Ver Versão Completa : 27 mil km de L200 pela America do Sul
Brunospf
19/02/2019, 15:56
A pedido de alguns colegas viajantes, resolvi abrir esse topico para relatar uma viagem que fiz entre setembro de 2017 e janeiro de 2018 pela America do Sul. Foram 27 mil km rodados em 65 dias de viagem, saindo de Salvador-BA, em direcao ao sul, passando pelo Uruguai, Argentina, Chile, Bolivia, Paraguai e retornando ao Brasil por Foz do Iguacu.
O objetivo e passar algumas dicas gerais sobre os trechos percorridos e experiencias adquiridas na viagem, servindo entao de estimulo para que outros viajantes consigam realizar o sonho de conhecer Ushuaia, Carretera Austral, Deserto do Atacama e Uyuni.
Melhor comecar relatando a preparacao para a viagem, passando pela definicao de seu objetivo e dando uma ideia geral do equipamento disponiel.
Objetivo: conhecer a patagonia , Ushuaia, Terra do Fogo, Carretera Austral, Atacama e Uyuni.
A viagem foi realizada no estilo "easy rider", ou seja, nao havia delimitacao precisa dos trechos e paradas a serem percorridos mas apenas o compromisso de alcancar os objetivos gerais acima elencados, estando o planejamento permanentemente aberto a modificacoes e adaptacoes no decorrer da viagem.
Assim, de uma forma geral o roteiro que se pretendia percorrer foi esse: SALVADOR - MONTES CLAROS - CURITIBA - FLORIANOPOLIS - SERRA DO RIO DO RASTRO - RIO GRANDE (PRAIA DE CASSINO) - TRAVESSIA CASSINO-CHUI - CHUY - COLONIA DEL SACRAMENTO - BUENOS AIRES - BAHIA BLANCA - PUERTO MADRYN - COMODORO RIVADAVIA (CALETA OLIVIA) - RIO GALLEGOS - RIO GRANDE - USHUAIA - PUERTO NATALES - TORRES DEL PAINE - EL CALAFATE - EL CHALTEN - BAJO CARACOLES - PASO ROBALLOS - COCHRANE - TORTEL - VILA O` HIGGINS - COCHRANE - COIHAIQUE - FUTALEUFÚ - ESQUEL - BARILOCHE - VILLA LA ANGOSTURA - RUTA DOS 7 LAGOS - PASO MAMUIL MALAL - PUCON - SANTIAGO - LA SERENA - ANTOFAGASTA - SAN PEDRO DO ATACAMA - RESERVA EDUARDO AVAROA - UYUNI - VILLAZON - LA QUIACA - TILCARA - PURMAMARCA - SALTA - FOZ DO IGUACU - LONDRINA - RIBEIRAO PRETO - MONTES CLAROS - SALVADOR.
Equipamento: L200 Triton Savana 2015, com 39 mil km no inicio da viagem. Sem modificacoes, com excecao da instalacao de radios de comunicacao, suporte para celular/GPS e uma base para uma action camera no painel. Os pneus usados foram os originais de fabrica, os pirelli scorpion MTR na medida 255/70 r16, que se mostraram muito bons no ripio. Os radios instalados foram um VHF ICON IC 2200H, aberto para operar tambem na faixa do VHF nautico. E um Yaesu FT 857D, multi banda, com uma antena ATAS 120, aberto para tambem operar na faixa dos 11 metros (PX). Foram instalados tres pontos de antena no carro, duas no rack de teto e o terceiro na porta da cacamba. Alem da ATAS 120 foram levadas tres antenas adicionais, sendo uma 1/4 de onda para o VHF, uma 3/8 de onda para o VHF e uma 1/4 de onda dualband para o FT 857D.
Como equipamentos de navegacao foram selecionados um celular Android Samsung S5 com os softwares Here N' Go e Maps Me instalados e com mapas pre carregados e um GPS Garmin 78 com mapas rodoviarios roteaveis baixados gratuitamente do Proyecto Mapear e Tracksource. A action camera usada no painel da viatura foi uma Contour HD.
Na cacamba da camionete havia dois galoes de 20 litros para diesel adicional, 2 galoes de 5 litros para agua, uma caixa termica, material basico de resgate (cinta de reboque e manilhas), cambao, barraca para 2 pessoas, colchao inflavel, saco de dormir, kukri, cabo solteiro e conjunto basico de sobressalentes para o carro - filtros de ar, oleo, ar e combustivel para toda a jornada, oleos para diferencial, fluido dot 4, fluido de arrefecimento, triangulo adicional e kit para reparo de pneus (tarugos e ferramentas).
Dentro da viatura havia ainda um kit de primeiros socorros (obrigatorio no Chile), farmacia (inclusive com Diamox para altitude), adaptador OBD2, uma faca de caca, bussola, kit com ferramentas diversas e dois cilindros de aco de 3 litros carregados com ar comprimido a 3000 psi, com regulador de pressao e adaptador para encher os pneus da camionete.
Nos meses que antecederam a viagem procurei fazer uma revisao adicional na viatura fora da rede de concessionárias Mitsubish, onde se procurou por algum vazamento no undercar ou qualquer anormalidade. Fora isso, foram engraxados os graxeiros dos cardans e feita uma ultima revisao basica do plano de manutencao da montadora, com troca de oleo e filtros. A viatura saiu para a viagem sem qualquer anormalidade, salvo uma pequeno falhamento entre 1100 a 1200 rpms, o que decidi nao arrumar tendo em vista a proximidade da viagem. Os pneus estavam "meia vida" e julguei que ainda estavam bons para executar a viagem.
CONTINUA NUMA PROXIMA MSG.
Brunospf
19/02/2019, 20:41
564661Viatura engraxando os cardans antes da partida.
