressão de poças secas", resultado da ação da água da chuva em piso de terra que, quando seca, deixa deformidades no piso • Especial - Trecho de alta velocidade, cronometrado, ou partes do roteiro onde a corrida é realmente disputada • E3 - Simbologia usada internacionalmente nos rallies para indicar estreitamento de pista • Forfetar - Após o prazo máximo de chegada para dado veículo em determinado dia, há um período no qual o competidor deve entregar seu cartão de controle de horário. Universalmente, este prazo é de 30 minutos. Se perder o prazo, o veículo "forfetou", ou seja, será penalizado com a perda do resultado conquistado naquele dia e cairá muitas colocações • Levantamento - Determinação do roteiro do rally, realizado ao longo de meses de trabalho por uma equipe especializada da organização • Lombas - Lombadas grandes que podem causar saltos violentos e quebra de elementos da suspensão • Quebradeira - Trecho formado por piso com muitas pedras e buracos, geralmente em descida • Piçarra - tipo de solo formado pela mistura de fragmentos de rocha, areia e outros, mas que conserva, ainda vestígios da textura original da rocha. Também chamado de tapururuca • Prime - Disputa tipo ponto a ponto (sem formação de circuito) em alta velocidade. Muitas vezes é apenas uma exibição promocional • Sentinel - Sistema que sinaliza eletronicamente ao carro da frente que há um bólido mais rápido solicitando ultrapassagem. O dispositivo aciona uma luz no painel e um alarme sonoro. É usado geralmente em trechos poeirentos e de pouca visibilidade • Spy - Equipamento que indica infrações, como excesso de velocidade em zonas de radar. Fornece dados sobre o percurso e indicações do comportamento do veículo naquele dia • Super prime - Disputa em alta velocidade em circuito fechado (tipo um autódromo de terra), no qual os obstáculos são produzidos artificialmente (por trator, como morretes, depressões, curvas de raios variados) • Zona de radar - Área de velocidade controlada através do Spy, geralmente em vilarejos e trechos perigosos • Way point - coordenada geográfica para utilização no GPS. Indica pontos da rota a ser empregada pelo competidor • Facão - Sulcos no solo formados pela passagem de diversos veículos, que acabam influenciando o rendimento dos competidores que vierem depois naquele trecho. São chamados facões tanto os sulcos quando a porção de terra, saliente, que se acumula entre eles
Termos utilizados no livro de bordo: ! - Cureca (perigo) !! - Dupla cureca !!! - Tripla cureca (risco elevado, baixar a velocidade ao mínimo) D - Indica trecho de deslocamento, ou trechos do rally entre uma especial e outra DEPS - Depressões na estrada de poça seca EROS - Erosão na estrada FZR - Fim de zona de radar ITE - Início do trecho especial (cronometrado) IZR - Início de zona de radar (velocidade controlada) LAPE - Laje de pedra (piso de pedra onde o veículo irá trafegar) LBD - Lombada dupla MB - Mata burro MBVCL - Mata burro com vão central longitudinal PTVCL - Ponte de toras com vão central longitudinal R-30 - Radar 30 km/h V - Vila