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  • #25
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    Relatório do dia 22 de dezembro.

    Hoje é terça feira (martes) e reservamos o dia para conhecer a região que é magnífica e amanhã iniciar então nossa aventura pela Carretera Austral.


    Nossa hotel, digo residencial atende as nossas necessidades. Não temos aquecimento a gás ou elétrico como nos outros lugares em que já nos hospedamos, mas aqui, quase no final da Carretera Austral é tudo muito difícil de ser conseguido.

    A base de aquecimento aqui é a lenha, que se torna condição fundamental de sobreviência. Quem não tiver emprego aqui não vai poder comprar lenha e vai morrer no inverno.

    Aqui não tem bolsa famíla. O cara tem que trabalhar e o governo vai fazer é criar condições de manter a homem empregado e se sentindo útil a sociedade. O metro cúbico de lenha custa 18000 pesos e dá para 15 dias no verão e 1 semana no inverno (família médiana) .

    Aqui é uma cidade de 3500 pessoas onde a maioria das se conhece e se respeitam. Tem uma escola de fazer inveja a muitas cidades brasileiras, biblioteca pública, fórum e um destacamento policial que não tem muito o que fazer pois não há violência, tóxico, bares abertos à noite, etc. Todos são amáveis e se cumprimentam ao cruzar nas ruas.

    Visitamos o Parque Tamango e fizemos uma excursão sem a necessidade de guias em busca dos Heumules que se parecem com alces americanos. Depois de caminhar umas 2 horas por senderos de dificuldade média, retornamos sem ver nenhum heumule. Aproveitamos somente o passeio pela natureza visitando lugares muito bonitos. Acho que os heumules só aparecem às segundas, quartas e sexta feiras.

    Não tenho muito mais falar sobre a cidade, mas a mesma foi um local que tiramos para descansar e iniciar mais um desafio. A Carretera Austral.

  • #26
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    Relatório do dia 23 de dezembro.

    Um dia para esquecer ou ficar para sempre na lembrança ...

    Preliminarmente gostaria de desejar a todos que tão distantes, com suas mensagens nos fazem sentir tão próximos, um Feliz Natal junto aos seus entes queridos nesta noite mágica.

    Nós estaremos em algum ponto da estrada, aparentemente solitários, mas com o pensamento voltado a cada um de vocês, principalmente aos meus filhos e aos familiares de Gloriete.

    Mas vamos ao que aconteceu no dia de ontem ...

    O Sr Raul preparou nosso último desayuno em Cocrhane com muito carinho. Tinha até ovos fritos. Pegamos a ruta às 08h00min horas e iniciamos nosso retorno pela Carretera Austral.

    Esqueci de mencionar que no dia anterior tinha espetado a mão direita em um arbusto de calafate durante o traking pelo parque e o espinho inflamou prejudicando a mão. Á noite, Gloriete tirou o mesmo com uma agulha, passamos uma pomadinha e tudo bem.

    Isso pode parecer um relato bobo, mas em uma viagem, se ferir, principalmente na mão principal, com que se vai se contar para dirigir, já que o outro braço é somente de apoio, pode vir a constituir um problema. Mas de manhã e durante o dia fui melhorando.

    O primeiro trecho a ser vencido seria até Cocrhane com aproximadamente uns 330 km e o Sr. Raul estimou que nossa viagem levaria em torno de umas 8 (oito) horas, pois tinha chovido muito durante toda a noite e seria recomendado que fossemos devagar apreciando a beleza da região.

    Já ao sair de Cocrhane uma chuva miúda se fez presente. Os primeiros kilometros (+- 10 km), que já tínhamos passado quando da viagem de chegada foram agora vistos de dia e posso afirmar que eram lindas imagens a beira de precipícios que não foram percebidos na viagem de chegada, pois estava escuro.

    A viagem transcorreu até Puerto Tranqüilo com uma sucessão de subidas e descidas e imagens maravilhosas. Mesmo com chuva fina procuramos registrar e filmar o maior número possível de imagens para mostrar aos amigos ao chegarmos a Vitória.

    A viagem não rendia e não rendeu durante todo o percurso até Puerto Aiesen. Na primeira hora havíamos percorrido apenas 36 km devido ao registro de imagens e condições da estrada com muitas costelas de vaca na pista e panelas (buracos) ocasionadas pelas chuvas. A cada curva uma imagem a ser registrada e tome chuva e frio.

    Chegamos a Puerto Tranqüilo e a imagem do lago antes mesmo de chegar ao povoado é linda. É lá que se situam as Capelas de Mármore. Existem varias empresas que se dedicam a fazer o passeio lá no meio lago, mas a temperatura em torno de 2 graus centigrados e a chuva fina impedia a saída de barcos por mais corajosos que fossem os turistas.

    Alguns que vieram de tão longe para ver esse espetáculo da natureza, resolveram até alugar cabanas e esperar a mudança de tempo para realizar o passeio. Como ano que vem estarei de volta, posso deixar para depois.

    Depois de Puerto Tranqüilo a estrada melhora um pouco e as paisagens se tornam mais vegetativas. Começamos a atravessar como que florestas, mas com um tipo de vegetação diferente das nossas. A vegetação é luxuriante.