Brunospf
22/02/2019, 21:21
Demais preparativos para a jornada:
Nos meses que antecederam a partida tambem me ative a preparar a documentacao necessaria para trafegar nos paises do Mercosul, no Chile e Bolivia. Foram providenciados o seguro carta verde, SOAPEX e também carteira internacional de vacinação contra a febre amarela, esta ultima obtida gratuitamente no posto da ANVISA do aeroporto de Salvador. Quanto ao SOPAEX, que a epoca so era passivel ser feito através do site da HDI Seguros chilena, tive muita dificuldade em fazer, pois todos os meus cartões de crédito não eram aprovados pelo sistema de pagamentos do site. Tive que me utilizar de um cartão mastercard do Itaú, emprestado de um amigo, para realizar o pagamento. Assim, aconselho aos viajantes para obterem o quanto antes esses documentos para evitar essas pequenas surpresas antes da partida.
Na mensagem anterior comentei que o meu carro usado na viagem não tinha qualquer modificação, a não ser a instalação dos rádios de comunicação, um suporte para o GPS/celular e uma base para uma action camera Contour HD no painel. Mas esqueci de mencionar que bem antes de começar a planejar essa viagem já havia substituido os protetores frontal e de carter originais da L200 pelos da ADX, que sao infinitamente superiores aos originais, tanto em termos de projeto, como de resistencia do material. Os originais, inclusive, feitos de aluminio muito fragil, se atingidos, podem se deformar e possuem uma saia de metal que pode cortar mangueiras do radiador, nada mais terrível de se pensar durante uma viagem longa. Assim, para os proprietarios de L200 Savana, recomendo fortemente a substituicao dos protetores frontal e de carter antes de uma jornada dessa magnitude.
Ainda na questao dos preparativos, um detalhe que muitos interessados em viajar para fora do Brasil me questionam e sobre a questao dos custos, de qual moeda levar, o que e mais vantajoso, etc. Ha muitas opinioes sobre o assunto pela Internet e confesso que tentei obter as cotacoes aproximadas do peso argentino e uruguaio ainda no Brasil pelos locais onde iria passar para se ter uma ideia precisa do que seria mais vantajoso, mas nao obtive muito exito. O que fiz foi estimar um custo minimo da viagem, que no meu caso foi de R$ 20.000,00, e levar boa parcela desse montante em moeda nacional dentro do carro, sendo que o gasto restante acabei fazendo no cartão de crédito internacional. Procurei também levar uma pequena parte em moeda americana, pois e a melhor para lidar com emergencias, em qualquer lugar do mundo. Pela experiencia da viagem posso dizer que as melhores cotações para trocar reais por pesos se obtém nas fronteiras do Brasil e vai piorando, em regra geral, quanto mais longe e isolado do Brasil se está. Pela ordem de valorização é bom se ter em mente que primeiro vem o real, depois o boliviano, seguido pelo peso argentino, uruguaio e por último o peso chileno. E inevitavelmente será preciso fazer trocas entre eles durante a viagem, com as perdas correspondentes em cada troca.
Aconselho também aos que optarem por levar moeda, seja de qualquer espécie, dentro da viatura, que as separe em diversos compartimentos no carro, para que num eventual assalto ou furto, não se perca toda a reserva disponível. Na L200 eu retirei alguns acabamentos das soleiras das portas e inseri moeda sob o assoalho, fora outros locais estratégicos no carro. Isso me salvou de um furto no carro em Santiago do Chile e permitiu que continuasse a jornada com tranquilidade.
Partida e primeira pernada: Salvador - Montes Claros, MG.
Aqui são em torno de 1000 km a serem percorridos, a maioria dentro do Estado da Bahia. Há uma rota tradicional até Montes Claros, saindo de Salvador pela BR 324 sentido Feira de Santana e de lá pegar a BR 116 Sul até Salinas. Não optei por esse caminho porque a BR 116 é a principal via de ligação rodoviária entre o Norte e Sul do pais, sendo que a quantidade de caminhoes e muito grande. E comum se deparar com uma fila de bitrens dificil de ultrapassar, ainda mais com uma camionete. Optei por seguir pela BR 116 até a entrada de Nova Itarana e depois quebrar para oeste, seguindo pelas BA-026 e BA-130, direção Maracas. De lá é só seguir pela BR 030 até Guanambi e depois BR 122 ate Montes Claros. O trecho foi otimo, peguei muito pouco movimento nessas estradas do interior e pude desenvolver uma boa media. Nessa rota há até um momento bem interessante onde se passa por dentro de um parque eolico, com os gigantes aerogeradores muito proximos da estrada. Cheguei em Montes Claros por voltas das 18h e pude descansar bem porque de antemão já sabia que a próxima pernada, Montes Claros - Curitiba, seria a mais longa de toda a viagem.
CONTINUA NUMA PROXIMA MSG
Acompanhando o relato, Bruno. bacana vc dividir a sua experiência.
Brunospf
08/03/2019, 21:52
Acompanhando o relato, Bruno. bacana vc dividir a sua experiência.
Legal, Marcion. A ideia e essa mesmo. Quando fui planejar a minha jornada li muitos relatos de viagens postados aqui e tambem achei muita coisa de motociclistas pela Internet. Me ajudou muito a estar minimamente preparado para a viagem, ate porque a fiz solo, o que demanda maior cuidado nessa fase.
Mas vamos ao relato:
2a pernada da viagem: Montes Claros, MG - Curitiba, PR.
Essa foi a pernada mais longa de toda a viagem. Foram cerca de 1400 km percorridos em 24h. E foi tambem onde peguei o trecho de estrada mais perigoso de todos os 27 mil km percorridos, que foi a parte da Regis Bittencourt (BR 116), entre Sao Paulo a Curitiba. Se fica uma dica valiosa de seguranca e um aprendizado de estrada, recomendo nao fazerem esse trecho nas circunstancias que enfrentei. Todos entenderao mais a frente do texto o que se passou, mas vamos por partes.
