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LuizPR
04/04/2017, 15:00
Altiplano 2016 – Peru e Chile via Acre

Há um ano fizemos uma belíssima viagem ao altiplano peruano e chileno. O grupo era formado por 9 pessoas em 3 viaturas: uma Defender 90, uma Frontier cabine dupla e uma Defender 110. Das 9 pessoas 6 fizeram todo o percurso por terra, e 3 delas, esposas de alguns dos participantes, foram de avião até Cusco, onde integraram-se ao grupo, e retornaram também de avião de Salta, Argentina.

A Defender 90 saiu de Tremembé, passou por Pouso Alegre para embarcar um viajante e encontrou-se com a Frontier e a Defender 110, que saíram de Curitiba, em Cuiabá.

A distância percorrida pelo pessoal do Sul foi de pouco mais de 10.000 km. A viagem foi feita em 18 dias, pouco para o que há para ser visto e conhecido nas regiões visitadas, mas era o tempo que tínhamos. Por esta razão houve vários dias com deslocamentos de 1.000 km ou mais, principalmente no Brasil, para que tivéssemos mais tempo nos pontos de maior interesse: Cusco e região e San Pedro de Atacama.

Apesar de termos montado um orçamento com alguns limites buscamos viajar com certo conforto nos trechos em que as esposas não participaram, parando sempre em hotéis 2 ou 3 estrelas, e com um pouco mais de cuidado com hotéis e passeios nas cidades e locais em que elas estavam com o grupo.

O objetivo aqui é passar informações que sejam úteis aos companheiros que estejam planejando fazer viagem semelhante à que fizemos. Não é novidade para quem frequenta este Fórum que nosso continente é maravilhoso e merece ser explorado. Espero ajudar aqueles que pretendem fazer isto.

A documentação necessária para esta viagem é a já detalhada por muitos neste Fórum: documento dos veículos em nome de um dos viajantes, veículo não alienado, carta verde, seguros obrigatórios chileno (fiz pelo site www.magallanes.cl (http://www.magallanes.cl/), uma tranquilidade) e peruano, passaporte ou RG (expedida no máximo 10 anos atrás), PID por garantia, tudo no original. Deve-se levar o famoso kit argentino: para cada veículo dois triângulos, extintor, kit primeiros socorros com tesoura, gaze, luva cirúrgica, mertiolate ou similar etc., e cambão.

A vacina contra febre amarela é altamente recomendável, apesar de não obrigatória para quem vai ao Peru, Chile ou Argentina. E um bom seguro saúde também.

Não tirei a película protetora dos vidros, apesar de se comentar que no Chile é possível ser multado se a película for muito escura. Como não fomos parados neste país não sei dizer se há ou não este problema.

Vamos ao relato.

LuizPR
04/04/2017, 15:17
Primeiro dia – 01/04/16

Saímos de Curitiba às 13:45 h. Nosso destino era a cidade de Presidente Prudente, SP. O deslocamento foi de 615 km, feito em 7 horas sem maiores emoções. A estrada no estado do Paraná já é nossa conhecida, e a de São Paulo excelente, duplicada de Ourinhos a Presidente Prudente, o que torna mais tranquila a viagem para quem faz este trecho à noite.

Apesar de alguns mapas mostrarem que o caminho normal seria via Rodovia do Café sabíamos que é melhor ir de Curitiba a Prudente por Ourinhos. A distância é um pouco maior mas anda-se em pista dupla por quase 400 dos 615 km deste deslocamento.

Localizamos nosso hotel com facilidade. Hospedamo-nos em um Ibis, que é tipo McDonalds: sem surpresas, você sempre encontra a mesma coisa. Saímos para comer uma pizza e fomos dormir. O dia seguinte seria pauleira, quase 1.200 km a percorrer.

Segundo dia – 02/04/16

Deixamos o hotel antes das 7:00 h rumo à Várzea Grande, Mato Grosso. Foram 1.190 km percorridos em 14 horas. O início da viagem foi muito bom. Por ser sábado havia pouco movimento na estrada, principalmente de caminhões. Até a divisa dos estados de SP e MS a rodovia é bem sinalizada e com pista dupla, e também no Mato Grosso do Sul muitos trechos já estão duplicados. Falta coerência, pois duplicam a rodovia no meio do nada enquanto alguns trechos urbanos ainda são em pista simples. Passar por Campo Grande é um bom exemplo. O contorno da cidade não está duplicado e a mistura de trânsito local com o de viajantes traz atraso e perigo para quem passa por lá.

Chegando em Rondonópolis, já no Mato Grosso, nossa tranquilidade acabou. Muitos caminhões, pista em obras e em mal estado, chuva e início da noite. Dá para imaginar como fica perigosa a viagem. Faltando uns 50 km para chegarmos em Cuiabá pegamos pista dupla novamente. Nesta parte da rodovia está a famosa descida da serra, que antes da duplicação era o tormento de quem precisava ir para o norte do estado. Descemos a serra bem, com pouco movimento.

Para chegarmos em nosso hotel em Várzea Grande precisávamos passar por Cuiabá. Estas duas cidades são na verdade uma só. Na chegada de Cuiabá há um novo viaduto que leva ao contorno desta cidade, mas este viaduto não apareceu no GPS. Resultado: em vez de pegarmos a saída para Várzea Grande entramos em Cuiabá e nos batemos para saber como pegar o caminho correto novamente. Paramos em um posto para pegar informações, aproveitamos para abastecer os dois veículos e saímos em direção ao hotel. Nos batemos mais um pouco, mas lá chegamos perto das 21:00 h. As informações do GPS não eram precisas, e paramos em um hotel para perguntarmos onde era o nosso, e para nossa surpresa estávamos no próprio.

Hospedamo-nos no Bandeirante Pantanal Hotel. É razoável, com a vantagem de ser às margens da rodovia. Não se perde tempo. Infraestrutura nenhuma, mas dá para pedir comida por serviços de entrega.

Encontramos com nossos companheiros que haviam saído de Minas um dia antes de deixarmos Curitiba. Tomamos algumas cervejas e fomos dormir.

Terceiro dia – 03/04/16

Mais uma vez antes das 7:00 h saímos do hotel. Destino: Cacoal, Rondônia.

Os primeiros 200 km, de Várzea Grande até Cáceres, são por estrada muito boa e paisagens bonitas. Derivamos um pouco para o sul para desviarmos uma serra e a partir de Cáceres subimos rumo noroeste. Cruzamos o rio Paraguai, levei duas multas e seguimos em frente. A rodovia continua muito boa e assim vai até a divisa entre os estados de Mato Grosso e Rondônia.

Paramos em um posto em Pontes e Lacerda, mas não quisemos abastecer porque o posto não era de bandeira conhecida. O GPS indicou que havia outro posto poucos quilômetros à frente, mas lá chegando vimos que este também era do tipo genérico. Decidimos abastecer ali mesmo. Parei em uma das bombas e fui atendido por uma moça. Tinha ainda uns 20 l de combustível, mas quem ditava o ritmo de reabastecimento era a Defender 90, por ter menor autonomia.

De repente a moça que estava abastecendo a 110 arregalou os olhos, falou: “Putz, fiz merda...” e desligou a bomba. Não entendi e perguntei o que havia acontecido, e ela disse: “Coloquei gasolina”. A bomba na qual eu havia parado era com dois bicos, um para diesel e outro para gasolina. E ela errou de bico.

Retirar todo o combustível era o que deveria ser feito. Como eu não havia funcionado o motor as tubulações continham apenas diesel, o que diminuía o risco de afetar a viatura. Decidi esvaziar o tanque, encher com diesel, esvaziar novamente e só então abastecer e ligar o motor, a fim de diluir ao máximo a gasolina que havia sido colocada no tanque.

Começamos então a tirar toda a mistura gasolina/diesel e fizemos a sequência descrita acima: abastecer com diesel limpo, tirar tudo novamente e só então abastecer e ligar o motor. Ao gerente do posto coube a ingrata tarefa de chupar a mangueira para tirar o combustível. A operação esgota/enche/esgota/enche foi feita em uma hora e meia.

Perto do meio dia bati a chave, confesso que com alguma apreensão, mas tudo deu certo. O motor pegou, funcionou e não apresentou nenhum problema. Que perrengue!

Almoçamos ali mesmo e seguimos viagem. Gradativamente a paisagem foi mudando, passando de cerrado para floresta. As árvores (as poucas que restam) vão ganhando porte, as veredas e os buritis se repetem, tudo muito bonito. Ricas fazendas com lavouras enormes acompanham a estrada.

Cruzamos a divisa entre Mato Grosso e Rondônia e as condições da rodovia mudaram da água para o vinho. Ou da água para o vinagre. Crateras com 1 metro de diâmetro e 30 cm de profundidade surgiam aos montes no pavimento. Trechos quase sem asfalto, caminhões e carros fazendo zig-zag para lá e para cá, muito perigoso. Como era dia conseguíamos nos virar sem nos colocar em risco, mas à medida em que foi escurecendo as coisas começaram a se complicar, deixando a viagem tensa.

O ponto máximo desta rodovia terrível é a chegada a Pimenta Bueno. São alguns quilômetros sem asfalto, buracos enormes, poeira, muitos caminhões e até uma cobra atravessando a estrada. E à noite, para ajudar. Foi cansativo.

Rondônia é um estado novo, foi colonizado nos últimos 40, 50 anos. Dá para ver os esforços do pessoal transformados em riquezas. Apesar da precariedade da infraestrutura é bom ver o fruto do trabalho resultando em melhores oportunidades para as pessoas.

Chegamos no hotel em Cacoal às 20:15h, depois de rodarmos 1.010 km. O Hotel Catuaí foi uma grata e boa surpresa. Pedimos pizza e tomamos cerveja. Descansamos muito bem e no dia seguinte estávamos prontos para mais um dia de dirigir, dirigir, dirigir.

LuizPR
05/04/2017, 12:20
Quarto dia – 04/04/16

Saímos de Cacoal antes das 7:00 h. A BR 364 corta Rondônia no sentido sudeste/noroeste, e as principais cidades do estado estão às margens desta rodovia. Por esta razão o movimento de caminhões é grande, e cruzar as cidades toma muito tempo dos viajantes.

Passamos por Presidente Médici, Ji-Paraná e Vilhena, e chegamos em Porto Velho já no meio da tarde, após almoçarmos uns pastéis em uma lanchonete de posto de gasolina. Apenas margeamos a capital de Rondônia. Não vimos nada desta cidade.

A BR 364 segue então em direção ao Acre, correndo paralela ao rio Madeira, e logo o movimento de veículos cai. Vimos indicações das hidroelétricas que foram construídas recentemente neste rio, e sabemos que muitas cidades nesta região enfrentam graves problemas sociais em decorrência do final das obras. Há muito desemprego e consequentemente miséria e violência.

Uns 200 km depois de Porto Velho chegamos às margens do rio Madeira, após passarmos por áreas alagadas onde velhas pontes (provavelmente da ferrovia Madeira-Mamoré, vou pesquisar) se destacavam na paisagem. Pegamos a balsa e nela conversamos com um catarinense que vive na região Norte há vários anos e era mais um empolgado com nossa expedição, além de nós. Esta foi uma das muitas conversas agradáveis que tivemos ao longo da viagem.

A travessia foi rápida, pois apesar de o volume de água do rio ser enorme a largura não é grande. O rio ali deve ter uns 800 a 1.000 metros. Em épocas de cheia a largura aumenta, certamente.

Saímos da balsa e tocamos em direção ao trevo de Acrelândia, onde sabíamos que havia um hotel em um posto onde poderíamos dormir. Não tínhamos reserva neste hotel, pois em uma ligação telefônica feita uns 30 dias antes o pessoal disse que sempre havia quartos disponíveis.

Rodamos cerca de 150 km ainda em Rondônia e mais uns 50 no Acre até chegarmos ao posto. Houve um contratempo neste trecho: a Land 90 pegou duas crateras no asfalto, e na segunda perdeu o acelerador. Já era noite. Paramos e com ajuda de lanternas rapidamente identificou-se o problema: quebra do pino que fixa o cabo do acelerador à bomba injetora. Com a ajuda de um rolo de arame galvanizado, companheiro inseparável desde que comprei minha viatura, foi feito o “conserto” e seguimos em frente.

