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Ver Versão Completa : Carretera austral - inverno 2022



LuizPR
12/09/2022, 18:09
A Carretera Austral é conhecida por ser uma das mais cênicas estradas do mundo. Já conhecíamos boa parte dela mas faltava chegar a seu ponto mais extremo, Villa O´Higgins.

Segue relato de viagem pela Carretera Austral realizada no inverno de 2022 em dois Land Rover Defender, sendo um 90 2003 com 250.000 km e um 110 2004 com 460.000 km. Deslocamento de 11.810 km para o 90, partindo de Tremembé – SP e de 10.620 km para o 110, partindo de Curitiba – PR. Dois viajantes em cada viatura.

Além do que normalmente se leva quando se faz uma viagem como esta cada veículo estava preparado para levar 80 litros adicionais de combustível em galões e jerry cans a fim de evitarmos problemas de abastecimento na Argentina. Notícias recentes mostravam falta ou racionamento de diesel em várias províncias deste país, principalmente nas partes central e norte.

Providenciamos também correntes para as 4 rodas dos dois Defender. Este item é obrigatório em várias regiões por onde passaríamos durante o inverno.

O roteiro seria ir a Mendoza, entrar no Chile descendo o caracol, pegar a ruta 5 até Puerto Varas com desvio e parada em Pucón, contornar por Puelo até Hornopirén e descer a Carretera Austral até seu final. A volta seria pelo Paso Roballos, que infelizmente estava fechado, subir a ruta 40 até Junin de los Andes e aí pegar a reta para o Brasil via Colón e Rivera. Acabamos voltando para a Argentina por Chile Chico/Los Antiguos. Abortamos o trecho de Bariloche a Junin, infelizmente, por falta de tempo e por compromissos no Brasil.

No primeiro plano que fizemos havíamos previsto ir a Mendoza e então descer a 40 até Villa la Angostura e desta cidade ir para o Chile via Paso Cardenal Antonio Samoré, mas pouco antes de sairmos em viagem decidimos entrar no Chile pela ruta 7 (da Argentina, não confundir com a Carretera Austral, que é a ruta 7 chilena) a partir de Mendoza, sabendo da beleza da subida da cordilheira por esta rodovia e também da interessante descida do caracol no lado chileno, além de evitar possíveis problemas pela falta de diesel.

Na minha opinião o trajeto que fizemos não é o ideal. Descer a 40 seria mais interessante, mas dentro das circunstâncias creio que tomamos a decisão mais adequada.

Dias 10 e 11/06

Deslocamento a Porto Alegre. Um dos viajantes participou de uma meia maratona nesta cidade no dia 12/06. Por esta razão incluímos a capital gaúcha em nosso roteiro.

O 110 apresentou um pequeno problema ainda em Curitiba: o watchdog disparou indicando alta temperatura da água do sistema de arrefecimento do motor. Apesar de o alarme estar disparando a temperatura da água estava ok, tanto na conferência visual e manual como no ponteiro do indicador no painel.

Como ainda estavam em Curitiba falaram com o mecânico que havia revisado a viatura nas semanas que antecederam a viagem. Ele comentou que havia trocado a válvula termostática por esta estar com funcionamento instável, portanto havia mexido no sensor de temperatura da água. Isto poderia ter causado mal contato na emenda do cabo que leva o sinal para o mostrador no painel com o cabo que leva o sinal para o wacthdog.

Como a temperatura do motor estava ok e os componentes do sistema estavam funcionando corretamente o 110 seguiu viagem, confiando no indicador do painel. Verificamos depois que havia realmente problema elétrico na viatura. Alguns dias mais tarde, já na Patagônia, este problema elétrico quase acaba com a viagem. Detalhes mais adiante.

Dia 12/06

A meia maratona foi pela manhã. O planejamento era deixar Porto Alegre antes do meio-dia mas o grupo permaneceu nesta cidade para que um dos viajantes buscasse auxílio médico, uma vez que uma infecção respiratória o atingiu dias antes da saída de sua cidade. Atendimento muito bom, medicação ajustada, no dia 13 estávamos prontos para seguir viagem.

Este atraso comprometeu a estada em Pucón, programada para a semana seguinte. Havia o plano de passarmos um dia nesta cidade e conhecer o vulcão Villarrica. Este plano foi abortado para compensar o dia perdido.

Dia 13/06

Deslocamento de Porto Alegre a Santana do Livramento, fronteira com o Uruguai. Viagem tranquila, sem contratempos. Almoço no meio do caminho.

Chegando em Livramento fomos fazer o processo de saída do Brasil e entrada no Uruguai no Shopping Siñeriz. Preenchemos ali mesmo nos celulares a declaração juramentada, documento exigido em todos os países pelos quais passamos por conta da pandemia e no qual declara-se que somos vacinados (ou não), que já tivemos covid (ou não) etc.

Queríamos comprar algumas coisas. Como este shopping estava fechado fomos aos free shoppings do centro de Rivera, Uruguai, onde compramos alguns chocolates, conhaque, charutos e presentes. Bons produtos e bons preços.

Atravessamos a rua de volta para o Brasil e abastecemos os veículos, os galões e as jerry cans, uma vez que o diesel estava mais barato em nosso país do que no Uruguai.

Fomos para nosso hotel (hotel Jandaia, muito boa relação custo/benefício), jantamos ali mesmo e nos preparamos para o dia seguinte.

Dia 14/06

Para este dia planejamos deslocamento até a cidade de Marcos Juarez, província de Córdoba, Argentina.

Atravessamos o Uruguai de Rivera a Paysandu, onde chegamos antes do meio-dia. Nesta cidade completamos os tanques das viaturas com diesel e nos dirigimos à fronteira com a Argentina, com tanques, galões e jerry cans cheios. Com o que tínhamos de combustível conseguiríamos chegar ao Chile via Mendoza com uns 20 litros de folga.

Dois do grupo não haviam feito a declaração juramentada para entrada na Argentina, o que causou algum atraso nos procedimentos de imigração. Neste meio tempo, enquanto as declarações eram feitas, houve troca de turno dos fiscais da aduana argentina. O fiscal que começou a trabalhar quis ver o que o 90 levava em seu porta-malas. Viu os galões com diesel e disse que era proibido cruzar a fronteira levando combustível. Problema.

O fiscal perguntou se o 110 também transportava diesel, o que foi negado. Ele chegou a ir olhar por fora o porta-malas do 110, mas as duas jerry cans que estavam ali haviam sido colocadas dentro de sacos plásticos pretos. Por sorte o fiscal não foi até o lado do passageiro do 110 onde estavam montadas em um suporte fora da viatura mais duas jerry cans.

O 90 teve que voltar a Paysandu para esvaziar os galões. Conseguiu vender o diesel para um uruguaio por metade do preço local. O 110 aproveitou que o fiscal estava envolvido com o 90 e se mandou, cruzando a ponte sobre o rio Uruguai sem que fosse parado.

Antes do 110 sair para atravessar para a Argentina combinamos encontro das duas viaturas em um posto Shell que há no trevo do acesso a Colón com a Ruta 14. Após algum tempo o 90 chegou. O pessoal do 110 já havia conversado com os frentistas e acertado encher 2 ou 3 galões que viriam vazios no 90. Não houve problemas em conseguirmos combustível ali.

Almoçamos na lanchonete do Shell e saímos às 14:00 h. Alguns quilômetros Ruta 14 abaixo pegamos a estrada para Rosário, belo trecho principalmente de Victoria em diante.

Claro que levamos uma multa para cada viatura na província de Entre Rios. Estávamos com os engates montados nos para-choques traseiros, o que é proibido na Argentina. R$ 400,00 para cada um.

Passamos por Rosário no início da noite, hora do rush, e enfrentamos vários argentinos malucos deixando a cidade em direção aos subúrbios. Trânsito de doidos.

Chegamos em Marcos Juarez, procuramos um posto de combustível e enchemos os tanques. Em resumo: não tivemos dificuldade com diesel na Argentina, apesar de todas as notícias sobre desabastecimento etc.

