Ver Versão Completa : Carretera Austral, El Chaltén, El Calafate, Torres del Paine e Ushuaia - Janeiro 19
Boa tarde. Já foram feitos vários relatos neste fórum referentes a viagens a Ushuaia, todos eles úteis para quem planeja fazer esta bela expedição. Uma dica retirada de um texto, uma indicação de hospedagem, de campings ou pontos de interesse ajudam muito. Quando fiz o planejamento de minha viagem inspirei-me nas experiências narradas por vários amigos, e isto foi determinante para o sucesso da expedição.
Apesar de haver muitos textos e sabendo que há o risco de ser repetitivo coloco aqui o meu relato de viagem a Ushuaia, que fiz passando pela Carretera Austral, El Chaltén, El Calafate e Torres del Paine, além de um extra relâmpago pela Península Valdez. Pode ajudar alguém em seu planejamento.
A viagem foi realizada por um grupo de 7 pessoas em dois Land Rover Defender no mês de Janeiro de 2019. Uma viatura, um 90, saiu de São Paulo e encontrou a segunda viatura, um 110, em Curitiba, formando o grupo. Quatro dos sete participantes (2 mulheres e 2 garotos) foram de avião até El Calafate e de lá seguiram com o grupo até Ushuaia. Desta cidade retornaram ao Brasil também por avião.
Foram percorridos 13.100 km (contando Curitiba como ponto de saída e de chegada) em 24 dias. O ideal seria ter ao menos uma semana a mais para podermos explorar melhor a Carretera Austral e El Chaltén, mas agendas de trabalho impuseram este número de dias. Ainda pretendo voltar à Carretera e a El Chaltén. A Patagônia é tão linda que se alguém viajar por ela uma dúzia de vezes sempre verá e conhecerá algo novo, deslumbrante.
Primeiro dia – 3/1 quinta-feira
Na noite do dia 2/1 os amigos chegaram em minha casa trazendo com eles um probleminha na viatura: um vazamento de óleo no diferencial dianteiro. Como eles haviam me avisado da ocorrência eu já tinha agendado parada na oficina aqui de Curitiba na manhã seguinte para verificação e correção. As 7:45 h estávamos lá e contamos com a boa vontade do pessoal, que chegou antes do horário normal para nos atender. O vazamento era no retentor, coisa simples que em uma hora foi resolvida.
Saímos da oficina pouco antes das 9:00 h, paramos para abastecer os carros e duas jerry can (uma deles estava vazando pela tampa, falha de preparação) na saída de Curitiba e pegamos a estrada. Iniciamos a viagem 2 horas mais tarde que o planejado, mas isto não foi problema.
Descemos a 116 até Santa Cecília, deixamos esta rodovia e seguimos para Passo Fundo por vias estaduais enfrentando pouco movimento. Fizemos apenas uma parada para abastecer e outra para um sanduíche frio a fim de economizarmos tempo e recuperarmos parte do atraso da saída.
Chegamos no início da noite em Santa Maria, abastecemos novamente e encaramos mais um sanduíche frio. De lá seguimos até Rosário do Sul, primeira parada da viagem.
Segundo dia – 4/1 sexta-feira
Às 7:00 h saímos em direção à fronteira Brasil-Uruguai. Decidimos não entrar na Argentina por Uruguaiana, como fizemos em 2013 em outra viagem ao Chile, a fim de transitar o mínimo possível pela província de Entre Ríos, onde as mordidas da polícia camiñera são famosas.
Chegamos em Santana do Livramento às 8:00 h e pedi para pararmos em uma loja de material de construção. O vazamento de diesel em um dos galões que eu levava no porta-malas estava impregnando as bagagens de combustível e espalhando um cheiro insuportável pelo interior da viatura. Enlonei os galões e com isto minimizei o problema. Tenho um suporte para levar as jerry can´s no lado externo da viatura, mas por não querer ter o risco de roubarem combustível ou mesmo os galões decidi levá-los no porta malas. Bobagem. Deveria ter usado o suporte para transportar o combustível fora do carro.
Abastecemos ainda no Brasil e fomos fazer os procedimentos de imigração em um shopping já no lado uruguaio. Não há fronteira clara entre os dois países. Uma rua divide as cidades de Santana do Livramento e Rivera. A circulação é livre do Brasil para o Uruguai e vice-versa. Carimbamos os passaportes e seguimos viagem. Não há necessidade de fazer-se nenhum procedimento especial para circular com os veículos no Uruguai. Claro que temos que ter a documentação em ordem, a carta verde e ter o veículo em nome de um dos viajantes ou uma autorização formal para que um dos viajantes entre com o veículo no país. O mesmo vale para a Argentina.
Mais um lanche frio em Rivera e seguimos em frente. No bar onde comemos trocamos alguns Reais por pesos uruguaios para pagarmos os dois pedágios que teríamos pela frente, mas depois vimos que isto não era necessário. Aceitam nossa moeda nestes pedágios.
Passamos por Tacuarembó e chegamos em Paysandú para cruzar a fronteira com a Argentina. Há um pequeno free shop neste posto fronteiriço e lá compramos alguns charutos para conseguirmos pesos argentinos, pois para cruzar a ponte sobre o rio Uruguai até Colón há um pedágio e neste só aceitam moeda uruguaia ou argentina. Fizemos os procedimentos de aduana e entramos na terra dos hermanos.
Paramos para abastecer e comer mais um sanduíche frio na saída da cidade fronteiriça de Colón. Decidimos voltar ao centro para trocar dinheiro, mas é hábito na região fazer-se a siesta, justificável pelo calor nesta época do ano. Estava tudo fechado. Só conseguiríamos fazer o câmbio após as 17:00 h. Seguimos viagem, então, com o que tínhamos de moeda argentina nos bolsos. A preocupação era com os pedágios, mas tínhamos o suficiente para esta despesa.
Sobre o dinheiro: sugiro sair do Brasil com uma pequena quantia em moedas dos países por onde se passará. Nem sempre será possível fazer câmbio já na entrada de um país. É provável que pagar algumas despesas só seja possível com moeda local (pedágios na Argentina, por exemplo) e cartões de crédito podem não ser aceitos em cidades mais remotas. Eu levei cerca de R$ 500,00 em pesos argentinos e em pesos chilenos, que foram suficientes para os primeiros gastos nestes países. Quando se chega a cidades maiores, troca-se Reais ou Dólares sem dificuldade e com boas taxas.
Pegamos a Ruta 14, pista dupla em bom estado, e fomos em direção à província de Buenos Aires. Passamos por alguns pedágios, alguns carros da polícia camiñera sem sermos incomodados (eles ficam sob os viadutos para fugir do calor, fica fácil saber onde estarão) e chegamos próximos à capital federal. O trânsito aumenta e as condições das rodovias são bem piores à medida em que vamos nos aproximando das cidades que formam a grande Buenos Aires.
Dormimos esta noite em Chilvicoy, depois de tomarmos uma boa cerveja artesanal na entrada da cidade e jantarmos costela, rins e chinchulín em uma churrascaria indicada pelo pessoal do hotel. Trocamos dólares por pesos argentinos com o dono do hotel por uma taxa aceitável.
Hospedagem nestes dois primeiros dias:
Rosário do Sul: Hotel Areias Brancas; muito bom se ficar na ala nova; R$ 130,00 apartamento duplo.
Chilvicoy: Hotel Mitre; bem meia boca, mas não sei se há algo melhor; US$ 45,00 o duplo.
Terceiro dia – 5/1 sábado
Neste dia começou a parte mais legal da viagem, passando por regiões diferentes já anunciando a Patagônia. Saímos de Chilvicoy pela Ruta 5 após abastecermos as viaturas e fomos em direção a Santa Rosa, capital da província de La Pampa.
Chegamos na hora de almoçar. Abastecemos e perguntei em um pequeno armazém onde poderíamos comer uma boa carne. Nos indicaram o restaurante do Clube Rural. Muito bom, ótimo serviço, bife de chorizo de primeira. Apesar de ser sábado estávamos nós e um casal no restaurante, somente. Como cortesia serviram uma pequena entrada: escabeche de miolos de boi. Delicioso.
Nesta cidade vimos a primeira fila em posto de combustível. Chama um pouco a atenção. Encontramos diesel em todos os lugares por onde passamos, mas em alguns deles havia fila, outros não. Poucos postos? Preços diferentes entre eles? Sei lá.
Após almoçarmos pegamos a Ruta 35 direto para o Sul. Um pouco antes de sairmos para General Acha vimos no horizonte uma enorme tempestade. A polícia camiñera estava desviando o trânsito da 35 para a Provincial 152, que era nossa estrada, pois a tempestade era realmente assustadora.
Passamos pela entrada de General Acha e logo depois fomos pegos pela tempestade. Muito granizo (pedras pequenas, felizmente) e visibilidade zero. A quantidade de água que caía era muito grande. A chuva forte durou uns 10 minutos mais ou menos, mas pareceu uma eternidade.
Desta vez decidimos ir até a região de Neuquén por General Roca, uma vez que iríamos dormir em um ACA em Cipoletti, e não pela Ruta 20, caminho clássico que fizemos em 2013. Após passarmos pela tempestade a viagem foi tranquila, já desfrutando das paisagens do deserto de La Pampa que anunciam a chegada à Patagônia.
Em Cipoletti comemos uma boa pizza e fomos descansar. Os ACA estão espalhados pela Argentina e são uma ótima opção de hospedagem. Recomendo.
Algumas fotos
A caminho da tempestade
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As retas intermináveis da província de La Pampa
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Não consegui configurar corretamente uma das fotos, me desculpem.
diogofalcomer
02/10/2019, 15:29
Relato bacana! esperando os próximos!
Quarto dia – 6/1 domingo
Dia de passar por Bariloche para almoçar e comprar itens básicos em supermercado. Saímos cedo de Cipoletti e pegamos a bela estrada que liga Neuquén a Bariloche. Relembramos as paisagens que havíamos visto há 6 anos, paramos em Piedra del Aguila novamente para um café e fomos almoçar já na cidade turística mais famosa da Argentina no mesmo restaurante onde almoçamos em 2013. Comemos truta, estava muito boa.
Uma parada no Carrefour para comprar vinhos, bolachas e mais alguns itens de primeira necessidade, queijo entre eles, e seguimos pela Ruta 40 para Esquel, onde dormiríamos em um hostel. A viagem é muito bonita. Lagos, montanha e florestas intercaladas por campos formam um lindo pano de fundo. À medida em que vamos descendo rumo Sul o movimento nas rodovias vai diminuindo, permitindo ao viajante desfrutar das belas paisagens da região.