Após dirigirmos 915 km chegamos no posto onde dormiríamos. Surpresa: não havia quartos. Os que estavam desocupados ou não tinha TV, ou não tinha ar condicionado, ou não tinha outra coisa. Falamos que ficaríamos com estes quartos do jeito em que eles estavam, e depois de alguns minutos nos acomodamos. Meu quarto não tinha TV e roupa de cama. Sem TV não havia problemas, e emprestei um lençol do quarto de um companheiro. Peguei dois travesseiros que levei e consegui me ajeitar satisfatoriamente.

O problema de dormir em um posto de gasolina é o barulho dos caminhões. Tem sempre um chegando ou um saindo, quando não os dois juntos. Tem que dormir com o barulho, mesmo, não tem jeito. Mas conseguimos descansar depois de tomar boas doses de whisky acompanhadas de um charuto.

Quinto dia – 05/04/16

Nosso objetivo neste dia era (e foi) entrar no Peru, indo até Puerto Maldonado. Rodamos 670 km para fazer este percurso.

Estávamos nos preparando para sair do posto quando um senhor veio falar conosco. Era um empresário que trabalhava de Rio Branco a Porto Velho e estava em uma Mitsubishi L200 novinha muito, mas muito preparada para expedições. Pneus maiores, galões adicionais para água e combustível, barraca, devia ter todos os tipos de rádio existentes... uma maravilha.
Este senhor já fez várias expedições pela região Norte e a conversa foi muito boa. Ele recomendou que não fossemos em direção a Rio Branco, que saíssemos da BR 364 em direção a Acrelândia, pois ganharíamos uns 70 km, o que realmente aconteceu. A única desvantagem é que não fizemos a clássica foto no trevo onde inicia a Rodovia do Pacífico. Fica para a próxima, se houver.

As estradas no Acre são ruins, uma sequência do que encontramos em Rondônia. Como o movimento é menor os riscos também o são, mas mesmo assim é necessário ter muita atenção para não quebrar a viatura.

A paisagem é formada por fazendas de criação de gado. Não há lavouras, o máximo que vimos foram plantações de cana próximo a uma usina de álcool e açúcar. Fora isto, só pasto e castanheiras morrendo.

As castanheiras são árvores lindas, imponentes, mas que não podem ser derrubadas. Teoricamente são protegidas, mas apenas teoricamente. É proibido cortá-las, e por esta razão elas aparecem destacadas no vazio formado pelos pastos, mas comentaram comigo (não sei se procede) que a castanheira só se desenvolve e mantém-se viva se rodeada por outas árvores. Isolada ela morre. Ou seja: não é permitido derrubar castanheiras, mas a mata que a envolve pode ser derrubada. Se isto for verdade é outro contrassenso burocrático, mais um absurdo pretensamente ecológico.

Tiramos fotos ao lado de uma castanheira imensa, muito linda, para guardar o que vai restar em pouco tempo destas árvores: fotos e lembrança.

Abastecemos os carros no trevo que leva a Xapuri, terra do Chico Mendes, e tocamos para Epitaciolândia e Brasiléia, duas cidades interligadas e que estão ao lado de Cobija, Bolívia. Pensem em um lugar feio e desorganizado. A estrada corta o centro das duas cidades por ruas e avenidas praticamente sem pavimentação, o trânsito é lento e caótico, pessoas, carros e motos se misturam... um lugar só para passar, mesmo.

Chegamos em Assis Brasil, fronteira com o Peru, na hora do almoço. Mais um espeto corrido e fomos fazer os procedimentos de saída do Brasil e entrada no Peru. Tudo muito burocrático e lento, como se os bandidos fossem passar por ali. Pode existir razões para tantos controles, mas creio que ir de um país a outro na América do Sul poderia ser mais simples.

Para entrar no Peru é necessário passar por dois postos aduaneiros: primeiro as pessoas fazem seus processos de admissão, depois, do outro lado da rua, faz-se a liberação dos carros. Os peruanos pedem cópia de alguns documentos, preenchem guias e formulários que se compram por ali mesmo e pronto. Acho que gastamos mais de uma hora para estarmos liberados.

Em contraste com o lado brasileiro, no lado peruano a rodovia é muito boa, sem buracos e bem sinalizada. Este trecho de Iñapari a Puerto Maldonado tem 230 km de extensão, e passamos por vilarejos, apenas, e pela maior plantação de mamões do mundo, provavelmente.

Teoricamente estávamos na floresta amazônica, mas as únicas árvores de porte que vimos estavam em cima de caminhões, já cortadas e indo para serrarias. Para se ter uma ideia do tamanho das árvores, cada caminhão carregava dois troncos no máximo.

Chegamos no início da noite em Puerto Maldonado, e mais uma vez o GPS não localizou com precisão o hotel. Conseguimos achá-lo no meio dos tuc-tuc e motos (nunca vi tantas). Bom hotel, bem turístico, chamado Cabaña Quinta. Alguma confusão com quartos com ou sem ar condicionado, mas resolvida rapidamente. Jantamos ali mesmo e tivemos o primeiro contato com a Cusqueña, a boa cerveja peruana.

Pedi um prato local, arroz cozido na folha de bananeira sobre uma carcaça de frango e com um ovo cozido no meio. Esquisito, mas gostoso. Infelizmente passei alguns dias lembrando deste prato, mas valeu a experiência.

Nós não havíamos feito o seguro obrigatório peruano na fronteira, e nos recomendaram que o fizéssemos em Puerto Maldonado. Perguntei na recepção do hotel onde poderíamos fazer este seguro, e o recepcionista me colocou em contato com uma pessoa, por telefone. Esta pessoa fazia o seguro. Foi até o hotel e pediu os documentos dos carros, dos proprietários e 200,00 Soles por veículo. Demos tudo a ele, que nos disse que pela manhã estariam na portaria os documentos, o seguro e o troco. Confesso que fiquei apreensivo de não ver mais meu passaporte e tudo o que demos a ele, mas não houve problemas. Na manhã seguinte estava tudo lá, certinho. Gente boa o peruano, falava bem o português, muito solícito e atencioso.

LuizPR
06/04/2017, 10:04
Algumas fotos da etapa brasileira da viagem.

Rodovia Interoceânica no Acre

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Travessia rio Madeira

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Interoceânica já no Peru

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LuizPR
06/04/2017, 12:09
Sexto dia – 06/04/16

Último dia do primeiro trecho! Neste dia chegaríamos em Cusco, onde nos aguardavam as esposas de 3 dos 6 participantes da viagem. Era também o dia de subirmos pela primeira vez nesta viagem a Cordilheira dos Andes, local de fascínio para muita gente que gosta de viajar por este mundo.

Saímos às 7:00 h de Puerto Maldonado, novamente no meio da maior confusão de tuc-tuc e motos do mundo. Era horário de entrada nas escolas e ida para o trabalho, e as leis de trânsito não são muito conhecidas pelo pessoal. Três ou mesmo 4 pessoas em uma moto, inclusive bebês de colo, não é exceção. Capacete é luxo. Segurança zero. Apesar disto e da zona que é o trânsito não vimos nenhum acidente.

Abastecemos logo que deixamos a cidade e fomos em direção à Cordilheira. A rodovia corre ao lado do rio Madre de Diós, que vem da serra, corta o Peru e a Bolívia e vai formar os rios Beni e Madeira. De Puerto Maldonado a Quince Mil, cidadezinha situada na área de transição de floresta para cordilheira, são 230 km em boa estrada. Toda esta região é de garimpo, e o clima é literalmente amazônico: calor e chuva constantes.

No meio do caminho há uma cidade ou acampamento, difícil de descrever o que é aquilo. Percebe-se que está se chegando a uma área habitada pela quantidade de lixo que começa a aparecer, jogado às margens da rodovia. De repente vê-se em ambos os lados da estrada um amontoado de casebres e barracos, ocupando o acostamento e se estendendo por uns 2 km. É uma vila que dá apoio aos acampamentos de garimpeiros. Lá há comércio de todo tipo de mercadoria e vivem mulheres e crianças, no meio de animais, sujeira, miséria e muita promiscuidade. Terrível.

Se for fazer esta viagem o ponto para dormir é Puerto Maldonado. Todas as outras cidades entre esta e Cusco são muito simples, com condições precárias para hospedar-se. Na área de floresta, antes de Quince Mil, há os garimpos, e isto torna a região um pouco insegura. Viajar de dia é tranquilo, mas creio que convém evitar passar por este trecho à noite.

Paramos para abastecer e almoçar em Quince Mil, lugar precário como se mostraria todo o interior do Peru. Comemos um PF (opções carne ou frango), arroz e batata ou mandioca frita.

Saímos desta cidade e fomos subindo, indo em direção à cordilheira. Muita chuva e névoa no caminho, típicas da região de floresta tropical. Quince Mil está a 700 m de altitude, e menos de 100 km depois estamos a 4.725 m, na passagem Abra Pirhuayani, depois de uma bonita subida por um vale e já sob um belo sol. A chuva foi ficando para trás na medida em que subíamos os Andes.

A primeira visão de um maciço nevado a gente não esquece. Começamos a ver pontas de picos nevados à distância, e depois de algumas curvas estamos ao lado do Nevado Ausengate, com seus 6.732 m, a montanha mais alta da região de Cusco. Maravilhoso.

Paramos os carros para fazermos fotos, e repentinamente, do nada, surge uma mulher em trajes típicos com seu bebê acomodado às costas, pronta para ser fotografada em troca de dinheiro, bolachas e doces. Não deixa de ser legal, apesar de esquisito alguém viver disto em um local tão remoto. Mas é a realidade de um povo pobre.

Começamos então a descer em direção a Cusco, e paramos novamente para mais fotos, mais mulheres com crianças e mais doces e bolachas.

A partir do divisor de águas abre-se uma planície de altitude, ou seja, o altiplano, à nossa frente. Depois de uma parada técnica em um pequeno comércio de beira de estrada para usar o banheiro turco (lembrança do prato típico em Puerto Maldonado) continuamos a viagem rumo a Cusco. Mais paisagens muito bonitas, e a falta de ar começa a marcar sua presença.

Cusco está em um vale cortado pelo rio Huatanay. Após passarmos pela passagem Abra Pirhuayani fomos em direção a Urcos, baixando para 3.400 m. De Urcos a Cusco são 50 km de trânsito já urbano, um dos piores do mundo.

Levamos talvez duas horas para andar este último trecho. Havíamos avisado às esposas que chegaríamos no hotel às 18:00 h, pois uma hora antes já estávamos praticamente em Cusco, mas não sabíamos o que nos esperava. Dirigir no Peru não é para fracos. Entra-se na cidade por uma avenida de 3 pistas, sendo que a da direita seria para ônibus. Seria, pois os ônibus andam por todas as faixas, saindo de uma para outra sem aviso e sem se importar com os demais veículos. Cruzamentos não são respeitados, buzinas predominam sobre o ruído dos motores, pense em um caos urbano. É lá. Já estive em Lima algumas vezes e não me surpreendi, já conhecia o trânsito peruano, mas creio que meus amigos motoristas, que estavam neste país pela primeira vez, assustaram-se.

Eu estava à frente do comboio e tinha que preocupar-me em manter os 3 carros com visão um do outro, pois estávamos com os rádios já sem bateria. Era início da noite, horário do rush, seria fácil distanciar-se um do outro. Nos saímos relativamente bem. O único contratempo foi uma batida muito forte que deram na traseira da minha 110. Quando veio o choque eu achei que a 90 havia batido em mim, pois ele tentava manter-se próximo para não perdermos contato visual, mas foi outro carro, um Corolla antigo, que chocou-se na Land. Meu prejuízo foi nenhum, apenas um pequeno afundado no protetor de canto, que está lá justamente para isto. Nada de mais. O Corolla fugiu, não sei quais os danos que teve. Assim é o trânsito por lá, muito confuso e com grandes possibilidades de envolver-se em acidentes.

