Ver Versão Completa : Toyota Hilux CD 1995
1. Motivação e Histórico
Saudaçõees a todos! Meu nome é Eduardo. Escrevo de Bauru-SP.
Sou produtor rural e moro em minha propriedade no município de Pederneiras-SP. A menor distância de terra a percorrer, é de 10 km, que percorro quase diariamente. Durante alguns anos, utilizei uma VW Amarok 4x2, que dava conta do recado. O único problema era a cada um ano e meio, ter de restaurar toda a dianteira. Estrada de terra, por melhor que seja, em utilização diária, é a pior agressão que um veículo pode sofrer.
Com freqüência, também percorro a propriedade internamente, tendo de andar através de áreas de pasto, atravessar rios e charcos e outros caminhos "agradáveis"...
A simples troca da Amarok por outra 4x4, pouco resolveria. Minha necessidade era de um veículo que passasse por cima dos problemas. Um dia, andando pela cidade, vi uma Toyota Hilux com eixo rígido na dianteira e suspensão de molas semi-elípticas nas quatro rodas... Nada conhecia sobre modelos Toyota e fui me informar. Descobri que tinha uma janela muito apertada pra passar. Tratava-se do modelo importado do Japão, o que situava o carro entre os anos de 1992 e 1995... Poucas foram importadas e quem tem não vende, foi o que me informaram.
Aí começou a procura... Iniciei tentando comprar uma cabine simples, que seria mais útil para o trabalho. Fui obrigado a desistir... Se tinha poucas desses anos, cabine simples tinha menos ainda...
Foram várias as tentativas... Descobri também que elas eram pouco abundantes no Estado de São Paulo, o que já estava me levando a procurar em outros estados. Até que apareceu uma a 100 km daqui... Fui ver, gostei e apalavrei o negócio na hora. Dois dias depois, fui buscar.
Situação: Lataria bem comprometida. Motor e transmissão super saudáveis. Turbocompressor adaptado. Suspensão levantada com algemas (jumelos) longas e pneus aro 16" com 32" de diâmetro montado. Único acessório: Guincho elétrico, um velho, barulhento, pesado e super confiável Envemo com cabo de aço.
Originalmente, ela vivia em Brusque-SC, depois veio para Marília-SP. Tava na hora de virar bauruense...
Bastante coisa já foi feita nela. Vou gradativamente alimentando este tópico com mais informações.
2. Lataria
Estava extremamente comprometida. Nenhum funileiro queria pegar o serviço... Depois de uma longa busca, encontrei uma Hilux baixada e sucateada. Era um modelo com a famosa "frente argentina"... Para manter a originalidade, utilizei o capô da minha lataria, que era uma das poucas partes que estava em ordem. A caçamba original foi mantida, pois era do tipo "com dentes" e a caçamba da doadora era do tipo lisa. Trocadas as latarias, chegou a hora de mandar pro funileiro dar os retoques necessários. Como a cor não coincidia com o documento, optei por envelopar ao invés de pintar. A cor licenciada, não podia ser melhor... CINZA... Isso daria dúzias de opções de padrões para escolher. Fechei com um cinza grafite fosco texturizado.
Quando comprei, ela estava equipada com um horrendo para-choque traseiro de tubos. Aproveitei a oportunidade e substituí por um original cromado. Como o para-choque de tubo incorporava um engate para reboque, foi colocado um engate com ponteira removível.
O snorkel que equipava a picape, era feito em tubo de aço de secção cilíndrica. Foi substituído por um snorkel de fibra de vidro.
Faróis, lanternas e grade também foram substituídos nessa etapa.
Quase esqueci!!! Além da suspensão, já levantada, aproveitamos o trabalho de lataria e fizemos um body-lift de 2". O aumento de altura, levou à adaptação de um estribo feito sob medida pra ela...
3. Elétrica
O primeiro passo, foi remover toda e qualquer instalação que não fosse original. Muitas adaptações e gambiarras são feitas ao longo dos anos e os fios vão sendo deixados pra trás sem uso. A quantidade removida foi impressionante...
Quando o guincho elétrico foi adaptado, foi necessário colocar uma bateria de maior capacidade. Maior capacidade, maior tamanho. Como a bateria maior invadia a área onde fica o compressor do ar condicionado, fizeram a opção de remover o ar condicionado... Sabem como é... A unha tá encravada? Amputa o dedão... Como eu pretendia re-instalar o ar condicionado, criamos um suporte para bateria entre as longarinas do chassi logo à frente do eixo traseiro. Para compensar a distância, a cablagem da bateria para o motor de partida e para o guincho elétrico, foi substituída e passamos a adotar um calibre maior, com cabos de 50 mm2 de secção. A bateria que já estava cansada, foi substituída por uma nova de capacidade ainda maior, uma bateria de trator com 100 Ah de capacidade.