Fomos para o hotel Portal del Este, grata surpresa, jantamos ali mesmo, comida muito boa, e tivemos um bom descanso.

Miranda_MG
12/09/2022, 20:31
Boa noite, Luiz.

Acompanhando o tópico e aguardando os próximos capítulos.

Abraço,

Miranda

Glaicon
13/09/2022, 05:52
Acompanhando.:pipoca:

LuizPR
13/09/2022, 17:35
Abraços aos que estão acompanhando. Seguindo com o relato.

LuizPR
13/09/2022, 17:55
Dia 15/06

Saímos cedo de Marcos Juarez tendo como destino Mendoza. Mais um dia de deslocamento sem muita emoção, sem paisagens interessantes.

No meio do caminho passamos parte do combustível que levávamos como reserva para os tanques dos Defender. A ideia era colocar toda esta reserva nos tanques antes de entrarmos no Chile a fim de evitarmos qualquer tipo de aborrecimento na aduana.

Chegamos em Mendoza ao final do dia. Hospedamo-nos em um Ibis na entrada da cidade. Ali perguntamos onde poderíamos comer uma boa parrillada. Nos indicaram o Don Mario, valeu a indicação.

Antes de irmos ao Don Mario fomos ao centro da cidade onde compramos vinhos em uma boa loja a uma quadra da Plaza Independencia. Chama-se Solyvino e tem ótimas opções por preços justos.

Fizemos um rápido tour por ali e fomos jantar. Escolhemos a clássica parrillada criolla e uma porção extra de mollejas. Boa pedida.

Após o jantar voltamos ao hotel. No dia seguinte teríamos a primeira parte interessante da viagem, subindo a cordilheira, entrando no Chile pelo Paso Libertadores e descendo o famoso caracol.

Dia 16/06

Antes de deixarmos o Ibis passamos o que ainda havia de diesel nos galões e jerry cans de nossa reserva para os tanques de combustível das viaturas.

Saímos de Mendoza com dia claro, céu azul e já vendo os Andes iluminados pelo sol da manhã.

À medida que nos afastamos da cidade o fluxo de veículos foi diminuindo. Começamos a subir a cordilheira pela Ruta 7, rodovia em boas condições. Trajeto bem bonito.

Chegando próximo a Puente del Inca a neve ao lado da estrada já estava bem alta, com uma camada de uns 30 cm de espessura. A pista estava totalmente limpa e sem gelo sobre sua superfície, não trazendo risco para quem transitava por ela. O dia de céu aberto, sem nenhuma nuvem, deixou tudo mais belo. Estava frio, beirando zero grau, mas a ausência de vento ajudou a não gelarmos quando parávamos e saíamos das viaturas.

Paramos na Puente del Inca para conhecermos o local, fazer fotos e tomar um café. Aproveitamos para comer sanduíches (muito ruins, por sinal) pois não haveria almoço neste dia.

A história deste local e do hotel que ali existiu é interessante e está detalhada em placas ao lado do mirante.

Deixamos a Puente e fomos subindo em direção ao Paso Libertadores. Fizemos o processo de saída da Argentina relativamente rápido e seguimos em frente. Tem que prestar atenção. Se bobear passa reto pela aduana argentina e depois tem que voltar lá do Chile. A sinalização não ajuda a ver que é necessário sair à direita da Ruta 7, subir até o posto de fronteira e depois voltar.

Queríamos ver se seria possível cruzar para o Chile pelo trajeto antigo que passa por cima do túnel. Chegamos em Las Cuevas, onde há o desvio para este caminho, e começamos a subi-lo, já sem asfalto. Devemos ter andado 1 km mais ou menos quando vimos que não seria prudente seguir adiante. Havia muita neve e algumas manchas de gelo sólido acumuladas sobre a estrada que tornaram o deslocamento perigoso. Mais tarde, depois de cruzarmos o túnel, vimos que seria inviável termos seguido adiante. No lado chileno deste caminho não dava para ver a estrada, tamanho era o acúmulo de neve sobre ela. Descer a encosta seria muito perigoso.

Voltamos então para a ruta 7 e pegamos uma fila de uns 2 km de caminhões entre Las Cuevas e o pedágio, ainda na Argentina. Estranhamos a fila. Achamos que seria causada pela aduana. Os veículos leves iam ultrapassando os caminhões quando havia brechas na faixa que vinha do Chile. O motivo da fila era só o pedágio, mesmo. Nada a ver com a aduana. Apesar de haver duas cabines de cobrança apenas uma estava em operação. Um certo descaso com quem viaja por ali.

Passamos pelo túnel e chegamos na aduana chilena. Tudo bem organizado, mas moroso. Devemos ter gastado uma hora ou mais para fazer os procedimentos de entrada neste país. Mostramos a declaração jurada, documentos pessoais e dos veículos, passamos as bagagens (todas) pelo raio-X e fomos liberados.

Paramos rapidinho na estação de esqui de Portillo, onde um pouquinho (bem pouquinho) de neve nos recebeu. Começamos então a descer o lado chileno da cordilheira. Paramos novamente um pouco antes de começar as curvas do caracol onde tiramos mais fotos e então fizemos a descida. Apesar de haver muita neve ao lado da pista não encontramos gelo sobre o asfalto ali, também. Foi seguro e tranquilo fazer este percurso.

Uma semana mais tarde a Ruta 7 argentina e a ruta 60 chilena fecharam repentinamente pela entrada de uma forte nevasca. Lemos relatos de motoristas de caminhões brasileiros que ficaram presos nas cabines de seus veículos por muitas horas até serem resgatados pelo exército chileno. Mesmo acompanhando a previsão do tempo há a possíbilidade de surpresas como esta acontecerem. Há um certo risco, nada desprezível, quando se cruza da Argentina para o Chile pelo Paso Libertadores nesta época do ano.

Fomos seguindo até Los Andes para passarmos a noite. Após nos acomodarmos saímos para fazer um lanche. Devoramos hamburguers artesanais bem preparados e acompanhados de paltas (abacates), queijo e salada, muito bons.

Fomos descansar. O dia seguinte seria só de deslocamento até Pucón, passando ao lado de Santiago.

LuizPR
13/09/2022, 18:03
Algumas fotos da chegada e da subida da cordilheira pela ruta 7


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LuizPR
13/09/2022, 18:11
Já no alto, 3.000 m acima do nível do mar


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Miranda_MG
13/09/2022, 23:53
Belas fotos, Luiz! :palmas:

Glaicon
14/09/2022, 05:55
Aquela aduana chilena é uma desgraça de demorada e de má vontade.
Em 2013, com uma quantidade enorme de pessoas lá dentro fazendo a migração, a funcionária, com cara de braba, disse "que essa fila é culpa de vocês!"
Ou seja, por estarmos turistando, éramos o problema.:mrgreen:

LuizPR
15/09/2022, 17:46
Aquela aduana chilena é uma desgraça de demorada e de má vontade.
Em 2013, com uma quantidade enorme de pessoas lá dentro fazendo a migração, a funcionária, com cara de braba, disse "que essa fila é culpa de vocês!"
Ou seja, por estarmos turistando, éramos o problema.:mrgreen:

É uma aduana mais demorada, mesmo. Mas o atendimento foi bom. Creio que a covid complicou um pouco o processo, mas sem gerar grandes atrasos.

LuizPR
15/09/2022, 17:55
Continuando o relato.

Dia 17/06

Viagem monótona de Los Andes a Pucón pela Panamericana. O tédio foi quebrado apenas por uma ocorrência no 90: a mangueira que liga o compressor do turbo ao intercooler rasgou parcialmente, causando perda de potência no motor.

Paramos em frente a um restaurante e fizemos uma adaptação substituindo a mangueira por outra que faz parte do conjunto do snorkel. Esta não aguentou muito tempo uma vez que não é dimensionada para a pressão do sistema de admissão de ar do motor. Paramos então em uma cidade onde encontramos uma oficina e algumas lojas de peças. Não conseguimos a mangueira correta mas foi possível adaptar uma do circuito de água de arrefecimento de um motor de caminhão. Feita a adaptação compramos algumas empanadas de forno e seguimos viagem.