O quarto dia da viagem é o dia em que começamos a ver e sentir o que estas expedições ao extremo de nosso continente nos reservam. É quando a Patagônia começa a se mostrar com seu clima, com as grandes distâncias, o cheiro de lenha queimando (mesmo no verão faz muito frio à noite), os guanacos e outros animais como lebres e tatus aparecem... enfim, quando a Patagônia se revela em toda a sua beleza.
Chegamos em Esquel no final do dia. Fomos a nosso hostel e aproveitei para lavar o porta-malas do Defender do diesel derramado. Já havia tirado o combustível da jerry can que estava vazando e transferido para outro galão plástico que levei com água. Ajeitei tudo e embalei os galões, minimizando o desconforto e a insegurança de ter diesel escorrendo pelo interior da viatura.
Fomos jantar em uma hamburgueria indicada pela dona do hostel, mas ela estava lotada. Poucos metros adiante, na própria avenida principal achamos uma cerveceria chamada Otto. Lá comemos um bom sanduíche e tomamos uma ótima cerveja artesanal.
Falando sobre cervejas: como tem artesanais por aquelas bandas. À beira da estrada, no meio do nada lá estava a placa “cerveza artesanal”. Vimos várias, tanto na Argentina como no Chile. Todas que tomamos eram muito boas.
Rio Limay, antes de Bariloche
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Entre Bariloche e Esquel
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Esquel é uma Bariloche de 30, 40 anos atrás, sem a beleza do lago. No verão é frequentada por muitos jovens que vão atrás de atividades como rafting, trekking por geleiras e vulcões etc. No inverno é o esqui que atrai o pessoal. Cidade limpa, organizada e agradável, é um ótimo ponto de parada por um ou dois dias.
Hospedagem: Bendita Patagonia Hostel; é hostel, banheiro compartilhado, muito limpo e organizado; US$ 38,00 o single e US$ 56,00 o duplo; localizado na parte alta da cidade, é bem tranquilo. Para quem gosta de hosteis é muito bom.
Por ser um destino bem concorrido hotéis em Esquel são um pouco mais caros que a média.
Quinto dia – 7/1 - segunda-feira
Saímos cedo de Esquel para abastecer em Trevelin. O diesel é mais barato nesta região da Argentina que no Chile, portanto aproveitamos para reduzir um pouco o custo da viagem.
De Trevelin fomos a Futaleufu, já no Chile. As aduanas argentina e chilena não são juntas nesta rota, mas são tranquilas, pouco movimento.
Esta parte da viagem é pelo vale do rio Futaleufu. É tudo muito legal, desde os campos antes de chegarmos na cordilheira, ainda na Argentina, como depois da fronteira, acompanhando o rio. Ao entrar no Chile já estamos sujeitos às chuvas que caem no lado ocidental dos Andes, o que deixa tudo mais bonito para quem gosta do clima típico da região.
Passamos reto por Futaleufu. Nosso objetivo era almoçar em Puyuhuapi. Margeamos o lago Yelcho, onde pescamos por 5 dias em 2013 e em Villa Santa Lucia pegamos a Carretera Austral rumo Sul.
O dia estava chuvoso, mesmo assim conseguimos viver as belas paisagens desta parte da Patagônia Norte. A Ruta 7 está asfaltada até Puyuhuapi e em ótimas condições para trafegar-se. Não tem mais o charme do rípio, mas tem segurança.
Acompanhamos o Rio Frio até a junção deste com o Rio Palena parando para fotos sempre que avistávamos algo interessante. E isto acontece com muita frequência por ali.
Perto do meio-dia chegamos em Puyuhuapi. Ali há vários restaurantes, a maior parte deles junto às casas dos moradores. Escolhemos um ao acaso e comemos um ótimo salmão grelhado acompanhado pelo pão típico da região e batatas cozidas.
Fizemos mais algumas compras em um mercado local (vinho, principalmente, a preços muito bons para nós, brasileiros) e seguimos viagem. Nosso destino era Villa Manihuales, onde ficaríamos por duas noites em uma cabana fora da cidade, às margens do rio de mesmo nome.
Saindo de Puyuhuapi a Carretera Austral tem muitos trechos sem asfalto. Paramos no Parque Nacional Queulat para conhecer o famoso Ventisquero Colgante. Apesar do mau tempo valeu a parada. Não fizemos a trilha longa até perto do Ventisquero nem foi possível fazer a navegação até o final do lago devido à chuva e aos ventos, mas o que conseguimos ver foi maravilhoso.
Continuamos pela Ruta 7 debaixo de muita água, ainda no rípio. Subimos e descemos serras, acompanhamos rios e vimos densas florestas ao longo do caminho. Após a saída para Puerto Cisnes a estrada ganha asfalto novamente. O tempo deu sinal que iria melhorar, mas foi só um sinal. Chegando em Villa Amengual a chuva apertou ainda mais e neve começou a cair no topo das montanhas.
Em Villa Manihuales paramos para abastecer e tomar um café quente. A temperatura ali estava abaixo dos 10 graus, mas a chuva e o vento davam sensação de mais frio. Seguimos adiante em busca de nossa cabana. Nos batemos um pouco mas chegamos lá.
A cabana onde nos hospedamos pertence ao Jaime, chileno que morou muitos anos no Brasil trabalhando em empresas de comunicação. Gente muito boa, amigo do Amyr Klink e outras celebridades. Nos brindou com boas histórias.
Acendemos a lareira, abrimos um vinho e acendi um charuto. Em nosso plano de viagem esta etapa era a primeira, de muito deslocamento, pouco descanso e praticamente sem aproveitar o que os locais por onde passamos tem de interessante. O tempo que tínhamos para a viagem impôs este ritmo. Nos preparamos então para um dia de pausa. Estava tudo correndo como previsto, podíamos relaxar.
Vale do rio Futaleufu, ainda na Argentina
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Rio Futaleufu, um pouco antes da fronteira Argentina/Chile
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Rio Futaleufu, já no Chile
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Rio Palena
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Ventisquero Colgante (o que foi possível ver dele)
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Beleza, Diogo. Quero ver se a cada dia acrescento mais um dia da viagem aqui.
Relato bacana! esperando os próximos!
Algumas informações sobre a região por onde passamos:
- o rio Futaleufu, segundo o pessoal de lá, é um dos melhores para a prática do rafting. Entre a cidade de Futaleufu e Villa Santa Lucia há um local para hospedar-se chamado Cara del Indio (INICIO | CARA DEL INDIO (http://www.caradelindio.cl)). Ficamos ali por uma noite em 2013 em cabanas confortáveis, bem completas, recomendamos. Eles organizam descidas pelo rio. Para nós prepararam um ótimo cordeiro patagônico para o jantar. É um bom local para parar.
- para quem gosta de pescar e quer organizar uma ótima pescaria aliada a uma expedição pesquise o Teo´s Lodge (Bienvenidos | TEO'S LODGE FLY FISHING - Lago Yelcho - Patagonia - Chile (http://www.teoslodge.cl)). É excelente. Boa comida, conforto, guias experientes e muito salmão e truta. A pesca do salmão é no arremesso (baiting), e as trutas normalmente com mosca. Chegando em Villa Santa Lucia pega-se a direção Norte até a ponte que cruza o rio Yelcho. Há outro lodge ali, mas o do Teobaldo é o top.
Mais fotos do dia 7/1
A caminho do Chile
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Tem todo tipo de viajante na Patagônia
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Pausa em Puerto Puyuhuapi
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Cabanas Chinook, Villa Manihuales ou Maniguales
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Sensacionais as narrativas e fotos.:palmas::palmas::palmas:
Amostardeiro
05/10/2019, 13:12
Que viagem, belas fotos, obrigado por compartilhar. :palmas: :palmas:
Abs
Valeu, pessoal.
A maior parte das fotos são de um dos companheiros de viagem, fotógrafo profissional, de primeira qualidade. Aliás, falando dos companheiros: sem grandes amizades fica mais difícil fazer uma viagem destas. Agradeço todos os dias a meus amigos.
Sexto dia – 8/1
Havíamos reservado este dia para pescar. Os rios chilenos são famosos pelas trutas e salmões.
Vendo fotos e vídeos antes da viagem julguei que seria fácil encontrar pontos para tentar pegar algum peixe, mesmo porque temos alguma experiência em pescar na Patagônia. Bobagem, me enganei. Deveríamos ter contratado um guia. Além de não ter acesso fácil o rio Manihuales estava muito cheio. Seu nível já deveria ter baixado, mas as chuvas tardias impediram que isto acontecesse. Achar bons pontos de pesca sem saber nada do rio fica complicado.
Na região onde estávamos há vários rios famosos pela boa pesca. Como não conhecíamos nada e não contratamos guia a pescaria foi um fiasco. Uma vez que a temporada do salmão ainda iria começar tínhamos a esperança de pegar ao menos uma truta. Nada. Se dependêssemos disto passaríamos fome.
Como a pesca foi um fracasso fomos à vila tomar um bom café e nos conectar com o Brasil em uma casa de chá. Há várias na cidade, creio que todas são boas. Aproveitamos para parar em outros pontos próximos ao rio para conhecer melhor a região.
À noite contratamos com o Jaime um jantar à base de cordeiro patagônico, preparado com muito capricho pela esposa dele. Abrimos um bom vinho e nos fartamos com o cordeiro em uma reunião muito agradável. O Jaime continuou a nos entreter com suas histórias, muitas delas sobre seus amigos famosos, alguns deles já tendo se hospedado na cabana onde estávamos.
Estas duas noites e o dia que passamos ali vieram em boa hora. Conseguimos nos recuperar dos 5 dias de estrada, quando percorremos mais de 4.000 km. Estávamos prontos para seguir viagem no dia seguinte.
Cordeiro muito bem preparado. Avisando antes o Jaime prepara.
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A cabana é bem confortável. Busca: cabanas Chinook, Villa Manihuales
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Sétimo dia – 9/1
Dia movimentado.
Nevou muito à noite no alto das montanhas que circundam o vale do Manihuales. A temperatura caiu ainda mais, para a faixa dos 5 graus, apesar de ser alto verão. Assim é a Patagônia.
Saímos cedo da cabana após despedir-nos e agradecermos ao Jaime pela hospitalidade. O povo chileno é muito legal, aberto e transparente, além de receber muito bem os turistas.
Seguimos pela Carretera Austral tendo como destino Puerto Rio Tranquilo. Queríamos conhecer as Capillas de Marmol (Capelas de Mármore) neste dia. O tempo estava aberto, com muito sol embora frio, próprio para este passeio.