    O carro começa a sentir um pouco a temperatura baixa e em uma das pequenas serras a serem vencidas, a neve começa a aparecer na pista de terra e na vegetação obrigando o uso de tração para escorregar menos. Senhores !!! Estamos falando de neve em pleno dezembro. É lindo, mas é perigoso.

    De repente olho para o vidro pára-brisa e vejo um pequeno riscadinho a esquerda. Esse riscadinho de uns 3 cm começa a crescer milimetricamente e constato que o vidro rachou.

    Isso em Vitória não teria o menor problema, mas estamos na Carretera Austral, é ante véspera de natal, não temos recursos e no meu Plano B já fico pensando em passagem de fronteira para a Argentina e onde posso conseguir um vidro de Nissan. A primeira cidade que me vem à mente é Bariloche, depois Neuquém e até mesmo Mendoza. Só que a mais próxima está a mais de 1000 km de distância. Vamos ter que administrar mais essa situação. Eu me preparei tanto para outras eventualidades e os meus problemas tem sido outros nesta viagem.

    Depois de um determinado ponto, a uns 90 km de Coyaque surge o asfalto. Que benção !!! O asfalto, entretanto surgiu porque iríamos atravessar como que um passo entre montanhas nos Andes e subimos até 1129 metros de altitude em apenas seis kilometros de estrada.

    O carro sofre um pouco, pois a temperatura começa a baixar muito. A Nissan sobe galhardamente ultrapassando algumas vans e micro ônibus que exalam uma fumaça preta além do normal pelo esforço.

    De repente olhamos para o termômetro externo e vemos que já estamos com menos 4 graus centígrados e a chuva começa a colar no pára-brisa. Não era chuva. Era neve ... Esta é a primeira vez que vi neve caindo na minha vida. Já tinha visto neve caída, mas ver neve caindo era lindo e uma novidade.

    Aquela maravilha da natureza começou a aumentar muito e o medo começou a se fazer presente. De repente o limpador começava a ficar pesado de remover a neve, o asfalto da pista começa a se toldar de branco. A neve começa a cobrir o caput e a situação começa a ficar preta.

    Ainda bem que já tínhamos vencido o ponto mais alto da serra e começávamos a descer suavemente. As condições climáticas mudaram muito de repente. Estava frio, tudo bem, mas de repente ficou gelado.
    Vencida a serra um sol tímido começa a surgir a nos acompanhou até Coyhaque.

    Cidade grande e de vocação turística assim como toda a região. Seria necessário pelo menos 1 semana só para conhecer a região.

    Estacionamos em uma praça principal, fizemos um pouco de cambio, pois não sabemos o que iremos encontrar pela frente e partimos para o último trecho desse dia em direção ao Oceano Pacífico, na cidade de Puerto Aisen, onde vamos entregar o presente de natal do Pablo Ramires, filho do Sr. José Carlos que encontramos lá de Punta Arenas. Vamos dar uma de Papai Noel e reservamos até um pequeno presente para o menino.

    Esse trecho entre essas duas últimas cidades é (escolham um adjetivo). Para efeito de comparação, imaginem as estradas serranas do Estado do Rio de Janeiro e do Estado do Espírito Santo. Imaginaram ... Para essas estradas eu daria uma nota 2 a 3 em uma escala de 0 a 10. Para a estrada que trilhamos margeando o Rio Simpson a nota é 10 . Impossível de descrever ...

    Chegamos a Puerto Aisen e paramos para abastecer. Os preços começaram a baixar. Perguntei ao frentista onde era o endereço e de repente me chega o dono do posto que se apresenta e pergunta se podia ajudar em alguma coisa.

    Estou começando a mudar o meu conceito dos Chilenos. Já é segundo que encontramos nessa viagem.

    Levou-nos na rua do menino, nos levou no hotel e principalmente nos deu uma dica de que em Coyhaque podermos tentar deter o crescimento da rachadura do pára-brisa.

    Hospedamos-nos no melhor hotel da cidade com internet wi-fi no quarto e aquecedor. O valor é 45000 pesos, um pouco alto para os nossos padrões, mas acho que merecemos depois de passar tanto aperto durante esse dia.

    Não gosto de retornar, mas hoje de manhã voltaremos a Coyhaque para tentar arrumar a Nissan.

    Feliz Natal.

  • #27
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    Relatório do dia 24 de dezembro.

    Primeira parte



    Natal na Carretera Austral(não é que rimou ...)


    1 - Onde estamos neste momento (24 de dezembro – 19h30min horas)

    Meus amigos, vocês não fazem a menor idéia de onde estamos e onde iremos passar a nossa noite de natal.

    Estamos em uma pequena vila chamada La Junta em la Carretera Austral. Não se trata de uma vila turística, bem transada como a Vila de Puyuguapi, que deixamos a 47 km atrás, de colonização alemã, com seus 953 habitantes, que tem no turismo e na piscicultura do salmão a base de sua economia.

    Nossa pequena vila, caracterização geográfica que antecede a condição de transformação de um povoado, é tão somente um ponto de passagem de mochileiros, ciclistas solitários e almas desgarradas que se atreveram a cruzar a carretera e ficaram por aqui para passar a noite e na manhã seguinte partir bem cedo.