Saindo de Salvador fiz uma reserva no Hotel Nacional Montes Claros, em Montes Claros, MG. Me pareceu um bom local de pernoite mas me descuidei sobre o fato de nao ter uma garagem privativa, o que me deixou preocupado. Alem disso, tive a infelicidade de ficar alocado em um andar onde havia uma turma de estudantes barulhentos que nao me deixaram descansar como deveria. O resultado foi que tomei a decisao de sair mais cedo do que o previsto do hotel e cair na estrada - dizem que a estrada sempre acolhe os viajantes e eu acredito nisso. Tentaria atravessar ate Curitiba, PR, numa so etapa.
A ideia era descer pela BRs 135 e 040 ate ao largo de BH e depois seguir pela BR 381 (Fernao Dias) ate Sao Paulo. De la seguiria pela Regis Bittencourt (BR 116) ate Curitiba, PR. O plano parecia exequivel sem grandes dificuldades, a nao ser a longa distancia a ser percorrida em um so dia - em torno de 1400 km. So que alguns fatores dificultaram o trajeto e me atrasaram no deslocamento.
A viagem transcorreu muito bem ate chegar em Sao Paulo. O bom asfalto da Fernao Dias contribuiu para uma boa media. So parei para um lanche rapido proximo a Varginha. Chegando na capital economica do Brasil fui capturado pelo intenso trafego das marginais. Nao errei um momento sequer mas o transito travado me atrasou bastante. Acabei so saindo de SP la pelo final da tarde e iria enfrentar pelo menos uma parte da Regis Bittencourt (BR 116), conhecida como a Rodovia da Morte, entrando a noite.
Para piorar, ja seguindo pela Regis, que ate aquele momento me parecia uma estrada normal, peguei outro engarrafamento na Serra do Cafezal, ja que havia alguns trechos em obra. O resultado foi mais atrasos na viagem. E para piorar tudo de vez, ao comecar a trafegar na parte de cima da serra, ja de noite, comecou a chover torrencialmente.
Ou seja, eu estava de noite, com muita chuva e na Regis Bittencourt. Dai pude realmente tirar a prova do porque essa estrada, com intenso trafego de caminhoes, que parecem disputar verdadeiras corridas entre si, levar a alcunha de Rodovia da Morte.
Havia trechos que a visibilidade caiu a poucos metros devido a forte chuva. O conjunto de farois da L200 Savana tambem contribuiu para a baixa visibilidade, pois eles sao muito ruins e ficam praticamente inuteis em condicoes adversas com essas. Quase desisti e cheguei a parar em um posto da Policia Rodoviaria para esperar a chuva melhorar. E nada. Quanto mais o tempo passava pior ficava. Tomei a decisao, confesso temeraria, de prosseguir ate Curitiba naquelas condicoes, mas se posso dar uma dica de viagem preciosa é a de planejarem esse trecho levando em conta essa possibilidade de atrasos e muita chuva na parte da serra. E um conselho, evitem a todo custo prosseguirem nessas condicoes porque a estrada e bem sinuosa e o volume de caminhoes e a velocidade que eles trafegam, mesmo em pessimas condicoes, é muito alta.
Assim, como conselho final, evitem a todo custo passar na Regis Bittencourt de noite e com chuva. Foi o trecho mais perigoso de estrada que enfrentei nos 27 mil km rodando pela America do Sul. Só consegui chegar em Curitiba em torno das 1h da manhã. Pelo menos agora a hospedagem escolhida foi boa - Pousada Curitiba Zen - e assim decidi ficar dois dias na cidade para passear e descansar para os próximos trechos.
CONTINUA NUMA PROXIMA MSG.
Estimulante a sua narrativa
Brunospf
11/03/2019, 12:40
Estimulante a sua narrativa
Que bom que gostou, Buhler.
Seguem algumas fotos ainda dos preparativos da viagem. Estação de rádio montada na L200 e alguns equipamentos individuais levados na viagem.
sds
Bruno
564929564930564928
Bruno,
Muito boa e útil a sua narrativa, já estou aqui ansioso esperando a próxima etapa...pretendo em breve fazer RJ/Ushuaia na minha viatura e sua narrativa tá sendo um grande incentivo pra mim...
Grande abraço e mais uma vez parabéns !!!
Brunospf
03/04/2019, 01:01
Bruno,
Muito boa e útil a sua narrativa, já estou aqui ansioso esperando a próxima etapa...pretendo em breve fazer RJ/Ushuaia na minha viatura e sua narrativa tá sendo um grande incentivo pra mim...
Grande abraço e mais uma vez parabéns !!!
Obrigado, Gil. Fico feliz em saber que serve como um incentivo.
3a Pernada da Viagem: Curitiba - Florianópolis
Fiquei tres noites em Curitiba, ate para descansar da longa e cansativa pernada anterior. Eu adoro essa cidade, onde tudo funciona bem. Curitiba e tao organizada que ata a principal repetidora de VHF local é linkada com o sistema de defesa civil da cidade. Nunca vi isso no resto Brasil, infelizmente. Aproveitei o tempo para tambem fazer alguns contatos com radioamadores locais. Operando nas faixas dos 11 e 10 metros da cidade de Salvador e comum fazermos contatos modulando em SSB com radioamadores de Curitiba. E agora, estando na cidade, foi gratificante fazer contatos com alguns deles nos 2 metros em VHF.
A L200 chegou em Curitiba dando algumas rateadas em 1200 a 1500 rpm. Era o 4o cilindro dando sinais de bico sujo. Comprei um frasco de Bardhal azul para colocar no tanque de diesel em um dos postos Ipiranga da cidade e monitorar o funcionamento dele.