À excessão do farol, todas as lâmpadas foram substituídas para LED. Um farol de led slim foi colocado no teto, logo após a guarnição do para-brisas.
Também instalei um farol de led na traseira, em paralelo com a luz de ré. Parece desnecessário, mas no mato faz uma falta maluca...
4. Rodas & Pneus
Ela veio equipada com pneus ressolados de aro 16". Como a transmissão dela é bastante reduzida, em rodovia a velocidade era deficiente e o motor sempre girava alto. Aumentando o diâmetro efetivo dos pneus, eu alongaria a relação por tabela. Optei então por pneus 35"x12.5". O problema maior é que tais pneus não estão disponíveis para aro 16". Ao invés das pesadas rodas de aço modificadas em offset, optei por comprar um set de rodas de liga leve de 15".
As rodas são Vitoria e os pneus Falken.
Essa modificação penalizou a precisão do velocímetro. As medidas precisam ser aumentadas em 20% para espelharem o real. Em viagens, utilizo um aplicativo de velocímetro por GPS, caso contrário é excesso de velocidade na certa.
Em rodovia plana, a 3000 rpm, atinjo a velocidade de 130 km/h medida pelo GPS.
5. Suspensão
Aparentemente, pouca coisa precisa ser feita numa suspensão de molas semi-elípticas... De início, apenas substituí as buchas de borracha que estavam bem gastas. Mas a suspensão dianteira, me parecia extremamente dura... Ao avistar uma japa estacionada, fui xeretar... Achei que a mola dianteira era mais fina... Descobri que a mola original, era composta de 5 lâminas. A minha estava com 6... Mandei pro moleiro e retiramos a lâmina adicional que foi enxertada. Melhorou bastante e ao contrário do que pudesse parecer, não comprometeu nem altura, nem resistência.
Mas chegou a hora dos amortecedores... Percebemos que os amortecedores dianteiros, estavam curtos demais para o serviço. Numa estilingada de suspensão retornando, o amortecedor esticou até o máximo e arrancou o suporte superior... Algo precisava ser feito...
Desconectamos os quatro amortecedores e levantamos o carro no elevador. Dessa forma, tivemos a medida máxima de abertura de cada amortecedor. Pousando novamente no chão, medimos novamente e descontamos a distância até os batentes de borracha, obtendo dessa forma a medida mínima de cada amortecedor.
Dedidimos ainda, substituir os suportes superiores dos amortecedores dianteiros que eram parafusados. Decidimos por amortecedores acoplados por OLHAL tanto em cima quanto embaixo.
Lendo o catálogo da Monroe, que especifica os dimensionais dos amortecedores, cheguei a algumas poucas opções...
Resultado final:
Dianteira: Amortecedores originais dianteiros do caminhão Mercedes Benz 1111
Traseira: Amortecedores originais dianteiros do caminhão Mercedes Benz 1113
Além da robustez, por serem amortecedores originais da linha Mercedes Benz são muito fáceis de se encontrar no comércio.
6. Freios
Chegou a hora deles... Os tambores traseiros, além de já terem sofrido várias retíficas, estavam ovalizados. Os discos dianteiros também estavam finos de retífica e tinham de ser substituídos. As pinças de freio dianteiras, vazavam muito, o que acabava com a eficiência dos freios.
6.1. Dianteira: Trocar disco é fácil... O problema estava nas pinças. A Hilux utiliza pinças fixas (não flutuantes), com cilindros duplos. Enquanto muitos sistemas trabalham com apenas um cilindro de pressão por roda, a Hilux tem QUATRO cilindros em cada roda. Pra complicar, o diâmetro dos cilindros é 43 mm, o que dificulta bastante achar os reparos. Comprei pelo Mercado Livre e vieram em medida errada... Devolver foi fácil, duro era o tempo que isso leva... Acabei encontrando reparos de 43 mm em uma loja especializada em peças para vans. 43 mm é a medida que as vans asiáticas (Besta e Topic) utilizam.
6.2. Traseira: Minha picape não tinha freio de estacionamento funcional. O sistema original da Hilux é de puxador tipo "saca-rolha", instalado sob o painel de instrumentos, o que complica ainda mais as coisas... Aí veio a idéia maluca... Comprei discos e pinças do Troller. As pinças do Troller permitem acionamento mecânico para estacionamento. Feita a adaptação, tivemos ainda de modificar o sistema de acionamento do freio de estacionamento. Ganhou uma alavanca de chão montada no túnel do assoalho entre os bancos dianteiros.
Resumo da ópera... Os freios que eram do tipo pode-ser-que-pare, agora estão funcionando com altíssima eficiência. Mais uma etapa cumprida.