    Chegamos aqui depois de uma viagem de quase 7 horas desde Coyhaque. Nosso pouso em um residencial, que é ao mesmo tempo, um armazém de secos e molhados, um lugar onde se vende gás, onde a proprietária exerce a função de peluqueira de damas (cabelereira), onde se aplica injeções, fazem-se pequenos curativos e o marido da dona faz inseminação artificial em ovelhas nos sítios próximos. Sentiram o clima do local ...

    Estamos desfrutando dos mesmos espaços dos residentes no local e Gloriete já está na cozinha ajudando na ceia de natal. As acomodações são muito simples, mas é melhor do que armar uma barraca ou dormir dentro da Nissan, com a vantagem de ter aquecimento à lenha na sala central.


    2 – Resolução do problema do vidro do pára-brisa:

    Quando se está na estrada, é uma ótima oportunidade de fazermos reflexões ou criarmos teorias que podem cambiar os conhecimentos da humanidade.

    Percebi que o aumento da rachadura do vidro era proporcional a velocidade desenvolvida pelo veículo, ou seja, quanto maior a velocidade, maior a pressão contra a superfície e maior a expansão do dano. Dessa forma a viagem de Cohyaque até Puerto Aisen foi em um ritmo tranqüilo como se eu estivesse levando uma noiva para a Igreja (com todo cuidado).

    Em Puerto Aisen fiquei sabendo que existia um senhor que fazia soldas em para-brisas na cidade de Coyhiaque que tínhamos deixado para trás uns 70 km. Esta solda não permitiria a evolução da rachadura.

    Retornando a Cohyaque, comecei as buscas e já na segunda estação de serviço (Shell) encontrei o cidadão que tinha sua oficina localizada em um anexo a mesma.

    Além de mim, havia um outro chileno que já estava fazendo o serviço em seu veículo, pois é muito comum problemas com pedras na carretera, não pela passagem de outros veículos em sentido inverso e sim por pedras que caem das encostas dos morros.

    Quando comentei em nosso relatório sobre a frisura no para- brisas trincado, é que a rachadura crescia milimetricamente a cada momento, e já estava com uns 18 cm (começou com 2 cm) e isso me dava uma “gastura” incrível, pois dentro de 2 dias eu teria uma rachadura no para-brisa em toda sua extensão.

    Vidro soldado, problema resolvido em parte, podia eu então retornar a viagem. Até que o serviço ficou bom. Se eu quiser uma visibilidade melhor é só eu fechar o olho esquerdo ou virar a cabeça um pouco de lado que fica ótimo.

    Já que estávamos em Coyhaique porque não almoçar em grande estilo para comemorar o conserto do vidro. Almoçamos no Cassino do Corpo de Bombeiros. Não estranhem não, pois os bombeiros aqui são voluntários e o restaurante do cassino é uma fonte de renda para gerar renda para a manutenção do serviço.

    Foi o melhor peixe Congrio ao Pobre que comemos em nossa viagem. Valor médio de 6000 pesos para cada pessoa. Mas que recomendar o local, digo até que é mandatório comer nesse lugar.

  • #28
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    Relatório do dia 24 de dezembro.

    Segunda parte

    3 – Considerações sobre este trecho da Carretera Austral (Cohyaque – La Junta):

    Os primeiros 48 km são de um asfalto impecável, são lindos, margeando o vale do rio Simpson. Foi o caminho já traçado e retornado que fizemos para Porto Aisen. Trata-se de uma reserva natural de beleza admirável.

    Depois vira-se a direita para um povoado chamado Maniguales e a estrada parece estar passando por uma região de Alpes Suíços, com montanhas com seus picos cobertos de neve, vacas pastando, rios correndo mansamente, etc. Tudo muito bonito. Até lá são mais uns 45 km de asfalto.

    Vinte kilometros depois de Maniguales o asfalto termina e começa um rípio de pedras bem grandes. Eles estão preparando esse trecho para asfaltar. A paisagem muda para uma paisagem parecida com os lagos chilenos. Começa a ficar tão bonito que até enjoa.

    Mais a frente acaba a civilização, a estrada tem um trecho de asfalto de uns 38 km e começa a aparecer um trecho de vegetação luxuriante já antevendo o que vira pela frente.

    Atravessamos então o Rio Cisnes e a estrada começa a atravessar o Parque Nacional Queulat. Pesquisem por favor, esse parque na internet. Ai nesse ponto é que a coisa pega e fica deslumbrante ao mesmo tempo. A estrada se transforma em uma trilha off-road e começa a subir por uns 12 km. O carro sofre muito. É primeira marcha e no máximo segunda em alguns pontos de pequenas retas.

    A vegetação é de selva, mas uma selva que se parece com uma floresta pré-histórica, com plantas que tem folhas de quase 1 metro quadrado de área. A umidade entra pelos ossos quando você sai do carro para tirar fotos. Parece que a qualquer momento vai aparecer um dinossauro em sua frente. Cachoeiras e cascatas por toda parte e apesar de tudo isso, o sistema de contensão e desvio de águas não permite que a água venha para a trilha.

