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Nuvo
21/02/2004, 21:33
matéria e fotos em: http://br.wired.com/wired/tecnologia/0,1155,14721,00.html


Jipe atravessa deserto sem piloto

04:09 PM Feb. 19, 2004 PT

SAN FRANCISCO - A imagem no telão do Intel Developer Forum parecia saída de algum comercial de tevê. Um veículo possante atravessa paisagens naturais, nenhum sinal de civilização por perto, subindo e descendo colinas e atravessando a vegetação enquanto um narrador exalta suas virtudes.

Mas havia duas grandes diferenças. A primeira é que o veículo em questão parecia o resultado da mistura entre um caminhão de sorvete, adereços de alguma história de Flash Gordon e um jipe militar Humvee. A segunda é que ele estava dirigindo a si mesmo. Ninguém estava ao volante, e o carro, chamado Sandstorm (tempestade de areia) não possui nenhum tipo de controle remoto.

O desafio foi feito pela Darpa, a agência e pesquisa do Pentágono: navegar por 320 quilômetros de terreno desértico repleto de obstáculos, tomando decisões e traçando a própria rota sem intervenção humana. Quando a competição Grand Challenge, promovida pela agência, começar no próximo dia 13 de março, o Sandstorm receberá coordenadas e será solto para encontrar a linha de chegada - ou não - sozinho.

O Sandstorm foi criado por uma equipe da Universidade Carnegie Mellon que reúne estudantes, engenheiros e patrocinadores corporativos, e não estará sozinha. Várias universidades, equipes independentes e até um grupo de alunos secundários de Palos Verdes Estates, Califórnia, estarão no páreo. Ao todo, serão dezenove times disputando o prêmio de US$ 1 milhão oferecido pela Darpa aos criadores do veículo que completar o trajeto primeiro.

Segundo o líder da equipe da Carnegie Mellon, William "Red" Whittaker, a competição não é apenas pelo dinheiro. Seu objetivo é levar a tecnologia adiante, reunindo disciplinas como inteligência artificial, armazenamento avançado de informações e imagem de altíssima resolução e conscientizando a população sobre as aplicações da robótica no mundo real.

"O Grand Challenge já está dando origem a novas tecnologias, já criou um diálogo público e propôs uma visão de como essas máquinas podem ser", explica Whittaker. "Não se trata mais apenas de um desenvolvedor ou uma máquina. Estamos falando de um ponto em que isto já se tornou um movimento ou uma força".

A contribuição da equipe de Whittaker para esse movimento ganhou a forma de um veículo HMMWV movido a diesel e transformado numa verdadeira casa de máquinas computadorizada. Ele rastreia a paisagem ao seu redor com câmeras estéreo, um medidor de distâncias a laser e um radar de 180 graus. Os dados são entregues a processadores Itanium e Xeon a fim de criar uma imagem continuamente atualizada do que há ao seu redor e além dele. Para definir sua rota, o veículo conta com essas informações e dados recebidos por GPS (o único tipo de recepção permitida no concurso), que o localizam em qualquer ponto do globo com precisão de dez centímetros.

Whittaker enfatiza que o Sandstorm não termina nas rodas e chassis. A preparação contou até com uma ajuda vinda do espaço: satélites de imagem foram apontados para a região onde a corrida será realizada, capturando mapas topográficos detalhados. A tecnologia de mais de uma dúzia de empresas contribuiu para o funcionamento do aparelho.

Além disso, as maravilhas tecnológicas do projeto vão além da computação e da imagem. Whittaker lembra que um dos maiores desafios foi estabilizar os sensores para que continuassem recolhendo informações mesmo sobre terreno acidentado ou pedregoso. Ele compara o efeito pretendido às habilidades visuais do leopardo: "Ele é o animal terrestre mais rápido e, enquanto corre, mantém sua cabeça estável no mesmo nível, e seus lhos fixos na presa".

Imitar o bichano não foi tarefa fácil. "Foi uma tecnologia difícil de alcançar", disse.

Na verdade, a tecnologia necessária para completar o desafio é tão avançada que algumas pessoas chegam a questionar se haverá algum vencedor. Quando perguntado sobre seu grau de confiança no sucesso do Sandstorm, Whittaker resiste: "Felizmente, minha confiança não tem nada a ver com isso. O Sandstorm nasceu para essa corrida, e as tecnologias que o movem - os computadores, sensores e software - são vantagens que nos aproximam da vitória".

"Mas falar de confiança na vitória é presunção", acrescentou. "O desafio tem o objetivo de vencer limites e levar esse tipo de tecnologia robótica ao resto do mundo".