Fomos seguindo as instruções do Garmim, que são péssimas no Peru. Eu não tenho conhecimento de GPS e mapas, portanto acreditei que teria boas informações comprando um GPS de marca renomada, com arquivos originais e com atualizações oficiais baixadas do site do próprio fornecedor, mas os mapas do Peru deste provedor não são precisos. Fiz contato com a Garmim após retornar e eles argumentam que há constantes mudanças em rodovias e cidades latino-americanas etc., mas isto é papo furado. Balela. Cusco é um dos principais destinos turísticos do continente e os arquivos da Garmim referentes a esta cidade são um desastre. Nada explica isto. Não confiem neste fornecedor para viajar ao Peru.

Chegando na Praça Central de Cusco o GPS mandava que cortássemos a praça por ruas reservadas a pedestres. Paramos o comboio e ficamos ali confusos, até sermos interpelados por uma policial, que nos mandou circular. Expliquei que estávamos querendo chegar em tal endereço, e ela gentilmente não só liberou nosso acesso por um trecho destinado a pedestres como tirou os cones que impediam a passagem de veículos por este trecho e nos deu orientações precisas para que chegássemos a nosso hotel. Ainda peguei uma rua na contramão, mas conseguimos achar nosso rumo.

Primeira parte da viagem concluída. Chegamos em Cusco, depois de rodar 4.897,4 km desde Curitiba.

Hotel muito bom, ótima localização, chamado Tierra Viva Cusco Saphi. Tomei um chá de coca, fiz meu check-in e subi para o quarto, muito confortável e limpo. Banho, jantar e descanso fecharam o dia.

LuizPR
06/04/2017, 12:14
Mais algumas fotos. A primeira é de Quince Mil, antes de subirmos a cordilheira. As demais, subindo e já lá em cima.



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Marcelo J Manente
08/04/2017, 10:19
Muito bacana a viagem. Acompanhando.

LuizPR
08/04/2017, 16:38
Valeu, Marcelo. Seus relatos também são muito legais. Parabéns pelas viagens e pelos planos para as futuras expedições.
Muito bacana a viagem. Acompanhando.

LuizPR
08/04/2017, 16:41
Mais duas fotos tiradas na subida da cordilheira.

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LuizPR
08/04/2017, 16:50
Sétimo dia – 07/04/16

Este foi o dia que dedicamos a conhecer Cusco, a segunda maior cidade do Peru e principal destino turístico do país. Só tinhamos este dia para isto por dispormos apenas 18 dias para fazermos todo o trajeto que planejamos.

O ponto central da cidade é a bela Plaza de Armas. Nosso hotel ficava a 3 quarteirões desta praça, o que facilitou nossas idas e vindas pela região.

Saímos em direção a ela, mas claro que por estarmos acompanhados de mulheres paramos antes em uma rústica galeria onde se vendiam artigos típicos peruanos. Compramos várias coisas, de lembranças a itens úteis como camisas, camisetas etc., e depois descemos até a Plaza de Armas.

Nas lojas que ladeiam a Plaza encontramos produtos de excelente qualidade, tudo beeem mais caro que no local onde havíamos feito nossas compras. Vimos, não compramos nada, passeamos, entramos na igreja jesuíta, conhecemos a feira de artesanato e fomos almoçar.

Por orientação de uma policial o grupo foi a um restaurante a 100 m da Plaza de Armas. A ideia era comer o famoso cuy, o porquinho da Índia que é comida típica do altiplano peruano. Pedimos dois bichinhos para serem divididos entre quatro corajosas pessoas. Provei e não gostei. Não tem gosto de nada e tem pouquíssima carne. Valeu apenas por ser pitoresco. Em contrapartida o ceviche que foi pedido como entrada estava maravilhoso. Me arrependi de não ter voltado a este restaurante. Se lembrar o nome coloco no relato.

Na parte da tarde o grupo se dividiu. Fomos ao mercado central, onde pudemos ver um pouco dos hábitos dos locais. Como em muitos lugares da América do Sul, interior do Brasil inclusive, higiene não é o forte, apesar de tudo estar relativamente organizado. Exemplo: galinhas cozidas são oferecidas sem nenhum tipo de proteção contra insetos ou ação de pessoas, e come-se em mesas improvisadas no meio de outros produtos, sem maiores preocupações. Carne é exposta a céu aberto, sem refrigeração, corta-se porcos inteiros com arco de serra à vista dos clientes, e assim por diante.

Tivemos oportunidade de ver a grande variedade de espécies de milho e batata que se vende por lá. Foi bacana ver também as mulheres em seus trajes típicos descascando batatas, vendendo pães e queijos regionais, uma festa de cores para os olhos.

Tomamos um café e voltamos para o hotel, descansar. Fui até o escritório da Peru Rail na Plaza de Armas pegar os tickets para a viagem de trem de Ollantaytambo a Águas Calientes, porta de acesso à Machu Picchu. Aproveitei, ao voltar para o hotel, para acertar o aluguel de uma van para nos levar até Ollantaytambo às 5:15 h da manhã seguinte, uma viagem de 2 horas.

Os tickets para a viagem de trem podem ser adquiridos no site da Peru Rail. O processo é simples. Depois de fazer o pagamento via cartão de crédito imprime-se a reserva e retira-se o ticket em Cusco, no escritório localizado na Plaza de Armas.

À noite fomos comer pizza em um local bem agradável e pequeno, com um belo forno à lenha na sua entrada. Tomamos mais algumas cusquenhas, muito boas por sinal, e fomos descansar.

LuizPR
10/04/2017, 09:35
Algumas fotos de Cusco

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LuizPR
10/04/2017, 12:10
Oitavo dia – 08/04/16

Dia de conhecer Machu Picchu.

Saímos do hotel às 5:15 h. Nosso motorista era o Serginho, gente muito boa. Pena que corria muito. Passamos pela periferia de Cusco, muito lixo em alguns locais, e seguimos por um belo vale, com direito a montanhas nevadas e pradarias muito bonitas nos acompanhando.

Aqui vale uma observação: normalmente o trem para Aguas Calientes, cidade base para chegar-se a Machu Picchu, sai de Cusco. Nós tivemos que pegar o trem em Ollantaytambo, uns 60 km adiante, porque o trecho da ferrovia entre Cusco e esta cidade é fechado na estação de chuvas, pelo risco de deslizamentos. E Abril, mês de nossa viagem, é o último mês desta estação. Por esta razão tivemos que ir até Ollantaytambo de carro.

Viajamos por uma planície de altitude até próximo à cidade de Urubamba, que está às margens do rio de mesmo nome. De lá seguimos pelo vale deste rio por mais alguns quilômetros. Chegamos à estação de Ollantaytambo alguns minutos antes da saída de nosso trem, como previsto. Embarcamos no Vistadome, trem que tem janelas no teto, e saímos rumo a Aguas Calientes. A viagem dura 2 horas e o trem vai seguindo o rio Urubamba, em baixa velocidade.

Ao chegar à estação em Aguas Calientes somos cercados por guias oferecendo seus serviços, e recomendamos que os contratem. As explicações que recebemos ao longo da visita a Machu Picchu foram fundamentais para conhecermos a história que existe por trás das paredes das ruínas. Acertamos com um guia de nome Paulino por US$ 70,00 (menos de US$ 10,00 por pessoa), fluente em Português, pegamos nossos tickets de acesso ao parque, compramos as passagens nos micro-ônibus que levam os turistas até o alto da montanha onde está a cidade de Machu Picchu e lá fomos.

Quem quiser pode subir a pé. São 2 horas de escada irregular, sem direito a desistir. Boa sorte.

Na entrada do parque carimbamos nossos passaportes com o clássico carimbo de Machu Picchu e recebemos as primeiras explicações sobre a descoberta da cidade pelo americano Hiram Bingham em 1911. Fomos subindo até os primeiros patamares de onde temos a visão clássica das ruínas, com o Huaina Picchu ao fundo e ouvindo detalhes sobre a porta do Sol, o que acontece nos solstícios etc. Tudo muito interessante. Ouvimos que a civilização inca era muito evoluída em vários aspectos. Este povo tinha profundos conhecimentos em astronomia, técnicas agrícolas, arquitetura, construção em pedras etc.

O sol brilhou durante todo o tempo em que andamos pela cidade, embora a previsão fosse de chuva. Tivemos sorte.

Machu Picchu é um destino obrigatório para todos. São muitos os detalhes e informações sobre a cidade e seu povo, só indo lá para apreender tudo e absorver aquela atmosfera.

Pegamos o ônibus para descer a Aguas Calientes, onde nos despedimos e agradecemos ao Paulino pela excelente apresentação que fez de seus conhecimentos. Almoçamos, passeamos um pouco e embarcamos no trem para retornar a Ollantaytambo.

Para quem tiver tempo creio que o ideal seja ir a Aguas Calientes e lá hospedar-se por uma noite, indo às ruínas no dia seguinte. Vários amigos aqui do Fórum já fizeram este comentário. Desta forma é possível subir a Machu Picchu logo cedo, antes da invasão do pessoal que vem de trem, aproveitando melhor as paisagens sem a presença de muita gente e com mais tempo para caminhar, subir o Huaina Picchu etc.

Nossa ida a Machu Picchu foi organizada antes de sairmos de viagem. Os tickets para acesso às ruínas podem ser comprados pela internet. Se quiser subir o Huaina Picchu é necessário comprar os tickets com muita antecedência, pois o número de visitantes que são autorizados a ir a esta parte da cidade é pequeno. Os de nosso grupo comprei uns 40 dias antes da viagem e não havia mais disponibilidade para o Huaina Picchu.

Chegamos em Ollantaytambo e nosso motorista, o Serginho, nos esperava. Dirigiu feito um louco até Cusco e nos deixou na porta do hotel. Fomos descansar para voltarmos com muita energia para a estrada no dia seguinte, rumo a Puno, através do Altiplano peruano.

LuizPR
10/04/2017, 17:39
Fotos do dia 8

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LuizPR
11/04/2017, 18:00
Nono dia – 09/04/16

Após o café da manhã juntamos o time, carregamos os veículos e pegamos a estrada novamente, agora rumo a San Pedro de Atacama. Seriam 3 dias de deslocamento, com paradas para dormir em Puno e Pozo Almonte, já no Chile. Rodamos 400 km no primeiro, 730 km no segundo e 430 km no último dia desta perna da viagem. Para as esposas era o início da viagem por terra.

Para deixar Cusco pegamos o mesmo caminho pelo qual chegamos à cidade, mas desta vez o trânsito estava mais “normal”. Seguimos em direção a Urcos, que fica no final (ou início) do vale onde está Cusco.

Em Urcos encontram-se as rutas Interoceanica Sur, por onde cruzamos a cordilheira para chegar em Cusco, e a 3S, que leva ao lago Titicaca e a Puno. Tomamos a 3S e começamos a subir por um vale bem largo que se mostrou maravilhoso, margeando um rio muito bonito que não sei o nome. A subida é leve, mas de repente percebi que a viatura não estava com bom desempenho. Abri o aplicativo do altímetro no celular e vi que estávamos a mais de 4.000 m de altitude. Altiplano de verdade. Obviamente estava explicada a queda de rendimento do motor da Land: falta de oxigênio.

Viajamos por este vale desde Urcos até Juliaca, um trecho de uns 300 km. Passamos por várias cidadezinhas, todas muito pobres. Cruzamos com um trem em um ponto onde o vale se abria, com alguns picos ao fundo e um belo céu fechando a paisagem, mais uma imagem para ficar registrada em nossas mentes.

Em um certo ponto da viagem tivemos um encontro inesperado. A Defender 90, de cor azul, estava à minha frente, e a vi de longe. Fui me aproximando dela e de repente vi que não era a 90, mas outra Land, verde escura. Quando cheguei mais perto veio a surpresa: a placa da Land era da Suíça.

Encostei atrás dela em um posto de pedágio, e logo depois a ultrapassei. Vimos que quem viajava nela era um casal jovem. Buzinamos, fizemos festa e seguimos.

Um pouco adiante a 90 havia parado ao lado da rodovia, tendo atrás dele um cenário característico do Altiplano: a pradaria e montes nevados ao fundo. Paramos todos ali e ficamos esperando pelos suíços. Assim que estes nos viram saíram da estrada e vieram para ao lado de nossos carros, não sem antes dizer que queriam parar próximos das Land, e não da Frontier. Coisa de quem curte as clássicas Land Rover Defender.