Num dos parques da cidade aproveitei para estreiar o meu novo colchao auto inflavel - pelo menos e com esse nome que se vendem eles, que nada mais e do que um fina bolsa de ar em formato de sarcofago, que ao ser inflada serve tambem como isolante termico, essencial caso precisasse acampar na regiao fria da Patagonia.
Apos o merecido descanso, desci para Floripa e decidi ficar 4 dias. Me hospedei no hostel koze, que fica bem localizado nos arredores da Lagoa da Conceicao e rodei por toda a ilha, fazendo inclusive uma pequena trilha que leva a uma rampa de asa delta abandonada, onde se pode ter uma bela vista da costa. Para chegar nela basta pegar o acesso Ã* esquerda (sentido lagoa da conceição), um pouco antes do topo do morro da Lagoa, perto do mirante que há no lugar. No inicio há uma estrada de chão que depois vira uma trilha com algumas erosões e valas ruins de passar. Os pneus MTR e a reduzida foram essenciais para tirar a viatura de uma delas. Ao final há a rampa de voo livre onde se pode subir e ter uma bela vista. Vale a pena fazer esse passeio.
CONTINUA NUMA PROXIMA MSG
jorgeffn
03/04/2019, 18:18
Boa!!!!
Acompanhando!
Grato por compartilhar!
abs!
LeoSponchi
05/04/2019, 15:28
Acompanhando!!
Obrigado por compartilhar o relato!
Brunospf
13/04/2019, 00:58
Acompanhando!!
Obrigado por compartilhar o relato!
De nada, amigo.
Seguem algumas fotos da passagem por Florianópolis.
sds
Bruno565553565554565555565556
Brunospf
13/04/2019, 01:44
4a pernada: Florianopolis - Rio Grande, RS (praia de Cassino).
Nao ha muito o que se dizer sobre esse trecho caso se faca direto, pois basicamente e trafegar nas otimas BR 101 Sul e BR 290 ate Porto Alegre e de la seguir pela BR 116 ate Rio Grande, a nao ser que se queira incrementar o roteiro fugindo um pouco do basico. Nesse trecho, entao, optei por tambem conhecer a famosa Serra do Rio do Rastro, desviando da BR 101 e seguindo pela SC 390 ate o topo da Serra e de la voltar para BR 101 e seguir o planejado inicialmente.
Como o objetivo era chegar no mesmo dia a Rio Grande, fiz somente um bate e volta, mas recomendo a quem for fazer esse trecho que pesquise mais sobre a regiao, pois e muito bonita e talvez mereca alguns dias de exploracao. Vale muito a pena conhecer a serra do rio do rastro. Nao tive sorte de pegar ela aberta, sem nuvens, quando cheguei na parte mais alta, mas tive a felicidade de fazer quase toda ela com bastante visibilidade. A distancia da Serra ate Florianopolis e cerca de 220 km e o seu topo esta tao alto que foi possivel fazer contatos com radioamadores da ilha de SC em VHF. No meio da subida da Serra ha uma parada quase obrigatoria num bar cheio de quinquilharias e objetos de artesanato da regiao e sera onde se podera comprar o famoso adesivo que os motociclistas gostam de colocar no tanque de suas motocicletas.
Outra opcao para quem esta com mais tempo e gosta de uma aventura e fazer o trecho da BR 101 conhecido como estrada do inferno - mas que dizem nao estar mais tao terrivel assim - entre Osorio e Sao Jose do Norte, cruzando depois por balsa ate Rio Grande. Retirei esse trecho da minha viagem porque nao tinha informacoes muito seguras sobre o estado da estrada e tambem porque teria dificuldades de estar no mesmo dia em Rio Grande, devido aos horarios da balsa.
Ao chegar em Rio Grande ja de noite e me instalar na pousada na praia de Cassino, me encontrei com outro hospede que estava ha mais de uma semana esperando o tempo melhorar para fazer a travessia Cassino-Chuy de bicicleta. Conversei longamente com ele sobre o meu intento, que era o de logo no dia seguinte pela manha fazer esse trecho de cerca de 230 km pela areia e no mesmo dia chegar em Colonia Del Sacramento, Uruguai.
Confesso que fiquei muito desanimado e apreensivo ao conversar com esse ciclista. Ele conhecia muito mais do que eu sobre a travessia, pois passou anos planejando, e ficava horas analisando os padroes de ventos no aplicativo Windy para saber se a sua travessia de bicicleta seria viavel. O convenci a embarcar na L200 para dar uma volta de noite na praia, para eu ver IN LOCO o que poderia encarar. Ao fazer isso, voltei da praia mais animado, pois achei a faixa de areia bem larga, ainda que os ventos nao estivessem favoraveis, e a areia bem dura, muito facil de trafegar se comparar com os areioes que ja passei no nordeste e no jalapao.
O que tambem me animou foi o fato de ainda na estrada, ao chegar em Rio Grande, observar numa placa da beira da estrada a QSG em VHF dos radioamadores locais e ter conseguido contato com alguns deles, que prontamente me passaram os dados de uma repetidora com alcance no trecho da travessia e também se colocaram a disposicao para ficar em QAP na manha seguinte para receber algum chamado de socorro se fosse preciso.
Assim, aproveitei o final da noite para ja deixari ja deixar a camionete preparada para uma possivel travessia pela praia no dia seguinte, enchendo o tanque de 90 litros da L200 com diesel e baixando a pressao dos pneus para 20 libras. A decisao de encarar ou nao a travessia da maior praia do mundo seria feita na manha do dia seguinte, dependendo de como estivesse o tempo.