7. Transmissão
Muito pouco precisou ser feito aqui. Troca de kit de embreagem, substituição de retentores para eliminar vazamentos, substituição das rodas-livres, substituição dos rolamentos do munhão, restauração do trambulador e cardan dianteiro novo, que passou a contar com junta universal dupla.
A caixa de direção talvez merecesse um item exclusivo, mas não precisa alongar o assunto. Vazava muito e foi restaurada. Coisa simples...
8. Motor
Pra não dizer que não foi feito nada, restaurei radidador que tinha vazamentos, troquei o turbo compressor que vazava óleo pra dentro e substituí a bomba d'água. Não há exagero quando dizem que o motor Toyota é à prova de bala...
Tem um luxo aqui... A partir da substituição do turbo compressor, estou utilizando lubrificante especificação API CK-4 multiviscoso 15W-40. Atualmente, só Petrobras e Mobil têm essa especificação. Utilizo o Lubrax Top Turbo Pro da Petrobras.
9. Guincho Elétrico
Apesar de parrudo, acabou chegando a hora de restauro... O motor elétrico foi revisado com substituição de rolamentos, o circuito de proteção contra acionamento acidental foi modificado e o cabo de aço que já estava bem desfiado foi substituído por uma corda de kevlar.
578334
A 2000 m de altitude em Monte Verde - MG
Supercharger
10/02/2022, 17:23
7. Transmissão
Muito pouco precisou ser feito aqui.
Uai, até que foi bastante coisa!
Parabéns pelo empenho!
Então... Se você atentar, a maior parte dos serviços em transmissão, foi substituição de itens de desgaste. Pode até ser considerado manutenção rotineira. E não foi tudo feito de uma vez...
578358 578359578360578361
578362578363578364578365578366578367578368
Atualizações
Já faz algum tempo desde que abri o tópico... Algumas atualizações foram feitas...
1. Refrigeração: O velho radiador, precisou enfim ser substituído. Comprei um novo e também troquei o defletor que estava totalmente rachado. Percebi também, que a hélice com acoplamento viscoso, estava totalmente insuficiente para manter a boa refrigeração e o bom funcionamento do ar condicionado. Removemos a hélice e instalamos uma ventoinha elétrica. Foi colocado um modelo utilizado em veículos Peugeot que é um dos mais fortes disponíveis no mercado. A ventoinha tem agora, TRÊS modalidades de acionamento, AUTOMÁTICA pelo sensor de temperatura (a.k.a. CEBOLÃO), através do acionamento do ar condicionado (independente da temperatura que a água esteja) e MANUAL... Instalamos para essa terceira modalidade, uma "chave de caça" que aciona a ventoninha sobrepujando os dois primeiros sistemas. Bastante útil em trilhas.
2. Body-Lifts: Haviam sido feitos com tubos de aço. A lataria recebia toda a vibração portanto. Construímos novos lifts, em POLIURETANO. As vibrações são melhor dispersadas, o que diminuiu consideravelmente o ruído interno.
3. Elétrica: Apesar de ter instalado uma bateria de 100 Ah, o velho alternador de 50 A não estava mais dando conta. Uma viagem com ar condicionado ligado, comprometia seriamente a recarga da bateria. O alternador foi então substituído por um novo de 120 A. A dificuldade, ficou por conta de encontrar um alternador que servisse no suporte do motor, que tivesse polia dupla (a Hilux usa duas correias) e também tivesse a bomba de vácuo no prolongamento do eixo. Encontramos! Problemas elétricos resolvidos.
Impressão 3D
Dia desses, o botão da manivela do vidro saiu na minha mão... Das quatro garras internas, duas haviam quebrado. Consegui na revenda Toyota, comprar as quatro últimas manivelas originais que tinha lá. Mas como estou pensando em trocar o estofamento, quero fazer os painéis de forração das portas com o mesmo material. Se usar as manivelas novas, quando chegar a hora dos painéis as manivelas estarão velhas...
Aí resolvi imprimir em 3D novos botões. Desenhei no FreeCAD e gerei os arquivos GCODE para a impressão. Deu certo!!! Quem quiser/precisar, me mande o endereço de email que eu envio o arquivo com as instruções e impressão. Imprimi com e sem a logomarca da Toyota em baixo relevo. Fica a gosto do freguês...
Disponível também no Printables: Printables (https://www.printables.com/model/406245-toyota-hilux-1995-window-crank-knob)
580210580211
marceelotr
03/09/2023, 16:45
caramba muita coisa! o motor continua original? estou pensando ano q vem comprar uma e começar um projeto, muita informação bacana que você disponibilizou
Powered by vBulletin™ Version 4.2.5 Copyright © 2025 vBulletin Solutions, Inc. All rights reserved.