Chegaram, desceram e conversamos. Eram um casal jovem, na faixa dos 25 a 30 anos. Despacharam sua Land da Europa para o Canadá havia um ano e pretendiam descer até Ushuaia, voltar a Montevideo, despachar o carro para a Suíça e ir embora. Batemos mais um papo e nos despedimos. Muito bom.

A viagem deles era diferente da nossa, eles não tinham programação rígida nem de roteiro nem de paradas, iam ao sabor do tempo, gastando-o onde achavam interessante. Algum dia farei uma viagem assim.

Seguindo em direção a Puno chegamos em Juliaca, a maior cidade do trajeto deste dia. Terrível. Cidade terrível. Trânsito padrão Peru, ruas esburacadas, comércio de rua por todos os lados misturado com tuc-tuc´s, muita gente e muito lixo. Aliás, infelizmente o padrão no Altiplano é idêntico ao da região amazônica: pelo lixo espalhado ao lado das rodovias você percebe que está chegando em uma cidade.

Alguns quilômetros à frente, ao chegar próximo a Puno temos as primeiras visões do Titicaca, considerado por muitos o lago navegável mais alto do mundo e que fica na fronteira entre o Peru e a Bolívia.

Nos batemos um pouco para achar nosso hotel, o Mirador del Titicaca. Este hotel está em um local muito bonito, no alto de um monte de onde se vê toda a cidade e parte do lago, mas que já teve dias melhores. Uma parte de seus quartos estava fechada e as áreas externas malcuidadas. Apesar disto passamos uma noite com bom conforto.

Fizemos check-in, deixamos as coisas no hotel e fomos para a cidade. Já eram mais de 5:00 h da tarde e não havíamos almoçado, pois ao longo do caminho não vimos nenhum lugar com boa apresentação onde pudéssemos comer algo sem a possibilidade de nos estragarmos. Andamos na avenida que beirava o lago, mas nada, nenhum restaurante. Fomos então a um supermercado onde havia um shopping, e lá fizemos um lanche.

Voltamos para o hotel onde descansamos um pouco. Mais tarde nos encontramos no lobby para tomarmos um vinho e jantamos ali mesmo.

Pelo pouco tempo que tínhamos não conhecemos o lago, suas ilhas e as cidades que o margeiam. Pretendo ir à Bolívia nos próximos anos e certamente irei deixar pelo menos um par de dias para explorar estas bandas.

LuizPR
12/04/2017, 11:46
As paisagens do trecho entre Cusco e Puno são das mais bonitas que vimos nesta viagem. O vale por onde passa a rodovia de Urcos a Juliaca é muito bonito. Só este trecho já vale a ida a esta região.

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O encontro com os suíços foi uma surpresa, devidamente registrada.

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Fotos de Puno e do lago Titicaca

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Marcelo J Manente
12/04/2017, 16:29
Lindas fotos. Me inspirando para minha viagem.

LuizPR
13/04/2017, 09:22
:curtir: As regiões do Peru por onde passamos são muito bonitas mesmo.
Lindas fotos. Me inspirando para minha viagem.

LuizPR
13/04/2017, 16:07
Décimo dia – 10/04/16

Neste dia saímos em direção ao Pacífico. Puno está a quase 4.000 m de altitude, e de manhã o grupo sentiu no corpo as consequências de estarmos expostos a esta condição. Indisposição digestiva, cansaço e mal-estar atacaram a quase todos nós.

Margeamos a cidade e logo estávamos na Interoceânica novamente, dirigindo-nos para o sudoeste e para o nível do mar. Andamos cerca de 200 km ainda em altitudes entre 3.500 m e 4.500 m. A paisagem nesta parte do Altiplano vai ficando diferente daquela que vimos até chegar a Puno. Ao nos afastarmos do lago Titicaca a vegetação começa a rarear e o relevo a ficar mais acidentado. Daí para a frente há poucos arbustos, típicos de clima frio e seco, e viajando um pouco mais entra-se em uma área de deserto puro. Outros tipos de beleza.

Fomos subindo e logo chegamos a um platô bem alto, sob neblina e muito frio. De repente nos campos ao lado da rodovia apareceram manchas brancas. Era gelo, neve congelada. Paramos e tiramos fotos, muito bonito. Aproveitamos para usar pela primeira e única vez as pás que levamos, colhendo gelo para colocar no cooler de bebidas.

Um pouco mais à frente mais um local muito interessante. Estávamos subindo por um planalto margeando um rio. Em determinado ponto a rodovia cruza este rio, e ao lado da ponte, às margens do rio havia uma fonte de água quente, de onde saia um jato com mais de 2 m de altura. Mais fotos.

Subimos, subimos e subimos. O ponto mais alto deste trecho da Interoceânica é o passo Abra Ojelaca, a 4.592 m acima do nível do mar. A partir deste passo começamos a descer para o Pacífico. As paisagens continuaram belíssimas, com montanhas nevadas cercadas por desertos de areia e céu muito azul.

Passamos por uma cidade chamada Torata, já abaixo dos 3.000 m de altitude, por outra (grande) chamada Moquegua, localizada em um vale à altitude de 1.500 m, já em busca de um lugar para parar e fazer um piquenique. Prevenidos por não termos almoçado no dia anterior havíamos comprado frios, pães, bebidas etc. para evitarmos termos que comer em restaurantes precários, se é que haveria restaurantes no nosso caminho.

Depois de Moquegua a Interoceânica segue por um vale. Ali pensamos que haveria algum local agradável para pararmos, mas não achamos nada, nenhum ponto interessante. Paramos então sob a cobertura do estacionamento de um restaurante de beira de estrada, especializado em cuy (arghh). Ali estendemos as belas toalhas peruanas compradas em Cusco sobre o capô dos carros e fizemos nosso lanche.

Estávamos comendo quando um homem de seus 50 e poucos anos cruzou a rodovia em nossa direção, com um quadro sob os braços. Foi se aproximando timidamente e assim que chamou nossa atenção virou a imagem do quadro para nós. Era uma foto de uma Land Rover antiga, anos 60, eu creio. Aproximou-se ainda mais e nos cumprimentou, dizendo que era membro do clube das Land Rover´s ou algo assim.

Aí iniciou-se uma das situações mais bacanas e menos aproveitadas de toda a viagem. Este senhor morava ali, do outro lado da estrada, tinha uma Land ano 68 similar à da foto e ficou feliz em ver nosso grupo e as duas Defender. Conversamos um pouco, demos adesivos de nossa expedição a ele, mas nem mesmo o seu nome perguntamos. Ele voltou à sua casa e de lá nos trouxe uma sacola com alguns abacates (lá chamados de paltas), nos presenteando. Uma pessoa muito gentil e simpática, com quem não sei por qual razão não conversamos mais, não fomos à sua casa tirar fotos dele e de sua Land, não tiramos fotos junto a nosso grupo e por aí vai. Lamentável nossa atitude. Arrependimento total, pois este encontro nunca mais se repetirá, com certeza.

Fica a lição para as futuras expedições. Perca (ganhe, na verdade) 5 minutos e se aproxime mais das pessoas.

Após lancharmos e esticarmos os corpos saímos em direção ao Pacífico. Tínhamos que cruzar a fronteira entre Peru e Chile e chegar a um lugar chamado Pozo Almonte para dormir.

Alguns quilômetros depois de Moquegua deixamos a Interoceânica, que segue até a cidade portuária de Ilo. Uma excelente rodovia no Peru, não tão boa nos trechos no Brasil. Nos despedimos dela e de suas maravilhosas paisagens, que começam na selva amazônica e terminam em um deserto que beira o Pacífico. Inesquecível.

Passamos por Tacna e chegamos à fronteira. O processo de saída do Peru e entrada no Chile é burocrático, também. É preciso dar baixa nos documentos pessoais e nos veículos, como em todas as fronteiras. Fizemos os procedimentos no Peru e nos dirigimos à aduana chilena. Lá é necessário tirar todas as bagagens pessoais do carro e passar com elas pela imigração e inspeção, quando se declara se está levando produtos não autorizados, tais como frutas frescas (lembram-se dos abacates?...) etc. Declarei que não tinha nada e fui pego contrabandeando abacates! Burrada!

Ao verem as frutas comigo me encaminharam ao chefe do posto de controle. Ele perguntou se eu havia declarado que estava levando os abacates e eu disse que não. Ele então falou que havia uma multa pesada, e eu disse que pagaria, fazer o quê... Felizmente ele viu que havíamos cometido um erro, que não tínhamos e menor intenção de contrabandear meia dúzia de abacates para dentro do Chile, e me pediu que preenchesse outra declaração de bagagem mencionando as frutas. Fiz isto, passei novamente pelos controles, apreenderam os abacates e me deixaram passar sem pagar a multa. Ufa...

Aqui cabe uma observação: o Chile é protegido de muitas pragas e doenças por suas barreiras naturais: ao norte o deserto, a leste a cordilheira, ao sul as regiões patagônicas geladas e a oeste o Pacífico. Por esta razão controlam de forma rigorosa suas fronteiras com barreiras sanitárias levadas bem a sério. Como vários amigos já escreveram neste fórum, ao entrar no Chile declarem que estão levando alimentos. O máximo que acontece é estes serem confiscados, nada mais.

Terminamos os trâmites de imigração e fomos em frente, já anoitecendo. Passamos ao lado de Arica, bela cidade portuária, vimos o Pacífico beeeem de longe (mais um local a ser conhecido por quem tiver mais tempo) e seguimos viagem.

A distância entre Arica a Pozo Almonte é de 260 km, que percorremos à noite. Tínhamos reserva em dois hotéis, por falta de vagas em um só. Um deles era um hotel convencional, onde ficou parte do grupo, e o outro um conjunto de cabanas, onde ficaram dois casais. Os dois locais eram bem precários, sem comida, banho frio, a porta frontal não trancava, caro, mas é o que tínhamos para o dia. Se tiver que parar nesta cidade, paciência, vai enfrentar desconforto e gastar um bom dinheiro. Se tiver tempo e quiser andar um pouco mais pode optar por dormir em Iquique, uns 50 km fora da ruta 5 e às margens do Pacífico. Lá tem desde campings até hotéis de luxo.

LuizPR
13/04/2017, 16:11
As paisagens às margens da Interoceânica entre Puno e o Pacífico também são muito bonitas.

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Marcelo J Manente
13/04/2017, 17:13
Décimo dia – 10/04/16
A distância entre Arica a Pozo Almonte é de 260 km, que percorremos à noite. Tínhamos reserva em dois hotéis, por falta de vagas em um só. Um deles era um hotel convencional, onde ficou parte do grupo, e o outro um conjunto de cabanas, onde ficaram dois casais. Os dois locais eram bem precários, sem comida, banho frio, a porta frontal não trancava, caro, mas é o que tínhamos para o dia. Se tiver que parar nesta cidade, paciência, vai enfrentar desconforto e gastar um bom dinheiro. Se tiver tempo e quiser andar um pouco mais pode optar por dormir em Iquique, uns 50 km fora da ruta 5 e às margens do Pacífico. Lá tem desde campings até hotéis de luxo.

Ola Luiz,

Ainda bem que vc falou sobre Pozo Almonde, era um ponto de parada que eu tinha planejado. Vou trocar por Arica mesmo.

Um abraço e boa viagem de volta.

LuizPR
14/04/2017, 07:33
Olá, Marcelo. Acredito ser uma boa ideia não parar em Pozo Almonte. Pelo que vi lá é tudo muito caro e precário. Abraço.

Sergio c
14/04/2017, 10:48
Parabéns pela viagem Luiz, é uma ótima pedida uma aventura dessas.

LuizPR
14/04/2017, 20:26
Certamente, Sérgio. Valeu cada quilômetro. Abraços.

hlirajunior
15/04/2017, 08:56
Parabéns Luiz, maravilhosa viagem. Fui alguns meses antes de ti ao Peru de carro, saindo de Florianopolis. Fui e voltei pelo Atacama indo até Lima e depois Cusco e Puno. Viagem maravilhosa! Esse trecho de Puno a Moquegua é muito bacana e muito bonito e que descida alucinante no trecho final.

Realmente vale a pena ficar uns minutos a mais e conversar com as pessoas no caminho, é incrível como nos recebem bem.