Pegamos chuva mais adiante, ainda na Ruta 5, o que diminuiu a velocidade do deslocamento. Chegamos em Pucón tarde da noite. Localizamos nossa cabana, comemos frios e pães que tínhamos de reserva, tomamos um bom vinho e conhaque e nos recolhemos.

Dia 18/06

Havíamos planejado chegar em Pucón na noite do dia 16 e no dia 17 subir ou pelo menos conhecer o vulcão Villarrica. Devido ao dia perdido em Porto Alegre não foi possível realizar esta atividade. Além disto estava chovendo nestes dias, o que provavelmente impediria que conhecêssemos esta região.

Saímos cedo da cabana e voltamos à Ruta 5. Paramos em um Copec para um rápido café da manhã e continuamos a viagem rumo a Puerto Varas.

Chegamos nesta cidade perto da hora do almoço embaixo de chuva. No centro localizamos uma casa de câmbio onde trocamos dólares por pesos chilenos e fomos almoçar.

Sobre o dinheiro: sempre é bom chegarmos em algum país com um pouco da moeda local, tipo uns 100 dólares, e depois fazer câmbio de quantias maiores. Consegue-se taxas melhoras nas casas de câmbio locais do que no mercado oficial aqui no Brasil.

Queríamos comer curanto, que é um prato tradicional em Puerto Montt, mas ali em Puerto Varas encontramos apenas uma variação chamada paila marina. A diferença mais óbvia é não ter frango na paila e talvez menos óbvia é ter alguns frutos do mar diferentes. Isto não estragou a refeição: a paila marina é muito boa, valeu conhecer. O almoço foi em um restaurante chamado La Olla. Recomendado.

O destino deste dia era Hornopirén, onde dormiríamos para na manhã seguinte pegarmos o ferry para o sul, já no início da Carretera Austral. Havíamos planejado ir de Puerto Varas a Hornopirén por dentro, por Ensenada e Puelo, e não por Puerto Montt. Foi uma boa decisão. Apesar de não termos iniciado a Ruta 7 por onde ela começa oficialmente (Puerto Montt), este primeiro trecho dela não tem nenhum atrativo, enquanto o caminho que fizemos por dentro é interessante, passando por rios, lagos e encostas muito bonitos.

Infelizmente o tempo estava fechado, o que nos impediu de avistarmos ou mesmo tentarmos ir ao vulcão Osorno.
Chegamos em Hornopirén às 19:00 h. Hospedamo-nos em um bom hostel, quartos aquecidos e limpos. Nesta noite nada de jantar pois a paila marina anda pesava no estômago. Umas taças de vinho e estávamos prontos para dormir.

Dia 19/06

Deixamos o hostel às 9:30 h para pegarmos o ferry uma hora mais tarde. O tempo estava fechado, com chuva leve e neblina encobrindo a paisagem.

Havíamos reservado e pago pelo ferry dois dias antes, pela internet. Como no inverno o fluxo de veículos é menor que no verão esta antecedência é suficiente. Talvez na temporada seja conveniente fazer as reservas bem antes, tipo uma semana. O valor por veículo e dois passageiros foi de uns R$ 300,00.

Embarcamos no ferry e pontualmente às 10:30 ele partiu para as 4 horas de travessia. Há uma lanchonete a bordo que vende salgados industrializados, sanduíches, empanadas e bebidas não alcoólicas, tudo bem honesto. Fizemos lanche ali mesmo e fomos seguindo.

Na metade da viagem o tempo começou a abrir e belas montanhas com muita neve em seus picos foram se mostrando. A navegação pelo fiorde é bonita e tranquila, embora um pouco tediosa. Há várias fazendas de salmão ao longo da costa, atividade que está sendo monitorada a fim de controlar-se a poluição que ela gera no ambiente marinho. Em lagos já não há mais estas fazendas, mas no mar ainda é uma atividade econômica importante, apesar do impacto ambiental.

Depois das 4 horas de navegação chegamos em Caleta Porcelana. Dirigimos por uns 10 km e pegamos um segundo ferry (valor já incluído no preço contratado) e fizemos a segunda travessia até Caleta Gonzalo, que dura cerca de 30 minutos.

A partir daí entramos no maior trecho contínuo da Carretera Austral, que vai até Caleta Yungay, quase 1.000 km ao sul.

Passamos por Chaitén e fomos seguindo. A temperatura começou a cair rapidamente. Paramos sob a ponte que passa sobre o rio Yelcho e preparamos um café para nos aquecermos e relembrar este local onde pescamos alguns anos atrás. Esta ponte é semelhante a várias que há na Carretera, sendo construída em vigas metálicas e no sistema de ponte suspensa, sustentada por grossos cabos de aço.

Anoiteceu e seguimos viagem. Queríamos chegar em Villa Santa Lucia e achar um lugar para passarmos a noite.

Há uma pequena serra logo após o lago Yelcho e lá pegamos muita neve ao lado da estrada e enfrentamos temperaturas muito baixas. Não havia gelo sobre o asfalto, mas dirigimos com cuidado a fim de nos adaptarmos àquelas condições da rodovia.

Chegamos em Villa Santa Lucia debaixo de chuva fina. Vimos uma placa indicando cabanas e nos dirigimos para aquela direção. A uma quadra da Carretera, na primeira esquina, havia um pequeno mercado aberto e uma placa com o nome das cabanas que havíamos visto (El Mañio). Uma gentil senhora nos atendeu no mercado e disse que tinha uma cabana com lareira e 3 quartos disponível. Ficamos ali mesmo. A cabana era bem confortável e limpa. Pagamos o equivalente a R$ 400,00 para uma noite, valor razoável para aquela região.

Mais vinho, pão, queijo e embutidos ao lado da lareira fecharam o dia. Depois, descanso em quartos gelados, uma vez que a lareira só aquecia a sala.

LuizPR
15/09/2022, 18:08
A Paila Marina e mais fotos deste trecho.

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LuizPR
16/09/2022, 17:50
Dia 20/06

Primeiro dia realmente frio. Planejamos sair por volta das 8:00. Preparamos um rápido café e fomos ajeitar as viaturas, que estavam congeladas.

Aí bateu a falta de pensar.

Aqui no sul do Brasil é comum que os para-brisas dos carros amanheçam cobertos de gelo em alguns dias no inverno. O que fazemos aqui? Jogamos um pouco de água, ligamos os limpadores e pronto.

Fizemos o mesmo lá em Villa Santa Lucia. A pequena diferença é que em nosso país a temperatura pela manhã, nestes dias mais gelados, já está acima de zero grau quando vamos sair com os carros, e lá no Chile a temperatura está bem abaixo de zero e fica assim por muitas horas. Não adianta nada jogar água no para-brisa pois ela congela quase que imediatamente.

Fizemos o procedimento brasileiro de jogar água nas superfícies congeladas, carregamos os carros e saímos com os vidros ainda cobertos de gelo. Até algumas maçanetas das portas, que nos Defender não são grande coisa, deixaram de funcionar devido ao congelamento da água em seu interior.

À medida que íamos descendo a Carretera uma forte neblina cobria a paisagem e congelava nos para-brisas. Os inteligentes iam jogando água nos vidros, a água congelava, jogávamos mais água que congelava até que percebemos a bobagem.

Como se resolve este problema de congelamento nos para-brisas? Com o ar quente do veículo. Óbvio. O que se faz é ligar o ar quente e esperar que o para-brisa se aqueça, impedindo assim a formação do gelo. Simples. Só que o ar quente dos dois Defender não estava funcionando. Ar quente lá não é questão de conforto, é de segurança.

Resolvemos raspando o gelo que se formava tanto por fora como por dentro dos vidros com um pedaço de papelão (e depois com cartões de banco e de telefone que não estavam mais operantes) e enxugando bem com panos bem secos. Por 10 dias fizemos esta operação pelas manhãs e ao longo das primeiras horas de deslocamento. Mas não se viaja pela Carretera Austral no inverno sem ar quente na viatura. Lição número 1.