    Se a subida foi difícil a descida é pior. As curvas são muito apertadas e o caminho é muito estreito (angosto). Desta forma é impossível o tráfego de buses ou caminhões até a Villa de Puyuguapi e Villa La Junta.

    O parque é um como que um divisor de atividades, abastecimento entre essas regiões que passam a ser abastecidas por Puerto Mont no sul do Chile através de transbordadores. Deve ser por isso que as coisas chegam aqui muito caras, pois tudo é muito difícil.

    Terminado o parque, a estrada volta para o nível do mar e melhora um pouco o seu calçamento até a Villa de La junta onde nos encontramos.

    Desnecessário dizer que as belezas desse trecho são lindas. O correto seria fazer uma viagem específica pela Carretera e trilhar a mesma bem devagar em uns 7 dias mais ou menos.


    4 – Mistérios que ocorrem na Carretera Austral

    4.1 – Alarme do auto não funciona em Coyhiaque

    Quando chegamos pela primeira vez em Coyhaique ao estacionar na praça central, acionei o alarme e ele não funcionou.

    Pensei que a bateria do alarme estivesse acabado e peguei a chave reserva e tentei acionar. Não funcionou. Era mais um probleminha, mas tudo bem, pois eu podia travar as portas manualmente.

    Chegando a Puerto Aisen, acionei o alarme e funcionou. Fiquei feliz.

    Na volta a Coyhaque parei na mesma praça, acionei o alarme e ele não funcionou. Na saída da cidade voltou a funcionar.

    O que eu acho que é ... A cidade tem rede de wi-fi para a população e acho que deve ter algum problema de interferência no alarme.

    Solicito desta forma aos entendidos no assunto a pesquisarem isso para mim e quando vierem aqui façam o teste e me enviem um e.mail.

    4.2 – A viagem não rende na Carretera Austral

    O que vou relatar não é impressão pessoal. No primeiro dia de viagem de carretera austral você andava, andava e você tinha a impressão que a kilometragem não avançava.

    No segundo dia a mesma coisa e a Villa de La Junta nunca chegava.

    Hoje dia 25, ao deixar a Carretera e dobrar a direita para pegar o Paso Futaleufu percebi que mesmo andando devagar e parando para fotos a kilometragem rendia.

    O que acho que é !!! Acho que deve ser alguma coisa ligada com o piso negro que encontramos em quase a totalidade da carretera. Trata-se de pedra vulcânica de cor negra. A impressão que se tem é parecida com a encontrada na BR 040 entre Congonhas do Campo e Belo Horizonte quando a estrada atravessa a região de minas de ferro.

    Quem vier por aqui favor confirmar esse meu sentimento.


    No mais estamos bem e amanhã dia 25 de dezembro se Deus quiser estaremos de volta à Argentina.

    Feliz Natal a todos.

  • #29
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    Relatório do dia 25 de dezembro.


    De volta para casa(quase ...)

    O dia amanheceu chovendo o que tem sido uma constante em nossa viagem pela Carretera, entretanto isso não tem sido um impeditivo total, muito embora melhor seria sem chuva.

    O trecho entre La Junta e Santa Luzia tem aproximadamente 68 km e não tem grandes atrativos, pois o nosso conceito de beleza está como que super apurado. O piso é que melhorou bastante e pode-se desenvolver uma média melhor sem maltratar o veículo.

    Em Santa Lucia parece uma vila acampamento do exército chileno. Parece que eles tem uma “neura” de serem invadidos pela Argentina e reforçam as fronteiras com destacamentos militares. De certa forma é bom porque gera em emprego para jovens e os mantém ocupados.

    Também é em Santa Lúcia que saímos da Carretera e nos dirigimos para o Paso Futaleufu.

    A estrada se mantém em boa qualidade só que mais estreita. Os rios são o forte deste trecho. Fantásticos... São de uma cor verde que dói as vistas.

    A cidade de Futaleufu é considerada a capital mundial do rafting com inúmeras empresas prestando esse serviço. Isso seria um esporte para meus filhos.

    Depois de 77 km se chega a cidade de Futaleufu que é muito bem arrumada e daí até o paso internacional são 9 km.

    Tudo muito fácil e muito rápido nos 2 pasos ( Chile e Argentina ) e finalmente entramos na Argentina onde por incrível que parca já nos sentimos em casa.

    Pega-se então uma estrada de rípio de boa qualidade e em pouco tempo estamos atravessando Trevelin e de lá até aqui em Esquel o asfalto volta a se apresentar.

    Esse relato está quase que rodoviário mas é porque estarei indo para o parqeu nacional dos Alerces e posso ter problemas com a Internet.

    O hotel que estamos é o Sky Hotel. Tem cocheira coberta, e um custo benefício muito bom. O preço é 135 pesos.

    Um grande abraço ao Henrique Caldas que foi o responsável pela preparação do chip da Nissan.

    Fiquem com Deus.
    .


  • #30
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    Relatório do dia 26 de dezembro.


    Mari mani pu lamuen pu peñi lofche pu Warriche Brasil anay Argentina kon pu che.

    Saudações a todos os irmãos e irmãs do Brasil e da Argentina que vêem a nossa terra em missão de paz (saludo em língua mapuche).