LuizPR
15/04/2017, 19:10
Muito bem lembrado, hlirajunior. A descida da cordilheira pela Interoceânica é alucinante. Definiu bem.

LuizPR
15/04/2017, 19:20
Décimo primeiro dia – 11/04/16

Destino do dia: San Pedro de Atacama.

Saimos pela ruta 5, a famosa Panamericana que no trecho chileno vai de Puerto Montt até Arica. Descemos até o entroncamento com a ruta 24, sentido Calama e San Pedro. Pegamos esta rodovia e fomos subindo novamente, deixando o deserto que ladeia ao Pacífico para trás. Chegamos em Calama para o almoço, já a 2.400 m de altitude.

Parte do grupo não estava em condições de comer nada, mas aqueles que estavam aproveitaram o bom restaurante onde paramos. Calama é uma cidade importante, a principal da região, e nesta há grande atividade de mineração. Circula muita gente e dinheiro por ali, portanto encontra-se supermercados, restaurantes e outros serviços de excelente qualidade.

Para quem quiser conhecer o Atacama deslocando-se por avião Calama é o ponto de chegada. Ali a pessoa pode alugar um 4x4 e explorar a região. Segundo um guia que contratamos em San Pedro há uma opção interessante para locação de veículos 4x4. As mineradoras vendem as pick-ups, normalmente cabine dupla, para locadoras locais. Estas pick-ups são vermelhas e são vendidas com tudo o que foi colocado nelas pelas mineradoras, desde acessórios até a numeração de identificação de cada empresa. As locadoras as disponibilizam para turistas em Calama. Vimos várias destas camionetes rodando dirigidas por turistas. Não pesquisei nada a respeito deste assunto portanto não sei quanto custa etc., mas fica a informação.

Após almoçarmos fomos comprar vinhos. O preço médio de um bom vinho é de R$ 25,00 (US$ 8,00), 25 a 30% do preço no Brasil. Compramos a cota e ... rumo a San Pedro de Atacama.

Coloquei o endereço do hotel onde nos hospedaríamos em San Pedro e continuamos viagem pela ruta 24. A cidade está às margens de um pequeno rio que forma um oásis no deserto do Atacama. Sua altitude é de 2.450 m acima do nível do mar, e está cercada de montanhas que passam dos 5.000 m. Do caminho já se avista o Licancabur como que cuidando de San Pedro.

Chegamos a San Pedro e o GPS mandou que fizéssemos um grande desvio, contornando a cidade pelo lado sul. Depois vimos que este contorno foi desnecessário. Continuamos seguindo as instruções do GPS e fomos parar uns 5 km fora da cidade, na estrada que vai à Argentina via Paso Jama. Entramos onde indicado e achamos tudo muito esquisito. Estranhei. Perguntamos onde estávamos, e descobrimos que o maldito GPS nos mandou para o lugar errado mais uma vez. Estávamos em uma área de pesquisa de alguma universidade, nada a ver com hotel.

Retornamos para a cidade e procura, procura, procura nosso hotel e não acha. Resolvemos então ir à agência de turismo de uma brasileira, a quem havíamos contatado previamente depois de achá-la pela internet e agendado o passeio do dia seguinte ao Salar de Tara. Na agência acertamos os detalhes, pagamos pelo passeio e lá nos deram indicação de como chegar ao hotel onde os casais se hospedariam. Nos batemos mais um pouco, mas finalmente chegamos lá. Os três solteiros do grupo foram para seu hostel, mais perto do centro de SPA.

À noite fomos passear e vimos aquilo que já havíamos lido. A vida turística de San Pedro de Atacama gira em torno da rua Caracoles, que é aberta apenas para pedestres. A cidade é mantida propositalmente como era nos tempos de vila, pois boa parte de seu charme está neste ar de lugar ermo. Milhares de jovens de todas as partes do mundo e de todas as idades circulam por suas estreitas ruas empoeiradas. As construções são em adobe, a maior parte delas nem pintura tem. A cidade é bem aquilo que se fala.

O hotel onde ficamos era muito bom, chamado Atacama Wellness Adventure, apesar de estar longe do centro. A administração era familiar, tudo muito bem cuidado. Caro como tudo em SPA e não tinha nada de adventure, mas valeu. Tem bom café da manhã, restaurante razoável e área de lazer com piscina.

Já o hostel onde os três amigos desacompanhados ficaram tinha outros atributos. Hostel tem aquele esquema, já conhecido e apreciado por muitos: cozinha e banheiros comunitários, quartos com rotação de hóspedes etc. O pessoal que lá hospedou-se gostou. Chama-se Hostal El Anexo. Uma grande vantagem deste local: na frente do hostel, no mesmo terreno, um francês faz pães simplesmente maravilhosos. O pão com azeitonas é excelente. Só funciona de manhã e fecha acho que às quartas-feira. Mesmo que se hospedem em outros locais procurem o El Anexo só para comprar o pão do francês, se ele ainda estiver por lá.

LuizPR
15/04/2017, 19:26
Este dia foi só de deslocamento, mas como os demais, por lugares muito bonitos.

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LuizPR
17/04/2017, 12:07
Décimo segundo dia – 12/04/16

Primeiro dia no deserto do Atacama. Para quem já esteve lá serei repetitivo, relatando a experiência de ver e conhecer locais maravilhosos; para quem ainda não foi, não conhece o Atacama, espero conseguir passar um pouco do que é este lugar.

Havíamos contratado, antes de sair do Brasil, um passeio ao Salar de Tara, estando incluídos café da manhã e almoço. Fizemos esta contratação pela internet na agência de uma brasileira que achamos quando buscávamos informações para montarmos nosso roteiro.

Um motorista e um guia nos pegaram em nossos hotéis pela manhã e saímos na direção leste, sentido Paso Jama. Assim que deixamos San Pedro começamos uma longa subida passando ao lado do Licancabur, famoso vulcão que aparece em quase todas as fotos da região do Atacama. Por ser um cone quase perfeito este vulcão, com seus mais de 5.900 metros e cume nevado, é realmente lindo. Faz a divisa entre Chile e Bolívia, e segundo nosso guia Manuel suas encostas são coalhadas de minas terrestres (?) ali deixadas durante as guerras entre estes dois países. Isto torna as escaladas do vulcão muito arriscadas, só devendo ser realizadas acompanhadas por guias experientes.

A vegetação, à medida em que fomos saindo de San Pedro e subindo, transformou-se em uma relva fina e dourada, que curvada pelos fortes ventos formava um tapete que brilhava à luz do sol. É muito bonita. Quanto mais subíamos menos vegetação havia, até que tudo vira deserto.

A cerca de 50 km de San Pedro vimos a estrada que vai para a Bolívia pelo Paso Hito Cajón, já acima dos 4.000 m de altitude, e mais 50 km à frente chegamos ao Salar de Pujsa, onde paramos para o café da manhã. Descemos da van e caminhamos por este belíssimo local enquanto nossos guias preparavam a refeição. Fizemos muitas fotos sob um sol lindo e ventos gelados, comemos um pão delicioso (do francês) acompanhado de bebidas quentes e seguimos viagem.


Batemos a marca dos 4.800 m de altitude e após uma rápida e curta descida saímos do asfalto para conhecer os Monjes de la Pacana, monólitos que despontam da areia e que graças à erosão causada por vento, areia e gelo adquiriram forma de sentinelas ou monges, como que guardando o deserto. Paramos para mais fotos.

Embarcamos novamente na van e fomos viajando pelas areias a mais de 100 km/h. O plano era chegar ao Salar de Tara pela região das Catedrais de Pedra, mais um conjunto de rochas esculpidas pelo tempo e pelas intempéries.

Ao longo do caminho houve outras paradas, até que chegamos em um ponto elevado de onde se avistava o maravilhoso Salar, banhado pelo sol e emoldurado pelos picos da cordilheira dos Andes. Ali nossos guias nos deixaram, orientando-nos a descer a pé até o Salar, uma caminhada de uns 1.000 m. Andamos, fotografamos e apreciamos aquele lugar único e fantástico. As cores das areias, das águas, das montanhas e do céu mudam todos os momentos. O silêncio se impõe. É uma coisa única.

Logo chegamos a um local onde turistas e agências de turismo estacionam seus carros para preparar e servir o almoço para seus clientes. Sem saber havíamos contratado um serviço muito bom, com mesas, cadeiras, vinhos etc. Fomos muito bem atendidos pelos guias. Um dos pontos altos da viagem.

Deixamos a região do Salar de Tara e retornamos à rodovia, também a 100 km/h nas rotas pela areia. Na viagem de retorno a San Pedro paramos ao lado de uma bela lagoa e mais próximo à cidade em um mirante de onde tiramos belas fotos do grupo tendo ao fundo o Licancabur e sua exuberância.

Antes de chegarmos a nosso hotel combinamos diretamente com o Manuel o passeio do dia seguinte, que seria nos Gêiseres del Tatio, mais um dos destaques do Atacama.

Após um breve descanso no hotel fomos conhecer mais de San Pedro e a famosa Caracoles, centro de tudo e a rua mais movimentada da cidade. Na Caracoles estão as lojas de artigos locais, os restaurantes, as casas de câmbio, os hippies vendendo artesanato, mercadinhos vendendo artigos de primeira necessidade aos turistas que querem gastar menos, agências de turismo vendendo seus pacotes, casas de câmbio etc. É bem movimentada, com muita gente circulando e conversando em vários idiomas, uma verdadeira torre de Babel. É lá que o povo se encontra.

Décimo terceiro dia – 13/04/16

Após sermos apresentados ao deserto do Atacama conhecendo o Salar de Tara, neste dia fomos aos famosos Gêiseres del Tatio. Para fazer este passeio é necessário sair bem cedo de San Pedro, pois para se ter uma visão do que são os gêiseres você precisa estar lá antes do nascer do sol. A distância da cidade aos gêiseres é de uns 70 km, feitos em uma hora e meia por uma estrada não pavimentada mas muito boa, a Ruta B245, sentido Norte.

Nosso guia local Manuel liderou o comboio dirigindo a Frontier, com as duas Defender o seguindo. Como saímos antes do sol nascer não vimos nada ao longo do percurso, mas eu havia lido que este caminho é muito bonito e sabia que teríamos boas surpresas quando voltássemos.

Chegamos na região dos gêiseres ao raiar do sol, com temperatura de -8 graus! Um gelo! Estávamos a 4.300 metros de altitude, e a uns 10 km da divisa com a Bolívia, a Leste. No lado boliviano da encosta dos montes que fazem a fronteira estão os Gêiseres Sol de la Mañana, também muito famosos, que creio ser parte do mesmo fenômeno geológico dos Gêiseres del Tatio.

Estacionamos as viaturas e saímos a passear pelos gêiseres. Os olhos por onde sai a água quente são demarcados com círculos formados por pequenas pedras, a fim de evitar-se que as pessoas caiam nos lençóis de água fervente. Já aconteceram acidentes fatais. Um dos últimos foi em 2015, quando uma turista belga se aproximou de um olho e o piso ruiu sob seus pés. Ela foi rapidamente retirada da água e levada primeiramente a Calama e depois a Santiago, mas mesmo assim não resistiu e morreu.

Andamos, fotografamos e congelamos. Quem não estava com calçado apropriado sofreu.

À medida em que o sol subia vimos porque é necessário chegar nos gêiseres antes do sol aparecer. Este surge por trás de um dos altos picos que fazem a divisa entre Chile e Bolívia, e seus raios vão cortando e iluminando as nuvens de vapor que são formadas pela água fervente. Este contraste é belíssimo. Depois que o sol está alto mal se vê o vapor, toda aquela beleza da aurora some.

Fomos com os carros para outra área de estacionamento preparar e comer o café da manhã. Paramos ao lado de uma piscina natural onde as pessoas se banham nas águas quentes. Há vestiários para os que querem colocar seus trajes de banho, local de lazer para crianças de 8 a 80 anos.

O Manuel nos surpreendeu com ovos fritos, pão, café, chá, suco, frios etc., tudo o que um bom desjejum exige. Ele havia levado fogareiros, panelas, louças e copos, e usou a caçamba da Frontier como cozinha. Muito bom.