Logo entramos no vale do rio Simpson. Mais uma região maravilhosa. Este rio é um dos destinos mais procurados por pescadores de trutas, principalmente americanos. Ali encontra-se hospedagem de R$ 50,00 a R$ 5.000,00 a diária. Estrada boa, asfaltada, viajamos sem contratempos até Cohiaique. Paramos para tomar um delicioso chocolate quente e trocarmos dinheiro. Nesta cidade é possível trocar-se tanto Dólares como Reais pela moeda local.
Subindo a Carretera Austral na direção de Cerro Castillo chegamos na linha da neve que havia caído na noite anterior. Brasileiro quando vê neve parece criança. Paramos para fotos, aproveitando que o sol estava brilhando com força neste dia.
Após Cerro Castillo pegamos rípio novamente. Passamos por mais lugares magníficos. Chegamos a Puerto Rio Tranquilo para almoçar, o que fizemos em um ótimo restaurante na avenida principal indicado pelo frentista do único Copec da cidade, onde havíamos parado para abastecer.
Após o almoço contratamos o passeio até as Capelas de Mármore. Em relatos de outros viajantes vi que haveria opções de menor custo se contratássemos este serviço fora da cidade, mas decidimos pegar uma das empresas ali no centrinho mesmo. São todas iguais e os preços entre elas são os mesmos.
Tivemos sorte de o dia estar bonito, com muito sol e pouco vento. Fizemos o tour pelas Capelas em pouco mais de uma hora. É um dos pontos altos da região, precisa ser conhecido.
Para quem tem mais tempo é possível contratar um passeio mais longo ou mesmo alugar caiaques para circular entre as formações.
Havíamos programado dormir esta noite em um local chamado Campo Alacaluf, distante 55 km de Puerto Rio Tranquilo, indo para o Oeste. Sairíamos da Carretera Austral para conhecer a região do Glaciar Exploradores, tentar pescar umas trutas e comer um cordeiro assado.
O Alacaluf é tocado por um casal de alemães que decidiram, após visitar o Chile alguns anos atrás, vender tudo o que tinham em seu país e achar um local onde pudessem ter uma vida mais selvagem, mais natural. No site deles (Bienvenido (http://www.campoalacaluf.com)) eles contam esta história, que vale a pena ser lida.
Infelizmente não foi possível irmos até lá. Em Outubro do 2018 fortes chuvas causaram um grande deslizamento de terra no caminho entre Puerto Rio Tranquilo e o Campo, a Ruta Provincial X-728. Este deslizamento represou o Rio Norte, que margeia a estrada, formando um grande lago. A ligação entre o Campo e a cidade estava sendo feita provisoriamente por uma balsa com capacidade restrita e com horários que não atendiam a nosso planejamento. Tivemos que desistir desta etapa da viagem, não sem um grande pesar.
Fomos então até Puerto Bertrand atrás de acomodação. Há muitas opções de pousadas e cabanas que não estão nos sites de reservas, não há dificuldade em se achar lugar para dormir se chegar-se a esta cidade sem nada programado. Conseguimos uma cabana com a dona de um pequeno armazém e nos acomodamos. À noite fomos à pizzaria da cidade onde comemos uma boa pizza e tomamos mais uma ótima cerveja artesanal.
Vale do rio Simpson
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Subindo para Cerro Castillo
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Cerro Castillo
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Regiões belíssimas na carretera Austral
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As Capelas de Mármore
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Mais belezas da Carretera
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Puerto Bertrand
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Luiz, na minha viagem a Ushuaia em janeiro deste ano optei por trafegar exclusivamente pelo asfalto, pois estava numa só viatura, apesar de ter colocado pneus AT.
Assim, deixei de seguir por trechos com rípio, alongando a viagem em alguns trechos, e voltando pelos caminhos que percorri na ida, o que é considerado um pecado capital em viagens longas.
Por isso pergunto: tiveram problemas com cortes de pneus?
Utilizaram pneus HT, AT ou MUD?:pipoca:
Bom dia, Glaicon.
Os dois Defender estavam com pneus AT BF Goodrich. O 110 teve um pneu estourado, inutilizado, e um outro com um corte lateral, que pode ser arrumado.
Principalmente entre Bajo Caracoles e Tres Lagos e entre El Calafate e Torres del Paine, os dois trechos na Ruta 40, o ripio estava em piores condições, com muita pedra cortante solta.
Como na prática tínhamos dois estepes não nos preocupamos em levar pneus extras, mas hoje eu levaria mais um, com certeza.
É o preço que se paga para irmos a locais mais remotos, mas vale.
Vi seu relato e se não estou enganado você estava com família. Acho que tomou a decisão correta. Ficar parado com crianças e dois pneus furados lá para aquelas bandas não deve ser legal.
Oitavo dia – 10/1
Logo cedo fomos atrás de café da manhã. A dona da cabana indicou uma hosteria próximo à praça central da cidade. Estava muito bom, com ovos, pães e tortas caseiros acompanhados de um gostoso café.
Saímos de Puerto Bertrand. Descemos um pouco a carretera até um ponto do Rio Baker e tentamos pescar. Nada de peixe, mas ficar fazendo arremessos em um fantástico rio tendo a seu lado picos nevados já é alguma coisa.
Ali encontramos um casal de brasileiros que estavam indo até o final da Ruta 7 e havia parado às margens da estrada para fazer um lanche. Conversamos um pouco, sempre é agradável conversar com o pessoal que está por aqueles lados, nos despedimos e iniciamos o trecho do dia. Nosso objetivo era ir em direção à Argentina passando ao lado do lago General Carrera, bela estrada, e dormir em Chile Chico.
Antes de deixar as vizinhanças de Puerto Bertrand paramos em um lodge às margens do Rio Baker (Green Baker Lodge) a fim de conhecer sua estrutura. Para quem quiser pescar, ficar em confortáveis chalés, comer boa comida esta região é uma ótima pedida. O Rio Baker é bem caudaloso, sendo formado pelo lago Bertrand que por sua vez é formado pelo deságue do Lago General Carrera. Mais abaixo ele é chamado Rio Cochrane, indo desembocar próximo à Caleta Tortel, no Pacífico, após acompanhar a Carretera Austral por vários quilômetros.
Deixamos Puerto Bertrand em direção a Chile Chico. Um pouco antes de chegarmos no lago General Carrera vimos às margens da estrada uma moça com roupa de ciclista ao lado de um carro onde estavam outra moça e um rapaz, este também ciclista. A primeira moça segurava um cartaz anunciando a venda de empanadas assadas. Apesar de termos encarado um bom café da manhã resolvemos parar.
A ciclista era colombiana e estava pedalando de Rio Gallegos até seu país, acompanhada por seu namorado. A segunda moça era uma amiga chilena que fazia empanadas e resolveu ajudar o casal a juntar dinheiro para a viagem. Compramos algumas empanadas, que eram deliciosas. Eu já conhecia e prefiro as empanadas chilenas, que são diferentes das argentinas, e estas compradas ali no meio do nada talvez tenham sido as melhores que já comi. Perfeitas, clássicas, com as 5 passas, uma azeitona, ovos, carne picada e não carne moída, massa assada no ponto certo. Maravilha.
Chegamos no lago e começamos a margeá-lo pela Ruta Provincial 265. Após passarmos por Puerto Guadal a estrada vai ficando cada vez mais bonita. É um belo passeio.
O dia foi gasto neste deslocamento. Chegamos no final da tarde em Chile Chico e hospedamo-nos em uma cabana bem nova, muito confortável. Fizemos um lanche à base de pão, queijo e embutidos regados por um bom vinho e fomos descansar.
Vendendo empanadas
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A caminho de Chile Chico
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Nono dia – 11/1
Deixamos a cabana logo cedo. O plano do dia era voltar para a Argentina e dormir em El Chaltén. O tempo que teríamos nesta bela vila seria mínimo, nem poderíamos aproveitar o que ela oferece aos turistas, mas decidimos fazer o desvio de 200 km só para fazer fotos com o Fitz Roy ao fundo.
No lado argentino da aduana eu tive a revista mais rigorosa na viatura, com cães farejadores e tudo mais. Foi tranquilo, só perdi um pouco de tempo. Enquanto aguardava o término da revista vi que o pneu traseiro direito estava um pouco baixo. Não me preocupei. Entendi que seria normal isto acontecer após rodarmos em rípio ruim. Só registrei o fato para conferir a pressão na próxima abastecida, que seria na cidade de Perito Moreno.
Logo após a aduana, em uma grande reta, o pneu que estava baixando estourou. Estourou mesmo, rompeu-se todo. Eu devia estar a 100 km/h, mas não tive dificuldade em controlar o Defender.
Parei para fazer a troca e logo meus companheiros chegaram, me auxiliando na operação. O pequeno macaco hidráulico que eles tinham foi uma mão na roda. É bem mais prático que o highlift do Defender, em situações normais. Um cara muito simpático que morava em frente onde eu estava parado veio gentilmente oferecer ajuda, que não foi necessária.
Seguimos viagem até Perito Moreno. Paramos para abastecer e perguntei onde havia uma loja onde poderia comprar um novo pneu. Nos indicaram uma borracharia, que encontramos após eu entrar na contramão em algumas ruas e receber elogios dos hermanos.
Nesta borracharia e loja de autopeças não tinham o pneu, e disseram que aro 16 nas medidas do Defender seria coisa rara ali. Ligaram para outras lojas e só encontraram, segundo eles, pneus usados. Falei que tudo bem pois eu precisava de um estepe, não um pneu para rodar.
Enquanto aguardávamos vimos outro Defender com placas do Brasil em um YPF um pouco à frente de onde estávamos. Um casal estava viajando nela, já regressando a Florianópolis, sua terra. Conversamos um pouco e ele nos disse que pegaríamos após Bajo Caracoles 72 km de rípio muito ruim. Estavam refazendo a estrada e as pedras estavam reviradas, com arestas cortantes para cima. Também reclamou do Defender dizendo que entrava muito pó no carro e que sua esposa estava incomodada com isto. Eu pensei, brincando comigo mesmo: este cara está com o carro errado ou com a mulher errada. Mas não disse nada.
Chegou uma caminhonete com alguns pneus bem usados e eu escolhi o menos ruim, que tinha só dois cortes remendados. Paguei 150 pesos, cerca de R$ 20,00 pelo pneu, o pessoal montou e lá fomos nós, com 3 horas de atraso.
Paramos em Bajo Caracoles para abastecer e procurar algo para comer. O restaurante/armazém/bar/boteco que fica ao lado das bombas estava muito cheio. Não quisemos aguardar sermos atendidos devido ao atraso que tivemos por conta do pneu estourado, nos contentaríamos com o que tínhamos nas viaturas.