    Com essa despedida fraterna, o Cacique Mapuche Sergio Nahuelpan, do Museu de Culturas Originárias, enviou uma mensagem a todos vocês, através de nossa pessoa, quando da visita que fizemos ao povoado de Nahuel Pan, ponto final do ramal ferroviário de “La Trochita”, uma das atrações históricas de Esquel.

    Como existem informações na internet bastante completas sobre a Trochita assim como filmes no Youtube, não vou desenvolver esse tema com muitos detalhes. Pesquisem e quem sabe vocês não se animem a vir a viajar no velho expresso patagônico.

    O que podemos colocar é que a presença do trem por essas regiões tão distantes, no meio do século passado teve uma influência econômica, social e cultural, não obstante sua imagem modesta apesar de sua robustez e fidelidade aos horários e itinerários apesar das nevadas no inverno.

    Vamos então ao nosso descritivo diário:

    Ontem, dia 25 de dezembro, dia de Natal, Esquel estava praticamente com suas ruas vazias. As pessoas estavam recolhidas em suas casas comemorando (o Argentino curte muito mais a família que nos, os brasileiros) e tivemos dificuldade em encontrar um restaurante aberto para jantar. Cabe ser ressaltado que Esquel não é mais nenhum povoado e tem 40 mil habitantes. Na cidade toda encontramos somente uma pizzaria aberta.

    Jantamos e voltamos para o Hotel Sky (135 pesos) e que maravilha, tinha Internet Wi-Fi.

    Desta forma coloquei nossa correspondência eletrônica em dia e dormimos com a janela do quarto aberta. Esta consideração sobre a janela parece uma consideração sem muita importância, mas é a primeira vez que isso acontece em nossa viagem. O frio finalmente começa a abrandar.

    De manhã acordamos, voltamos ao famoso café com letche com meia lunas e partimos para a estação da “Trochita” com 2 horas de antecedência.

    Pela primeira vez em minha vida não fomos os primeiros a chegar. Já aguardavam a abertura da bilheteria uma argentina de 68 anos que viaja pelo mundo sozinha e um chileno que conhece tudo a respeito de trens. É uma sumidade no assunto. Sabe até o peso dos trilhos por metro (Na Trochita é de 15 kilos por metro de trilho. No Brasil são 45 kilos por metro de trilho).

    Isso é o tipo da informação que não tem o menor significado, mas para ele, especialista em trens, é super importante.

    Mesmo sem dominar o idioma espanhol, consegui que o chileno, através de negociação pessoal, falando que eu era representante do Grupo 4x4 Brasil, que o mesmo fizesse a viagem na própria locomotora. Isso foi um sonho para ele, pois os Chilenos são pessoas “travadas” por natureza e condicionados a normas rígidas, diferentes de nós brasileiros e argentinos.

    A viagem no trenzinho de trem vale a pena ... São 1 hora para ir, 45 minutos para visitar o povoado e o museu e 1 hora para voltar para Esquel. O preço da passagem é de 50 pesos para estrangeiros. Procure chegar cedo para comprar passagem e viajar no vagão de 1.o classe (o preço é o mesmo) onde um guia vai explicando tudo. Achei muito barato. Ano que vem esse preço vai ser reajustado.

    A viagem é linda. As montanhas ainda estão cobertas de neve e os vales com plantações de cerejas e framboesas completam o visual.

    Não sei tinha colocado para vocês, mas estava com problemas de moeda argentina. Era Natal, estava tudo fechado, as casas de cambio fechadas e a situação só iria se normalizar na segunda feira (lunes) quando os bancos abrissem novamente. Nesta data, entretanto, nós pretendemos já estar pelo menos na cidade de Neuquém.

    Como fazer cambio ???

    Não requer prática nem tampouco habilidade, qualquer criança faz !!!

    É só ir ao Supermercado Anônima, que existe praticamente em todas as cidades da Patagônia, e fazer compras no montante que justifiquem o cambio (25 a 30%). Fazer o pagamento em dólares e receber o troco em pesos. Ou seja, você faz compras em torno de 100 pesos e paga com uma nota de 100 dólares, recebendo de troco 270 pesos. Não é o melhor dos câmbios, mas é uma solução provisória.

    Da mesma forma, existe outra solução: É comprar um creme de rosa musqueta em uma casa de artezanias, pagar em dólares e receber o troco em pesos. Foi o melhor cambio que fizemos até hoje (3,90 pesos por 1 dólar), mas a senhora não tinha condições de cambiar mais de 50 dólares.

    Considerações sobre o Parque Nacional dos Alerces

    A Argentina é muito amadora com relação ao Chile com no que tange a venda de suas atrações turísticas.

    O Parque Nacional do Alerces em termos de beleza é muito superior ao Parque Nacional de Ushuaia com relação beleza e muito superior a muitos lugares do Chile que conheço. O valor do ingresso é de 30 pesos por pessoa.

    Estamos, neste momento, fazendo um exercício de sobrevivência, em uma cabana situada a mais 3 Km afastados da estrada principal. Situa-se em um pé de serra e só é alcançada por veículos 4x4.

    Parece coisa de filme ou daquelas cabanas em que escritores ficam por meses para escrever um livro.