Paramos em La Junta e abastecemos os veículos. Fizemos um lanche mais reforçado e fomos seguindo para Puyuhuapi. A neblina subiu um pouco e começamos a ver as montanhas cobertas por neve acompanhando a estrada.

Passamos por esta cidade e chegamos ao Parque Nacional Queulat. O plano para este dia era caminhar até o último mirante do Ventisquero Colgante. Para nossa surpresa o parque estava fechado, pois era segunda-feira e este é o dia de descanso para quem trabalha lá.

Esta foi uma das frustrações que tivemos. Sempre que fazemos este tipo de viagem sabemos que estamos sujeitos às condições de clima e outros fatores que não controlamos e que podem atrapalhar o planejamento, impedindo que se faça algo que estava em nosso radar. Paciência.

Provavelmente não conseguiríamos desfrutar tudo que o Ventisquero poderia nos proporcionar uma vez que a neblina ali estava muito intensa, mas mesmo assim saímos do Parque com um gostinho ruim na boca.

Decidimos então ir até Puerto Cisnes para almoçar. Esta é uma pequena e agradável cidade às margens de um fiorde, e chega-se até ela por uma bonita estrada que vai margeando o rio Cisnes. O tempo havia melhorado e o sol estava brilhando forte, proporcionando belas vistas do rio e das montanhas que formam seu vale.

Entre o Parque Queulat e a saída para Puerto Cisnes há um trecho na Carretera que sai do nível do mar para uns 600 metros de altitude por uma subida de poucos quilômetros de extensão. Fomos subindo e a neve acumulada ao lado e sobre a rodovia foi aumentando, até que no ponto mais alto paramos para fazermos algumas fotos. A neve estava bem fresca, ainda caía dos galhos das árvores com a força do vento. Foi um dos locais mais interessantes pelos quais passamos.

Chegando em Puerto Cisnes fomos a um pequeno restaurante à beira mar onde comemos salmão, salada e lentilhas. Ali conversamos e decidimos que nosso destino neste dia seria Coihaique. Fizemos reserva em um hostel nesta cidade e seguimos viagem, retornando para a Carretera Austral.

Chegamos em Coihaique no início da noite. Achamos nosso hostel (Hostal Español) e encontramos quartos muito agradáveis e principalmente muito bem aquecidos. Depois de congelarmos na cabana em Villa Santa Lucia precisávamos de uma noite mais normal.

Perguntamos onde havia um restaurante que servia cordeiro, recebemos boa indicação e fomos para lá.

Aqui uma observação: no período de nossa viagem muitos restaurantes e hotéis ainda pediam que mostrássemos nossos passes sanitários, que foram feitos on line no site mevacuno.cl e no qual registramos as vacinas contra covid que tomamos. Alguns locais não permitem acesso de pessoas que não apresentem este passe.

Um bom jantar com cordeiro patagônico no Fogón Puesto Viejo, empanadas, salada e vinho fechou o dia.

Glaicon
17/09/2022, 06:33
O percurso tem sido por rípio ou ainda é asfalto?

LuizPR
17/09/2022, 15:33
Boa tarde. Boa parte da Carretera já está asfaltada. Em sua parte inicial há um pequeno trecho entre Puyuhuapi e a saída para Puerto Cisnes ainda em ripio. Aí o asfalto vai até uns 20 km após Villa Cerro Castillo. Daí em diante só ripio. Mas não há dificuldade para transitar pela Carretera, mesmo com veículos comuns, 4x2.

LuizPR
19/09/2022, 17:48
Algumas fotos da Carretera, depois de Puyuhuapi

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Puerto Cisnes

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LuizPR
20/09/2022, 17:42
Dia 21/06

Após uma boa noite de descanso e um bom café da manhã deixamos nosso hostel. Nesta noite a temperatura baixou para perto dos -10 graus. Havíamos coberto os Defender com lonas para evitar acúmulo de gelo sobre os mesmos mas eles amanheceram congelados, como previsto. Levamos algum tempo para limpar os vidros, espelhos e portas dos carros.

Abastecemos na saída de Coihaique. Compramos um galão de 5 litros de fluído de arrefecimento com ponto de congelamento de -5 graus, que foi colocado parcialmente no 90, e saímos. O objetivo era chegar em Puerto Rio Tranquillo para um dos participantes da viagem fazer o passeio às Capillas de Marmol. Os outros 3 já conheciam este local, portanto iriam achar outra atividade para fazerem neste dia.

Após rodarmos uns 10 km o 90 abriu o rádio e informou que seu motor estava com temperatura alta, com o ponteiro batendo no vermelho do indicador. Imediatamente paramos e fomos ver o que havia acontecido. O motor havia fervido, realmente.

Para encurtar a história: apesar de termos conversado várias vezes sobre trocar o fluido do sistema de arrefecimento por um com anticongelante simplesmente não fizemos o que deveríamos ter feito. O 90 ferveu porque o líquido que estava no radiador congelou, mesmo com um pouco daquele fluído comprado em Coihaique. Quando o motor atingiu a temperatura de trabalho, de regime, a válvula termostática abriu e o fluído não circulou pelo radiador. Aí o motor ferveu.

Completando a história: dois dias depois o mesmo aconteceu com o 110. Só então resolvemos trocar o fluído nos dois veículos por um com anticongelante e adequado às temperaturas da região.

Esperamos a temperatura do motor do 90 voltar ao normal, batemos a chave e por sorte nada mais grave havia acontecido com o motor. Decidimos voltar a Coihaique e procurar um mecânico. Era feriado no Chile, portanto não encontramos ninguém trabalhando. Como o 90 havia voltado a funcionar normalmente (o líquido havia descongelado e voltou a circular pelo radiador), sem mostrar sinal de consequências do superaquecimento, decidimos ir adiante.

Perdemos umas duas horas neste assunto, portanto decidimos que iríamos dormir em Puerto Rio Tranquillo e não em um local próximo ao Glaciar Exploradores, como havíamos planejado.

Seguimos viagem. Subindo antes de Villa Cerro Castillo pegamos temperaturas muito baixas, chegando a -11 graus. Havia muita neve às margens da estrada e algum gelo sobre o asfalto. Tínhamos correntes para colocar nas quatro rodas das viaturas, mas vimos que nenhum veículo chileno as estavam utilizando. Pensamos: eles que são daqui sabem melhor que nós; se não estão usando as correntes é porque não há risco. Não as montamos, então, e não houve problemas.

Este trecho da Carretera, antes de chegar-se a Vila Cerro Castillo, é muito bonito. Fizemos várias paradas para fotos de lagos e cachoeiras congelados. Estava muito frio, realmente.

Paramos em Villa Cerro Castillo para tomar um café mas devido ao feriado e por não ser temporada estava tudo fechado. Seguimos adiante.

Alguns quilômetros mais adiante acaba a pavimentação e começa o rípio, pelo qual viajamos até o final da Carretera Austral, uns 400 km.

Andamos pelo rípio por algum tempo e subitamente o indicador de temperatura do motor do 110 disparou, cravando no vermelho. Susto! Paramos e abrimos o capô para ver o que estava acontecendo. Nada. A temperatura do motor estava normal, nenhum sinal de superaquecimento. O ponteiro estava maluco, subindo e descendo sem nenhuma lógica aparente. Após nos certificarmos que tudo estava normal, com exceção do marcador de temperatura, fomos em frente. E nada aconteceu por esta razão, realmente.

Suspeitamos de problema elétrico, lembrando do watchdog disparado desde o início da viagem, e depois confirmamos que era isto mesmo.

Mas que é estressante viajar vendo o ponteiro do indicador de temperatura indo para o vermelho e baixando, indo e vindo, indo e vindo, é. Nunca se sabe quando a leitura estará certa. E dois dias depois ela esteve...