CONTINUA NUMA PROXIMA MSG
evangregorio
18/04/2019, 13:00
4a pernada: Florianopolis - Rio Grande, RS (praia de Cassino).
Nao ha muito o que se dizer sobre esse trecho caso se faca direto, pois basicamente e trafegar nas otimas BR 101 Sul e BR 290 ate Porto Alegre e de la seguir pela BR 116 ate Rio Grande, a nao ser que se queira incrementar o roteiro fugindo um pouco do basico. Nesse trecho, entao, optei por tambem conhecer a famosa Serra do Rio do Rastro, desviando da BR 101 e seguindo pela SC 390 ate o topo da Serra e de la voltar para BR 101 e seguir o planejado inicialmente.
Como o objetivo era chegar no mesmo dia a Rio Grande, fiz somente um bate e volta, mas recomendo a quem for fazer esse trecho que pesquise mais sobre a regiao, pois e muito bonita e talvez mereca alguns dias de exploracao. Vale muito a pena conhecer a serra do rio do rastro. Nao tive sorte de pegar ela aberta, sem nuvens, quando cheguei na parte mais alta, mas tive a felicidade de fazer quase toda ela com bastante visibilidade. A distancia da Serra ate Florianopolis e cerca de 220 km e o seu topo esta tao alto que foi possivel fazer contatos com radioamadores da ilha de SC em VHF. No meio da subida da Serra ha uma parada quase obrigatoria num bar cheio de quinquilharias e objetos de artesanato da regiao e sera onde se podera comprar o famoso adesivo que os motociclistas gostam de colocar no tanque de suas motocicletas.
Outra opcao para quem esta com mais tempo e gosta de uma aventura e fazer o trecho da BR 101 conhecido como estrada do inferno - mas que dizem nao estar mais tao terrivel assim - entre Osorio e Sao Jose do Norte, cruzando depois por balsa ate Rio Grande. Retirei esse trecho da minha viagem porque nao tinha informacoes muito seguras sobre o estado da estrada e tambem porque teria dificuldades de estar no mesmo dia em Rio Grande, devido aos horarios da balsa.
Ao chegar em Rio Grande ja de noite e me instalar na pousada na praia de Cassino, me encontrei com outro hospede que estava ha mais de uma semana esperando o tempo melhorar para fazer a travessia Cassino-Chuy de bicicleta. Conversei longamente com ele sobre o meu intento, que era o de logo no dia seguinte pela manha fazer esse trecho de cerca de 230 km pela areia e no mesmo dia chegar em Colonia Del Sacramento, Uruguai.
Confesso que fiquei muito desanimado e apreensivo ao conversar com esse ciclista. Ele conhecia muito mais do que eu sobre a travessia, pois passou anos planejando, e ficava horas analisando os padroes de ventos no aplicativo Windy para saber se a sua travessia de bicicleta seria viavel. O convenci a embarcar na L200 para dar uma volta de noite na praia, para eu ver IN LOCO o que poderia encarar. Ao fazer isso, voltei da praia mais animado, pois achei a faixa de areia bem larga, ainda que os ventos nao estivessem favoraveis, e a areia bem dura, muito facil de trafegar se comparar com os areioes que ja passei no nordeste e no jalapao.
O que tambem me animou foi o fato de ainda na estrada, ao chegar em Rio Grande, observar numa placa da beira da estrada a QSG em VHF dos radioamadores locais e ter conseguido contato com alguns deles, que prontamente me passaram os dados de uma repetidora com alcance no trecho da travessia e também se colocaram a disposicao para ficar em QAP na manha seguinte para receber algum chamado de socorro se fosse preciso.
Assim, aproveitei o final da noite para ja deixari ja deixar a camionete preparada para uma possivel travessia pela praia no dia seguinte, enchendo o tanque de 90 litros da L200 com diesel e baixando a pressao dos pneus para 20 libras. A decisao de encarar ou nao a travessia da maior praia do mundo seria feita na manha do dia seguinte, dependendo de como estivesse o tempo.
CONTINUA NUMA PROXIMA MSG
Excelentes relatos... estou acompanhando. Parabéns por compartihar informações preciosas com futuros aventureiros.
Brunospf
18/04/2019, 22:40
Excelentes relatos... estou acompanhando. Parabéns por compartihar informações preciosas com futuros aventureiros.
Agradeço amigo. Espero ajudar muitos overlanders com esse relato. Segue uma foto da passagem pela Serra do Rio do Rastro, com tudo fechado lá no alto da serra.
sds
Bruno565686
Excelente relatos, estamos no aguardo dos proximos!!
Pretendo fazer uma viagem pro chile nos proximos meses, suas experiencias ajudam pra caramba
Doc Boss
13/06/2019, 23:31
Salve Bruno!
Pergunto se os abastecimentos de diesel na Ruta 40 e Carretera Austral foram tranquilos em relação à disponibilidade do S-10 ou mais similar possível e também em relação à distância dos postos e autonomia da picape tracionada no rípio.
Brunospf
24/06/2019, 01:15
5a Pernada – Praia de Cassino (RS) a Colonia DelSacramento – Uruguai
Esse trecho e um dosmais interessantes pois nele ha a possibilidade de se conhecer toda aextensao da Praia de Cassino, a maior do mundo, com 234 km deextensao e que termina no enrocamento do Arroio Chui, fronteira com oUruguai.