O valor pago ao Manuel, e certamente o valor que é cobrado por outros guias, foi de US$ 100,00. Estavam incluídos neste valor os serviços de guia e o café da manhã. Para um grupo de 9 pessoas é razoável, menos de US$ 12,00 por cabeça.

Após nos fartarmos com o excelente café da manhã preparado com muito capricho pelo Manuel começamos o caminho de retorno a San Pedro. Saímos da área dos gêiseres por entre alguns montes e poucos quilômetros depois estávamos andando em uma planície extensa, desértica, a mais de 4.000 m de altitude. Víamos os picos da cordilheira dos Andes por todos os lados, dentre eles alguns vulcões e dentre os vulcões o la Putana (isto mesmo, a Puta). Este vulcão é muito bonito, com suas chaminés expelindo fumaça já há vários anos. Tem este nome porque no passado explorava-se jazidas de enxofre nas suas cercanias, e em locais ermos onde há homens trabalhando, há companhia feminina exercendo a profissão mais antiga do mundo. Pelo menos foi esta a explicação dada pelo Manuel.

Chegamos a um vale onde há um rio (rio la Putana) e uma lagoa (laguna la Putana). Se tem água tem vida. Vicunhas pastavam aproveitando a vegetação baixa das margens do rio e flamingos e outras aves buscavam alimento na lagoa. Os animais, a água, o céu azul e o contraste entre a vegetação do vale e as montanhas desérticas garantiram algumas das melhores fotos da viagem.

Mais à frente chegamos em um lugarejo chamado Machuca. O Manuel havia sugerido que parássemos ali para provar carne de lhama, preparada em espetinhos. Provei e gostei, só não posso garantir que era lhama realmente. É uma carne suave, magra, muito boa. Lá também vendem pastéis de queijo, bem saboroso. Comemos e seguimos caminho.

Fizemos mais uma parada em um ponto elevado antes de descermos para o vale onde está San Pedro, tiramos mais belas fotos e retornamos à cidade.

Antes de nos despedirmos do Manuel perguntamos a ele se poderia nos indicar um guia para o dia seguinte, já que ele tinha outro compromisso. Ele ficou de nos enviar um brasileiro que estava morando em San Pedro fazia alguns meses. Nos despedimos, agradecemos, fomos descansar e depois passear na vila e jantar.

LuizPR
17/04/2017, 17:09
Salar de Pujsa

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Catedrais Pedra, próximo ao Salar de Tara

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Salar de Tara

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Licancabur

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As fotos são de um companheiro de viagem, fotógrafo de primeira.

LuizPR
17/04/2017, 17:37
Geisers del Tatio

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Caminho para os geisers

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LuizPR
17/04/2017, 17:50
Mais do caminho aos geisers

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Amostardeiro
18/04/2017, 14:49
LuizPR

Lindas fotos, o Atacama é demais :concordo:, quase nos encontramos sai de San Pedro no dia 10 de abril.

Abs

LuizPR
18/04/2017, 17:38
LuizPR

Lindas fotos, o Atacama é demais :concordo:, quase nos encontramos sai de San Pedro no dia 10 de abril.

Abs


Valeu, Antonio. Realmente o Atacama é único. Quem não conhece deve conhecer, se tiver oportunidade.

A maior parte das fotos é de um amigo e companheiro de viagem, o Fábio. Ele é fotógrafo profissional, sabe o que fazer com suas câmaras. Os créditos são dele. E pena que não nos encontramos. Seria legal termos contato com amigos aqui do Fórum.

LuizPR
18/04/2017, 17:46
Décimo quarto dia – 14/04/16

O guia indicado pelo Manuel para nos acompanhar neste dia chegou cedo em nosso hotel. Logo percebemos que ele não tinha conhecimentos e experiência suficientes para nos levar muito longe. Mal conhecia os principais pontos próximos à San Pedro, imagine os mais distantes.

Ele sugeriu então que fossemos conhecer as lagunas altiplanicas. Topamos, pois este era um dos destinos que estavam em nosso radar e é muito fácil de ser acessado. Saímos então de San Pedro rumo ao Paso Sico. Passamos por Toconal, uma pequena e bonita cidade distante uns 40 km de SPA, onde paramos para conhecer a praça central com sua linda igreja. Curiosidade: as portas da igreja são feitas com madeira de cacto. Nunca havia visto isto, bem interessante.

Continuamos rumo ao sudeste. Cruzamos com um casal de ciclistas que vinha da Argentina. Loucos. Alguns quilômetros adiante saímos da estrada principal e subimos por um caminho em rípio em direção às lagoas. O caminho é tranquilo e bem sinalizado, nem precisaríamos do guia.

As lagunas Miscanti (a maior) e Miñiquez (a menorzinha) já foram uma só. Estão a mais de 4.200 m de altitude, e são cercadas por picos nevados. Lindas, valem a viagem sem dúvida alguma.

Paramos no estacionamento e fizemos nosso lanche, que havia sido providenciado pelo guia. Ele levou bons chocolates e salgados, e nós havíamos comprado pães maravilhosos na padaria do francês que fica ao lado do hostel de parte de nosso grupo. Fizemos várias fotos e aproveitamos aquele visual único.

Lá conversamos com o guia sobre mais atrações naquela parte do Atacama, e ele disse que havia um lugar chamado Piedras Rojas (Pedras Vermelhas) por ali. Ele não sabia o caminho mas comentou que poderíamos arriscar, talvez achássemos este lugar.

Voltamos para a estrada e seguimos em direção à fronteira com a Argentina, a fim de achar este local. Alguns quilômetros adiante acabou o asfalto e entramos no rípio. Uma poeira só. Andamos mais um pouco e de repente vimos as tais Piedras Rojas. Era uma bela formação rochosa de cor avermelhada ao lado de um salar, na beira da estrada. Qualquer zé mané acharia aquele lugar. Só nosso guia não sabia onde era.

O salar chama-se Águas Calientes e para variar é belíssimo, multicolorido, cercado por formações rochosas e picos de todas as cores e com lagoas de água esverdeada transparente, como em todos os salares. Fechou o dia com chave de ouro.

Retornamos a San Pedro e nos despedimos (para sempre) do guia.

Nesta noite combinamos sair para fazer fotos no deserto, tentando capturar as estrelas daquele céu maravilhoso. Depois de jantarmos em um restaurante na Caracoles o grupo deslocou-se até um ponto no deserto onde deixamos a estrada principal, andamos uns poucos metros, paramos e apagamos as luzes dos carros.

O que vimos então foi aquele famoso céu límpido de San Pedro, coalhado de estrelas. Víamos constelações, a via láctea, estrelas e mais estrelas. Fizemos fotos incríveis e voltamos à cidade.

Nesta tarde havíamos encontrado o Manuel e combinado com ele de irmos aos vales da Lua e da Morte, e também ao vale do Arco-íris no dia seguinte.

LuizPR
18/04/2017, 18:01
Lagunas Altiplanicas

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Piedras Rojas

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Ciclistas no caminho a San Pedro

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LuizPR
18/04/2017, 18:08
Fotos tiradas à noite

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wagner4wd
19/04/2017, 10:12
Parabens pela trip Luiz !

Me tira uma duvida, veiculos financiados e mesmo estando no nome de um ocupante nao entra no Peru? Como vc disse no inicio do topico? Eu sabia da exigencia de estar no nome de algum ocupante, agora estar alienado não sabia...

LuizPR
19/04/2017, 17:30
Parabens pela trip Luiz !

Me tira uma duvida, veiculos financiados e mesmo estando no nome de um ocupante nao entra no Peru? Como vc disse no inicio do topico? Eu sabia da exigencia de estar no nome de algum ocupante, agora estar alienado não sabia...





Boa tarde, Wagner. É isto mesmo, o veículo não pode estar alienado a uma financeira ou a um consórcio. Li em alguns lugares que é possível levar um documento da financeira autorizando a circulação do veículo em outro país, mas não tenho certeza se isto realmente é aceito. Vou pesquisar um pouco mais e se tiver outras informações coloco aqui.
Abraço.

ariju
20/04/2017, 09:13
Parabens pela trip Luiz !

Me tira uma duvida, veículos financiados e mesmo estando no nome de um ocupante nao entra no Peru? Como vc disse no inicio do topico? Eu sabia da exigência de estar no nome de algum ocupante, agora estar alienado não sabia...

Bom dia, cheguei a alguns dias de uma viagem por Chile e Argentina, meu carro é financiado. Em momento algum me pediram nada a respeito, alias acho que eles nem sabem ler o documento se está alienado ou não. O que importa para eles, é o carro estar no nome de alguém do carro.

Mas o que sei é que se o carro está alienado, o dono do carro ( que tem o nome no documento) deve estar presente, no caso de cdc, e em caso de leasing parece que tem que ter sim uma autorização por escrito.
Mas falo por experiencia própria, isso somente por garantia, pois na prática eles não pedem nunca.

Fernandes Kappes
20/04/2017, 11:32
Bom dia

Já entrei na Argentina com carro alienado e em nome do meu irmão que não estava presente, não houve questionamento, sei que não é a regra mas acho que dificilmente fiscalizam isso.

LuizPR
20/04/2017, 11:44
Bom dia, Ariju. Boas notícias as que coloca. Simplifica para quem quer viajar pelos dois países que cita. Você viveu a situação de viajar com veículo alienado e não teve problemas, acho que isto esclarece este ponto para muitos que possam ter esta dúvida.

Quanto a circular no Peru consultei alguns sites quando planejei a viagem, e todos traziam informação semelhante a esta sobre documentação da viatura, que vi no www.viajandodecarro.com.br:

No caso do carro ser de empresa, emprestado, financiado por leasing, consórcio ou CDC, também é necessária a autorização para tráfego de veículo fora do território nacional. Este documento é uma declaração consular emitida pela Embaixada do Peru no Brasil. Se o seu carro está no seu nome e não possui nenhuma restrição, você não precisará se preocupar com esse documento.

Talvez algum amigo confirme se há ou não a necessidade de obter-se esta declaração.

Abraços, e parabéns por sua viagem.

LuizPR
20/04/2017, 12:08
Décimo quinto dia – 15/04/16

O Manuel chegou no horário combinado em nosso hotel em seu Cherokee acompanhado de sua namorada, uma bonita chilena que também é guia. Eles haviam providenciado o almoço, como é comum no Atacama.

Fomos primeiro ao Vale da Lua, que está praticamente dentro da cidade. Lá vimos a formação rochosa chamada 3 Marias, as montanhas esbranquiçadas pelo sal e passeamos por ali. Saímos do parque e pelo asfalto o acessamos por outro lado para conhecermos a Piedra del Coyote, que fica acima do vale e de onde se fazem as clássicas fotos do pôr do sol que vemos em divulgações das belezas do Atacama.

Andamos mais uns poucos quilômetros e fomos ao vale da Morte.

Curiosidade: segundo o Manuel um belga, no início do século 20, foi quem deu nome aos principais locais interessantes do Atacama. Ele é até nome de rua em San Pedro. Ele batizou os vales da Lua e da Morte. Perguntei por que vale da Morte, e a explicação que o Manuel deu é que o belga quis dizer vale de Marte devido às suas características, formas e cor, mas devido a seu sotaque o pessoal entendeu da Morte. Faz sentido. O vale é vermelho como Marte, não tem nada a ver com morte. Sei lá.

Rodamos então uns 100 km até o vale do Arco-íris, que tem este nome devido às encostas de várias cores que o cercam. As cores vêm dos diferentes minerais que foram sendo depositados pelas constantes erupções vulcânicas que aconteceram e ainda podem acontecer na região.

O Manuel e sua noiva prepararam um bom almoço, com direito a batata frita, espetinhos de frango, vinhos branco e tinto, sobremesa... bem organizado, excelente serviço.

Retornamos a SPA e nos despedimos deles. Fomos para nosso hotel descansar, fumar charuto, tomar whisky e aguardar pelos amigos do hostel, pois havíamos pedido que fosse preparado um jantar de despedida para nosso grupo. Não estava grande coisa, mas foi servido com atenção e cuidado. Valeu pela confraternização. Nossa viagem estava chegando ao fim.

Décimo sexto dia – 16/04/16

Primeiro dia da viagem de retorno. A programação era ir para a Argentina pelo Paso Jama, chegando em Purmamarca para jantar e dormir.