Mais um resumo de história aqui: o problema elétrico do 110 era de aterramento. Mais tarde vimos que quando se apagava as luzes o indicador de temperatura marcava a temperatura normal, correta. Acendia a luz, o ponteiro subia; apagava a luz, o ponteiro baixava.

Chegamos em Puerto Rio Tranquillo, abastecemos novamente os Defender, completamos o óleo do motor do 110, que havia baixado um pouquinho, e achamos um hostel ali no centro mesmo, em frente ao Copec. Nos acomodamos. Um dos colegas foi correr enquanto os outros 3 foram a um ótimo restaurante onde comemos ceviche, cordeiro e congrio, tudo muito bom.

No final do dia tomamos um bom vinho chileno na sala de café do hostel, aquecidos por uma lareira. O hostel era bem simples, com banheiros apertados e quartos não muito bem cuidados. Tinha o necessário para descansarmos.

LuizPR
20/09/2022, 17:48
Dia muito frio. Quedas d´água e lagos congelados.


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Lago General Carrera, uma das belezas da Carretera Austral.

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LuizPR
22/09/2022, 18:00
Dia 22/06

Não tínhamos pressa para acordar e nos prepararmos para sair neste dia. O colega que queria conhecer as Capillas fez o passeio de duas horas saindo às 10:00 h, e os demais foram conhecer a cascata La Nutria, no caminho para o Glaciar Exploradores. Esta queda d’água é bonita. Fica às margens da estrada, a ruta X-728, não tem como errar. O córrego que se forma após a cascata estava bem congelado. Interessante o lugar.

Retornamos à cidade, recompomos o grupo, compramos pães, frios e bebidas em um mercado para um lanche e zarpamos. Alguns quilômetros após Puerto Rio Tranquillo paramos sob a ponte que passa sobre o canal por onde o lago General Carrera deságua e forma o Lago Bertrand e ali fizemos nossa refeição. Estava um frio de rachar mas o lugar e a ponte são muito bonitos, valendo parar ali.

Continuamos nosso deslocamento com o objetivo de chegarmos a Cochrane. Passamos por Puerto Bertrand e fomos seguindo o maravilhoso rio Baker. Avistamos a confluência dos rios Baker e Nef da estrada mesmo, marcando este local para pararmos quando voltássemos. Cruzamos o rio Chacabuco, bem congelado, e fomos seguindo com o rio Baker à nossa direita, no fundo de um vale muito bonito. Este trecho da Carretera Austral só fica feio quando se chega a Cochrane, cidade que parece meio suja, meio abandonada.

Procuramos por um local para dormir e acabamos ficando em um ótimo hotel preparado para receber pessoal que vai a esta região para pescar salmões e trutas no verão. Caro mas impecável, quartos espaçosos, banheiros amplos e bem cuidados. Chama-se Ultimo Paraiso.

Saímos para jantar cedo, era umas 19:00 h. O restaurante que nos indicaram ainda estava fechado, mas uma quadra rua abaixo havia uma cervejaria artesanal. Acabamos indo lá e não nos arrependemos. A cerveja era muito boa e comemos uma entrada à base de carnes e uma pizza com salmão e outras coisas, bem bom.

Estava muito frio. Voltamos ao hotel, cobrimos os carros e fomos dormir.

Dia 23/06

O café da manhã foi o melhor que tivemos. Hotel caro, mas ótimo serviço.

Esta deve ter sido a noite mais fria de toda a viagem. Os carros estavam beeem congelados. Os limpamos raspando o gelo dos vidros. Completamos o combustível no Copec e fomos rumo ao sul, com a ideia de chegarmos em nosso destino neste dia.

Quem sai de Cochrane para o Sul pega já na saída da cidade uma longa subida. Fomos seguindo e o ponteiro indicador da temperatura da água do motor do 110 começou a oscilar, como já vinha fazendo desde antes de Puerto Rio Tranquillo. Só que dali a pouco, a uns 5 km da cidade, ele subiu e não desceu mais. Vimos que havia algo errado e imediatamente paramos. Desta vez o motor chegou a ferver, pela mesma razão já explicada do que aconteceu com o 90: congelamento dentro do radiador.

Esperamos baixar a temperatura e batemos a chave. Tudo certo, motor funcionou normalmente. Resolvemos voltar para Cochrane acompanhando a temperatura. Esta continuou oscilando muito. Chegamos na cidade. Procuramos por oficinas no Google e achamos uma, na saída norte da cidade. Não quiseram nos atender, “mucho trabajo”. Fomos a outra, mesma coisa. Fomos a uma terceira e o dono pediu que conversássemos com o mecânico. Já eram 11:00 h da manhã quando o mecânico chegou. Explicamos a ele que precisávamos ver se a termostática estava trabalhando corretamente e trocar o fluído, pois a ficha do congelamento finalmente caiu. Ele disse que de manhã não podia, que as 13:00 h iria almoçar, que voltaria às 15:00 h e aí veria se podia fazer algo... má vontade.

Decidimos então comprar o fluído correto e nós mesmo esgotarmos o sistema de arrefecimento, repor o fluído, sangrar e ver o que dava. Soltamos as mangueiras e fizemos o procedimento no 110 e no 90.

Com temperatura ambiente perto do meio-dia ainda abaixo de zero terminamos o serviço. Colocamos cerca de 10 a 11 litros de fluído em cada sistema, o que indicou que havíamos esgotado quase que completamente os mesmos, fizemos os expurgos e seguimos viagem.

Saímos de Cochrane e pegamos a longa subida novamente. Mais uma vez o ponteiro do indicador da temperatura do 110 começou a oscilar. Paramos e vimos que o que estava acontecendo era a falha elétrica. O motor estava com a temperatura correta. Fomos em frente, então, sem termos mais problemas.

Preguiça pode custar caro. Meses planejando, uma fortuna gasta preparando viaturas, roupas, hotéis etc. poderia ter sido jogada fora por pura negligência. Fica o recado. E ainda tivemos a sorte de não estourarmos os radiadores por conta do congelamento.

Havíamos planejado ir a Caleta Tortel e depois seguir até Villa O’Higgins neste dia. Por conta do atraso de 4 horas na saída de Cochrane deixamos Caleta Tortel para quando retornássemos e fomos direto para o fim da Carretera Austral. Tínhamos que chegar em Caleta Yungay a tempo de pegarmos a balsa do último horário do dia, que saía às 16:00 h. Não sei no verão, mas no inverno só há duas balsas por dia fazendo a travessia do canal.

A parte inicial deste deslocamento de 230 km não tem atrativos além, é claro, dos picos nevados que aparecem no horizonte. Lá pela metade do caminho chegamos a alguns lagos e ao rio Cochrane, que é continuação do Baker, e aí a paisagem fica mais interessante.

Logo após a saída para Caleta Tortel subimos uma serra íngreme, com um belo cânion acompanhando a Carretera. Do outro lado da serra está a travessia por balsa saindo de Caleta Yungay. Chegamos ali uns 45 minutos antes da balsa zarpar. Aguardamos dentro de um pequeno café onde pedimos umas bolachas e capuccino (era o que tinha). Não havíamos almoçado, a fome era grande.

Fizemos a travessia, que dura menos de uma hora e é gratuita. Chegamos do outro lado e fomos em frente. São mais 100 km até Villa O’Higgins, precurso que se faz em 2 horas. Um pó vulcânico que cobre o rípio atrapalha a visibilidade à noite, para quem pega um veículo à sua frente. É necessário algum cuidado neste último trecho da Carretera.

Às 19:00 horas entramos em Villa O’Higgins. Ela existe. Finalmente estávamos lá!

Havíamos feito contato com o dono de algumas cabanas para nos hospedarmos por duas noites em Villa O’Higgins, mas este não estava operando neste período de baixa temporada. Nos indicou outro, Cabañas São Gabriel. Conseguimos uma cabana com 3 quartos e 3 banheiros, bem equipada, por uns 120 Dólares para duas noites. Bom preço. Recomendado.