    É simplesmente o lugar mais agradável em que já me hospedei em minha vida. Agora posso morrer em paz. O preço um pouco alto para nossos padrões de viajantes (250 pesos), mas eu pagaria 1000 pesos para passar uma noite aqui.

    A visão da cozinha é da sala de jantar é diretamente orientada na direção dos lagos da região. Nossa única preocupação é a de não deixar apagar o fogo do aquecedor que mantém a calefação da cabana. Gloriete já pegou as “manhas” do fogão e do aquecedor a lenha e certamente iremos sobreviver esta noite.

    Às vezes fico impressionado com a capacidade da Gloriete de se adaptar as mais difíceis situações. Gostaria que as minhas noras tivessem pelo menos 50% dessa capacidade.

    Amanhã vamos fazer um passeio de barco a uma região bastante agreste e conhecer uma árvore chamada alerce que tem 2500 anos de vida. Tem 44 metros de altura e uma circunferência que são necessários 8 homens para abraçá-la. Depois iremos pescar trutas arco iris. Tudo isso por 110 pesos por pessoa. Parece brincadeira diante dos preços praticados no Chile.

    Longe de casa começo a ficar saudoso. Gostaria que o André e o Marquinhos estivessem por aqui....

    O nome das cabanas é Cabanas Traigen (cascada) e o telefone é 02945 – 15683606. A proprietária é Sra. Graiziela. Não funciona no inverno por razões de neve.

    Por hoje é só, o frio que não estava mais fazendo em Esquel volta a estar presente aqui nas montanhas e amanhã será um grande dia.

    Grande abraço para Zenaide, Zélia, Lúcia e Maria Neuza.

  • #31
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    dúvidas sobre a polícia corrupta

    Citação Postado originalmente por ramalho-vitoria Ver Post
    RELATÓRIO QUINTO DIA

    Data: 01 de dezembro


    Primeiro assalto oficial na Argentina: Uns 4 km após o primeiro pedágio (preços irrisórios para uma conservação de estradas excelente) fui surpreendido por uma sirene de um carro policial que me mandou parar. Obedeci por que estava tudo certo com o veículo.

    Foi iniciado então o teatrinho. Um faz o papel de bad boy e fica dentro no carro com a cara amarrada fingindo que consulta um computador e o outro faz a negociação com um código de transito já marcado com alguns X que é para confundir os brasileiros que não sabem ler em espanhol nem consultar códigos.

    Te apresenta inicialmente uma multa de quase 1800 pesos por ter supostamente ultrapassado um carro em uma curva (estrada estava deserta) e diz que o auto seria apreendido.

    Obviamente por ser advogado e estar familiarizado com códigos bem como ler em espanhol você entra no teatro e consegue você sugere que o guarda preste esse favor a você, procedimento esse aceito. Resultado: 20 minutos de negociação e um prejuízo de 100 pesos (Uns 46 reais).

    Cabe finalmente ser ressaltado que os assaltantes (policiais) estavam sem a sua tarjeta de identificação o que dificultaria qualquer futuro reconhecimento.

    Segundo assalto oficial na Argentina: Revoltado com o constrangimento sofrido, não pelo montante em dinheiro, mas pela impotência diante da situação continuamos viagem. Após alguns kilometros chegamos a Posadas, atravessamos a cidade bem tranqüilos e pegamos novamente a ruta.

    Fomos então abordados por mais 2 jovens policiais que nos informaram que havia uma denúncia de que tínhamos atravessado a cidade em alta velocidade. Outra negociação e Gloriete falou para os meninos que não éramos mais tão jovens para fazer esse tipo de coisa.

    Dez minutos de negociação e 46 pesos de prejuízo. ´

    É claro que por 30 segundos pensei em voltar para casa e abortar a viagem. Mas isso não é praxe da polícia argentina, pois neste momento que escrevo já estamos em Rosário, onde passamos por mais de 10 postos de controle sem o menor problema.

    Só sinto que os 4 policiais envolvidos não tinham mais que 25 a 30 anos, e é triste ver uma juventude praticando atos desta natureza quando deveriam estar prestando um serviço a comunidade.
    Boa noite Ramalho e meus parabéns pelo relatório tão detalhado que está fazendo. Minha dúvida é a seguinte: ouve-se muito falar da polícia corrupta da Argentina, em especial, nas províncias de Misiones e Corrientes. Penso que seria mais conveniente entrar no território argentino pelo Uruguai (Paysandu/Colón). Porque aí você se desviaria da "parte ruim" da Argentina. E seguiria seu trajeto a partir daí em direção a Rosario. Estava olhando os mapas e o percurso não muda muito, pelo menos para mim que já estou em Santa Catarina. Pense nessa possibilidade de caminho para seu retorno. Um abraço e boa sorte. Estamos acompanhando seus relatórios.

  • #32

    Surpresa!!!

    Luiz, fui ler este tópico, achei os textos algo familiares e... bingo!!! eu já os conhecia!!!

    Muito bom reler seu diário de viagem!

    [ ]s

  • #33
    Usuário Avatar de ramalho-vitoria
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    Citação Postado originalmente por Girti Ver Post
    Luiz, fui ler este tópico, achei os textos algo familiares e... bingo!!! eu já os conhecia!!!