Algumasrecomendações sobre essa travessia que eu obtive pela internet nafase de planejamento em linhas gerais se resumiram:
a) evitar realizar atravessia com ventos fortes de sul e mare cheia, pois o espaco deareia da praia se reduz, principalmente no final da travessia, nalocalidade de Hermenegildo;
b) não ha sinal decelular e poucos carros circulam na região, então e preciso estarpreparado para resolver atolagens e eventuais outros problemassozinho;
c) ha que se termuito cuidado com os diversos pequenos rios que desaguam no mar, oschamados arroios;
d) a cerca de 40kmdepois do Farol do Albardao, que se localiza a meio caminho de Chui,ha uma região de concentração de conchas trazidas por correntesmarinhas, chamada de “concheiro”. Por naturalmente desagregarem osolo onde estão, essas conchas favorecem a atolagem dos veeculos naarea;
e) ha relatos decarros engolidos pela areia que rapidamente se liquefaz na praia deCassino. Aparentemente o fenomeno esta relacionada a presença delama na praia, proveniente da dragagem do acesso ao porto de RioGrande. Recomenda-se evitar partes da praia onde a areia possuicoloração mais escura.
Mas se fosse seguirtodas essas recomendacoes eu não teria feito a travessia. Como jarelatado no post sobre a pernada anterior, quando cheguei em RioGrande na noite anterior, o tempo estava muito desfavoravel, comfortes ventos de sul e mare de sizigia, o que poderia inviabilizar atravessia. Ainda assim, deixei o carro preparado para fazer atravessia se julgasse que pela manha as condicoes estivessemmelhores.
Acordei bem cedo,por volta das 5:00h AM. O vento sul havia amainado. Alem disso, ao medirigir para praia, tive a surpresa de perceber que havia uma grandeextensão de areia disponível para a travessia, maior do que aobservada na noite anterior. Julguei que isso aconteceu por causa doleve vento terral que soprava da terra para o mar durante oamanhecer. Assim, não poderia perder tempo, pois seriam 234 km deareia a percorrer e as condições observadas poderiam mudar aqualquer momento.
A L200 já estavacom o tanque onboard de 90 litros totalmente cheio e os pneusbaixados com cerca de 20 libras. Na noite anterior obtive tambam afrequencia, offset e subtom de uma repetidora VHF que segundoradioamadores locais poderia ser usada para comunicaçao durante todoo trecho, o que já era uma segurança a mais.
Comecei assim arealizar esperada travessia bem cedo e me comprometi a relatar oestado de tempo e condições da travessia para o meu colega ciclistaassim que tivesse sinal de celular. Ele tambem estava instalado dohostel Rio140 e aguardava ha uma semana em Rio Grande esperando umajanela de tempo favoravel para fazer o trecho.
Procurei desenvolveruma velocidade relativamente alta para uma travessia pela praia –entre 80 a 100 km por hora, o que foi uma cerca imprudencia, pois empelo menos tres oportunidades acabei decolando com a camionete nosinumeros arroios da regiao. Pela alta velocidade, somada a baixavisibilidade do amanhecer, simplesmente não conseguia ver osdesniveis do caminho. O resultado é que acabei desalinhando a L200,defeito que so fui conseguir arrumar bem depois, já bem dentro doterritorio argentino (assunto para os próximos relatos).
Posso dizer quevaleu muito a pena fazer a travessia pela areia. Observei diversasboias trazidas pelo mar, uma carcaça de baleia, o navio Altair, etc.Ate uma foca eu consegui observar bem de perto. Na verdade achei quea maior parte do caminho e bem tranquila de ser feita, principalmentese o condutor mantiver uma baixa velocidade do veiculo, para evitar orisco de capotagem nos arroios.
Ao me aproximar doFarol do Albardao, já a meio caminho, avistei um caminhao com variosfuzileiros navais. E ao passar por eles me pediram para parar e meidentificar. Foi a unica vez ate entao que fui parado por algumaforça de segurança desde o inicio da viagem, o que denota o quantoabandonadas estao as nossas estradas em termos de segurança. Ossoldados muito provavelmente estavam de patrulha na região porque aPolicia Rodoviária Federal estava em greve. Alem disso, no Farol doAlbardao ha um projeto de radar OTH de longa distancia paravigilancia da costa, o que deve ser estrategico para a Marinha emerecer guarda permanente. Cheguei a pedir para visitar o farol maseles não deixaram. Ficara para outra oportunidade.
O concheiro eupeguei a cerca de 30 a 40 km depois do farol e foi ultrapassado commuita facilidade. Me lembro apenas de ter que reduzir um pouco asmarchas em certas areas mas não senti a dificuldade que algumaspessoas relatam por ai.
Ja proximo do finalda travessia, chegando na localidade de Hermenegildo, reparei que omar havia subido – por efeito da mare grande e fim do vento terralao avançar do dia - e as ondas estavam batendo nos quebra mares queprotegiam as casas. Tive entao que abordar a passagem por ali e sairda areia, seguindo pelo afasto ate Chui.
Ja em Chui, procureiconversar com um taxista uruguaio para saber como era o combustivelno Uruguai. Segundo informações que recebi, no Uruguai o diesel emais caro e de pior qualidade do que no Brasil. E de fato, ao medirigir ao posto, reparei que havia muitos carros uruguaiosabastecendo no lado brasileiro da cidade. Troquei também cerca de500 reais por pesos uruguaios em uma casa de cambio em Chui e logo medirigi para a fronteira.
Os tramites forambem tranquilos. Somente me exigiram a carta verde e pediram paraabrir a cacamba da L200 para ver o que eu trazia nela. Segui entaopelas excelentes estradas uruguaias, que em alguns trechos servem atecomo pista de pouso de avioes com as marcações respectivas, atéColonia Del Sacramento, um lugar incrivelmente belo que merece umpouco de relato na proxima postagem.
CONTINUA NUMA PRÓXIMA POSTAGEM
Brunospf
24/06/2019, 01:20
Na ruta 40 você pode ter alguma dificuldade de achar diesel e na carretera austral nas localidades maiores foi tranquilo achar o S15 chileno nos postos da COPEC. Me lembro que na ruta 40, quando passei em El chalten só tinha um posto com o equivalente ao s500 e em Bajo Caracoles não tinha diesel. Recomendo nesses trechos andar com uma reserva de diesel em galões e sempre abastacer full quando tiver oportunidade.