Fomos ao mercado do Daniel, dono da cabana, gente finíssima. Ele nos acompanhou até onde nos hospedamos e nos indicou restaurante para jantarmos. Estava fechado, como quase tudo no inverno. Em um mercado compramos pães, refrigerante e salsichas. Comemoramos a chegada ao fim da Carretera Austral comendo cachorro-quente.

Valeu cada quilômetro.

LuizPR
23/09/2022, 12:12
La Nutria.

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A região do Lago General Carrera é espetacular.

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26/09/2022, 17:26
Mais algumas fotos.


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Água chegou a congelar durante o dia, dentro do veículo.

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26/09/2022, 17:28
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Em Villa O'Higgins...

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LuizPR
27/09/2022, 17:54
Dia 24/06

Tiramos este dia para ficar em Villa O’Higgins.

Preparamos café na cabana e saímos para ir até o final da Carretera Austral, que fica a 7 km do centro da vila.
O dia estava claro, sol forte, sem uma nuvem sequer no céu (como todos os dias que passamos na Carretera).

Cruzamos o rio Mayer e fomos seguindo por sua margem direita. A Argentina estava ali, do outro lado do rio. Este trajeto é belíssimo, principalmente quando banhado de sol como neste dia. Paramos em vários pontos para fotos, para ver o Ventisquero Mosco, as pequenas cascatas congeladas que desciam do barranco ao lado da estrada e outras lindas paisagens.

Chegamos no Puerto Bahamondes, que marca o fim da Carretera Austral a 1.247 km de seu início em Puerto Montt. Mais um sonho realizado, chegamos a mais um clássico destino que se soma a Cusco, Machu Pichu, Península Valdez e Ushuaia.

Fomos algumas centenas de metros mais além até a uma pequena geradora de energia elétrica movida por uma turbina hidráulica, situada em uma pequena baía. Muito gelo e muita beleza neste local.

Retornamos à Villa O’Higgins. O amigo corredor quis subir o monte que há no lado leste da cidade, chegando até o ponto mais alto da trilha que há ali e de onde se avista toda a vila e os picos nevados que a cercam. Os outros três, menos atléticos, subiram somente até o primeiro mirante, fizeram algumas fotos e foram almoçar. O plano deles era ir até o Paso Mayer na parte da tarde, o que fizeram.

Saímos de Villa O´Higgins às 14:30 h. Logo após a saída da cidade, antes de cruzarmos o rio Mayer, pegamos a estrada que leva ao Paso de mesmo nome. É um trecho muito bom, com rípio bem batido.

No caminho passamos ao lado de uma linda propriedade chamada Estancia Las Margaritas. Vimos uma entrada à esquerda da rodovia onde um belo portal de madeira indicava o começo da estância. Entramos pensando que seria um hotel de luxo ou algo assim. Mais tarde vimos que é uma propriedade particular. Um político muito rico a comprou e a transformou em uma reserva não aberta a visitantes. Lá dentro vimos uma garagem com várias caminhonetes e veículos 4x4, motos, quadriciclos e uma enorme casa em madeira nobre, coisa de cinema. Fizemos a volta perto de um lago imenso e saímos antes de sermos enxotados.

Chegamos no posto fronteiriço do Paso Mayer depois de uma hora de viagem. Fomos muito bem recebidos por um dos 14 militares chilenos que lá vivem e controlam o Paso, como quem travamos uma boa conversa sobre a região e como é a vida deles ali.

As paisagens são maravilhosas. Um largo vale se estende entrando na Argentina, por onde o rio Mayer vai abrindo vários braços que mudam a cada ano, a cada época de degelo. O militar nos indicou qual seria o caminho para cruzar-se para o país dos hermanos e comentou que o final do inverno é a época mais adequada para passar de um país ao outro, quando o volume de água do rio é menor.

Nos disse também que a temperatura ali havia batido nos -28 graus recentemente. Acreditamos. Ainda havia sol, mas o frio já era intenso. Recomendou que fossemos até o lago Christie e que no caminho parássemos no Salto Perez.

Nos despedimos e seguimos em frente. Passamos por um pequeno lago totalmente congelado, onde nos divertimos jogando pedras de 2 ou mais quilos para vê-las ricochetear sobre o gelo e deslizar para longe.

Chegamos ao lago Christie, que é bonito mas não tem nada de muito interessante. Na volta paramos no mirante do Salto Perez e aí sim tivemos uma bela surpresa.

O salto fica do outro lado de um rio. É de altura razoável, talvez uns 8 metros, mas o que fez toda a diferença foi a névoa formada pela queda d’água congelada sobre os galhos das árvores, sobre a cerca do mirante, no piso de pedra. Uma visão única, magnífica, só vendo mesmo. Valeu o deslocamento. Quem for lá no verão vai ver uma queda d’água legal, mas no inverno é diferente do que vemos por aí.

Voltamos então para Villa O’Higgins. Como havíamos almoçado tarde fizemos um lanche na cabana, sempre acompanhado de bons vinhos. Mais tarde fomos ao mercado do Daniel para pagarmos pelo aluguel da cabana e nos despedirmos. Retornamos à cabana para nos prepararmos para iniciar a viagem de retorno no dia seguinte. Hora de voltar para casa.

LuizPR
29/09/2022, 12:16
No final da Carretera.


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LuizPR
29/09/2022, 12:23
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LuizPR
30/09/2022, 17:41
Dia 25/06

Não nos apuramos para acordar e preparar a tralha para a viagem de retorno. Tínhamos tempo pois a primeira balsa para Puerto Yungay saía do embarcadero Rio Bravo às 13:00 h, que fica a duas horas de Villa O’Higgins. Programamos deixar a cidade às 10:00 h para chegarmos meio-dia no ponto de embarque, o que fizemos.

Mais uma vez tivemos um dia de muito frio e muito sol. A viagem até o embarcadero foi tranquila. Chegamos lá no horário previsto. Aguardamos preparando café e jogando pedras sobre o canal congelado. A camada de gelo devia ter uns 2 ou 3 cm de espessura.

Perto das 13:00 h o ferry chegou quebrando gelo e empurrando as placas contra a rampa de embarque e as margens do canal. Aguardamos pelo desembarque dos que vinham para o sul e embarcamos junto a mais duas caminhonetes e um pequeno caminhão.

Partimos no horário previsto e o ferry seguiu empurrando gelo por todo o percurso. Para nós, que não estamos habituados a navegar e muito menos com uma camada de gelo sobre a superfície da água, foi legal.

Desembarcamos em Puerto Yungay e seguimos para Caleta Tortel, subindo e descendo novamente a pequena serra com seu cânion nos acompanhando. Pegamos a saída para Tortel e fomos margeando o rio que ali é chamado de Cochrane, que é o Baker, o Nef, o Chacabuco e vários outros que descem dos picos nevados, das geleiras e do Campo de Neve Norte, se juntam e deságuam no Pacífico.

Paramos às margens do rio para fotos, apreciando a beleza da região.

Chegamos à Caleta Tortel. Estacionamos os carros na praça central e descemos para as passarelas de madeira que circundam a baía e que dão o charme a esta pequena cidade. Esta estava congelada, com o gelo avançando uns 10 a 15 metros rio adentro. Já não batia sol na vila e isto somado à umidade que subia das águas fazia a sensação de frio ser muito intensa.

Caminhamos por uns bons metros na passarela procurando um local para comermos algo, mas estava tudo fechado. Voltamos à praça, não sem antes tirarmos várias fotos, mas também não encontramos local aberto para fazermos um lanche rápido. Já eram 16:00 h e o sol já baixava. Decidimos então seguir para Cochrane para jantar e dormir no mesmo hotel onde nos hospedamos quando estávamos descendo a Carretera.

Pegamos o pôr do sol quando ainda estávamos na Ruta 7 em uma região com vários lagos na direção do poente. Neste final de dia pela primeira vez em nosso percurso na Carretera Austral surgiram algumas nuvens no céu que ganharam tons dourados com o sol se pondo, o que transformou a paisagem deixando-a mais bonita do que é. Foi uma bela despedida da Carretera.