Voltamos à Ruta 40. Após algum tempo chegamos no trecho de rípio ruim, que era ruim mesmo. Muita pedra solta, não tinha aquele trilho formado pelos veículos pois como o brasileiro havia nos dito a estrada estava em recuperação e não havia passado trânsito suficiente para formar o tal trilho. Cruzamos os 72 km com velocidade um pouco acima do que devíamos pela pressa de chegar em El Chaltén antes do anoitecer.
Não paramos em Tres Lagos para abastecer. O diesel que eu tinha era suficiente e ainda contávamos com 40 litros nos galões que eu transportava. Entretanto é recomendável completar os tanques tanto em Bajo Caracoles como em Tres Lagos.
Chegamos ao entroncamento que leva a El Chalten e seguimos em direção a esta cidade. Após alguns quilômetros fui avisado pelos amigos que eu estava sem a luz baixa acesa. Conferi a chave e ela estava na posição de ligada. Problema.
Paramos e tentamos ver se havia algum fusível queimado ou algo que pudéssemos ver e resolver. Nada, estava tudo certo na caixa principal de fusíveis. Eu não sabia que há outra caixa sob o banco do passageiro, mas mais tarde vi que ali também não havia nenhum problema.
Fomos em frente. Mais adiante perdi todos os indicadores do painel. Marcador de nível de combustível, de temperatura da água de arrefecimento, relógio, enfim, tudo parou. Fiquei preocupado e incomodado, mas não havia alternativa. Seguimos até El Chaltén, onde no dia seguinte procuraríamos alguém para resolver.
Neste dia havia nuvens encobrindo o Fitz Roy. Não tivemos a oportunidade de ver este majestoso pico, tão procurado por amantes de escaladas e de trekking de todos os cantos do mundo.
Chegamos à cidade. Achamos com facilidade nosso hostel e nos acomodamos. Ao lado havia uma churrascaria excelente, não muito barata. Comemos uma boa carne e tomamos mais uma ótima cerveja artesanal. Não tínhamos almoçado e a fome era grande. Valeu cada centavo.
De volta à Argentina
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Pneu estourou mesmo
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Enquanto aguardávamos vimos outro Defender com placas do Brasil em um YPF um pouco à frente de onde estávamos. Um casal estava viajando nela, já regressando a Florianópolis, sua terra. Conversamos um pouco e ele nos disse que pegaríamos após Bajo Caracoles 72 km de rípio muito ruim. Estavam refazendo a estrada e as pedras estavam reviradas, com arestas cortantes para cima. Também reclamou do Defender dizendo que entrava muito pó no carro e que sua esposa estava incomodada com isto. Eu pensei, brincando comigo mesmo: este cara está com o carro errado ou com a mulher errada. Mas não disse nada.
Era esta a Defender? O cara era um galego grisalho?
É de um colega meu, o Mattar.
Nos encontramos no hotel, em Ushuaia.
Pela tua observação, a escolha errada foi a mulher.:mrgreen:
Bom dia. Quase certeza que era esta viatura, sim, e o condutor era um galego grisalho, sim. Gente boa ele. Não quis ofender ninguém, mas quem vai para aqueles lados e em um Defender deve saber o que vai encontrar.
Era esta a Defender? O cara era um galego grisalho?
É de um colega meu, o Mattar.
Nos encontramos no hotel, em Ushuaia.
Pela tua observação, a escolha errada foi a mulher.:mrgreen:
O condor de Villa Manihuales
Um fato que não foi relatado e que aconteceu no quinto dia, 7/1, chegando em Villa Manihuales. Meu amigo Marcos, do 90, descreveu assim:
“Eu já estava na minha terceira viagem pelo Andes e nada de ver o tal condor. Já estava meio desconfiado que o bicho já não existia mais.
Um frio danado, chuva e o vidro da minha porta do meu 90 resolveu parar de funcionar (parou aberto), quando estávamos a uns 30 km do nosso destino na Villa Manihuales.
Em uma curva o condor apareceu! Mais que depressa encostei a viatura e ainda consegui vê-lo, por mais alguns instantes.
Bom, agora só falta ver o puma, de quem quero uma boa distância.”
Avistar um condor de perto não é fácil pelo jeito. Vimos alguns voando alto (achamos que eram condores, vai saber), mas de perto só este que o Marcos viu.
A Ruta 40 corta uma região desolada, mas belissima
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Abastecendo em Bajo Caracoles
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A caminho de El Chaltén
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Que relato bacana. Parece que estou numa imersão literária daquelas hiper empolgantes, que já ti instiga a virar a próxima página. Tenho muita vontade de fazer esta longa viagem. O carro já tenho, um T4 2017 só me faltam as boas companhias. Por ora vou curtindo as incríveis passagens dos amigos!!!
Vai valer cada km rodado.
Que relato bacana. Parece que estou numa imersão literária daquelas hiper empolgantes, que já ti instiga a virar a próxima página. Tenho muita vontade de fazer esta longa viagem. O carro já tenho, um T4 2017 só me faltam as boas companhias. Por ora vou curtindo as incríveis passagens dos amigos!!!
Em El Chaltén hospedamo-nos em um hostel chamado Nunataks, na avenida San Martin. Preço US$ 63,00 para uma ou para duas pessoas, com banheiro privativo. A churrascaria próxima ao hostel chama-se Parrilla la Oveja Negra. Muito boa.
Décimo dia – 12/1
Tomamos café no hostel e saímos em busca de uma auto elétrica. Nossa ideia, originalmente, era sair da pousada bem cedo e na parte da manhã ir até o final da Ruta 23. Havendo tempo e com o clima ajudando caminharíamos até o Mirador de Glaciares. Devido ao problema com o farol do 110 abortamos este que seria o único passeio em El Chaltén. Teremos que voltar lá algum dia, obrigatoriamente.
Ninguém conseguia nos apontar uma auto elétrica. Ficamos rodando seguindo indicação atrás de indicação. Liguei para o pessoal aqui no Brasil que faz a manutenção em meu carro e peguei algumas dicas. Seguimo-las e nada. Circulamos pela cidade atrás de oficinas, mas não encontramos. Desistimos.
Fizemos então belas fotos no mirante e na entrada da cidade, aproveitando que o tempo abriu. Testemunhamos: o Fitz Roy é maravilhoso.
Neste dia o grupo de nossa viagem seria completado por 2 esposas e 2 meninos de 10 e 11 anos. Eles chegariam em El Calafate às 16:00 h. Decidimos então abastecer e sair de El Chaltén, nos dirigindo àquela cidade onde teríamos mais chances de encontrar serviços de elétrica e um pneu para substituir o estepe em condições precaríssimas que eu havia comprado em Perito Moreno.
Fui seguindo meu companheiro, a fim de não levar multa por estar sem a luz baixa funcionando. Quando havia polícia eu puxava e segurava a chave de sinalização da luz alta, que ainda funcionava.
Em El Calafate nos hospedamos em duas boas cabanas bem na chegada da cidade. Ali perguntei sobre auto elétrica e pneus. O pessoal me indicou alguns lugares, mas onde fui só consegui mais indicações. Para complicar era sábado. Logo as oficinas e comércio começaram a fechar. Desisti da busca.
Às 16:00 h estávamos no aeroporto para receber os novos participantes. Voltamos às cabanas e de lá fomos a um restaurante comemorar o aniversário de um dos garotos.
A vila de El Chaltén é fantástica.
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Décimo primeiro dia – 13/1
Reservamos este dia para irmos ao glaciar Perito Moreno. Uma semana antes havíamos contratado o mini trecking pela geleira para a tarde deste dia.
Chegamos ao parque, que fica a uns 70 km de El Calafate, e dedicamos a manhã e início da tarde para caminhar pelas passarelas de onde se tem as vistas do maravilhoso glaciar Perito Moreno. O dia estava bonito, demos sorte. Este é um passeio fantástico. O glaciar impressiona, com seus mais de 70 metros de altura, suas cores e pelos picos nevados que o contornam. Inesquecível.
É possível navegar ou mesmo alugar caiaques para ir bem perto do paredão de gelo. Há muito o que fazer no parque. Deve-se reservar no mínimo um dia para conhecer as principais atrações. Dois dias é o ideal.
Fizemos um lanche estilo cada um leva o seu e fomos fazer a caminhada sobre a geleira. Optamos pelo mini trekking, tanto pelo tempo como pelo custo, que não é baixo.
Há só uma empresa que organiza este serviço, chamada Hielo y Aventura. É possível contratar pacote completo, incluindo o translado de El Calafate ao parque. As reservas e pagamento são feitos no site deles. É só buscar no Google.
O glaciar Perito Moreno caminha alguns metros por dia em direção a uma ponta de terra. Ali o gelo encontra solo firme, é “travado” e divide o lago Argentino em dois. Com o degelo e com o passar do tempo vai se formando um desnível entre estes dois pedaços do lago. Em 2018 este desnível estava em 18 metros quando o gelo que dividia o lago se rompeu, fazendo com que a água do lado esquerdo, que tem volume pequeno, fluísse em grande velocidade para o lado direito, que é a parte principal do lago. O espetáculo foi belíssimo, dá para ver um vídeo no YouTube. No canal por onde a água passou a correr em grande velocidade o paredão de gelo começou a desmoronar, o que é o que os turistas mais gostam de ver. Sorte de quem estava lá neste dia.
Pegamos um catamarã no píer da HyA para atravessar o canal do lado esquerdo do lago. Desembarcamos e após uma caminhada de uns 1.000 metros chegamos onde o pessoal da HyA nos dá algumas informações sobre o glaciar e coloca em nossos pés os grampões para andar sobre o gelo. Fizemos então uma breve caminhada já sobre a geleira. O guia parou e consultou o grupo para ver se havia alguém com medo ou dificuldade, e queria retornar à base. Todo o grupo decidiu seguir em frente e lá fomos.
É imperdível caminhar sobre a geleira. Eu pensava que a superfície dela seria em gelo liso, mas não, ela é formada por pequenas pedras de gelo parecendo cascalho, o que facilita tudo. Pessoas idosas e crianças pequenas podem fazer este passeio sem problemas.
No final da caminhada a empresa recebe os turistas para um brinde com whisky e gelo da própria geleira para os adultos e água com gelo para as crianças. É só figurativo, mas é legal.
Voltamos a nossas viaturas e retornamos a El Calafate. Eu ainda estava sem a luz baixa, mas o painel de instrumentos voltou a funcionar por si. Comemos em uma pizzaria, demos uma volta pela cidade e nos recolhemos.
Os garotos estavam uma alegria só. Legal ir colocando na meninada o espírito de viajante, quebrando um pouco a rotina das grandes cidades e mostrando a eles que há vida fora do shopping e do vídeo game.
Algumas fotos do Glaciar
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A passagem entre os dois braços do lago Argentino
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Trekking sobre a geleira
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A hospedagem em El Calafate foi em duas cabanas no Apart Don Felipe. São cabanas bem equipadas que acomodam com conforto até 4 pessoas, relativamente novas, com dois dormitórios. Ficam logo na entrada da cidade.