Salve Bruno!
Pergunto se os abastecimentos de diesel na Ruta 40 e Carretera Austral foram tranquilos em relação à disponibilidade do S-10 ou mais similar possível e também em relação à distância dos postos e autonomia da picape tracionada no rípio.
Brunospf
24/06/2019, 15:18
Obrigado, amigo. A ideia é essa mesmo. Compartilhar a experiência para facilitar futuras viagens da turma do forum. Seguem algumas fotos da travessia pela praia de cassino.
sds
Bruno
567101567102567103
Excelentes relatos... estou acompanhando. Parabéns por compartihar informações preciosas com futuros aventureiros.
Giufrassetto
27/06/2019, 07:43
Excelente! Acompanhando!
dea_arendt
06/09/2019, 10:47
acompanhando! cade a continuação? hahah
Brunospf
21/06/2020, 07:05
RESPOSTA AO CARLOS SOBRE OFICINA EM SALVADOR:
Olá Carlos, me desculpe a demora em responder. Estive afastado do fórum por um tempo e algo me impede de responder sua mensagem de ajuda em privado.
Eu fiz a revisão pré e pós viagem da minha L200 na STAR CAR em Pituaçu (mecânico ROBSON). Eu levo meus carros nessa oficina há pelo menos 10 anos e são de confiança absoluta. Eles conseguem fazer toda a parte mecânica da L200, com exceção de bomba, bicos e turbina.
A limpeza da EGR e coletor de admissão eu fiz com 87 mil km e estava bem sujo. Vale a pena vc resolver todas as pendências da sua camionete antes de partir para poder aproveitar a viagem com segurança.
Se quiser o contato da oficina, me passe uma mensagem pelo zap 71-99395-9916.
sds
Bruno
Brunospf
21/06/2020, 07:09
acompanhando! cade a continuação? hahah
Me desculpe, amigo. Estive afastado do fórum. Mas darei continuidade ao relato assim que possível.
sds
Bruno
Doc Boss
12/07/2020, 18:06
Muito Grato, amigo.
Mandarei mensagem
Há anos venho planejando um "combo" Carretera Austral / Ushuaia, mas várias barreiras foram surgindo e adiando meus planos, sendo a última (espero que última mesmo!) essa pandemia.
Espero podermos trocar umas idéias.
Grande abraço!
Brunospf
17/07/2020, 19:58
6apernada - Colonia Del Sacramento, Travessia do Rio da Prata e chegada em Buenos Aires.
A travessia da primeira fronteira terreste da viagem foi muito tranquila. Do lado brasileiro a Polícia Rodoviária Federal estava em greve e o Exército Brasileiro cuidava da segurança. Parei na aduana brasileira para me certificar se era necessário dar saída nos documentos e fui informado que por ser nacional era desnecessário. O único trâmite requerido era a entrada na imigração e aduanas uruguaias. A passagem pelas autoridades uruguais foi rápida, sendo que me exigiram a apresentação da carta verde, documentação do veículo, sendo que a aduana fez uma rápida inspeção na caçamba da camionete.
A obtenção de moeda uruguaia na fronteira é importante, já que há alguns pedágios na rodovia que nos leva ao sul do Uruguai. O abastecimento na fronteira, do lado do Brasil, é recomendável, já que o nosso combustível é melhor e mais barato que o uruguaio.
As condições das estradas uruguaias são excelentes. Me parece que tomaram especial cuidado no planejamento e execução das rodovias por lá. Talvez porque são também usadas como campos de pouso de aeronaves e portanto são largas e com grandes retas.
A minha L200 começou a mostrar sinais de que estava desalinhada, fruto do abuso cometido durante a travessia Cassino-Chuy pela praia, onde imprimi velocidade maior do que a recomendada para tal tipo de solo e por vezes decolei com a viatura por sobre os inúmeros arroios que existem pelo caminho. Me planejei para ficar uma noite somente em Colonia Del Sacramento e já pela manhã seguinte atravessaria para Buenos Aires e por lá levaria a camionete para uma revisão geral.
Aliás, se pudesse recomendar algo a futuros viajantes, deixaria a dica de passarem mais tempo no Uruguai. O país muito acolhedor, seguro e muito bonito. O percurso de Chuy até Colonia Del Sacramento perfaz cerca de 508 km e mesmo que se faça num dia somente, como eu fiz, vale a pena entrar em Punta Del Este e na capital para pelo menos tirar algumas fotos.
O final do trecho, entre Montevideo e Colonia Del Sacramento, se dá numa estrada praticamente reta e virada para o oeste, o que incomoda um pouco no final da tarde, com o sol poente baixando e atrapalhando a visibilidade.
Em Colonia Del Sacramento reservei uma noite no Hostel & Suites Del Rio, localizado no centro histórico da cidade e muito perto do Rio da Prata. Fui muito bem recebido pelo Pascoal, filho de mãe baiana e que adorava brasileiros. Ele prontamente me passou dicas de onde comer e tomar as melhores cervejas da cidade. Recomendo bastante provar a Zillertal, muito popular por lá e excelente. Só tomem cuidado porque no Uruguai e Argentina a garrafa possui 970 ml.
Não reservei a entrada do carro no Buquebus pela manhã mas também não tive problemas com isso. O procedimento é bastante tranquilo e a saída do Uruguai é feita dentro das instalações da empresa que faz a travessia. A chegada na Argentina também é feita de forma muito facilitada e só me cobraram a carta verde, sem vistorias no veículo.