Saímos logo após o café da manhã. O caminho é o mesmo do primeiro dia, em direção ao Salar de Tara passando ao lado do Licancabur. Atingimos os 4.816 m de altitude novamente e chegamos a outro salar chamado Aguas Calientes, às margens da rodovia. Não é necessário dizer que as paisagens são únicas, inesquecíveis.

Neste dia houve a única ocorrência de falha de desempenho dos carros. E foi a Frontier quem sofreu ao longo da subida. Algum sensor limitou a potência dela por segurança. Para terem uma ideia da perda de potência da Frontier, as Defender são 300 Tdi mecânicas, ano 2003 e 2004, e ultrapassaram a Frontier nesta subida. As Land sofreram um pouco, mas cuidávamos para evitar aquecimento excessivo ou sobregiro das turbinas. A velocidade nos trechos de aclive era em média de 80 km/h, mesmo acima dos 4.000 m. E a Frontier sofreu neste dia.

Fomos seguindo em direção à fronteira com a Argentina. Chegamos lá um pouco antes da hora do almoço. O posto de controle é um só. No mesmo prédio trabalham os profissionais chilenos e argentinos. Você faz os procedimentos de saída em um guichê e já ao lado está o oficial do outro país para fazer a entrada. Muito prático.

Deixamos a aduana e logo chegamos em Susques, entroncamento da ruta nacional 52 e a ruta provincial 74, que leva a San Antonio de los Cobres. Esta ruta provincial é também a famosa ruta nacional 40, que tem seu início na fronteira com a Bolívia e vai até a Patagônia. Só soube disto depois.

Neste entroncamento há um posto de combustível e um hotel/restaurante, ponto de parada de muitos overlanders e viajantes. Almoçamos ali em companhia de dois franceses que estavam viajando de moto, americanos da Califórnia, enfim, gente de todos os cantos do mundo.

Seguimos para o oeste descendo a cordilheira pela última vez nesta viagem por uma rodovia sinuosíssima, coisa de cinema. No final da tarde chegamos em Purmamarca. Ficamos em uma agradável pousada, gerenciada pelos proprietários, muito bem decorada e mantida.

Passeamos pela cidade, que é uma mini San Pedro. Na praça central há venda de produtos locais, um paraíso para a mulherada. Aproveitamos para comprar vinhos argentinos, também. Estávamos próximos à região de Cafayate, famosa por seus vinhos.

Nesta noite jantamos em um restaurante na cidade, razoável apenas. Devíamos ter pedido sugestões aos donos da pousada.

Purmamarca é uma cidade bem interessante. Tudo é caro, mas é um ótimo ponto de parada para quem está explorando o noroeste argentino (NOA).

LuizPR
20/04/2017, 15:23
Vale da Lua, Vale Arco-iris

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Caminho de San Pedro

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LuizPR
20/04/2017, 15:28
Salar Aguas Calientes- Paso Jama

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Descida da cordilheira

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LuizPR
23/04/2017, 18:41
Décimo sétimo dia – 17/04/16

Segundo dia de deslocamento de retorno. Iríamos deixar as mulheres em Salta, onde elas pegariam um voo para Buenos Aires e de lá outro para Curitiba, chegando à noite em casa.

Há dois caminhos para ir de Purmamarca a Salta, a partir de San Salvador de Jujuy, sendo um mais bonito pela ruta 9 e outro mais rápido pela ruta 32. Por questões de tempo fomos pelo mais rápido.

Parte do grupo foi ao aeroporto despachar as esposas. Os voos delas foram tranquilos, saíram e chegaram nos horários previstos.

Reunimos os 3 carros na saída de Salta, fizemos um lanche frio e deixamos a cidade rumo a Corrientes, já às margens do rio Paraná. A rodovia não é tão boa nestes trechos, mas fizemos a viagem sem surpresas.

Curiosidade: neste dia fomos parados umas 6 vezes pela polícia rodoviária e pelo exército argentino. Não tivemos dificuldade em nenhuma destas ocasiões, mas em todas o motorista da 90 deve ter rezado um monte para não ser multado por estar com o guincho montado na frente de sua Dedender. Em uma outra viagem em 2013 ele foi multado por este motivo.

Chegamos à noite em Corrientes. Achamos nosso hotel, localizado bem no centro da cidade. Procuramos um lugar para comer uma parrilhada, mas tivemos que nos contentar com hambúrguer de fast food. Era Domingo, tudo fechado.

Houve um contratempo com a 90: a luz baixa deixou de funcionar, o que poderia gerar multa no dia seguinte, uma vez que na Argentina é obrigatório o uso desta luz nas rodovias.

Décimo oitavo e último dia – 18/04/16

Saímos do hotel por volta das 7:00 h, sob chuva. O movimento a partir de Corrientes já é mais intenso. O plano era entrar no Brasil por Barracão, fronteira Paraná/Santa Catarina/Argentina, subir até Guarapuava e chegar em Curitiba no final do dia. Em algum ponto da viagem a 90 se desligaria do grupo, indo para Londrina e de lá para Tremembé.

Eu estava à frente do comboio, e me distanciei um pouco dos demais. A Frontier fechava o grupo. Havíamos percorrido uns 150 km quando de repente ouvi pelo rádio: “Motor ferveu! Motor ferveu! ”. Eu pensei que a mensagem vinha da Frontier. Fiz a volta e retornei. Andei algumas centenas de metros e vi a Defender azul parada no acostamento, com o capô do motor aberto e aquele vaporzinho de água saindo do cofre do motor. Ferrou.

Paramos e fomos ver o que havia acontecido. Simples: o motor da 90 havia fervido, fundido. Mas como?

Resumo: na noite anterior, antes de chegarmos a Corrientes, o condutor ligou o ar condicionado da 90 e o ar não entrou. Ele achou que era algum defeito na parte elétrica e não deu maior atenção ao problema. Abriu a janela e foi em frente.

O que aconteceu foi que a correia que aciona o compressor do ar condicionado escapou de sua polia. Uma revisão em todas as correias da 90 havia sido feita e algumas delas forma trocadas antes da viagem. Provavelmente quando montaram esta correia não o fizeram de forma adequada.

Até aí tudo certo. A correia solta e o ar condicionado não funciona. Tudo bem. O problema foi que a correia, ao escapar, fez um pequeno corte na mangueira que faz o respiro da bomba d´água e a água de arrefecimento do motor começou a vazar beeem lentamente.

Quando saímos de Corrientes, na manhã seguinte, ainda havia água no sistema de resfriamento da Defender, mas esta foi vazando, vazando até que o motor começou a aquecer. E para azar o motorista não estava atento aos instrumentos do painel. Fundiu.

Não somos viajantes inexperientes, mas relaxamos na parte final da viagem e não fizemos aquilo que é básico, verificar pelo menos óleo e água todas as manhãs. Ficou a lição.

Identificamos o que tinha acontecido e a mangueira por onde havia vazado a água. A Frontier pegou a mangueira cortada e foram ver se conseguiam comprar uma que a substituísse, enquanto ficamos aguardando o motor esfriar. Voltaram logo depois com uma mangueira, mas faltava um conector para podermos instalá-la. Decidimos então rebocar o carro até a loja onde compraram a peso de ouro a mangueira, pois na frente da loja havia uma oficina. Com a ajuda de duas manilhas engatamos o cambão que levava para mostrar para os guardas argentinos e fomos até a oficina.

Como o sistema de reboque era improvisado havia uma folga de uns 10 cm entre o ponto de fixação do cambão na minha viatura e o cambão. Cada vez que eu pisava no freio dava uma porrada que parecia que estaca quebrando tudo, e cada vez que eu acelerava dava um tranco que parecia que ia arrancar o chassis da Defender. Moral: leve cambão de verdade, não apenas algo fake para mostrar para a camiñera. Vai que precisa.

Chegamos na oficina, montamos a mangueira e tentamos fazer funcionar o motor. Quando bateu na partida, os gases do escapamento saíram pelo reservatório de água. Conclusão: junta do cabeçote estourada. Fim de viagem para a Defender azul.

Decidimos então vir rebocando a 90 até Foz do Iguaçu, um deslocamento de uns 450 a 500 km. Eram 9:30 h da manhã.

O início desta parte da viagem foi razoavelmente tranquilo, pois estávamos margeando o rio Paraná, onde a estrada é plana e sem muitas curvas. A velocidade variava de 80 km/h nas retas e descidas e 30 a 40 km/h nas subidas. Fomos avançando.

Paramos em uma pequena churrascaria à beira da rodovia perto de Posadas e comemos um espeto corrido à moda argentina, com direito a chinchulin e mollejas. Estava bom, era a primeira refeição decente em mais de 48 horas.

Fomos parados algumas vezes pela polícia rodoviária, e em alguns postos de controle muitos policiais apenas acenavam para seguirmos em frente, sem necessidade de parar os veículos. Para aqueles que perguntavam alguma coisa dizíamos que o defeito havia ocorrido a poucos quilômetros e que estávamos indo a uma oficina logo à frente. Colou.

Após exaustivas 9 horas de viagem chegamos a Puerto Iguazu. Fizemos os trâmites de fronteira (quase nenhum), passamos pelo último policial que quis dar uma bronca dizendo que deveríamos ter chamado um guincho e entramos no Brasil.

Chegamos a um bom posto de combustível para deixar a Defender e seus dois ocupantes. O corretor de seguros já havia sido acionado e esquematizado o envio do carro para Tremembé e passagens aéreas para os dois retornarem para casa. Nos despedimos. Pegamos a estrada às 19:00 h enquanto os amigos foram para um hotel.

Deixamos Foz do Iguaçu. Às 2:30 h da manhã chegamos em Curitiba. Desfizemos o comboio na praça do chafariz, no final da 7 de Setembro, deixei meu companheiro em casa e me dirigi à minha. Fim da viagem.

Cajulus
23/02/2018, 18:37
Décimo sétimo dia – 17/04/16

Segundo dia de deslocamento de retorno. Iríamos deixar as mulheres em Salta, onde elas pegariam um voo para Buenos Aires e de lá outro para Curitiba, chegando à noite em casa.

Há dois caminhos para ir de Purmamarca a Salta, a partir de San Salvador de Jujuy, sendo um mais bonito pela ruta 9 e outro mais rápido pela ruta 32. Por questões de tempo fomos pelo mais rápido.

Parte do grupo foi ao aeroporto despachar as esposas. Os voos delas foram tranquilos, saíram e chegaram nos horários previstos.

Reunimos os 3 carros na saída de Salta, fizemos um lanche frio e deixamos a cidade rumo a Corrientes, já às margens do rio Paraná. A rodovia não é tão boa nestes trechos, mas fizemos a viagem sem surpresas.

Curiosidade: neste dia fomos parados umas 6 vezes pela polícia rodoviária e pelo exército argentino. Não tivemos dificuldade em nenhuma destas ocasiões, mas em todas o motorista da 90 deve ter rezado um monte para não ser multado por estar com o guincho montado na frente de sua Dedender. Em uma outra viagem em 2013 ele foi multado por este motivo.

Chegamos à noite em Corrientes. Achamos nosso hotel, localizado bem no centro da cidade. Procuramos um lugar para comer uma parrilhada, mas tivemos que nos contentar com hambúrguer de fast food. Era Domingo, tudo fechado.

Houve um contratempo com a 90: a luz baixa deixou de funcionar, o que poderia gerar multa no dia seguinte, uma vez que na Argentina é obrigatório o uso desta luz nas rodovias.

Décimo oitavo e último dia – 18/04/16

Saímos do hotel por volta das 7:00 h, sob chuva. O movimento a partir de Corrientes já é mais intenso. O plano era entrar no Brasil por Barracão, fronteira Paraná/Santa Catarina/Argentina, subir até Guarapuava e chegar em Curitiba no final do dia. Em algum ponto da viagem a 90 se desligaria do grupo, indo para Londrina e de lá para Tremembé.

Eu estava à frente do comboio, e me distanciei um pouco dos demais. A Frontier fechava o grupo. Havíamos percorrido uns 150 km quando de repente ouvi pelo rádio: “Motor ferveu! Motor ferveu! ”. Eu pensei que a mensagem vinha da Frontier. Fiz a volta e retornei. Andei algumas centenas de metros e vi a Defender azul parada no acostamento, com o capô do motor aberto e aquele vaporzinho de água saindo do cofre do motor. Ferrou.