    Muito bom reler seu diário de viagem!

    [ ]s

    Suas palavras soam quase como que um elogio para quem está iniciando.

    Assim que chegar ao Brasil vou tentar recuperar os dados da viagem anterior realizada oa Aracama.

    Grande abraço.

  • #34
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    Citação Postado originalmente por Robert Costa Ver Post
    Boa noite Ramalho e meus parabéns pelo relatório tão detalhado que está fazendo. Minha dúvida é a seguinte: ouve-se muito falar da polícia corrupta da Argentina, em especial, nas províncias de Misiones e Corrientes. Penso que seria mais conveniente entrar no território argentino pelo Uruguai (Paysandu/Colón). Porque aí você se desviaria da "parte ruim" da Argentina. E seguiria seu trajeto a partir daí em direção a Rosario. Estava olhando os mapas e o percurso não muda muito, pelo menos para mim que já estou em Santa Catarina. Pense nessa possibilidade de caminho para seu retorno. Um abraço e boa sorte. Estamos acompanhando seus relatórios.
    Ouve-se muito falar e realmente eu nunca tinha tido problemas antes.

    Naquele dia eu estava sem tempo e tive que admitir o roubo. Neste momento estou em Mendonza e conto as horas para passar por lá de novo e encarar os caras.

    Na minha profissão (advogado) estou acostumado a lidar com ladrões e admnistro bem a situação.

    Isso foi apenas um incidente, a viagem tem sido fantástica.

    Grande abraço.

  • #35
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    Relatório dos dias 27, 28 e 29 de dezembro.

    Primeira parte

    Domingo no Parque

    Esqueçam as pipocas e as maças do amor e nos acompanhem em um domingo no parque diferente ...

    Vocês se lembram que tínhamos optado em pernoitar em uma cabana que ficava a uns 3 km morro acima, quase no limite do início da neve !!! (a proximidade da neve eu não tinha comentado)

    Muito bem, a noite nevou (pouca coisa) e aquela impressão desagradável que tivemos na estrada antes de chegar a Coyaque, com o caput na Nissan sendo coberto por gelo se transformou em um espetáculo agora maravilhoso, vendo os flocos de neve caírem através da janela de uma cabana aquecida. Coisa de sonho de qualquer casal em lua de mel. Minha única preocupação era com relação à estradinha de volta a estrada principal do parque, mas para baixo todo santo ajuda.

    No dia anterior, esqueci de comentar que não tínhamos comprado os tickets do passeio do barco que são adquiridos em Esquel nas agências de viagem. Também pudera, visto que estava tudo fechado na cidade.

    Desta forma, fomos comprar diretamente com o dono do barco que é um arrendador ou concessionário da hospedaria mais elegante do parque. Trata-se de uma construção que mais se parece com um castelo do que um hotel. Seria o tipo de hotel em que o nosso presidente se hospedaria se estivesse por aqui, pois gastar o dinheiro do contribuinte é com ele mesmo. Esse hotel até se parece com aquele imóvel que o filho do presidente comprou.

    O dono também é outra figura. Comporta-se como um Rei em seu castelo, e para vender 2 tickets em seu barco parece que está nos fazendo um favor. Não tive nem coragem de perguntar de quando seria o valor da diária, pois não sei se ele nos aceitaria como hóspedes.

    Ele falou para nós, pobres mortais, de seu castelo, de quando foi construído, de seus móveis, da biblioteca trazida por seu pai da República Tcheca, etc. Era o senhor da situação até eu receber os tickets em mãos quando indaguei se ele viajava muito pelo mundo. Ele respondeu que não, pois não confiava muito na administração de outras pessoas em seu hotel.

    Aí começou o segundo tempo do jogo, e ele teve que escutar um resumo de minhas viagens por 25 anos na IBM pelo mundo e agora as rodoviárias. Eu não era prisioneiro de um castelo.

    Só senti falta de que a Lúcia, irmã da Gloriete, não estivesse por aqui, pois ele iria começar a escutar a narrativa pela viagem ao Tibeth e a Polinésia Francesa.

    Mas voltemos ao parque ...

    A descida da montanha foi sem problemas. Parece que a estrada aquece mais que a vegetação ao lado e a neve some logo se a mesma for em pequena quantidade.

    Começa então nosso circuito de uns 32 km margenado o Lago Futalaufquen em uma paisagem bastante agradável com inúmeros campings estruturados ou selvagens, hosterias para todos os gostos e bolsos, clubs de pesca, miradores do lago, etc.

    Fomos até Porto Mermoud, estacionamos a Nissan em um local apropriado, atravessamos o Rio Verde em uma ponte pênsil para pedestres (150 metros), pegamos uma trilha estilo turista por dentro de uma floresta com uns 2,5 km de extensão e chegamos a Porto Chucao onde pegamos o barco (muito bom) que nos levou através do Lago Menendez, por 1 hora e meia de navegação, até o Porto Sagrário onde realmente começou de fato o passeio de vista ao Alerce milenar denominado avuelo (avô) de todos os outros.