Imediatamente fui procurar uma oficina para revisão geral da L200. Precisava arrumar a falta de alinhamento, trocar óleo e filtros. Do Brasil eu levei filtros de combustível, de óleo e ar suficientes para toda viagem, deixando para comprar os lubrificantes nos lugares por onde passava. A L200 3.2 DID tem a vantagem de usar uma ampla gama de lubrificantes desde que se respeita a faixa de temperatura de trabalho.
Chegando na Argentina tive um pequeno contratempo para localizar um lubricentro (oficina especializada em troca de oleo na Argentina) que pudesse me atender na região de Quilmes, perto da saída do porto. Isso porque havia baixado no celular o aplicativo Here N Go e sem sinal de internet ele se recusava a fornecer informações mais detalhadas dos estabelecimentos em Buenos Aires. Dai tive que primeiro arrumar um chip telefônico argentino para depois procurar um lubricentro. E dai surgiu um novo contratempo, pois fui informado que por ser estrangeiro teria que me cadastrar em alguma operadora de celular como meu passaporte para ter acesso a um chip na argentina. Não bastaria apenas comprar algum chip nos típicos Kioscos argentinos – lojinhas que você encontra em praticamente todas as ruas e que vendem de tudo um pouco. Orientado por um dono desse tipo de estabelecimento, me diriji a um grande hipermercado para poder providenciar meu acesso a internet numa lojada da Claro que havia por lá.
De posse de celular e internet, foi fácil localizar um lubricentro no Google Maps, sem antes reabastecer num posto YPF, usando diesel Infinia - o equivalente ao nosso S10. Chegando ao lubricentro, providenciei a compra de um galão de 20 litros de lubrificante Mobil 15w40 API CI4 e fiz a troca de óleo,filtros, engraxamento dos cardans e checagem geral do nível de óleo dos diferenciais, caixa de transferência e câmbio da L200. Finalizado o serviço, perguntei ao atendente se havia algum estabelecimento que pudesse realinhar a minha camionete e fazer uma busca por danos na suspensão. Me foi indicado um mecânico na Rua Andrés Baranda, mas que infelizmente estava fechado e não poderia me atender. Dai, logo nas proximidades, levei a L200 na Gomeria Corrientes –gomeria na argentina significa borracharia - para aproveitar a realizar o necessário rodízio de pneus da camionete.
Durante a realização desse serviço acabei tendo outro contratempo com a camionete. Durante a retirada das rodas foram quebrados diversos prisioneiros e eu não poderia continuar a viagem sem antes reparar isso. A sorte que os mecânicos da Gomeria Corrientes foram muito solícitos e imediatamente enviaram um funcionário a uma loja de parafusos e obtiveram peças de reposição para a troca. Fica ai então uma dica para os viajantes de L200: levem prisioneiros adicionais para aviagem porque é comum a quebra durante a retirada das rodas. Isso é fruto do mal procedimento realizado em oficinas no Brasil de se querer sempre usar pistolas pneumáticas para o trabalho, o que provoca danos e travamento das roscas. Substituídos os prisioneiros, também foi realizado o procedimento de alinhamento e rodízio dos pneus Pirelli MTR da viatura.
Diante da necessidade de vencer todos esses contratempos e do fato de eu ter me programado para ficar somente uma noite em Buenos Aires, sequer pude passear pela cidade. Me hospedei no Gilper Hostel que fica no centro, com várias facilidades por perto mas infelizmente sem estacionamento. Deixei a viatura num estacionamento pago próximo ao Hostel. Teria que descansar bem porque estava exausto de um dia praticamente gasto em oficinas e no dia seguinte o plano já era chegar em Bahia Blanca, a primeira cidade da famosa Ruta 3, que nos leva ao extremo sul do continente margeando o Atlântico.
CONTINUA NUMA PRÓXIMA MSG.
Brunospf
17/07/2020, 20:08
573671 A viatura dentro do Buquebus. O procedimento e trâmites fronteirizos são bem facilitados.
573672L200 sendo bem tratada num lubricentro em Buenos Aires: foi feita a primeira troca de óleo e filtros da viagem. Optei por comprar um galão de óleo Mobil 15w40 API CI4 e continuaria a suar lubricantes com essa especificação durante toda a viagem. É mais do que suficiente para o verão argentino.
573673Mecânico argentino substituindo prisioneiros quebrados em Buenos Aires - Gomeria Corrientes.
573674As porcas também precisaram de substituíção.
Brunospf
17/07/2020, 22:01
Você vai adorar a carretera austral. É realmente um lugar especial. Na minha viagem tive um momento muito bacana na travessia do Paso Roballos. O tempo estava aberto e as paisagens foram fantásticas. Fora a aventura de cruzar aquele caminho pouco conhecido. Até hoje me lembro que foi o lugar que vi os quanacos mais mansos de toda a Patagônia. Pena que não consegui meu intento de percorrer o tramo sul da carretera até Futaleufú, pois em dezembro de 2017 teve o aluvião em Villa Santa Lucia que interrompeu a estrada. Tive que desviar para a Argentina depois de Coihaique por Alto Rio Senquer - outra aventura. Mas isso ficará para os próximos capítulos.
Sempre temos diversos problemas para resolver e sair por alguns dias para uma viagem dessas as vezes é difícil de organizar. Mas chega um momento que temos que ir. Simples assim. Fique a vontade para bater papo sobre o seu planejamento.
abraço
Muito Grato, amigo.
Mandarei mensagem
Há anos venho planejando um "combo" Carretera Austral / Ushuaia, mas várias barreiras foram surgindo e adiando meus planos, sendo a última (espero que última mesmo!) essa pandemia.
Espero podermos trocar umas idéias.
Grande abraço!
Powered by vBulletin™ Version 4.2.5 Copyright © 2025 vBulletin Solutions, Inc. All rights reserved.