Paramos e fomos ver o que havia acontecido. Simples: o motor da 90 havia fervido, fundido. Mas como?

Resumo: na noite anterior, antes de chegarmos a Corrientes, o condutor ligou o ar condicionado da 90 e o ar não entrou. Ele achou que era algum defeito na parte elétrica e não deu maior atenção ao problema. Abriu a janela e foi em frente.

O que aconteceu foi que a correia que aciona o compressor do ar condicionado escapou de sua polia. Uma revisão em todas as correias da 90 havia sido feita e algumas delas forma trocadas antes da viagem. Provavelmente quando montaram esta correia não o fizeram de forma adequada.

Até aí tudo certo. A correia solta e o ar condicionado não funciona. Tudo bem. O problema foi que a correia, ao escapar, fez um pequeno corte na mangueira que faz o respiro da bomba d´água e a água de arrefecimento do motor começou a vazar beeem lentamente.

Quando saímos de Corrientes, na manhã seguinte, ainda havia água no sistema de resfriamento da Defender, mas esta foi vazando, vazando até que o motor começou a aquecer. E para azar o motorista não estava atento aos instrumentos do painel. Fundiu.

Não somos viajantes inexperientes, mas relaxamos na parte final da viagem e não fizemos aquilo que é básico, verificar pelo menos óleo e água todas as manhãs. Ficou a lição.

Identificamos o que tinha acontecido e a mangueira por onde havia vazado a água. A Frontier pegou a mangueira cortada e foram ver se conseguiam comprar uma que a substituísse, enquanto ficamos aguardando o motor esfriar. Voltaram logo depois com uma mangueira, mas faltava um conector para podermos instalá-la. Decidimos então rebocar o carro até a loja onde compraram a peso de ouro a mangueira, pois na frente da loja havia uma oficina. Com a ajuda de duas manilhas engatamos o cambão que levava para mostrar para os guardas argentinos e fomos até a oficina.

Como o sistema de reboque era improvisado havia uma folga de uns 10 cm entre o ponto de fixação do cambão na minha viatura e o cambão. Cada vez que eu pisava no freio dava uma porrada que parecia que estaca quebrando tudo, e cada vez que eu acelerava dava um tranco que parecia que ia arrancar o chassis da Defender. Moral: leve cambão de verdade, não apenas algo fake para mostrar para a camiñera. Vai que precisa.

Chegamos na oficina, montamos a mangueira e tentamos fazer funcionar o motor. Quando bateu na partida, os gases do escapamento saíram pelo reservatório de água. Conclusão: junta do cabeçote estourada. Fim de viagem para a Defender azul.

Decidimos então vir rebocando a 90 até Foz do Iguaçu, um deslocamento de uns 450 a 500 km. Eram 9:30 h da manhã.

O início desta parte da viagem foi razoavelmente tranquilo, pois estávamos margeando o rio Paraná, onde a estrada é plana e sem muitas curvas. A velocidade variava de 80 km/h nas retas e descidas e 30 a 40 km/h nas subidas. Fomos avançando.

Paramos em uma pequena churrascaria à beira da rodovia perto de Posadas e comemos um espeto corrido à moda argentina, com direito a chinchulin e mollejas. Estava bom, era a primeira refeição decente em mais de 48 horas.

Fomos parados algumas vezes pela polícia rodoviária, e em alguns postos de controle muitos policiais apenas acenavam para seguirmos em frente, sem necessidade de parar os veículos. Para aqueles que perguntavam alguma coisa dizíamos que o defeito havia ocorrido a poucos quilômetros e que estávamos indo a uma oficina logo à frente. Colou.

Após exaustivas 9 horas de viagem chegamos a Puerto Iguazu. Fizemos os trâmites de fronteira (quase nenhum), passamos pelo último policial que quis dar uma bronca dizendo que deveríamos ter chamado um guincho e entramos no Brasil.

Chegamos a um bom posto de combustível para deixar a Defender e seus dois ocupantes. O corretor de seguros já havia sido acionado e esquematizado o envio do carro para Tremembé e passagens aéreas para os dois retornarem para casa. Nos despedimos. Pegamos a estrada às 19:00 h enquanto os amigos foram para um hotel.

Deixamos Foz do Iguaçu. Às 2:30 h da manhã chegamos em Curitiba. Desfizemos o comboio na praça do chafariz, no final da 7 de Setembro, deixei meu companheiro em casa e me dirigi à minha. Fim da viagem.




Baita aventura parceira...Parabéns...Li todos os comentários. Realmente, algumas coisas passam despercebidas, e é valido para todos o relato da sua experiencia.


Forte abraço.

Caju

LuizPR
25/02/2018, 20:38
[QUOTE=Cajulus;2465843]Baita aventura parceira...Parabéns...Li todos os comentários. Realmente, algumas coisas passam despercebidas, e é valido para todos o relato da sua experiencia.


Forte abraço.



Verdade, amigo. Algumas coisas passam, mas experiências como estas marcam a vida. Creio que quem fizer o roteiro que fizemos não se arrependerá. Não há muita aventura nem grandes desafios, mas vale cada quilômetro.

Uma única observação: o ideal para fazer-se esta viagem é um período de 30 dias, pelo menos; só tínhamos 18. Nestes 12 dias a mais poderíamos conhecer mais dos países e regiões por onde passamos. Não conseguimos ver nada do Titicaca e suas atrações, por exemplo.

Abraços.

mmarcolino
19/03/2018, 19:30
Parabens pelos relatos LuizPR, muito legal. As fotos ficaram incriveis.






[QUOTE=Cajulus;2465843]Baita aventura parceira...Parabéns...Li todos os comentários. Realmente, algumas coisas passam despercebidas, e é valido para todos o relato da sua experiencia.


Forte abraço.



Verdade, amigo. Algumas coisas passam, mas experiências como estas marcam a vida. Creio que quem fizer o roteiro que fizemos não se arrependerá. Não há muita aventura nem grandes desafios, mas vale cada quilômetro.

Uma única observação: o ideal para fazer-se esta viagem é um período de 30 dias, pelo menos; só tínhamos 18. Nestes 12 dias a mais poderíamos conhecer mais dos países e regiões por onde passamos. Não conseguimos ver nada do Titicaca e suas atrações, por exemplo.

Abraços.

guilhermej
16/05/2018, 14:13
[QUOTE=mmarcolino;2468283]Parabens pelos relatos LuizPR, muito legal. As fotos ficaram incriveis.


Excelente o relato!
Estou planejando uma viagem parecida, só que saindo de Porto Velho e entrando por Foz o Iguaçu, e entrar na Argentina via SPA.
Estou com uma dúvida. Você adquiriu a Carta Verde antes de sair do Brasil? Pergunto pois normalmente eu compro a Carta Verde na fronteira, mas como é Chile com Argentina, não sei se o seguro é vendido. Se lembra de ver carta verde vendnedo na fronteira Chile com Argentina? Obrigado desde já!

LuizPR
19/05/2018, 17:49
Boa tarde, Guilherme. Para os países por onde passei são necessários 3 seguros diferentes:

- Peru: o SOAP. Você deve perguntar na fronteira, ao fazer os procedimentos de entrada no país, onde pode adquiri-lo. No meu caso perguntamos em Iñapari, por onde entramos, e nos disseram que não estavam vendendo o SOAP ali. Informaram-nos que deveríamos fazer em Puerto Maldonado, o que fizemos. Conseguimos contato com um agente no hotel onde nos hospedamos (Cabaña Quinta), que fez o seguro para nós por 200,00 soles por veículo, cerca de R$ 200,00.
- Chile: é necessário outro seguro, específico para este país. Fiz pela internet no site magallanes.cl. O valor depende da viatura e do período de estada no país mas é barato. Paguei com cartão de crédito no próprio site e levei o recibo impresso, que serve como comprovante a ser mostrado se pedirem.
- Argentina e demais países do Mercosul: aí entra a famosa Carta Verde, que emiti com o corretor que faz o seguro da minha viatura. Desconheço o processo de contratar a Carta Verde em fronteiras. Se seu plano é vir de SPA para a Argentina, não sei se conseguirá fazer isto no posto de fronteira entre os dois países. Acho mais seguro sair do Brasil já com ela.

Qualquer dúvida estamos aí. Bom planejamento e boa viagem.





[QUOTE=mmarcolino;2468283]Parabens pelos relatos LuizPR, muito legal. As fotos ficaram incriveis.


Excelente o relato!
Estou planejando uma viagem parecida, só que saindo de Porto Velho e entrando por Foz o Iguaçu, e entrar na Argentina via SPA.
Estou com uma dúvida. Você adquiriu a Carta Verde antes de sair do Brasil? Pergunto pois normalmente eu compro a Carta Verde na fronteira, mas como é Chile com Argentina, não sei se o seguro é vendido. Se lembra de ver carta verde vendnedo na fronteira Chile com Argentina? Obrigado desde já!

LuizPR
19/05/2018, 18:16
Obrigado, Marcolino.

[QUOTE=mmarcolino;2468283]Parabens pelos relatos LuizPR, muito legal. As fotos ficaram incriveis.

RAlves
18/07/2018, 16:40
Cara essa Defender 90 de tremembé o cara mora/morava no Eldorado? Minha sogra era vizinha de um cara com uma igualzinha que eu ficava babando toda vez que passava, deve fazer um ano ou menos ela sumiu de lá. Viagem show!

Logo faço uma assim tbm.

Gil-RJ
19/07/2018, 14:39
Bom dia, cheguei a alguns dias de uma viagem por Chile e Argentina, meu carro é financiado. Em momento algum me pediram nada a respeito, alias acho que eles nem sabem ler o documento se está alienado ou não. O que importa para eles, é o carro estar no nome de alguém do carro.

Mas o que sei é que se o carro está alienado, o dono do carro ( que tem o nome no documento) deve estar presente, no caso de cdc, e em caso de leasing parece que tem que ter sim uma autorização por escrito.
Mas falo por experiencia própria, isso somente por garantia, pois na prática eles não pedem nunca.

Fui de moto no Atacama em 2008 e, a moto estava financiada (CDC), com meu nome aparecendo acima e o do banco discretamente abaixo na observação (como é até hoje) e, sinceramente, acredito que somente se fosse Leasing, quando os nomes aparecem ao contrário, poderia haver algum problema, pelo fato deles nem saberem direito conferir os documentos. Porque que fui parado algumas vezes pela policia na Argentina e no Chile, além dos trâmites nas aduanas, mas, foi tudo tranquilo.
Grande abraço !

Gil-RJ
19/07/2018, 15:27
Luiz PR !!! Parabéns !!!

Sou novo no fórum e não havia achado ainda esta sua belíssima narrativa desta viagem fantástica que, por uma feliz coincidência é o mesmo roteiro que quero fazer em breve com a minha viatura, saindo pelo Acre e voltando por Foz do Iguaçu.
É Claro, mudando apenas o ponto de partida (RJ).

Muito bacana mesmo !!! Comecei a ler e não consegui parar...

Apenas uma dúvida, estive no Atacama em 2008, só que de lá fui pra Santiago, não tendo ido ao Peru.
Lembro que nesta viagem a minha moto, uma XTE600 carburada sofre na travessia do Paso de Jama, perdendo muita força em alguns trechos mais altos após a fronteira. Será que a meu carro atual, meu xodó, uma hilux 2002 aspirada 4x2 teria essa mesma dificuldade ?
Segue fotos da viatura :

560092

560093

LuizPR
28/07/2018, 00:04
RAlves, não sei se é a mesma Defender. Mas concordo, uma 90 azul com capota branca é de babar mesmo.

LuizPR
28/07/2018, 00:10
Gil-RJ, obrigado pelos comentários.

Quanto ao desempenho de sua Hilux aspirada na altitude, sim, será prejudicado, mas não creio que a ponto de atrapalhar sua viagem.

Alguns amigos aqui de Curitiba foram a San Pedro em 3 Galaxie, para você ter uma ideia, e somente um deles teve dificuldade em um ou outro trecho.

Muito bonita a viatura. Faça a viagem, não se arrependerá. Abraço