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Ver Versão Completa : Diga não às drogas!!!!



Duílio
01/03/2004, 14:53
Por Luiz Fernando Verríssimo

Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele papo de “experimenta, depois quando você quiser é só parar...” e eu fui na dele.
Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de “raiz”, “da terra”, que não fazia mal e me deu um inofensivo disco do “Chitãozinho e Xororó” e em seguida um do Leandro e Leonardo. Achei legal, coisa bem brasileira, mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez mais freqüente, comecei a chamar todo mundo de “Amigo” e acabei comprando pela primeira vez.

Lembro que cheguei na loja e pedi:
- Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano.

Era o princípio de tudo!

Logo resolvi experimentar algo diferente e ele me ofereceu um CD de Axé. Ele dizia que era para relaxar, sabe, coisa leve... “Banda Eva”, “Cheiro de Amor”, “Netinho”, etc. Com o tempo, meu amigo foi oferecendo coisas piores: “É o tchan”, “Companhia do pagode”, “Asa de Águia” e muito mais.

Após o uso contínuo eu já não queria mais saber de coisas leves, eu queria algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer a bunda como eu nunca havia mexido antes, então, meu “amigo” me deu o que eu queria, um CD do “Harmonia do samba”. Minha bunda passou a ser o centro da minha vida, minha razão de existir.

Eu pensava por ela, respirava por ela, vivia por ela!

Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você começa a querer cada vez mais, mais, mais....

Comecei a freqüentar o submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a minha decadência. Fui ao show de encontro dos grupos “Karametade” e “Só pra contrariar”, e até comprei a Caras que tinha o “Rodriguinho” na capa.

Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão tinha crescido muito em função do pandeiro, meus polegares já não se mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo.

Não deu outra: entrei para um grupo de Pagode!

Enquanto vários ouros viciados cantavam uma “música” que não dizia nada, eu e mais 12 infelizes dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorríamos e fazíamos sinais combinados.

Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e pedi a coletânea “As Melhores do Molejão”. Foi terrível!!! Eu já não pensava mais!!

Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas “miseráveis” e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir.

Cheguei ao fundo do poço, no limiar da condição humana, quando comecei a escutar “Popozudas”, “Bondes”, “Tigrões”, “Motinhas”, e “Tapinhas”
Comecei a ter delírios, a dizer coisas sem sentido. Quando saía a noite para festas pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas, uns nobres queriam me mostrar o “caminho das pedras”, outros extremistas preferiam o “caminho dos templos”.

Minha fraqueza era tanta que estive próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa do mercado: a droga limpa.

Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo muito duro: doses cavalares de Rock, MPB, Progressivo e Blues. Mas o meu médico falou que é possível que tenham que recorrer ao Jazz e até mesmo a Mozart e Bach.

Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro.
Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam sua visão para as coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar drogado: alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável e distante, vai perder as referências e definhar mentalmente.

Em vez de encher a cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte:
- Não ligue a TV no domingo a tarde;
- Não escute nada que venha de Goiânia ou Interior de SP;
- Não entre em carros com adesivos “Fui...”
- Se te oferecerem um CD, procure saber se o suspeito foi ao programa da Hebe ou se apareceu no Sabadão do Gugu;
- Mulheres gritando histericamente é outro indício;
- Não compre nenhum CD que tenha mais de 6 pessoas na capa;
- Não vá a shows em que os suspeitos façam gestos ensaiados;
- Não compre qualquer CD que tenha vendido mais de 1 milhão de cópias no Brasil;
- Não escute nada que o autor não consiga uma concordância verbal mínima;
- E principalmente duvide de tudo e de todos.

A vida é bela!
Eu sei que você consegue!
Diga não às drogas!