Décimo segundo dia – 14/1
Neste dia deixaríamos El Calafate com destino a Torres del Paine.
Acordei e já saí para comprar o pneu e achar uma auto elétrica para resolver o problema das luzes do Defender. Estava a caminho de uma zona da cidade onde me informaram haver várias oficinas quando cruzei com um outro Defender de um argentino. Segui-o e consegui alcançá-lo. Perguntei sobre um mecânico que conhecesse Defender e ele me passou um contato. Liguei várias vezes, mas a pessoa não atendia. Mandei mensagem por WhatsApp e fiquei aguardando resposta. Infelizmente nada, seria muito melhor contar com o serviço de alguém que conhecesse Defender. Fui atrás de outras oficinas, então.
Perguntei em alguns locais e me apontaram uma auto elétrica. Lá chegando tive que esperar o pessoal aparecer, pois a jornada de trabalho começa depois das 9:00 h. O dono chegou acompanhado de um ajudante. Expliquei a ele o que precisava, mas ele alegou estar muito ocupado. O que poderia fazer seria emprestar-me ferramentas. Pedi um multímetro e verifiquei (confirmei) que não havia problema com os fusíveis, já sabendo da caixa que há sob o banco do passageiro. Meu conhecimento parou aí.
Após ver que eu não conseguiria resolver o argentino decidiu me ajudar. Desmontou as tampas da coluna da direção e logo vimos que um conector da chave de luz estava queimado. Fez uma gambiarra e conseguiu deixar as luzes funcionando. Paguei 600 pesos a ele, uns R$ 100,00, e fui atrás do pneu. Encontrei um na medida que precisava, acho que o último do estoque da cidade. E comprei. R$ 1.200,00, fazer o quê.
Voltei ao chalé para pegar meus acompanhantes. Saímos sem almoçar, mais uma vez devido ao atraso gerado pela busca de reparo na viatura. Destino: Torres del Paine.
Descemos a Ruta 40 até um ponto onde o asfalto continua (Ruta 5, ou “nova” Ruta 40) ou o rípio começa (verdadeira Ruta 40). O caminho mais curto é pelo rípio (uns 60 km), então seguimos por ele até Tapi Aike, onde há um YPF. Paramos para abastecer e vi que estava com outro pneu furado. Eu não havia montado o novo pneu como estepe, então tinha duas opções: usar o remendado comprado em Perito Moreno ou emprestar o estepe do outro Defender. Fomos nesta opção, mais segura. Além disto o remendado tinha medidas diferentes dos pneus do 110, o que poderia trazer problemas nos diferenciais.
Nesta região não encontrei borracharia. Nem mesmo em Villa Cerro Castillo, pequena cidade que há já no Chile, antes do parque. Em uma próxima viagem para estes lados levarei dois estepes, com certeza.
Um pouco depois de Tapi Aike saímos da Ruta 40 e entramos no Chile pela Y-205. A saída é bem sinalizada, não há dificuldade para encontrá-la. Os processos de imigração são tranquilos, em aduanas separadas.
Seguindo em direção ao parque pela Y-180 tivemos a primeira visão das torres, que mesmo a uns 50 km de distância impressionam.
Como estávamos atrasados em mais de 4 horas fomos direto para as pousadas onde ficaríamos. Por não termos conseguido acomodações a preços razoáveis para todo o grupo em um só lugar estávamos em dois locais distantes uns 100 km um do outro. Eu à leste do parque, os companheiros na saída para Puerto Natales. Fomos primeiro à minha pousada. O plano original era o grupo todo comer algo ali e alugar cavalos para um passeio, mas não houve tempo. Já eram mais de 18:00 h e meus amigos teriam umas duas horas de viagem até o local onde se hospedariam. O grupo separou-se, quem ficou por ali foi jantar e descansar.
Viajantes patagônicos
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Ruta 40, original
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Tapi Ake
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A primeira visão das Torres
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Em Torres del Paine hospedei-me na Estancia Tercera Barranca. Local excelente, poucos quartos, ótimo restaurante e muito tranquilo. Caríssimo para nossos padrões, mas não consegui nada mais barato a não ser camping, que estava fora de nossos planos. Os amigos ficaram no Vista al Paine Refugio de Aventura, também caro e não tão agradável quanto o Tercera Barranca. Hospedagem ali é complicado mesmo. Poucas e caras opções. Camping é uma alternativa de baixo custo, mas pelo que vimos do clima e suas mudanças, para acampar é necessário ter uma boa estrutura. Venta muito e chove de uma hora para outra.
Ademar Ferracioli
11/10/2019, 21:58
acompanhando o relato,
ja fiz uma vez a carreteira austral em janeiro/2012, em setembro de 2020, pretendo repetir, e chegar até o glaciar perito moreno somente, dai pra baixo pelo que vi em todos os relatos,tudo muito caro, e por falta de tempo também,
vamos de rural willys, (a veterana) junto com outros amigos com carros da marca willys,
ja estamos fazendo o planejamento
rural willys - Veterana
Ademar, o Chile realmente é muito caro, se ficar em hotéis e comer em restaurantes. A melhor alternativa e hospedar-se em cabanas e preparar sua comida. Vinho, pães, queijos e embutidos são baratos, mesmo em locais remotos.
Você encontra cabanas com acomodação para varias pessoas em quase todas as cidades e vilas. Exemplo é o Cara del Índio, na região do Futaleufu. Não sei o preço hoje, mas a cabana onde ficamos há alguns anos acomodava 7 pessoas e era bem equipada.
Claro que camping é mais barato ainda. Vai depender do tanto de conforto que quiserem.
Show a viagem com os Willys. Não deixe de colocar aqui o relato.
Ademar Ferracioli
12/10/2019, 20:57
Exatamente assim Luiz,
como na outra viagem de 2012, ficaremos em cabanas, levaremos uma pequena tralha de cozinha, durante o dia faremos comida leve nos pontos de parada, a noite uma mais completa nas cabanas,acampar foi descartado, visto que em setembro ainda esta muito frio para nossos padrões tupininguis . atravessarmos a Argentina ate junin de los andes o mais rápido possível, pois o objetivo e o chile, mas quando dentro do chile e depois o sul da Argentina, rodaremos no máximo 300 km por dia,para curtir cada km rodado, a volta que vai ser difícil, pelas grandes retas da patagônia argentina, com parada em Barriloche.
Seu esquema é o ideal, eu penso. Vai ter conforto, liberdade e baixo custo. Aproveite. E não deixe de colocar seu relato aqui.
Exatamente assim Luiz,
como na outra viagem de 2012, ficaremos em cabanas, levaremos uma pequena tralha de cozinha, durante o dia faremos comida leve nos pontos de parada, a noite uma mais completa nas cabanas,acampar foi descartado, visto que em setembro ainda esta muito frio para nossos padrões tupininguis . atravessarmos a Argentina ate junin de los andes o mais rápido possível, pois o objetivo e o chile, mas quando dentro do chile e depois o sul da Argentina, rodaremos no máximo 300 km por dia,para curtir cada km rodado, a volta que vai ser difícil, pelas grandes retas da patagônia argentina, com parada em Barriloche.
Em nosso planejamento, devido ao tempo que tínhamos para fazer a viagem, reservamos um dia e meio para Torres del Paine. O grupo dividiu-se. Dois melhor preparados fisicamente fizeram o trekking até a base das torres, enquanto eu, as duas mulheres e os dois garotos fizemos outra programação. Seguem os relatos. Primeiramente dos dois amigos que fizeram o trekking.
Meu nome é Marcos, sou o comandante do Defender 90 e estou junto com o Luiz nesta expedição. Irei tentar passar alguns informação sobre o trekking até o lago na base das Torres.
Em nosso segundo dia em Torres del Paine o grupo se dividiu em dois, uma equipe foi realizar o passeio de barco no lago Grey e a segunda equipe composta por mim e pelo Fabio foi fazer a caminhada até o lago localizado na base das torres.
Logo na entrada do parque, para as pessoas que vem de Puerto Natales, está localizado o centro de informações para os visitantes. Após pagar uma taxa o visitante está autorizado a seguir em frente no seu passeio. Pegamos um folheto onde foi possível ter informações sobre as diversas trilhas que parque possui.
De carro realizamos um deslocamento de uns 30 km até um estacionamento, local de partida para a trilha que leva ao lago. Neste local existem lojas para refeições rápidas.
A trilha é de dificuldade média para que tem algum preparo físico. A distância total é de 21 km ida e volta, trajeto que conseguimos realizar em 6 horas no total. A principal dificuldade da trilha está no desnível entre o ponto de partida e o lago, são aproximadamente 1100 metros de desnível. Próximo do km 6 tem outro ponto de apoio com uma pequena lanchonete.
Após uns 2 km quilômetros no plano, inicia-se a subida. Próximo do km 4 já temos as primeiras pessoas paradas para se recuperar da subida, assim fomos seguindo com algumas pausas para descanso. No trecho final de aproximadamente 1 km, temos muitas pedras de grande porte e a inclinação aumenta, sendo necessário se apoiar nas mesmas em vários pontos.
À medida que avançamos a expectativa vai aumentando, choveu em alguns trechos e o vento forte é uma constante, até que chegamos, finalmente.
A paisagem é fantástica, o tempo abriu e foi possível realizar belas fotos com o lago com tom de azul e as Torres ao fundo. A presença do gelo nas partes mais altas, finaliza todo o cenário.
Após uns 40 minutos começamos a descida. Encontramos com algumas pessoas que ultrapassamos na subida, elas ainda estavam realizando o trecho de subida. Algumas pessoas demoram 10 horas para realizar a trilha, portanto a trilha não é indicada para crianças e sedentários. Se o esforço for muito grande para chegar no lago, o passeio perde um pouco do sentido.
O final da trilha até a base das Torres
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Décimo terceiro dia – 15/1
Como nosso grupo era heterogêneo, conforme já comentado, considerando-se as condições físicas de seus integrantes, fizemos dois programas distintos neste dia. Dois de nós melhor preparados fisicamente fizeram o trekking até a base das torres. Eu não estava neste grupo, precisei atender às duas mulheres e aos dois garotos. Fomos fazer a navegação do lago Grey.
O que os amigos falaram sobre o trekking bate com o que muitos já relataram: é talvez o ponto alto do parque de Torres del Paine. Já a navegação é um bom programa para quem tem mais tempo e já fez outros passeios ali ou para quem tem limitações físicas, como nosso grupinho. Eu pularia a navegação. É legal e tudo mais, mas quem viu Perito Moreno não vai ver nada melhor. E é caro, também, US$ 180,00 por pessoa.