Chegamos em Cochrane já noite. Fomos ao hotel onde queríamos ficar mas para nossa surpresa não havia ninguém lá. Devido à baixa procura nesta época do ano o hotel estava fechado. Procuramos outro pela internet e vimos que dobrando uma esquina havia uma boa opção. Fomos até lá. O dono nos atendeu, mas disse que não estava recebendo hóspedes devido ao congelamento de água nos canos que alimentavam os banheiros. O frio tinha sido bravo mesmo nesta semana. Nos indicou um conjunto de cabanas rua acima. Fomos até lá e vimos que estava fechado. Em frente havia um mercado e uma placa indicando que alugavam cabanas. Entramos ali e negociamos as duas que tinham, cada uma com dois quartos, lareira e muita lenha, fundamental, pois o frio estava muito intenso.

Nos acomodamos e saímos para jantar no restaurante onde tentamos ir quando da primeira passagem por Cochrane. Comida razoável. Fora da temporada esta cidade não oferece bons serviços, o que é compreensível.

Nos recolhemos. No dia seguinte percorreríamos o último trecho da Carretera Austral desta viagem e entraríamos na Argentina. Felizes por termos visto o que vimos e ansiosos para retornar.

Glaicon
01/10/2022, 08:26
Ótima viagem.
Relatos excelentes.:palmas:

LuizPR
17/10/2022, 17:51
Retomando o relato. Fotos do dia 25.


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LuizPR
18/10/2022, 13:44
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Caleta Tortel



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DIEGO B.S.
18/10/2022, 14:03
espetáculo Luiz! Teve imprevistos maiores com a policia ou aduanas, novas exigências?

LuizPR
18/10/2022, 17:34
espetáculo Luiz! Teve imprevistos maiores com a policia ou aduanas, novas exigências?


Boa tarde, Diego. Nada de novo. Na verdade os processos nos países do Mercosul estão mais simples. Não é mais necessário preencher formulários para entrada dos veículos na Argentina. No Uruguai já era assim em 2019. Agora no país dos hermanos também.

O Chile continua burocrático como sempre. A covid trouxe uma etapa a mais de controle na aduana, além da exigência do cadastro das vacinas para entrar no país e acessar restaurantes e outros locais.

Polícia chilena tranquilo. Policia em Entre Rios ainda é chata.

LuizPR
18/10/2022, 17:40
Dia 26/06

Deixamos as cabanas logo cedo, depois de preparamos nosso café com o que ainda tínhamos de frios e pães.

Este dia era o último na Carretera Austral e no Chile. Iríamos esticar Argentina adentro até onde conseguíssemos, entrando por Chile Chico/Los Antiguos.

Seguimos pela Carretera rumo norte com muito sol e muito frio, como em todos os dias. Paramos no mirante da confluência dos rios Baker e Nef por alguns instantes e decidimos caminhar até o ponto de onde se vê este encontro dos dois rios, um dos cenários mais bonitos da Ruta 7.

Estacionamos ao lado da estrada onde há uma placa indicando a confluência e seguimos a pé por uns 500 metros até a margem do rio Baker, com sua bela água azul. Chegamos onde este recebe as águas cinzentas do Nef, que vem do campo de Gelo Norte. A umidade que sobe das corredeiras havia congelado nas margens e sobre as pequenas árvores que ali estão. Mais um belo cenário para nossos olhos e câmaras.

Voltamos para a rodovia e seguimos em direção a Puerto Bertrand. Entramos nesta pequena cidade e ali ficamos por alguns minutos. Tudo parado, não lembrava a vila por onde passamos no verão de 2019. O que atrai turistas ali é o rafting, atividade que é impossível ser praticada no inverno.

De Puerto Bertrand seguimos direto a Chile Chico pela bela estrada que margeia o lago General Carrera, com várias paradas para fotos e para apreciar o que estávamos vendo. Esta ruta é uma beleza. Viaja-se praticamente o tempo todo com o lago e as montanhas com seus picos nevados acompanhando o viajante. Uma maravilha para os olhos.

No entroncamento da Ruta 7 com a que leva a Chile Chico fomos parados pela polícia chilena pela primeira vez em 4 viagens que fizemos por aquele país. Pediram apenas para ver apenas os documentos do veículo e do condutor, tudo rápido e simples, bem diferente do comportamento da polícia de Entre Rios.

Em Chile Chico paramos em um mercado para comprar vinhos. Decidimos seguir em frente e parar para comer mais adiante, já na Argentina.

Fizemos rapidamente os procedimentos para saída do Chile na aduana deste país. Entramos na Argentina e paramos no posto fronteiriço de Los Antiguos. Depois de cumprirmos a parte burocrática os agentes pediram para inspecionar as viaturas. Antes que eles vissem dissemos que levávamos algumas frutas, queijos e embutidos, o que é proibido. Tivemos que tirar estes produtos dos carros.

Os fiscais fizeram uma rápida inspeção visual nas bagagens e pediram que aguardássemos para sermos notificados por estarmos entrando no país com produtos não permitidos.

Depois de uns 30 minutos assinamos a notificação, que não gera multa nem nenhum outro tipo de penalização, descartamos os produtos proibidos em uma lixeira e fomos liberados.

Fomos então a Perito Moreno, onde abastecemos os dois Defender e completamos os galões e as jerry cans a fim de nos prevenirmos contra falta de diesel nas províncias mais ao norte do país. Fizemos as contas e sabíamos que conseguindo completar os tanques em Neuquén chegaríamos no Uruguai com este tanque mais a reserva que passamos a transportar nos carros.

No YPF onde estávamos abastecendo encontramos duas Kombis de brasileiros que estavam vindo do sul e se dirigiam ao Chile, em uma viagem bem interessante. Eles haviam enfrentado muita neve e muito frio, e pegariam mais ainda nos dias que se seguiriam.

Vimos que o local mais provável para pararmos neste dia seria a cidade de Gobernador Costa, 350 km ao norte. Tocamos até lá, chegando às 20:00 h. Achamos um hotel bem ruim chamado Roca, o pior da viagem, e nos instalamos.

Saímos em busca de comida. Fomos a um pequeno restaurante familiar, com a filha e o pai já idoso atendendo. Pedimos sopa e frango, mas quando perguntamos se podíamos pagar com cartão fomos informados que não, somente em efetivo e em pesos argentinos. Tínhamos pouco dinheiro local. Agradecemos e saímos, mas de coração partido. Seríamos os únicos clientes da noite, e enquanto conversávamos com a filha sobre o pagamento o pai já vinha trazendo a sopa, andando com dificuldade e sem perceber que estávamos saindo. Ele ficou ali parado, com surpresa no rosto, mas não havia o que fazer. Rolou um clima ruim, ficamos sentidos.

Seguimos umas duas quadras então para um posto de combustível que tinha um pequeno restaurante e estava lotado. Pelo visto era o único lugar da cidade onde estavam servindo refeições.

A atendente, muito simpática, nos informou que a cozinha já estava fechada mas que podíamos pedir os salgados que estavam prontos na estufa. Compramos algumas empanadas e refrigerantes e voltamos para o hotel, onde fizemos um lanche.

Nós ainda estávamos incomodados com o watchdog disparando por temperatura de água no 110. Combinamos então fazer ajuste no equipamento na manhã seguinte, no posto onde compramos os salgados do “jantar”.

Esta foi a pior parada de toda a viagem. A cidade de Gobernador Costa por ser pequena não mostrou muita estrutura para viajantes. E nós procuramos. Se há, não achamos.

LuizPR
19/10/2022, 17:52
Quebrando gelo na travessia para Caleta Tortel



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A confluência do Baker e do Neff



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LuizPR
19/10/2022, 18:02
Caminho para Chile Chico


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LuizPR
20/10/2022, 17:42
Dia 27/06

Saímos do péssimo hotel sem café da manhã, por nossa opção. Fomos ao posto Puma onde havíamos comprado o lanche da noite anterior para fazer o ajuste no watchdog.

Ao ligar a luz do 110 um dos faróis queimou. Tínhamos reserva e o substituímos enquanto trabalhávamos no watchdog.

