Guilherme, o sonho de vir pra cá com certez vai se tornar realidade pra você também, mas certamente você não vai encontrar essa paisagem deslumbrante que você imagina, pelo menos nesse trecho mais litorâneo da Patagonia Argentina. Como diríamos aí em Campos, muitas vezes a paisagem é de dar chulé em pé de mesa. É sempre muito igual, muito árida, vegetação rasteira ou quase nenhuma. Retas intermináveis. Se estiver com muito sono, crave o piloto automático na velocidade desejada, trave o volante em reta, e coloque o despertador para daí uns 30 min depois. Vai acordar achando que nada mudou, que estes 30 min não passaram. Muito de vez em quando aparece uma subida ou descida de uma espécie de canion. Aí você vai encontrar todos os caminhões desse trecho. Segundo o enunciado da 17ª lei de Murph, você nunca encontra os caminhões nas retas, só nos trechos onde não dá para ultrapassá-los. Mas isso não tira o gosto pela viagem. Tudo é muito diferente do que estamos acostumados. No trecho de hoje por exemplo, a monotonia diminuiu um pouco: eram muitos os grupos de guanacos pastando na margem da Ruta 3, e aí, toda a atenção é pouca porque são muitos os que morrem atropelados, e você não vai querer protagonizar uma cena destas.
Também vimos muitos casais de gansos selvagens, o macho mais claro e maior, e a fêmea menor e escura. Também é certo encontrar flamingos em cada lagoa que se avista da estrada. Além destes, os sempre presentes corderos patagônicos em grupos grandes ou menores. São muitos.
Hoje tivemos uma pequena frustração no trecho de Puerto San Julian até aqui em Rio Gallegos. Pretendíamos visitar o Parque Nacional Monte Leon, mas ele só abre em novembro para a temporada de verão. Por isso chegamos cedo a Rio Gallegos, e já estamos hospedados no Hotel Punta Arenas, de bom custo benefício.
Para os viajantes que vem pra cá uma dica importante: uns 20 km antes de chegar aqui há uma barreira policial com uma indicação para parar. Em várias outras antes, a parada não foi necessária. Mas nesta é. O Luciano vinha na frente e mesmo vindo muito devagarinho, quase parando, foi interpelado pelo policial e advertido porque não parou. Foi uma advertência verbal e uma por escrito dentro do escritorinho, o que nos tomou uns bons 20 min. Nada mais sério, mas quebrou o rítimo da viagem.
Hoje como estou com uma conexão de internet muito boa, vou tentar anexar algumas fotos.
Um abraço a todos!