Saí com minha esposa e meu neto da pousada onde estávamos e acessei o parque de TDP pelo Leste. O tempo estava encoberto, mas víamos ao longe, em meio às nuvens, o maciço de várias cores que dá a identidade ao parque. O clima ali é mutante e severo. No mesmo dia temos vento, sol, chuva, frio, momentos de calor e até neve, mesmo sendo verão.
A pousada onde eu pegaria a esposa de um dos companheiros e seu filho situava-se fora do parque, próximo à saída Rio Serrano. Levei duas horas para chegar lá, cruzando com calma todo o parque, margeando os lagos Sarmiento, Nordenskjold e Pehoe, além de inúmeros cursos d´água e lagunas. Tudo muito bonito.
Após coletar os outros dois participantes da navegação fomos para o hotel Lago Grey, de onde parte-se em caminhada até o ponto do lago Grey onde o catamarã atraca e sai em direção ao glaciar Grey. É uma caminhada de uns 30 minutos, tranquila. Embarcamos e saímos.
No barco há uma boa cantina. Nosso pacote incluía alguns piscosauer, bem recebidos para aquecer os adultos, e lanches para os garotos.
Como escrevi acima, se o viajante não tiver oportunidade de conhecer o glaciar Perito Moreno navegar próximo ao Grey pode ser interessante. Mas tem coisa melhor para se fazer em TDP do que a navegação, na minha opinião. Como não conheci outros pontos e atrações do parque vou ter que voltar lá mais uma vez.
O que valeu neste dia foi cruzar todo o parque, apesar do tempo meio encoberto. Paramos em vários pontos muito bonitos, entre eles o Salto Grande. Só trafegar pelas estradas dentro do parque já enche os olhos e a alma. É realmente espetacular.
Após a navegação deixei o pessoal em sua pousada e atravessei o parque novamente, agora no outro sentido, até onde estava hospedado. Um bom jantar e um bom vinho completaram o dia.
O Glaciar Grey
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TDP
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Décimo quarto dia – 16/1
Deixei minha pousada, que como já comentei ficava a leste do Parque. Neste dia descobri um caminho que cruzava o Rio Negro ou Rio de las Chinas e encurtava o deslocamento até a entrada do parque em mais de 30 km. Rio baixo, sem problema algum para qualquer 4x4 nesta época do ano.
Atravessei novamente o parque todo para encontrar os demais do grupo na saída para Puerto Natales, perto de onde estavam hospedados. Decidimos dali voltar para o parque e ver mais mirantes e o Salto Grande novamente. Desta vez o dia estava aberto, muito agradável, com pouco vento e pouco frio. Fizemos várias fotos e deixamos Torres del Paine. Plano do dia: dormir em Puerto Natales, fazer umas comprinhas e recarregar as baterias.
Decidimos rodar trechos mais curtos no período em que as mulheres e crianças estariam no grupo, pois a paciência delas para ficar dentro de um carro por horas é menor, pelo menos no nosso caso. Poderíamos ter ido direto a Punta Arenas neste dia, por exemplo, mas conhecendo nosso público pegamos mais leve.
A saída do parque é por um trecho bonito da Y-290, beirando o Lago del Toro. Dali em diante não vimos nada especial.
Chegamos em Puerto Natales e logo achamos as cabanas onde nos hospedaríamos, bem no centro da cidade. Fomos comprar comida e alguns itens básicos que estávamos precisando, como vinhos e queijos. Aproveitei para ir a um borracheiro e fizemos uma geral nos pneus do 110. Montei e coloquei para rodar o novo pneu comprado em El Calafate, arrumei o cortado e deixei-o como estepe e devolvi o estepe do 90. Aquele com dois cortes comprado em Perito Moreno foi para o bagageiro do teto, para uma eventual emergência. Depois, descansar.
Não vimos nada de muito interessante em Puerto Natales. Esta cidade serve de ponto de apoio para quem vai conhecer Torres del Paine e não quer ou não consegue hospedar-se no parque ou próximo a ele. Há algumas coisas para se ver e fazer, mas se não for dormir em Puerto Natales, dá para passar reto, na minha opinião.
Salto Grande, TDP
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Lago Pehoe
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Mais fotos
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Décimo quinto dia – 17/1
Objetivo do dia: ir a Punta Arenas, comprar os tickets para atravessar o Estreito de Magalhães pelo ferry até Porvenir e conhecer a cidade.
Já adianto que não conseguimos os tickets. A procura é alta nesta época de férias de verão. Deveríamos ter comprado dois ou três dias antes pela internet. Isto nos obrigou a rodar uns 200 km a mais no dia seguinte.
A ideia era cruzar o Estreito de Magalhães na ida por um caminho (travessia Punta Arenas/Porvenir, 2 horas de ferry) e voltar por outro (Punta Delgada). Seria uma boa distração para os garotos conhecer os grandes ferrys da Patagônia, além de conhecermos mais da Terra do Fogo. Infelizmente por falha de planejamento não conseguimos fazer assim.
A viagem até Punta Arenas não oferece grandes atrativos. Como todas as rodovias no Chile o piso e a sinalização são muito bons, tornando a viagem tranquila e agradável. Os fortes ventos laterais fazem o carro passarinhar um pouco, apenas, não chegando a colocar a viagem em risco.
Chegamos em Punta Arenas e fomos almoçar. Eu tinha a recomendação de um restaurante chamado La Luna, ótima pedida.
Punta Arenas é a cidade mais importante do Chile na Patagônia Sul. Teve seus melhores momentos antes da abertura do Canal do Panamá pois até então o Estreito de Magalhães era a melhor rota ligando os oceanos Atlântico e Pacífico, dando segurança ao tráfego marítimo por evitar a navegação pelo Cabo Horn.
A pousada onde ficamos foi uma surpresa pela simplicidade e bom gosto. Chama-se Tragaluz, recomendo. Após nos acomodarmos fomos caminhar pela orla do Estreito. Mais um dia de sol e pouco frio tornou o passeio agradável. Punta Arenas tem uma boa estrutura e vale ser visitada. Alguns museus são interessantes, bem como as opções de bares e restaurantes.
O Monumento ao Vento, na Ruta 9 entre Puerto Natales e Punta Arenas
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O Tragaluz. As aparências enganam, é muito bom pelo seu custo.
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Mais de Punta Arenas
A orla é agradável, se o clima permitir
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No próximo ano se celebra 500 anos da primeira navegação pelo Estreito de Magalhães por um europeu, Fernão de Magalhães. Para quem tiver curiosidade há livros sobre a expedição de 1520. Além de ter sido a primeira a passar por ali foi também a primeira a dar a volta ao mundo. É muito interessante.
Décimo sexto dia – 18/1
Dia de chegar em Ushuaia. Como não conseguimos fazer a travessia Punta Arenas/Porvenir tivemos que retornar alguns quilômetros pela Ruta 9 até pegarmos a 255 e margear o Estreito de Magalhães até o ponto de cruzá-lo, em Punta Delgada. Não paramos nos vários locais de interesse que há neste caminho por termos tempo justo para chegarmos em Ushuaia. Queríamos viajar somente com luz do dia. De Punta Arenas a Ushuaia são mais de 600 km, mais a travessia que dependendo dos ventos e das filas pode demorar horas. Fomos tocando direto, então.
Um dos locais dos quais me arrependo de não ter parado é a Estancia San Gregorio, local histórico que fica às margens do Estreito. Pelas avaliações de outros foristas e também por informações obtidas em pesquisas na internet creio que teria sido interessante ver os esqueletos de navios naufragados e a arquitetura da Estancia, que representa o período inicial da exploração econômica da região pelos primeiros colonizadores.
Chegamos em Punta Delgada e encontramos fila pequena para embarque no ferry que faz a travessia do famoso Estreito de Magalhães. Havia uma balsa atracando, e em poucos minutos estávamos nela. Poderíamos ter parado na Estancia...
Fiz o pagamento e compramos cachorro quente na cabine do ferry, simples e muito bom. Fizemos a travessia na área externa, debaixo de muito vento e frio, mas queríamos aproveitar este momento. Não é todo dia que cruzamos o Estreito de Magalhães.
Desembarcamos e seguimos rumo ao Sul, já na Terra do Fogo. A paisagem às margens da rodovia é rústica e desolada, nada bonita, mas a Terra do Fogo é um lugar que atrai muita gente por sua história. Belezas existem, mas não na rota até Rio Grande. Entretanto estar transitando ali é uma experiência que vale os mais de 5.000 km de deslocamento.
Uma curiosidade geopolítica, coisa que eu não havia percebido quando fiz as pesquisas para organizar a viagem: os dois lados do Estreito de Magalhães pertencem ao Chile. Quem controla esta ainda importante ligação entre Oriente e Ocidente é este país.
A Ilha Grande da Terra do Fogo é praticamente metade argentina metade chilena. Vínhamos viajando somente por território chileno. No Paso San Sebastian fizemos o processo de migração (aduanas separadas) e voltamos ao território argentino.
Paramos em Rio Grande, importante cidade da Ilha, para almoço. Abastecemos as viaturas e aproveitei para completar o nível de fluído da embreagem. Estava com um vazamento e perdendo a ação dela a cada quilômetro. Voltou ao normal.
Continuamos pela Ruta 3, que começa em Buenos Aires e termina em Ushuaia. Passamos por um rapaz que estava sozinho em um Citroen 3CV com dizeres “Buenos Aires a Ushuaia” escritos no capô do motor, motivo de fotos. Corajoso o rapaz. Nós, nos achando a bordo dos Defender, e o argentino na boa em seu pequeno e antigo Citroen.
Após rodarmos alguns quilômetros chegamos a uma pequena cadeia de montanhas que forma a costa sul da Ilha Grande da Terra do Fogo e a margem norte do Canal de Beagle. Há vários lagos, vales e picos nevados nesta região. Parando no Paso Garibaldi, ponto mais alto da Ruta 3, e olhando para trás é possível ver a antiga estrada em rípio, que sobe serpeando as encostas. Devia ser uma viagem bem desafiadora no tempo anterior ao asfalto.
Descemos ladeando belos rios em direção à Ushuaia, já bem perto da cidade. É possível ver os estragos que os castores fizeram nas florestas nativas. A presença destes animais é um problema sério. Estão acabando com as árvores e não há como controlar o crescimento de sua população. Não sei que solução darão.
Chegamos à cidade. Paramos no portal que há logo na entrada, fizemos fotos e fomos para os apartamentos onde nos hospedaríamos.
Ushuaia é bonita. Estávamos em um ponto alto de onde víamos quase toda a cidade, o Canal de Beagle, o aeroporto e o lado sul do canal, já pertencente ao Chile. Havíamos chegado no fim do mundo e extremamente felizes por termos ido até lá.