Seguimos as instruções para alterar o ponto do disparo do alarme do watchdog, mas isto não adiantou. Mesmo jogando este ponto lá para cima o danado continuava a soar o alarme. Decidimos tocar assim mesmo. Conforme já relatado não havia problema de aquecimento no motor, apenas a sensação ruim de ver aquele ponteiro subindo e descendo e o alarme disparado direto. Não é legal viajar assim.

Neste posto Puma trocamos com o proprietário dólares por pesos argentinos. O câmbio oficial, que é o que nos cobram no cartão de crédito, estava na faixa dos 125 Pesos por dólar. Ali trocamos a 220 Pesos. Não vale a pena usar cartão, é melhor levar dólares e ir trocando. Pelo menos enquanto a economia argentina estiver o caos que está agora.

Quando deixamos Gobernador Costa o dia já estava clareando. Nos dias que passamos no sul o sol nascia perto das 8:00 da manhã e se punha às 17:30, 18:00 h.

Fomos seguindo pela Ruta 40, outra estrada icônica da Patagônia, em direção a Bariloche, onde pararíamos para almoçar. Havia nevado muito à noite. A viagem ficou muito bonita com tudo branco às margens da rodovia.

Não tivemos muitas surpresas neste trecho. Chegamos em Bariloche às 15:00 h e achamos um bom restaurante. Chorizo foi a pedida, muito bom. Conversamos e decidimos passar a noite ali e no dia seguinte tocar até Santa Rosa, deixando de lado a Ruta de 7 Lagos. Apesar desta estrada ser um dos grandes atrativos da região já estávamos cansados, viajando há quase 20 dias e o clima não estava ajudando. A previsão era de chuva, não de neve, o que atrapalharia pararmos para caminhar e fazer fotos.

Fizemos reserva em um hotel que se mostrou bem adequado, com ótima localização, preço e serviço. Chama-se Interlaken. Antes de irmos para o hotel fomos a um Carrefour onde compramos mais vinhos. Os preços na Argentina estavam bem mais baixos que os preços no Chile. Conseguimos boas opções com ótimo valor.

Fomos para o hotel e nos acomodamos. Cada um saiu por um lado para comprar algumas lembranças a mais e caminhar pelo centro de Bariloche. Apesar de um ar meio decadente a cidade ainda é atraente ao turista. Estava infestada de brasileiros, pois está tudo muito barato lá.

Tentamos mais uma vez fazer o ajuste no watchdog, pois vimos que não tínhamos feito o procedimento até o final lá em Gobernador Costa. Desta vez percebemos algo interessante: aquele efeito de acender e apagar a luz do veículo interferindo no funcionamento do indicador de temperatura da água.

Feito o ajuste voltamos para o hotel para mais um pouco de vinho e uma refeição leve. Cada um foi para seu quarto e descansamos bem esta noite.

Dia 28/06

Saímos do hotel às 7:30 h debaixo de muita chuva, que mais para o final do dia se transformaria em neve.

Nem bem começamos a andar o maldito watchdog disparou novamente. Paramos em um YPF para abastecer e aproveitamos para cortar o cabo que traz o sinal do sensor de temperatura da água para o aparelho. Não adiantou. Continuava disparando. Deixamos de lado. O que fizemos foi viajar com a luz apagada sempre que possível para não ter aquela sensação ruim de ver o ponteiro subindo e descendo.

O problema todo era de aterramento, como já comentado, que estava influenciando a leitura do indicador e o funcionamento do watchdog.

A partir de Bariloche a viagem se tornou mais monótona. Já havíamos circulado algumas vezes por esta região. Passamos por Neuquén, onde paramos para abastecer, tendo como objetivo chegarmos em Santa Rosa para dormir, rodando neste dia quase 1.000 km.

Em Santa Rosa ficamos em um hotel na beira da rodovia, o Lihuel Calel, razoável apenas. Em frente havia uma parrilla, onde jantamos um assado acompanhado de um bom vinho.

LuizPR
20/10/2022, 17:49
Na Ruta 40, subindo para Bariloche


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LuizPR
25/10/2022, 17:10
Dia 29/06

Planejamos rodar bastante neste dia, também, chegando em Paysandu, Uruguai. A viagem foi sem sustos, nada a comentar. Paramos em Chivilcoy para comprar cervejas artesanais e seguimos em frente.

Chegamos na fronteira da Argentina com o Uruguai já com todo o combustível reserva colocado nos tanques. Paramos para abastecer no mesmo Shell na entrada de Colón. Desta vez venderam apenas 35 litros de diesel para cada viatura. Tem muita gente que vai do Uruguai para a Argentina para encher o tanque de diesel e depois volta para revender o combustível no Uruguai. Muitos postos próximos à fronteira limitam a quantidade que vendem para veículos com placa estrangeira. Outros cobram preço diferenciado, mais alto.

Verificamos que os poucos hotéis em Paysandu tinham preço bem mais altos que os de Colón, na Argentina. Escolhemos um nesta cidade (Hotel Palmar) então e nos dirigimos para lá. Era caro e razoável, apenas.

Deixamos os veículos e as tralhas no hotel e fomos caminhando até o centro de Colón, que nos surpreendeu. Quando se entra em Colón a impressão que se tem da cidade não é nada boa, mas o centro faz com que se mude de opinião. Lá havia vários bares, restaurantes e lojas muito bem decorados e com muita gente os frequentando. Esta parte da cidade tem aquele ar colonial espanhol. É bonita.

Jantamos e fomos descansar. Neste dia havíamos rodado 850 km.

Dia 30/06

Mais uma vez deixamos o hotel cedo. Nos dirigimos para a fronteira para fazermos os procedimentos de imigração, saindo da Argentina e entrando no Uruguai.

Novamente fizemos declarações juradas e mostramos os documentos, tudo normal. Fizeram uma rápida verificação nas bagagens, bem superficial e nos liberaram. Trazíamos alguns produtos que não poderiam ser transportados para o Uruguai, como algumas frutas e queijos, mas não perceberam e passamos com tudo o que havia nos veículos.

Tocamos direto até Rivera para passar na última imigração, o que também foi feito sem burocracia. Fizemos algumas compras no ótimo free shop do Siñeris, comemos um choripan e dividimos o grupo.

O 110 iria tocar mais rápido até Curitiba neste restante de dia por conta de compromissos profissionais. Já o 90 viria em um ritmo mais lento até Tremembé. Nos despedimos, abastecemos em Santana do Livramento e às 13:00 h estávamos na estrada.

O 110 tocou direto até Curitiba com apenas uma parada para abastecer perto de Erechim. Foram 1.100 km em 13 horas. Estradas horríveis, uma vergonha as rodovias federais de nosso país. Às 2:30 h da madrugada do dia seguinte chegou a seu destino.

O 90 parou este dia em Cruz Alta. Chegou em Curitiba na noite do dia 01/07 e em Tremembé no final do dia 02/07.

Com estes últimos deslocamentos encerramos esta belíssima viagem.

LuizPR
25/10/2022, 17:12
Últimos dias de viagem



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DIEGO B.S.
26/10/2022, 14:34
Parabéns pelo detalhado relato Luiz, resumindo... muita estrada, muito vinho e de olho na temperatura da viatura hehehehe!

LuizPR
26/10/2022, 17:49
Parabéns pelo detalhado relato Luiz, resumindo... muita estrada, muito vinho e de olho na temperatura da viatura hehehehe!


Valeu, Diego.

Além de muita estrada, muito vinho e o olho na temperatura vimos paisagens únicas, uma maravilha. Aproveitamos tudo o que a Carretera nos proporcionou. Vou postar mais fotos oportunamente.

Quem tem disposição e pode fazer viagem como esta não se arrepende.

LuizPR
26/12/2022, 15:43
Faltaram fotos do Salto Perez. Não são as melhores imagens pois a luz já estava baixa no horário em que estivemos lá. Mas dá para ver a névoa que congelou sobre os galhos, pedras e piso. Uma maravilha.

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