    Chegando nesse último porto, existe 1 trilha de uns 3, 5 km em forma de ferradura a ser percorrida e que vai te levar no ponto aonde se encontra o Alerce mais velho do mundo. São 2 opções: Por um lado a trilha se apresenta de forma turística com um grau de dificuldade um pouco superior àquela trilha entre os portos mencionados lá no início. Pelo outro lado, se apresenta de forma mais agressiva necessitando um preparo físico maior, mas com belezas naturais fantásticas como a do lago cisne que parece com o lago descrito no livro “As Brumas de Avalon”, com uma névoa mística cobrindo e se descobrindo em suas águas, como fosse um lugar de morada de ninfas e duendes (deve ser mesmo).

    Esse lago por estar em um plano mais elevado, forma o Rio Cisne que até desembocar chegar ao Lado Menendez forma 2 cachoeiras muito lindas. Recomendo a vista a esse lugar, pois é natureza pura. Eles denominam de Selva Valdiviana e é um eco-sistema que tem um índice pluviométrico em torno de 4500 milimetros anuais (muita chuva localizada).

    Chegamos ao alerce chamado de avô. Que árvore fantástica. Que energia acumulada por 2600 anos de vida. Não é necessário nem tocar, basta olhar.

    É claro que além de tocar eu e Gloriete ficamos por alguns minutos abraçados com a árvore até o guia que vinha dando assistência ao grupo de retardatários chegar e educadamente falar que não era permitido ultrapassar a cerca.

    Quando estava abraçado com a árvore fechei os olhos e tentei ver 2600 anos de história. Quantos impérios surgiram e caíram neste período e o alerce continua ali firme com suas raízes seguras na terra.

    Já visitei o parque de sequóias próximo de San Francisco, nos Estados Unidos. As árvores lá são mais altas e tão velhas quanto, mas a energia aqui é bem maior. Dá para perceber com os cabelos do braço arrepiando.

    Voltamos para o barco, viagem de volta com quase todo mundo dormindo, feito o desembarque, passada a ponte, pegamos a Nissan e seguimos em frente.

    Nossa intenção era chegar até El Bolson, e conseguimos nosso objetivo. Cabe ser ressaltado que antes de chegar a El Bolson, passamos por uma localidade chamada El Faro que é produtora de frutas finas e finalmente vimos à árvore da fruta mais consumida até agora nessa viagem, a cereja.

    É claro que tiramos fotos para mostrar para os amigos e o dono da chácara não entendia como os dois bobos brasileiros estavam tirando foto de uma árvore que ele vê todo dia nos fundos de sua casa. Compramos mais 2 kilos e também um pouco de framboesa que é como uma amorinha.

    Chegamos à cidade de El Bolson, que já conhecíamos de uma viagem anterior a Bariloche, e nos dirigimos a Oficina de Turismo em busca de um hotel. Nos instalamos muito no Complexo na Morada do Bosque, já na saída de El Bolson (5 km) . Valor da estadia 180 pesos com café da manhã.

  • #36
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    Relatório dos dias 27, 28 e 29 de dezembro.
    Segunda parte

    Viagem de El Bolson até Neuquém

    No dia seguinte partimos às 10h00min horas de El Bolson. A estrada até Bariloche é margeada ora com muitas flores amarelas, roxas e vermelhas, ora com bastante flores.

    Com tantas flores, o mais lógico seria o desenvolvimento de apicultura a nível industrial, mas o que se observa é apenas a exploração artesanal.

    Como tínhamos que cambiar moeda, demos uma entrada em Bariloche, compramos os chocolate na loja O Turista e aproveitamos para almoçar em alto estilo no Linguini, restaurante já conhecido onde comemos massas. Dinheiro não temos, mas temos estilo.

    A viagem até Neuquém também é muito bonita, margeando o Rio Limay por longo tempo e vencemos 430 km em 5 horas.

    Chegamos à cidade e fomos recebidos pelo Enrique Hahs do Club Nissan da Argentina que abriu as portas de sua casa onde estamos instalados.

    Cabe ser ressaltado que nosso ponto de encontro foi no Supermercado Jumbo. Este supermercado tem o tamanho do Carrefour e Walmart juntos em Vitória.

    Jantamos e ficamos contando mentiras até meia noite.

    Amanhã vamos visitar as bodegas de vinho e pontos pitorescos de próximos de Neuquem.


    Turismo em Neuquem

    Pela Ruta 07 visitamos a área rural e 3 bodegas de vinho. A Bodega do Fim do Mundo, a Bodega Schroeder e a Bodega NQN.

    O esquema é o seguinte: Nas 3 bodegas você faz uma vista guiada com uma guia que demonstra todo o processo desde a colheita da uva até o envase do vinho nas garrafas.

    Trata-se de uma aula de enologia. Você pensa que sabe muito de vinho e ao final da visita você vê que muito foi acrescentado. O melhor de tudo é a degustação final e somente depois é que você faz sua opção de compra. Nosso almoço foi na Bodega NQN em um lugar especial.

    Compramos algumas garrafas reserva e reserva especial a preço de vinho novo em Vitória.

    Também trocamos a óleo da Nissan e amanhã partimos para Mendoza onde vamos visitar Adriana e Pedro também do Club Nissan.

    Um grande abraço a todos, principalmente a Zenaide e José Carlos..

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