Saímos para jantar e conhecer um pouco da orla do canal. Já era mais de 21:00 h mas o sol ainda brilhava. A temperatura estava em uns 5 graus, mas sem vento a sensação térmica não era ruim. Comemos centolla preparada de várias formas, tomamos cervejas regionais e assim celebramos a chegada a Ushuaia. Objetivo cumprido!
Ushuaia é bonita. Estávamos em um ponto alto de onde víamos quase toda a cidade, o Canal de Beagle, o aeroporto e o lado sul do canal, já pertencente ao Chile. Havíamos chegado no fim do mundo e extremamente felizes por termos ido até lá.
Saímos para jantar e conhecer um pouco da orla do canal. Já era mais de 21:00 h mas o sol ainda brilhava. A temperatura estava em uns 5 graus, mas sem vento a sensação térmica não era ruim. Comemos centolla preparada de várias formas, tomamos cervejas regionais e assim celebramos a chegada a Ushuaia. Objetivo cumprido!
Cara, me emocionei!
Bateu uma saudade tremenda.
Ushuaia é algo fora da curva, do convencional, do que não pode ser dito ou escrito.
Tem que ser visto!
Mesmo depois dos quase 11.000 Km´s rodados, tenho vontade de voltar.
Simplesmente ir e ficar.
A cidade é demais.
Aproveitem!:concordo:
É isso mesmo, Glaicon. Ushuaia vale a fama que tem. Não dá para descrever o que é a viagem até lá, a cidade, o Canal etc. Só indo para sentir porque Ushuaia atrai gente do mundo todo.
Cara, me emocionei!
Bateu uma saudade tremenda.
Ushuaia é algo fora da curva, do convencional, do que não pode ser dito ou escrito.
Tem que ser visto!
Mesmo depois dos quase 11.000 Km´s rodados, tenho vontade de voltar.
Simplesmente ir e ficar.
A cidade é demais.
Aproveitem!:concordo:
Preparando-se para atravessar o Estreito de Magalhães
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O 3CV portenho, corajoso
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Ushuaia, fim do mundo
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Décimo sétimo dia – 19/1
Tínhamos apenas 2 dias em Ushuaia. No primeiro deles decidimos fazer a navegação pelo Canal de Beagle, conhecendo o famoso farol e os animais da região. Há outras opções de passeios pelo canal, mas esta atendeu ao que queríamos. Vimos muitas aves e lobos marinhos nas ilhas, além dos pinguins Imperial e de Magalhães. Gastamos boa parte do dia nesta atividade.
Próximo de onde os catamarãs atracam e saem para a navegação há vários quiosques vendendo o passeio. Há diferentes trajetos e durações, cada um com seu preço. Escolhemos um que passava próximo a uma ilha onde havia uma colônia de aves, seguia até o Farol do Fim do Mundo e depois ia até um pinguineira. Alguns programas incluem descer neste local, mas optamos por um que só se aproximava de onde vivem estas aves, não desembarcamos.
Após deixar a pinguineira o catamarã parou em uma fazenda onde parte do pessoal desembarcou para conhecer como é a vida nestas estâncias. Nós voltamos à cidade navegando.
Um dos programas que havíamos pensado em fazer, recomendado por um amigo que esteve em Ushuaia alguns anos atrás, era a caminhada até a Laguna Esmeralda, mas as pessoas com menor condicionamento físico não quiseram participar. São muitas horas por trilhas em trechos planos, mas cortando áreas alagadas. Foi pena mas desistimos deste passeio, que é bem avaliado por quem o fez.
Após deixarmos o catamarã passeamos pela zona portuária, vivendo aquela atmosfera. Pessoas de todos os lugares do mundo circulavam por ali, experiência bem marcante.
Décimo oitavo dia – 20/1
Gastamos a manhã caminhando pela cidade vendo os vários tipos de barcos atracados no porto: veleiros de todas as cores, nacionalidades e tamanhos, catamarãs que fazem a navegação pelo Canal de Beagle, navios antárticos que levam turistas até o continente gelado pelo mar mais agitado do planeta e outros.
Fomos a outro restaurante comer mais centollas, que pelo tipo de comida que é não são caras. O preço estava em 1.000,00 Pesos por kg. Uma centolla pesa em média 2 kg, e é suficiente para duas ou até 3 pessoas, dependendo da fome. O custo em Reais fica em trono dos 70,00 a 90,00 por pessoa. Não é barato, mas não se come pratos como este por qualquer valor.
Após o almoço pegamos as viaturas e fomos até a baía de Lapataia, onde termina a Ruta 3, no Parque Nacional Tierra del Fuego. O clima estava muito bom, o que ajudou a desfrutarmos deste local muito bonito. Em um grande salão tomamos café acompanhado de tortas, aproveitando aqueles momentos no fim da rodovia mais austral do mundo.
Ao retornarmos para a cidade paramos no tradicional posto de correio do fim do mundo, em outra baía próxima à saída do parque. Lá carimbamos nossos passaportes para guardar mais uma recordação desta incrível viagem.
À noite fomos a um restaurante despedir-nos de Ushuaia saboreando cordeiro patagônico e outros pratos típicos da região, após mais uma caminhada pelas ruas centrais da cidade.
O Correio do Fim do Mundo
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Baía de Ushuaia
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Em Ushuaia hospedamo-nos em um flat chamado Miralejos. Bem confortável. Fica na parte alta da cidade. Para quem quer caminhar pelo centro é necessário encarar uma boa subida ao retornar ao flat.
Décimo nono ao vigésimo quarto dias – 21 a 26/1
Viagem de retorno. Na manhã do dia 21 deixamos as duas mulheres e os dois garotos no aeroporto, onde eles pegaram voo para Buenos Aires. À noite já estavam em suas casas no Brasil.
Saímos com as duas viaturas rumo a Puerto San Julián, um deslocamento de mais de 900 km com duas aduanas pelo caminho. Estava muito frio, creio que neste dia pegamos temperaturas negativas. Certamente foi o dia mais frio de toda a viagem.
Deixamos Ushuaia. Paramos para fotos no Paso Garibaldi e rumamos para o Paso San Sebastian para a primeira troca de países. Processo tranquilo, em poucos minutos já estávamos no Chile, indo para o Estreito de Magalhães.
Mais uma vez tivemos sorte e pegamos o primeiro ferry, deixando para trás a Terra do Fogo. Neste dia a fila para quem estava indo para o Sul estava bem maior do que no dia em que descemos. A espera deveria estar em mais de uma hora, certamente. No ferry fizemos um lanche rápido com cachorro quente (de novo) e outras coisas que tínhamos nos carros, pois não queríamos parar para comer neste dia de longa distância a percorrer.
Continuamos pela Ruta 3, que no Chile é a 257, e em pouco menos de uma hora já estávamos na segunda aduana do dia. Também foi rápido o processo de sair de um país e entrar em outro.
À medida em que nos deslocávamos para o Norte a temperatura subia e o tempo melhorava. Os ventos, comuns nesta região e que chegam a atrapalhar os viajantes, não deu sua cara neste dia.
Chegamos às 21:00 h em Puerto San Julián, importante base aérea argentina muito utilizada na guerra das Malvinas. É uma boa opção de parada para quem viaja por aquelas bandas. Jantamos em um hotel à beira mar e fomos para nosso hostel.
No dia seguinte saímos cedo com parada prevista em Puerto Piramides, na Península Valdes. Nada de muito emocionante neste trajeto, a não ser o fato de que perdi a luz baixa de novo, no início da noite. Fiz todo o resto da viagem sem luz. Paramos para almoçar em Comodoro Rivadavia e no final do dia chegamos em nosso destino.
Puerto Piramides é um pequeno balneário bastante frequentado durante o verão, boa escolha para quem quer explorar a Península Valdes. A água é gelada e a praia não tem nada a ver com as do Brasil, mas estava lotada mesmo assim. Hospedamo-nos em outro ACA, boa opção.
De manhã fomos circular pela península. Descemos até a Punta Delgada e depois fomos até a pinguineira que está à beira da estrada. Mais um dia de sorte com o clima, sol forte e temperatura muito agradável.
Entre Punta Delgada e a pinguineira paramos e caminhamos até a falésia, apesar de isto não ser permitido. Na arrebentação havia uma quantidade enorme de lobos marinhos aquecendo-se e descansando sob o sol. Fizemos boas fotos com um drone (pouco vento ajudou).
Retornamos para almoçar em Puerto Piramides e deixamos a Península Valdes. A partir daí a viagem foi só de deslocamento mesmo, com paradas em Rio Colorado, Chilvicoy e Rosário do Sul novamente.
Tive um contratempo (e muita sorte) chegando em Santa Rosa. Um roncar de rolamento surgiu antes de chegarmos em Rio Colorado, no terceiro dia da viagem de retorno. Parecia alternador. No dia seguinte, quando paramos em um posto em Santa Rosa para abastecer, o alarme de nível de água disparou. O rolamento que estava com problema não era do alternador, mas na bomba d’água, que quebrou bem na entrada do posto.
Abastecemos as viaturas, completei o nível de água e busquei no Google Maps uma oficina. A mais próxima estava a um quilômetro do posto. Fomos até lá e eles indicaram uma loja onde eu conseguiria comprar uma nova bomba. Ao chegar na loja a bomba quebrou de vez, jogando água e fluído para todo lado e estourando as correias. Viatura imobilizada.
Esta loja estava fechada, com um cartaz de Férias Coletivas colado na porta. Por sorte vi que havia alguém lá dentro. Bati na porta e uma senhora me atendeu, confirmando que não estavam abertos. Indicou outra loja no mesmo quarteirão. Fui até esta segunda loja e no trajeto vi que havia uma oficina bem ajeitada quase em frente. Enquanto meus amigos buscavam a bomba d’água eu conversei com o dono da oficina, que a princípio não queria me atender por estar perto da hora da siesta, mas depois resolveu quebrar meu galho.
Consegui levar o Defender até a oficina e o mecânico começou a desmontar a bomba d’água para tirar as correias, que eu precisava levar até a loja de peças para comprar as corretas. O tempo era curto pois a loja também fecharia para a siesta. Poucos minutos antes de a loja fechar conseguimos tirar as correias. Comprei tudo o que precisava e voltei à oficina. Bomba, correias, fluído e água destilada custaram cerca de R$ 400,00.
Mais uma hora de trabalho e estava tudo pronto. O mecânico cobrou US$ 100,00 pelo serviço, que ficou muito bem feito. Pagaria o dobro.
Tive muita sorte. O problema aconteceu dentro da maior cidade da província de La Pampa, sua capital. Se a quebra ocorresse mais ao Sul gastaria um bom tempo e um dinheiro razoável para levar o Defender até uma cidade onde poderia fazer o reparo.
Outro ponto importante foi eu ter instalado um bom watchdog, que sinalizou a queda no nível d’água. Este que tenho indica, além disto, superaquecimento do motor, queda na pressão de óleo e falha no alternador. Ajudou a salvar o motor, com certeza.
O fato de o motor de minha viatura ser o 300 Tdi também foi determinante para não termos problemas maiores. Tem peças deste motor em qualquer canto da América do Sul. Um Defender mais novo voltaria rebocado para o Brasil, provavelmente.
Completamos a viagem com segurança e tranquilidade nos últimos dois dias. Após rodarmos 13.100 km cheguei em Curitiba na tarde de um sábado, 26/1. Viagem inesquecível, da qual já sinto saudades. Em 2016 fui a Cusco e San Pedro de Atacama, neste ano a Ushuaia e a próxima será para o NOA e Uyuni, possivelmente daqui dois ou três anos. Nosso continente é belíssimo. Me arrependo de não ter começado a conhecê-lo antes. Mas ainda há tempo. O Defender continua pronto.
Nos próximos dias postarei mais fotos da viagem de retorno.
A caminho do aeroporto, despedindo-se de Ushuaia
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Antiga Ruta 3, no Paso Garibaldi
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Ciclistas a caminho de Ushuaia
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As longas retas da Ruta 3
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Trelew - o dinossauro
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Praia de Puerto Piramides
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Por do sol na Península Valdes
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Península Valdes
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Muita sorte. A bomba d'água quebrou onde podia quebrar.
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Mais algumas fotos, enviadas pelo amigo Fabio.
A cervejaria em Chilvicoy
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Puyuhuapi
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Nevando no alto da cordilheira, na Carretera Austral
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Chaltén
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A trilha para a base das torres, em TDP
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ericteles54
09/01/2020, 15:48
Boa tarde Luiz!! Muito legal o seu relato, parabéns!!
Estou indo fazer um roteiro parecido em abril. Você tem informações sobre uso de cartão para pagamentos na argentina e chile. Se da para pagar hotéis e combustível com cartão de débito (internacional) ou crédito.
Se puder passar algumas informações sobre isso seria de grande ajuda.
obrigado!!
Boa tarde, Eric.
Dá para usar cartão de crédito internacional e cartão de débito em todos os postos de combustível das principais bandeiras (Copec no Chile, YPF, BR e Shell na Argentina). Só não sei se é a melhor alternativa, tanto pela conversão em Reais pelas taxas oficiais de câmbio como pela incidência de IOF. Por outro lado se trocar mais dinheiro do que precisar irá micar com pesos argentinos e chilenos que dificilmente usará, caso sobrem.
Hotéis e restaurantes nas principais cidades também aceitam cartão de crédito sem problemas. Não usei débito para este tipo de despesa.
Quando fui, um ano atrás, compensou mais trocar dólares ou mesmo Reais pelas moedas locais, o que fizemos sem dificuldade em hotéis e casas de câmbio. Conseguimos calcular e controlar a quantidade de moeda que compramos e não voltamos com sobras de dinheiro argentino ou chileno. Ao sair de cada país parávamos para abastecer e usávamos o saldo de moeda local para pagar, completando o valor com cartão.
Com a instabilidade na economia argentina não sei se o cenário ainda é o mesmo, mas creio que sim, seja mais vantagem trocar moeda que usar cartões. Para você ter uma ideia, há um ano o câmbio oficial era de 7 Pesos por Real e nos hotéis e restaurantes eu trocava 1 Real por 9 a 10 Pesos, um ganho expressivo.
No Chile as coisas são mais estáveis e também foi melhor trocar Dólares por Pesos Chilenos do que usar o cartão.
Se tiver mais perguntas fique à vontade. Bom planejamento e boa viagem.
Boa tarde Luiz!! Muito legal o seu relato, parabéns!!
Estou indo fazer um roteiro parecido em abril. Você tem informações sobre uso de cartão para pagamentos na argentina e chile. Se da para pagar hotéis e combustível com cartão de débito (internacional) ou crédito.
Se puder passar algumas informações sobre isso seria de grande ajuda.
obrigado!!
ericteles54
13/01/2020, 08:56
Obrigado Luiz,
Quanto aos hoteis acho que vou acabar pagando a maioria com cartão de crédito mesmo, reservando pelo Trivago, booking e etc durante o trajeto.
Sobre usar o cartão de crédito é uma opção ruim em relação a trocar dinheiro mesmo, mas estava pensando em usar a conta internacional que o C6 Bank lançou. Teoricamente seria uma boa opção pois para transferir dinheiro para essa conta ficaria 1,1 de IOF + 2% de spread na transferência. Mas meu medo é não aceitarem cartão de débito para pagamento, somente o de crédito.
Vou ver aqui de tentar dividir um pouco entre comprar dólar, usar essa conta e levar reais também. O cambio agora está até mais favorável pra gente, mas também parece que a inflação ta grande la...
Muito obrigado pelas informações!!
Boa tarde, Eric.
Dá para usar cartão de crédito internacional e cartão de débito em todos os postos de combustível das principais bandeiras (Copec no Chile, YPF, BR e Shell na Argentina). Só não sei se é a melhor alternativa, tanto pela conversão em Reais pelas taxas oficiais de câmbio como pela incidência de IOF. Por outro lado se trocar mais dinheiro do que precisar irá micar com pesos argentinos e chilenos que dificilmente usará, caso sobrem.
Hotéis e restaurantes nas principais cidades também aceitam cartão de crédito sem problemas. Não usei débito para este tipo de despesa.
Quando fui, um ano atrás, compensou mais trocar dólares ou mesmo Reais pelas moedas locais, o que fizemos sem dificuldade em hotéis e casas de câmbio. Conseguimos calcular e controlar a quantidade de moeda que compramos e não voltamos com sobras de dinheiro argentino ou chileno. Ao sair de cada país parávamos para abastecer e usávamos o saldo de moeda local para pagar, completando o valor com cartão.
Com a instabilidade na economia argentina não sei se o cenário ainda é o mesmo, mas creio que sim, seja mais vantagem trocar moeda que usar cartões. Para você ter uma ideia, há um ano o câmbio oficial era de 7 Pesos por Real e nos hotéis e restaurantes eu trocava 1 Real por 9 a 10 Pesos, um ganho expressivo.
No Chile as coisas são mais estáveis e também foi melhor trocar Dólares por Pesos Chilenos do que usar o cartão.
Se tiver mais perguntas fique à vontade. Bom planejamento e boa viagem.
Bom dia, Eric. Não conheço esta conta internacional, me parece interessante e prática.
A maior perda que temos quando usamos cartões, seja débito ou crédito, está na cotação da moeda. Confome comentei, há um ano R$ 1,00 comprava 7 pesos argentinos no oficial, enquanto que em restaurantes e hotéis trocava-se R$ 1,00 por 9 a 10 pesos. Trocar dólar por moeda local era ainda mais vantajoso.
Creio que sua decisão de considerar várias formas de pagar por suas despesas, levando Reais, dólar e pagar parte em cartão seja a melhor.
Obrigado Luiz,
Quanto aos hoteis acho que vou acabar pagando a maioria com cartão de crédito mesmo, reservando pelo Trivago, booking e etc durante o trajeto.
Sobre usar o cartão de crédito é uma opção ruim em relação a trocar dinheiro mesmo, mas estava pensando em usar a conta internacional que o C6 Bank lançou. Teoricamente seria uma boa opção pois para transferir dinheiro para essa conta ficaria 1,1 de IOF + 2% de spread na transferência. Mas meu medo é não aceitarem cartão de débito para pagamento, somente o de crédito.
Vou ver aqui de tentar dividir um pouco entre comprar dólar, usar essa conta e levar reais também. O cambio agora está até mais favorável pra gente, mas também parece que a inflação ta grande la...
Muito obrigado pelas informações!!
A pandemia impede que façamos nossas e novas viagens. Para quebrar o tédio aqui e preencher o tempo até a próxima (Cordilheira Branca, 2022, se correr tudo bem) vou colocar algumas fotos desta viagem ao Sul, realizada há pouco mais de 2 anos.
Caminho a Trevelin, Argentina
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Rio Futaleufu, próximo à fronteira Argentina/Chile
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Rio Palena, Chile
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Carretera Austral
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Puyuhuapi, Chile
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Só revendo fotos mesmo, para diminuir a frustração de não poder viajar.
Nós tínhamos reserva para julho/2020 em Bariloche, inclusive com hotel pago.
Reservei e paguei em fevereiro/2020.
Tentei cancelar e pegar o dinheiro de volta, em março/2020.
A Decolar não quis devolver, dizendo que minha reserva não era reembolsável.
Só restou um processo para recuperar o dinheiro.
Segue a vida.
Dias melhores virão.:concordo:
Mais algumas fotos
A caminho de Coyhaique
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Cerro Castillo, Carretera Austral
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Ponte sobre o deságue do Lago General Carrera
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Lago General Carrera
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Ruta 40
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Fitz Roy
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wagner4wd
20/06/2021, 16:01
Obrigado Luiz,
Quanto aos hoteis acho que vou acabar pagando a maioria com cartão de crédito mesmo, reservando pelo Trivago, booking e etc durante o trajeto.
Sobre usar o cartão de crédito é uma opção ruim em relação a trocar dinheiro mesmo, mas estava pensando em usar a conta internacional que o C6 Bank lançou. Teoricamente seria uma boa opção pois para transferir dinheiro para essa conta ficaria 1,1 de IOF + 2% de spread na transferência. Mas meu medo é não aceitarem cartão de débito para pagamento, somente o de crédito.
Vou ver aqui de tentar dividir um pouco entre comprar dólar, usar essa conta e levar reais também. O cambio agora está até mais favorável pra gente, mas também parece que a inflação ta grande la...
Muito obrigado pelas informações!!
Para pesos argentinos agora tem a opcao de mandar dinheiro via western union…está 1 real para 30 pesos argentinos. Vc faz uma transferência e saca os pesos em
uma loja na cidade que vc escolher . Só para pesos chilenos a cotação não está compensando. Baixem o app do western union e faça as simulações
wagner4wd
20/06/2021, 16:02
Espero fazer a Patagônia em Maio de 2022…de Jimny 💪🏻
Alexsandro111
12/07/2021, 04:29
Mais algumas fotos
A caminho de Coyhaique
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Cerro Castillo, Carretera Austral
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Ponte sobre o deságue do Lago General Carrera
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Lago General Carrera
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Ruta 40
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Fitz Roy
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Obrigado, as montanhas são incríveis!
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